Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais: Sumário Executivo



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Transcrição:

1 Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais: Sumário Executivo

2014 Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte. Governo do Estado de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho - Governador Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMAD Alceu José Torres Marques - Secretário Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM Zuleika Stela Chiacchio Torquetti - Presidente Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento - DPED Janaina Maria Franca dos Anjos - Diretora Gerência de Energia e Mudanças Climáticas - GEMUC Felipe Santos de Miranda Nunes Gerente Abílio Cesar Soares de Azevedo, Andréa Brandão Andrade, Cibele Mally de Souza, Larissa Assunção Oliveira Santos, Morjana Moreira dos Anjos, Rosângela Mattioli Silva, Wilson Pereira Barbosa Filho Conselho Regional de Nord Pas-de-Calais/França Presidência: Daniel Percheron, Presidente Emmanuel Cau, Vice-Présidente Planejamento Territorial, Meio Ambiente e Plano Clima Majdouline Sbai, Vice-Présidente Cidadania, Relações Internacionais e Cooperação Decentralizada Direção do Meio Ambiente: Bertrand Lafolie, Chefe de Serviço Direção Parcerias Internacionais: Sandra Fernandes Direção Regional Nord-Pas de Calais: Hervé Pignon, Diretor François Boisleux, Moderador Ar-Clima Agência Francesa de Meio Ambiente e Gestão de Energia Presidente: François Loos Diretor da Ação Internacional: Dominique Campana Gerente de Projeto Brasil: Cécile Martin-Phipps EnvirOconsult Presidente Diretor: Olivier Decherf Diretor Técnico: Léo Genin Chefe do Projeto: Charlotte Raymond Consultores: Alexandre Florentin, Victor Pires Gonçalves Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n 1º andar -Bairro Serra Verde - Belo Horizonte - Minas Gerais, Brasil - CEP: 31630-900 Home page: http://www.feam.br/mudancas-climaticas Plano de Energia e Mudanças Climáticas Sumário Executivo Minas Gerais, Janeiro 2015 2

Sumário 1 INTRODUÇÃO... 8 Contexto nacional... 9 2 DIAGNÓSTICO... 9 As emissões... 9 As vulnerabilidades... 10 Energia... 12 Os potenciais...... 13 3 O PROCESSO PARTICIPATIVO... 15 4 MITIGAÇÃO DAS EMISSÕES... 16 4.1 - Cenário Business-As-Usual... 17 4.2 - Cenário Contribuição federal... 19 4.3 - Cenário Baixa Intensidade de Carbono... 20 5 ESTRATÉGIA PARA ADAPTAÇÃO E PLANEJAMENTO TERRITORIAL... 24 6 - AÇÕES TRANSVERSAIS IDENTIFICADAS... 25 6.1 Observatório Clima e Energia de Minas Gerais... 25 6.2 Estrutura de Governança... 27 6.3 Rede Mineira de Pesquisa em Mudanças Climáticas... 27 6.4 Plataforma Clima Gerais... 28 6.5 Mecanismos de Financiamento... 28 6.6 Cooperação Nacional e Internacional... 29 7 - MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO (indicadores)... 29 8 ANEXO: AÇÕES DO PLANOS... 31 AFOLU... 31 INDUSTRIA... Erro! Indicador não definido. ENERGIA... 35 RESIDUOS E EFLUENTES... 37 TRANSPORTES... 39 ADAPTAÇÃO... 41

Lista de Figuras e Tabelas Figura 1: Emissões liquidas de GEE por setor para o estado de Minas Gerais - Ano base 2010...10 Figura 2 - Mapa regional da vulnerabilidade de Minas Gerais às mudanças climáticas...11 Figura 3: Distribuição por fonte da produção energética primária em Minas Gerais...12 Figura 4: Locais e datas das Oficinas Regionais do Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais...15 Figura 5: Evolução das emissões de GEE, por setor, em Minas Gerais cenário BAU...17 Figura 6: Indicadores de intensidade setor Energia...18 Figura 7: Indicadores de intensidade setor Agropecuário...18 Figura 8: Indicadores de intensidade setor Resíduos e Efluentes...19 Figura 9: Indicadores de intensidade setor Processos Industriais...19 Figura 10: Aplicação da meta nacional de emissões de GEE no Estado de Minas Gerais...20 Figura 11: Emissões acumuladas entre 2015 e 2030 e parcela mitigada com ações definidas e calculadas no cenário BIC...23 Figura 12: Arranjo institucional e trocas previstas para o Observatório Clima e Energia de Minas Gerais...26

Mensagens-chave As mudanças climáticas já são uma realidade e seus impactos e custos já são mensuráveis. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), lançado em 2014, já comprova um aumento médio da temperatura global de 0,85 C com possibilidades exceder 4 C futuramente com grandes variações regionais. Para Minas Gerais, é esperado um aumento de temperatura no estado de Minas Gerais, que, de forma conservadora, pode chegar a um aumento de 2 a 4 C e em cenários mais pessimistas atinge 3 a 5 C. Estima-se que desde 2008, eventos climáticos extremos, como chuvas e secas prolongadas tenham custado ao 12,8 bilhões de reais ao estado. Estima-se ainda que, se nada for feito, os custos dos impactos decorrentes das mudanças climáticas para a economia minera podem alcançar, nas próximas décadas, cerca de R$ 450 bilhões sem considerarmos os impactos de eventos extremos. A legislação nacional estabelece um corte de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na ordem de 36,1% a 38,9% até 2020. Esse compromisso foi firmado pelo Brasil, de forma voluntária em 2009, na Convenção do Clima em Copenhague. Esse valor percentual representa reduzir entre 1.168 e 1.259 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO 2e). Ainda em 2009, o País sancionou a Política Nacional de Mudança do Clima, transformando as metas firmadas em lei e criando instrumentos para sua consecução Os desafios relacionados às mudanças climáticas se diferem dependendo do nível de adaptação regional e local. Em Minas Gerais, as regiões apresentam diferentes especificidades e níveis de sensibilidade, exposição e capacidade de adaptação aos impactos climáticos. Esse tipo de avaliação permite identificar setores e regiões prioritárias no estado para a promoção de ações locais de adaptação integrada e planejada. Entre as regiões mais vulneráveis estão o Norte de Minas e os Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Minas Gerais tem grande potencial para eficiência energética e uso de fontes renováveis. Estimativas conservadoras apontam para um potencial economicamente viável que pode alcançar 16% no curto prazo para alguns setores da economia estadual. Já as fontes de energia renováveis se destacam por apresentar um grande potencial técnico para exploração (927 TWh), ou quase três vezes o consumo de energia em Minas em 2011. Destaque para a energia eólica, que corresponde a 78% desse valor, principalmente nas regiões mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. O processo participativo mostrou ser uma importante ferramenta para a composição do Plano de Energia e Mudanças Climáticas (PEMC). A partir da mobilização e participação de diferentes atores regionais, as ações setoriais ganharam maior relevância e as lições aprendidas nas oficinas institucionais e regionais deram ao PEMC uma maior experiência de regionalização, participação democrática e governança ''em rede'' no estado de Minas Gerais. O processo teve dez

reuniões regionais em diversas cidades do estado e inúmeras reuniões institucionais entre secretarias de planejamento. Estimativas apontam um crescimento de cerca de 60% nas emissões de GEE em Minas Gerais até 2030 em comparação ao valor registrado em 2010. Essa evolução considera um cenário onde nenhuma ação para mitigação é realizada no estado (Business-as-usual). Neste cenário, as emissões evoluem para 181 MtCO 2e, contra 115 MtCO2e em 2010, e o setor Energia torna-se o principal emissor estadual, ultrapassando o setor Agropecuário em 2020. As metas federais aplicadas ao contexto de Minas Gerais garantem uma mitigação de GEE na ordem de 7 a 8,9%. Esse valor leva em conta os Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação nacionais que servem para o atendimento do compromisso voluntário firmado pelo Brasil. As ações setoriais de mitigação previstas no PEMC garantem uma redução de 17 a 20% das emissões no estado. Esse valor representa um cenário mineiro de baixa intensidade de carbono (com acréscimo das metas federais) e pode ser ainda maior, considerando que muitas das ações setoriais dispostas no PEMC não puderam ter valor de mitigação de GEE estimado por falta de dados ou inexistência de metodologia de cálculo. As ações foram definidas de acordo com a potencialidade de cada setor conforme discussões com cada Secretaria de Estado responsável. Acumuladas entre o ano de 2015 e 2030, as ações garantem uma mitigação de 233 milhões de tco 2e. As ações transversais previstas no PEMC são de fundamental importância para o atingimento dos objetivos a médio e longo prazo. O PEMC é uma ferramenta de planejamento transversal e territorial que abrange todos os setores socioeconômicos que tenham impacto sobre as emissões de gases de efeito estufa, portanto fez-se necessário um registro de políticas e ferramentas que estāo interligadas a todos os setores citados. As ações transversais buscam garantir uma coordenação institucional e governança adequadas para a efetiva mitigação e adaptação às mudanças climáticas em Minas Gerais. Busca ainda ampliar as cooperações internacionais e nacionais de forma a se obter novas fontes de financiamento, e propõe a criação de um observatório e de uma plataforma para consolidar as informações geradas no plano e buscar informações mais precisas em outros assuntos que facilitem a tomada de decisão.

Conteúdo do documento Este documento apresenta uma síntesedos resultados do Plano de Energia e Mudanças Climáticas (PEMC) no ano de 2014, realizado a partir de um processo participativo abordando diferentes subsetores do estado de Minas Gerais. De maneira resumida, são abordados o diagnóstico das mudanças climáticas no estado, o contexto para um desenvolvimento mineiro de baixo carbono, as estratégias de adaptação, mitigaçāo e planejamento territorial, o conjunto de ações transversais para redução da intensidade de carbono e o monitoramento e avaliação das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Elaboração do documento Este documento foi elaborado a partir dos estudos que compôem o PEMC, das discussões nas Oficinas Institucionais e Regionais durante o processo participativo, do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), dos Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado de Minas Gerais, do Balanço Energético do Estado de Minas Gerais, dentre outros dados bibliográficos e estimativas próprias da equipe de elaboração do PEMC.

1 INTRODUÇÃO As mudanças climáticas provocadas pelo crescente aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) já são uma realidade e seus impactos e custos estão cada vez mais condicionados ao nível de adaptação local, bem como ao grau de transição para a economia de baixo carbono dos territórios 1. Para o estado de Minas Gerais, além dos danos e prejuízos decorrentes dos eventos climáticos extremos já sentidos (cerca de 12,8 bilhões de reais contabilizados desde 2008 por episódios de seca e fortes chuvas) 2, os aumentos médios de temperatura esperados se situariam entre 2 C e 4 C, variando conforme a região e a estação do ano. Em cenários mais pessimistas, os modelos projetam aumentos de temperatura ainda mais significativos, com variações médias entre 3 C e 5 C, sendo maiores nas regiões do Jequitinhonha, Norte de Minas, Noroeste de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba 3. Estima-se, de forma conservadora, que se nada for feito, os custos dos impactos decorrentes das mudanças climáticas para a economia estadual podem alcançar, nas próximas décadas, cerca de R$ 450 bilhões (sem considerar os impactos de eventos extremos) 1. O padrão geográfico dos impactos projetados pode aumentar ainda mais as desigualdades regionais, uma vez que as áreas que possivelmente serão mais severamente afetadas são também as menos desenvolvidas. Diante da magnitute dessas ameaças, o Estado adota como resposta o Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais (PEMC) 4, política transversal de médio-longo prazo (2020-2030), construída por meio de um processo participativo 5, com objetivos de promover a transição para a economia de baixo carbono, reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas no território mineiro e articular com coerência as diferentes iniciativas já desenvolvidas e planejadas, dentro de uma estratégia territorial integrada. Em função da transversalidade inerente ao tema, o PEMC contempla estratégias, diretrizes e ações setoriais de mitigação considerando os setores Energia, Agricultura, Florestas e outros Usos do Solo (AFOLU), Transportes, Indústria e Resíduos. Além disso, é estabelecida uma estratégia de adaptação regional para lidar com os impactos das mudanças climáticas considerando ações locais instrumentos transversais que garantam uma coordenação institucional e governança adequadas para o efetivo combate às mudanças climáticas no território mineiro A execução das ações do PEMC e a consecução das metas estabelecidas depende fortemente da integração do tema no processo de tomada de decisão em outras políticas setoriais, como 1 Fundação Estadual do Meio Ambiente. Avaliação de impactos de mudanças climáticas sobre a economia mineira: relatório resumo. Belo Horizonte: FEAM, 2011 2 Plano de Emergência Pluviométrica 2014/2015 e Plano de Convivência com a Seca /2014 Defesa Civil, Gabinete Militar do Governador do Estado de Minas Gerais. 3 Fundação Estadual do Meio Ambiente. Estudo de vulnerabilidade regional às Mudanças Climáticas 4 Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado 2011-2030 5 Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais: Diretrizes para o processo participativo 8

fornecimento e uso da energia, uso do solo, recursos naturais, gestão de resíduos, transportes, ordenamento do território, infraestrutura e políticas de inovação 6. Contexto nacional Cabe destacar que, no cenário nacional, o Brasil possui, desde 2009, a Política Nacional sobre Mudança do Clima 7 que estabelece a meta de redução das emissões de GEE do Brasil entre 36,1% e 38,9% até 2020, em comparação com o cenário de referência, ou seja, reduzir entre 1.168 e 1.259 MtCO 2e (milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente). Para a consecução da meta, o País desenvolveu, em 2012 e 2013, planos de mitigação e adaptação setoriais, com o estabelecimento de metas setoriais de redução e planos de ação com horizonte até 2020 (Tabela 1). Essas metas se referem a todo o território brasileiro, não havendo distinção quanto à localização geográfica das reduções a serem alcançadas. Tabela 1: Resumo das metas de 2020 dos planos setoriais consolidados PLANOS SETORIAIS CONSOLIDADOS META DE MITIGAÇÃO 2020 (MTCO2e) Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal - PPCDAM 564 Plano de Agricultura de Baixo Carbono - Plano ABC Entre 133,9 e 162,9 Plano Decenal de Energia - PDE 105 (2019) Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado - PPCerrado 104 Plano Indústria 16,22 Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima - PSTM 6,7 Plano de Mineração de Baixa Emissão de Carbono - PMBC Entre 0,739 e 2,718 Plano Setorial da Saúde para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima Não se aplica Nota: encontra-se em elaboração o Plano de Redução de Emissões da Siderurgia 2 DIAGNÓSTICO As emissões de GEE As estimativas estaduais indicam uma emissão total de 128,4 MtCO 2e 8 em 2010. Um aprimoramento na metodologia de contabilização e consolidação dos dados permitiu a atualização dos resultados do 6 Per Mickwitz et al., 2009. Climate Policy Integration, Coherence and Governance. PEER Report No 2. Helsinki: Partnership for European Environmental Research. 7 Lei nº 12.187 de dezembro de 2009, Decreto nº 7.390 de dezembro de 2010 8 Total Greenhouse Gas Emissions (Total de emissão de gases de efeito estufa) 9

inventário de 2005, mostrando que houve um decrécimo de 0,6% das emissões entre 2005 e 2010. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta as emissões totais em GgCO 2e por setor. 2,5% 6,4% 36,0% Energia Processos Industriais Agropecuária 39,3% Mudança de uso do solo Tratamento de resíduos 15,8% Figura 1: Emissões liquidas de GEE por setor para o estado de Minas Gerais - Ano base 2010 Considerando todos os setores, as emissões per capita do estado totalizam 6,30 toneladas de CO 2e/habitante. A partir do Produto Interno Bruto de Minas Gerais em 2010 estima-se que, para cada R$1.000,00 produzidos, foram emitidos aproximadamente 0,35 toneladas de CO 2e. As vulnerabilidades Conforme a definição proposta pelo IPCC (2007), a vulnerabilidade de um território em relação às mudanças climáticas depende de seu grau de exposição aos impactos dessas mudanças, dos fatores intrínsecos do território que o tornam mais sensível a esses impactos e da capacidade do território para enfrentar os efeitos negativos das variações do clima e sua capacidade de aproveitar as oportunidades associadas a elas. Um diagnóstico detalhado do território permitiu identificar as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas e destacar os principais desafios dentro de cada região em relação à essas mudanças. Os níveis de vulnerabilidade das regiões do estado de Minas Gerais podem ser vistos na Erro! Fonte de referência não encontrada.. 10

Figura 2 - Mapa regional da vulnerabilidade de Minas Gerais às mudanças climáticas A Tabela 2 apresenta os principais desafios das regiões de Minas Gerais identificados em relação às mudanças climáticas, considerando a diversidade de seus territórios e as especificidades de cada região. As regiões são apresentadas por ordem decrescente de vulnerabilidade. Tabela 2: Síntese dos principais desafios regionais de Minas Gerais em relação às mudanças climáticas NORTE JEQUINTINHONHA MUCURI ZONA DA MATA RIO DOCE NOROESTE CENTRAL PRINCIPAIS DESAFIOS EM RELAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Setores primários (principalmente a agricultura); saúde humana e educação; recursos hídricos: hidroeletricidade, disponibilidade de água para setores econômicos, abastecimento de água potável para consumo humano; desertificação; capacitação institucional. Setor agrícola / silvícola; saúde humana e educação; recursos hídricos: disponibilidade de água para setores econômicos, abastecimento de água potável para consumo humano; fluxos migratórios negativos; desertificação; capacitação institucional. Fluxos migratórios negativos; saúde humana; serviços de tratamento de esgoto; riscos de desastres naturais (inundações, deslizamentos de terreno); capacitação institucional; Impacto sobre a Mata Atlântica e a biodiversidade. Setor agrícola / silvícola; condições das infraestruturas rodoviárias; impacto sobre a Mata Atlântica e biodiversidade; fluxos migratórios negativos; serviços de tratamento de esgoto; riscos de desastres naturais (inundações, deslizamentos de terreno). Setor agrícola / silvícola; saúde humana; recursos hídricos: hidroeletricidade, disponibilidade de água. Condições das infraestruturas rodoviárias; pressão migratória crescente para as zonas urbanas; saúde humana; serviços de tratamento de esgoto; pressão das 11

SUL DE MINAS TRIÂNGULO ALTO PARANAÍBA CENTRO-OESTE atividades humanas sobre os recursos naturais; capacidade institucional desigual; riscos de desastres naturais (inundações, deslizamentos de terreno). Pressão das atividades humanas sobre os recursos naturais; serviços de tratamento de esgoto; capacitação institucional; riscos de desastres naturais (inundações, deslizamentos de terreno). Setor agrícola; recursos hídricos: hidroeletricidade; saúde humana; pressão das atividades humanas sobre os recursos naturais; serviços de tratamento de esgoto; riscos de desastres naturais (chuvas intensas). Setor agrícola / silvícola; recursos hídricos: hidroeletricidade; saúde humana; pressão das atividades humanas sobre os recursos naturais; serviços de tratamento de esgoto. Saúde humana; pressão das atividades humanas sobre os recursos naturais; serviços de tratamento de esgoto. Setor Energia Em 2010, os consumos de energia final do estado de Minas Gerais totalizaram 35,9 milhões de tep, ou seja, 13,1% do consumo nacional. O consumo final de energia é de 1,40 tep/hab, contra uma média nacional de 1,04/hab. O estado de Minas Gerais tem experimentado um forte crescimento do seu consumo final de energia, que mais que duplicou ao longo do período 1978-2010, passando de 12,2 milhões de tep em 1978 para 27,4 milhões de tep em 2010. Minas Gerais importou o equivalente a 57,3% da demanda de energia de seu território em 2010 (20,5 Mtep). Esse desequilíbrio estrutural se deve, sobretudo, às importações de carvão e de petróleo e derivados, recursos que importa integralmente. Como as energias primárias fósseis são importadas, a produção energética primária do território é de origem renovável e está dividida conforme apresentado na Figura 3. 18% 4% 30% Energia hidráulica Lenha Caldo de cana e melaço Bagaço de cana Outras fontes primárias* 12% 36% *compreende oleaginosas e resíduos industriais e agrícolas Figura 3: Distribuição por fonte da produção energética primária em Minas Gerais 12

O o estado tem grande dependência dos recursos hídricos para a geração de energia, principalmente eletricidade. Em períodos de seca existe o risco do desabastecimento e isso acarreta em um uso intensivo de usinas térmicas, que tem maiores emissões de GEE associadas e podem aumentar as vulnerabilidades regionais.... de eficiência energética Os potenciais... O Brasil possui grande potencial de eficiência energética em seus diversos setores e subsetores. As oportunidades e potenciais de cada setor podem ser vistos pela Tabela 3. Tabela 3: Potenciais de eficiência energética SETOR POTENCIAL PRINCIPAIS OPORTUNIDADES TRANSPORTE 5,2% 1 Melhoria tecnológica dos veículos e substituição de combustíveis RESIDENCIAL 53% 2 Iluminação, condicionamento de ar, chuveiros e refrigeradores SERVIÇOS 7,7-25% 4 Iluminação e refrigeração INDÚSTRIA Siderurgia 9-18% 4 Aquecimento direto via fornos, vapor de processo e força motriz Alimentos e Bebidas 2-9% 5 Iluminação, força motriz e refrigeração Cimento 28-33% 4 Energia térmica Ferro-ligas 16,4% 6 Fusão e redução em fornos elétricos Mineração 6,4% 6 Substituição de equipamentos ultrapassados, eficientização dos motores elétricos Cerâmica 43,6% 6 Aquecimento direto, secagem e iluminação 1 Estimativa conservadora baseada apenas na melhoria tecnológica dos veículos até 2022. Estudo de potencial de eficiência energética de Minas Gerais FEAM 2 Estudo de potencial de eficiência energética de Minas Gerais FEAM 3 Apenas eletricidade. Estudo de potencial de eficiência energética de Minas Gerais FEAM 4 IEA 5 PDE 2030 6 PROCEL/CNI... de energias renováveis Em 2012, o Brasil produzia 42,4% da sua energia a partir de fontes renováveis. Esse percentual aumenta para 84,5% quando se considera o mix de energia elétrica. No mesmo ano, Minas Gerais produzia o equivalente a 50% do seu consumo de energia por fontes renováveis, ou 17,9 milhões de 13

tep, para uma demanda total de 35,8 milhões de tep 9. O potencial de produção de energia a partir de fontes renováveis no estado pode ser visto através da Tabela 4. Tabela 4: Potencial de produção de energia por fontes renováveis até 2030 TIPO DE ENERGIA POTENCIAL TÉCNICO (TWh/ano) LOCALIDADES FAVORECIDAS EÓLICA 721 Triângulo, Montes Claros, Janaúba e Grão Mogol, Curvelo, Diamantina e Sete Lagoas SOLAR FOTOVOLTAICA 71 Jequitinhonha-Mucuri, Triângulo Mineiro, Norte de Minas BIOGÁS DE ATERRO 0,3 Cidades que possuam aterro sanitário ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) 0,74 Cidades que possuam ETE. METANIZAÇÃO DE DEJETOS DA PECUÁRIA 0,11 Localidades com atividade pecuária BIOMASSA 1,6 - BIOMASSA 1 2,8 - ETANOL 37,2 - LENHA E CARVÃO VEGETAL 52,6 - CAVACO 2,6 - HIDROELETRICIDADE 40,5-1 Estimando a produção de bagaço-de-cana para o ano de 2020 Os potenciais agrupados representam o valor de 927 TWh/ano, valor que representa quase 3 vezes o consumo atual de energia em Minas Gerais.... de sequestro de CO 2 O setor de Agricultura, Florestas e Uso do Solo (AFOLU) tem grande potencial de sequestro de carbono pela ampliação da remoção de carbono atmosférico pelos estoques de carbono do solo e vegetação. Nesse sentido, Minas Gerais, com cerca de 5 milhões hectares dedicados à agricultura, além de cerca de 18 milhões de hectares de pastagens (muitas em estágio de degradação e com baixa produtividade 10 ), possui um grande potencial para desenvolvimento de uma agricultura de baixa emissão de carbono ao mesmo tempo em que reduz drasticamente as emissões de carbono provenientes do desmatamento 11. Quando considerado somente o potencial das metas vigentes do Plano Estadual de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas na Agricultura para a consolidação de uma economia de baixa 9 A repartição do mix energético atual é apresentada no Capítulo 3. 10 Soares-Filho et al., 2013. SimMinas: Uma plataforma integrada de modelagem de mudanças no uso da terra, emissões de CO 2 associadas e impactos ambientais para o estado de Minas Gerais 14

emissão de carbono em Minas Gerais (Plano ABC-MG) até 2020, estima-se uma redução de aproximadamente de 19 a 23 milhões de tco 2e. Com relação à redução de emissões por desflorestamento, no caso da aplicação de uma meta progressiva de redução de 82% (período 2005-2010) alcançando 100% no período 2015-2030, ou seja, zerar o desmatamento em 15 anos 11, o potencial estimado pode atingir cerca de 67 milhões de toneladas de CO 2e evitadas. 3 O PROCESSO PARTICIPATIVO A definição do perfil energético e dos impactos das mudanças climáticas no território, a sensibilização da população e preparação dos atores, mobilização, busca de soluções e ações foi realizada através do estabelecimento de um processo participativo com base em oficinas temáticas e com participação da sociedade civil, universidades, órgãos estaduais e municípios. Os eixos trabalhados foram Energia, AFOLU, Transporte, Resíduos e Efluentes, Indústria e Adaptação e Recursos Naturais. O processo participativo se arquitetou em diversas oficinas institucionais com representantes de diferentes Secretarias de Estado e oficinas regionais nas cidades de Montes Claros, Diamantina, Governador Valadares, Ubá, Varginha, Divinópolis, Belo Horizonte, Unaí, Uberlândia e Patos de Minas. Figura 4: Locais e datas das Oficinas Regionais do Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais 11 Um conjunto importante de países definiu como meta zerar o desmatamento em 2030. Declaração de Nova York. Climate Summit 2014 15

O processo de co-construção do Plano permitiu a elaboração de ações de mitigação e adaptação para os diversos setores e subsetores de Minas Gerais. O número de ações por eixo temático pode ser visto na Tabela 8. Tabela 5: Potencial de produção de energia por fontes renováveis até 2030 MITIGAÇÃO ADAPTAÇÃO EIXO Nº DE AÇÕES INDÚSTRIA 5 ENERGIA 7 TRANSPORTE 8 RESÍDUOS E EFLUENTES 6 AFOLU 12 Apoio aos municípios 11 Conhecimento 8 Clima nas políticas públicas 7 4 MITIGAÇÃO DAS EMISSÕES DE GEE Para reduzir as emissões de GEE, os governos nacionais e subnacionais (estados, províncias, regiões e cidades) vêm adotando uma ampla gama de metas específicas de mitigação considerando seus limites jurisdicionais. Uma meta de mitigação representa um compromisso para reduzir ou limitar o aumento das emissões ou da intensidade das emissões de GEE em uma quantidade ou nível específico a ser atingido em uma data futura estabelecida. Para o estado de Minas Gerais, a FEAM, após a avaliação das vantagens e desvantagens metodológicas, da estratégia governamental de enfrentamento das mudanças climáticas 12, da disponibilidade de dados (inventários de GEE e variáveis socioeconômicas), assim como dos recursos financeiros e técnicos existentes, adotou a utilização de metas de intensidade de emissões de GEE. Adicionalmente, entende-se que a utilização de metas de intensidade são mais coerentes com o contexto subnacional de um país em desenvolvimento, com grande potencial para redução de emissões de GEE, por meio de ações de eficiência energética e uso racional de recursos naturais, como no caso do estado de Minas Gerais. Entretanto, para a definição do nível de ambição e principalmente garantir a adoção de metas realistas e factíveis, faz-se necessário a elaboração de cenários que permitam avaliar possíveis trajetórias futuras da evolução das emissões de GEE (projeções) e seus principais fatores determinantes. A abordagem adotada do PEMC de Minas Gerais baseia-se na construção de três cenários hipotéticos até 2030: Business-As-Usual, Contribuição Federal e Baixa Intensidade de Carbono. 12 Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e Plano de Mudanças Climáticas 16

GgCO2e SUMÁRIO EXECUTIVO 4.1 - Cenário Business-As-Usual Um cenário de referência ou Business-As-Usual (BAU) projeta as tendências passadas para simular como as emissões poderiam evoluir se nada for feito para enfrentamento das mudanças climáticas. Serve como base ou referência para os outros cenários. É previsto um aumento de 63% das emissões até 2030 em Minas Gerais com base nessas premissas (Figura 5). 200 000 180 000 160 000 140 000 120 000 100 000 80 000 60 000 40 000 20 000 +63% % Energia Agropecuaria Processos Industriais Resíduos e Efluentes Mudança de uso do solo Figura 5: Evolução das emissões de GEE, por setor, em Minas Gerais cenário BAU Quando estimadas as emissões de GEE por habitante e considerando apenas as emissões do setor de Energia, o estado de Minas Gerais emitiu 2,04 tco 2e/hab em 2010. Para efeitos de comparação, a União Europeia emitiu 7,4 tco 2e/hab, a China 6,2 tco 2e/hab e os Estados Unidos 17,6 tco 2e/hab. 13 Apesar da baixa intensidade de emissões comparativamente, as projeções mostram uma tendência de aumento das emissões do estado, que poderia alcançar 2,6 tco 2e/hab em 2020 e 3,21 tco 2e/hab em 2030. Indicadores de Intensidade Os indicadores de intensidade para o setor Energia foram definidos a partir das projeções de consumo energético, a emissão de GEE do setor e a evolução do número de habitantes no estado (tep/habitante e tco 2e/habitantes). As estimativas indicam um crescimento do consumo de energia e emissão de GEE per capita para Minas Gerais com um aumento de 33% e 60% respectivamente em 20 anos. É importante destacar que, no cenário BAU, as emissões de GEE por habitante crescem mais que a demanda de energia por habitante, destacando uma tendência de carbonização do setor energético mineiro (Figura 6). 13 Banco Mundial: http://donnees,banquemondiale,org/indicateur/en,atm,co2e,pc/countries/-fr-br-cn-us- EU?display=graph 17

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 tco 2 e/r$ 1.000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 tco2e/ hab mil tep/mil hab SUMÁRIO EXECUTIVO 3,7 3,2 3,700 3,200 2,7 2,2 1,7 1,2 2,700 2,200 1,700 1,200 Emissão GEE Consumo Figura 6: Indicadores de intensidade setor Energia Os indicadores de intensidade de emissão de GEE para o setor Agropecuário consideram as emissões totais calculadas para o setor e a evolução do PIB agropecuário 14. As estimativas indicam que, apesar das emissões brutas aumentarem cerca de 35% em 20 anos (Figura 5), há uma redução relativa das emissões de GEE proporcionalmente ao crescimento do PIB agropecuário em Minas Gerais, o que revela uma tendência de descarbonização da economia agrícola (cerca de 45%). É importante destacar que essas estimativas não contabilizam as emissões por desmatamento e outros usos do solo (setor AFOLU). É possível observar a evolução da intensidade na Figura 7. 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 Emissāo GEE Figura 7: Indicadores de intensidade setor Agropecuário Os indicadores de intensidade para o setor Resíduos e Efluentes foram definidos a partir das projeções da totalidade das emissões de GEE do setor e a evolução do número de habitantes no estado (tco 2e/habitante). As estimativas indicam um crescimento de 62% das emissões de GEE per capita 14 Não inclui emissões ligadas ao uso do solo. 18

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 kg CO2e/R$ 1.000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 tco 2 e/hab SUMÁRIO EXECUTIVO para Minas Gerais entre 2010 e 2030. Os indicadores para o setor Resíduos e Efluentes podem ser visualizados na Figura 8. 0,400 0,350 0,300 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000 Resíduos Efluentes Figura 8: Indicadores de intensidade setor Resíduos e Efluentes As abordagens para a construção dos indicadores de intensidade para o setor Processos Industriais e para as emissões de GEE provenientes da queima de combustíveis (contabilizadas no setor Energia) consideram a evolução do PIB Industrial visando melhor retratar as emissões das atividades industriais em geral e sua geração de riqueza no estado. O resultado pode ser visualizado na Figura 9. 600,00 500,00 400,00 300,00 200,00 100,00 0,00 Emissāo GEE Figura 9: Indicadores de intensidade setor Processos Industriais 4.2 - Cenário Contribuição federal Um cenário de contribuição federal (FED) baseado no compromisso voluntário do Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) de redução de emissões de GEE até 2020, foi construído aplicando-se proporcionalmente para o estado de Minas Gerais os objetivos de redução de emissões líquidas de GEE previstos no Plano Nacional e Planos Setorias sobre 19

GgCO2e SUMÁRIO EXECUTIVO Mudança do Clima 15. Conforme estimativas realizadas, excluindo-se o setor da Mudança de Uso da Terra e Floresta, estes objetivos representam uma redução entre 7% e 9% das emissões de GEE em comparação com a tendência para 2020 para o estado (Figura 10). 160000 150000 140000 Redução entre -7% e -9% 130000 120000 110000 100000 BAU Faixa baixa Faixa alta Figura 10: Aplicação da meta nacional de emissões de GEE no Estado de Minas Gerais 4.3 - Cenário Baixa Intensidade de Carbono Um cenário mineiro de baixa intensidade de carbono (BIC), considerando as ações estaduais adicionais de eficiência energética e redução (ou remoção) de GEE, visando promover de forma mais ambiciosa, rápida e robusta a transição para uma economia de baixo carbono, foi construído com o auxílio dos atores regionais presentes no processo participativo do PEMC em Minas Gerais. Foram definidas 38 ações de mitigação 16 que são deliberadas em cada um dos planos setoriais 17. As ações podem ações podem ser encontradas na Tabela 6 e o potencial de mitigação estimado até o presente momento pode ser visto na Tabela 7. Tabela 6: Ações setoriais de mitigação do PEMC INDUST RIA Ação Ação 1 - Programa estadual de eficiência energética Ação 2 - Diferenciação tributária para tecnologias de baixo carbono Ação 3 - Fomento à cogeração industrial Ação 4 - Substituição gradual de fontes energéticas com alto fator de emissão de GEE 15 http://www.mma.gov.br/clima/politica-nacional-sobre-mudanca-do-clima/plano-nacional-sobre-mudanca-do-clima 16 Nem todas as ações foram contabilizadas no cenário, pois ainda necessitam de cálculos específicos ou de desenvolvimento de metodologias para contabilização. 17 Ver planos setoriais no site http://pemc.meioambiente.mg.gov.br/pt/publicacoes 20