TCAS II TRAFFIC COLLISION AVOIDANCE SYSTEM

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TCAS II TRAFFIC COLLISION AVOIDANCE SYSTEM NASCIMENTO, Anderson de O.; anderson.oliveira@tamexecutiva.com.br BORDON, Maurício J.; bordon@ieee.org GUILHEM, Felipe T.. ftguilhen@uol.com.br RESUMO O objetivo deste trabalho é explicar a obrigatoriedade da instalação, em aeronaves, do sistema anti-colisão no tráfego aéreo - Traffic Alert and Collision Avoidance System (TCAS). Também conhecido como Sistema Embarcado de Prevenção de Colisões (Airborne Colision Avoidance System ACAS), esse sistema possui um único objetivo: alertar os pilotos sobre o tráfego aéreo, evitando colisões entre aeronaves em voo. Tanto os pilotos quanto os controladores de voo devem saber que as aeronaves possuem esse equipamento obrigatório instalado, e devem ser treinados para conhecer seu correto funcionamento, suas funções e suas limitações (JOHN LAW, 2004-5). O regulamento aeronáutico, que rege o sistema aéreo, estabelece que o sistema TCAS deve ser usado em todo espaço aéreo (RBHA, 2003), independente das condições meteorológicas serem boas ou não. PALAVRAS-CHAVES: Tráfego aéreo. Prevenção de colisões. TCAS. ACAS. ABSTRACT The objective of this work is to show the importance of the installation of Traffic Alert and Collision Avoidance System (TCAS) on aircrafts. TCAS is also called Airborne Colision Avoidance System (ACAS), and has to warn pilots about air traffic, avoiding collisions between flying aircrafts. Both the pilots and flight controllers must have full knowledge about aircrafts having this binding equipment installed, its correct operation (JOHN LAW, 2004-5) and functions it offers, knowing its functions and its limitations. The aviation regulation establishes that the TCAS system must be used throughout the spread airspace (RBHA, 2003), regardless of good or bad weather conditions. 35

KEYWORDS: TCAS. ACAS 1º Simpósio de Engenharia Eletrônica 2015 1.Introdução Este estudo pretende mostrar os principais aspectos dos sistemas automáticos anticolisão aérea embarcados em aeronaves, explicando seus conceitos, o surgimento do TCAS, seu histórico, funções, operação e aplicações. Uma segunda versão desse sistema, o TCAS II, foi projetada e desenvolvida nos Estados Unidos, após a ocorrência de elevado número de acidentes com aeronaves colidindo em voo. O TCAS II deve ser embarcado em todas as aeronaves, homologadas em categoria de transporte com mais de 30 assentos e que tenham recebido seu primeiro Certificado de Aeronavegabilidade (independente do país emissor do mesmo) a partir de 1 de janeiro de 2008 (FAR, 2003-G129-18, FAR, 2003-G91.2). Devem ser equipadas com um sistema ACAS II (TCAS II, tipo 7.0 ou superior) (RBHA, 2003), que é conhecido, no mundo aeronáutico, como um sistema que, dificilmente, apresenta falhas; contudo esse conceito tem sido revisto após o acidente com o voo GOL 1907, que colocou a perfeita funcionalidade desse sistema sub judice. 2. Desenvolvimento do Sistema de Alerta de Colisão Aérea (TCAS) A indústria aeronáutica acordou para o real problema de acidentes com colisão entre aeronaves em voo, após um acidente no Grand Canyon, ocorrido em 1956. Muitos fabricantes de componentes aeronáuticos iniciaram projetos de equipamentos eletrônicos, a fim de evitar esses acidentes, e, logo de início, surgiram dois problemas. Um deles era o alto investimento necessário na instalação desses equipamentos, principalmente, para companhias aéreas que tinham várias aeronaves na sua frota, e segundo, as companhias não dispunham de espaço físico para esse equipamento (FAA, 2000). Vendo esses problemas, que dificultariam a instalação do TCAS nas aeronaves, o fabricante de componentes eletrônicos aeronáuticos Mitre, em 1974, propôs a alternativa de utilizar o transponder, que já era um equipamento instalado nas aeronaves, para realizar a comunicação entre as aeronaves e o operador do tráfego aéreo. Através desse equipamento, seria possível saber a real altitude e prefixo da aeronave em voo (FAA, 2000). O antecessor do TCAS foi o Active Beacon Collision Avoidance System (BCAS), semelhante ao sistema de radar. Esse sistema emitia sinais de interrogação para as aeronaves e, então, os transponders das aeronaves próximas retornavam um sinal de 36

resposta. Com esse sistema, era possível que fossem determinados a localização, a velocidade e o curso das aeronaves. Com essas informações, era possível manter a adequada separação das aeronaves para que fossem evitadas possíveis colisões (FAA, 2000). O sistema BCAS apresentou bons resultados em sua operação, a ponto de o centro técnico do FAA (Federal Aviation Administration) decidir promover o desenvolvimento de um novo sistema, utilizando o BCAS como base. Assim, o FAA desenvolveu o sistema e, em 1981, o renomeou de TCAS. A obrigatoriedade da utilização do TCAS aconteceu ainda quando este estava em desenvolvimento, em agosto de 1986, por causa de outro grave acidente aéreo em Cerritos, Califórnia (JOHN LAW, 2004-4). Essa exigência foi atendida até 1993, quando todas as aeronaves, com mais de 30 assentos e operando no tráfego aéreo americano, estavam equipadas com o TCAS II, e as aeronaves de 10 a 30 assentos estavam equipadas com o TCAS I. Similaridades e diferenças entre esses equipamentos serão apresentadas posteriormente. O resultado da implantação do TCAS nas aeronaves foi mais que positivo, pois, desde 1990, não ocorreu mais nenhum acidente grave de colisão de aeronaves em voo. O TCAS aumentou muito as chances dos pilotos de saberem e de tomarem a atitude correta em caso de estar na mesma rota de alguma outra aeronave. 3. Conceitos básicos do TCAS Utilizando o método de interrogação e resposta, o TCAS questiona, intermitentemente, os transponders das aeronaves próximas, e rastreia as posições dessas aeronaves, com base nessas respostas. Quando o transponder está equipado para poder informar a altitude em sua resposta à interrogação, essa informação também é rastreada. Através do cálculo realizado pelo TCAS, dividindo a distância pela razão de aproximação, estima-se a distância entre as aeronaves e esse é o principal parâmetro para a emissão de um alerta nas situações em que há risco de proximidade entre elas (HONEYWELL, 2006). Cada aeronave equipada com o TCAS interroga todas as aeronaves próximas na frequência de rádio 1030MHz. As demais aeronaves respondem a essas interrogações na frequência de 1090Mhz. A taxa de ocorrência dessas interrogações e respostas está na faixa de diversas vezes por segundo e, com isso, o TCAS constrói um mapeamento 37

tridimensional do espaço aéreo em torno do avião, com as aeronaves que se encontram nas proximidades, devidamente posicionadas através dos dados recebidos no processo interrogação/resposta (FAA, 2000). Podemos dizer que o TCAS é um sistema que auxilia o piloto na visualização de aeronaves intrusas, dando a possibilidade para que desvie de uma aeronave com a qual, provavelmente, colidiria (JOHN LAW, 2004-5). Com isso, o sistema ajuda a manter uma separação segura entre as aeronaves, através de alertas, para que o piloto atue na manobra do avião. Em alguns casos, como no uso do TCAS II, ocorre também a seleção automática de uma nova rota, para que o piloto manobre o avião (HONEYWELL, 2006). Em aeronaves mais modernas, o display do TCAS pode ser integrado ao display de navegação, ilustrado na figura 1, e a respectiva mudança de rota é mostrada na tela do Indicador do Direcionador de Atitude (Attitude Director Indicator - ADI), mostrado na figura 2. Já nas aeronaves mais antigas, o TCAS substitui o indicador de velocidade instantâneo (IVSI) por um indicador digital, trazendo as informações do TCAS, como mostrado na figura 3. Figura 1 Display de Navegação Figura 2 ADI (FAA, 2000) (FAA, 2000) Figura 3 Display com IVSI e TCAS (FAA, 2000) 38

O tráfego ao redor da aeronave é visualizado pelo piloto através do display de navegação, e as indicações da mudança de sentido aparecem no ADI. Através dos dados como altitude, rumo, distância e velocidade, o TCAS mantém um espaço tridimensional de proteção ao redor da aeronave. A área de proteção é conhecida como CPA (closet point of approach). 3.1 Alerta de Tráfego (TCAS I ou TCAS II) Um Alerta de Tráfego (Traffic Advisory - TA) é um alerta que ocorre a cada 15 ou 45 segundos (TCAS e TCAS II respectivamente), antes do instante de chegada de outra aeronave à esfera de proteção (JOHN LAW, 2003-2). Quando acontece esse alerta, o display apresenta informações visuais sobre aeronaves próximas em tráfego e um alerta sonoro, que repete a palavra traffic, emitida aos pilotos. 3.2. Orientação de Resolução (TCAS II) Orientação de Resolução ou Resolution Advisory (RA) é um alerta de perigo, que ocorre se o TCAS II determinar que duas aeronaves não estão suficientemente separadas. Esse alerta ocorre 25 segundos antes da outra aeronave atingir a esfera de proteção. Quando ocorre um RA, o tráfego é mostrado no display, e uma orientação é dada ao piloto através de um alerta sonoro, que repete a palavra climb ou descent (JOHN LAW, 2003-3), dependendo de onde estiver a aeronave que possivelmente colidirá. Quando a aeronave estiver livre de tráfego aéreo, um aviso sonoro clear of conflict é emitido ao piloto. A figura 4 ilustra os critérios de avisos do TCAS. Figura 4 Critérios de aviso do TCAS (FAA, 2000) 39

3.3 Simbologia O sistema TCAS tem o seu próprio sistema de indicação (HONEYWELL, 2006). Sem ameaça de tráfego: quando há uma aeronave ao redor, um diamante oco branco ou azul indica, pelo menos, uma entre duas situações: que essa aeronave está a uma altitude relativa maior que 1200 pés, ou que sua distância é maior que cinco milhas náuticas. Sendo assim, essa aeronave não é considerada uma ameaça. Intruso (Tráfego ao redor): quando há alguma aeronave a menos de 1200 pés de distância na vertical e a menos de 5 milhas náuticas de distância, o símbolo de um diamante cheio branco ou azul é visualizado pelo piloto, indicando aeronave intrusa ao redor. Traffic Advisory (TA): alerta que indica um grande risco de acontecer colisão entre aeronaves; um círculo âmbar é visualizado pelo piloto no display; nas aeronaves equipadas com TCAS I, o TA é acionado quando o tempo necessário para atingir o Closest Point of Approach (CPA) for de 15 a 30 segundos, e quando a aeronave está equipada com TCAS II, o TA é acionado quando o tempo para o CPA for de 45 segundos. Off Scale Traffic: nessa situação, o display apresenta um meio círculo na borda da tela do display, que significa uma aeronave fora do alcance relativamente à posição da aeronave. Resolution Advisory (RA): esse alerta encontra-se incorporado somente no TCAS II e é visualizado no display na forma de um quadrado vermelho, indicando que a aeronave intrusa tornou-se uma ameaça. O RA só é visualizado quando o tempo de CPA for de 25 segundos. 3.4 Generalidades sobre as versões do TCAS Nessa seção, apresentaremos algumas similaridades e diferenças entre as versões do sistema TCAS. 3.4.1 TCAS I O sistema TCAS I, também conhecido como ACAS I, foi projetado e desenvolvido para aeronaves de pequeno porte. Nesse sistema, encontra-se incorporado o alerta de aeronaves próximas (Alerta de Tráfego ou Traffic Advisory - TA) para auxiliar os pilotos na separação visual das aeronaves (HONEYWELL, 2002). 40

Através do processador, da antena e de um display, num espaço aéreo controlado, o TCAS I analisa as respostas das interrogações das aeronaves consideradas intrusas e determina sua distância, rumo e altitude relativa. O sistema TCAS I não detecta aeronaves intrusas se o transponder não estiver funcionando corretamente ou se estiver desligado. O sistema é capaz de se comunicar com qualquer aeronave que for equipada com o transponder tipo Air Traffic Control Radar Beacon System (ATCRBS). Nesse sistema, as aeronaves consideradas como intrusas são identificadas com diferentes símbolos e cores. Quando o transponder da aeronave considerada como intrusa for capaz de fornecer sua altitude, essa informação é apresentada no display da aeronave que interrogou esse transponder. A partir disso, a aeronave é visualizada no display com uma seta indicando se ela está descendo ou subindo, e qual a razão de descida ou de subida (climb ratio). 3.4.2 TCAS II Atualmente, o sistema mais seguro para evitar colisão entre aeronaves em voo é o TCAS II (ACAS II) (HONEYWELL, 2002). O TCAS II pode sugerir manobras no plano vertical, mantendo, assim, uma separação segura entre as aeronaves através de orientações de tráfego (TA) e de orientações de resolução (RA). Há estudos que comprovam que alguns pilotos ainda precisam de treinamento e de conhecimento sobre o funcionamento do TCAS II, pois, quando há uma identificação de aeronave intrusa no seu display, ouvindo o alerta RA, esses pilotos, ao tentar evitar uma possível colisão, realizam uma manobra em sentido contrário à decisão informada pelo alerta do TCAS II (JOHN LAW, 2003-2; JOHN LAW, 2003-3). 3.4.3 TCAS III O TCAS III é um sistema desenvolvido com base no TCAS II, com uma funcionalidade adicional ao oferecer decisões seguras em situações de possível colisão entre duas aeronaves. Manobras, tanto no perfil vertical quanto no horizontal, podem ser sugeridas como resultado de decisões tomadas pelo sistema TCAS III (HONEYWELL, 2002). Assim, duas aeronaves em risco de colisão tomariam atitudes completamente 41

opostas, com desvio na direção horizontal ou vertical. O TCAS II não apresenta essa funcionalidade. 4. CONCLUSÃO FINAL O TCAS usado na aviação civil é uma ferramenta desenvolvida para prevenir a colisão entre aeronaves em voo. As estatísticas sobre acidentes aéreos mostram que tecnologia incorporada a esse sistema trouxe, para a aviação, um aumento significativo na segurança (DIA, 2002; RBHA, 2003). Nas aeronaves, os alertas de TA e RA não têm o mesmo nível de importância que um aviso de despressurização, um alerta de fogo ou um aviso de risco de aproximação com o solo. Os alertas de TA e RA são alertas pouco frequentes, mesmo assim, quando eles ocorrem, exige-se, da tripulação, a tomada de uma ação rápida e precisa (JOHN LAW, 2002-1; JOHN LAW, 2003-2). Mesmo com o uso de tecnologia sofisticada para alertar sobre possíveis colisões entre aeronaves em voo, a cultura aeronáutica atribui a responsabilidade pela decisão a ser tomada unicamente ao piloto, sendo que, nesses casos, não se descarta a inspeção visual do espaço próximo aos aviões (AVIATION- SAFETY, 2014). Pode-se afirmar que a tecnologia anticolisão embarcada em aeronaves torna o voo muito mais seguro e menos propenso a erros humanos (JOHN LAW, 2004-5). 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aviation-safety.net (acesso em 29 de outubro de 2014) Bendix/King, Pilot s Guide CAS 66ª: TCAS I Collision Avoidance System, HONEYWELL International Inc, Kansas, 2006. FAA, Introduction to TCAS II version 7, 2000 FEDERAL AVIATION REGULATION FAR G129.18, Washington, 2003 FEDERAL AVIATION REGULATION FAR Sec. G91.2, Washington, 2003 42

Brasil, Procedimentos Operacionais e Diretrizes de Treinamento para Pilotos e Controladores de Tráfego Aéreo com Relação ao Sistema Anti-colisão de Bordo (ACAS): AIC número 02/02, DIA- Divisão de Informações Aeronáuticas, Rio de Janeiro, 2002. HONEYWELL, Requirements for ACAS II TCAS, Washington, 2002. JOHN LAW, ACAS II Bulletin número 1, EUROCONTROL, Brussels, 2002. JOHN LAW, ACAS II Bulletin número 2, EUROCONTROL, Brussels, 2003. JOHN LAW, ACAS II Bulletin número 3, EUROCONTROL, Brussels, 2003. JOHN LAW, ACAS II Bulletin número 4, EUROCONTROL, Brussels, 2004. JOHN LAW, ACAS II Bulletin número 5, EUROCONTROL, Brussels, 2004. Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica RBHA 91.221, Brasília, 2003. 43