ECONOMIA E GESTÃO Este trabalho consistiu na análise dos principais documentos contabilísticos da empresa SOARES DA COSTA SA, empresa essa situada num patamar de pleno destaque no sector da CONSTRUÇÃO CIVIL em portugal.pretendeu-se calcular alguns indicadores relacionados com os resultados da empresa e compará-los com os respectivos indicadores sectoriais para avaliar posteriormente o seu desempenho relativamente a empresas do mesmo sector. Este trabalho desenrolou-se em três fases distintas: 1- Usando o relatório e contas da empresa em estudo, agrupamos a informação de caractér financeiro numa folha de cálculo, de forma a ser usada facilmente na fase seguinte. 2- Com os dados da folha de cálculo elaboramos um quadro de bordo para mostrar a informação de caractér genérico relevante, de forma organizada e perceptível. 3- Analisámos a informação contida no quadro de bordo e comparámos alguns valores com os indicadores sectoriais respectivos. Tiramos conclusões acerca da situação da empresa. As duas primeiras fases foram realizadas na folha de calculo que será apresentada em anexo enquanto que a terceira fase vai ser realizada posteriormente neste documento. 1- Na execução da primeira fase organizamos a informação a colocar na folha de cálculo da seguinte forma: informação relativa ao balanço, à demonstração de resultados e ao mapa de origem e aplicação de fundos. Para cada grupo listamos a informação correspondenete aos três anos em estudo de modo a permitir cruzar a informação dos vários anos. O balanço: Trata-se de um documento estático (reportado a uma determinada data ) que reflecte o património da empresa listando todos os valores activos e passivos. Revela a diferença entre os respectivos totais de forma a identificar o património líquido da empresa ou capital próprio. O activo contem os bens da empresa e os créditos sobre terceiros. Divide-se em três partes essenciais que são: imobilizado, circulante e acréscimos e diferimentos. - O imobilizado representa bens utilizados na actividade produtiva ou que a empresa tem permanentemente ao seu serviço. É composto por três campos: imobilizações corpóreas bens tangíveis
(edifícios, equipamentos,...), imobilizações incorpóreas bens intangíveis (marcas, patentes, gastos de instalação e expansão,...) e investimentos financeiros participações de capital, etc.. - O circulante regista os bens e direitos da empresa devidos, essencialmente, à sua actividade que já são ou que facilmente se tranformam em numerário. Aqui estão incluídos: dívidas de terceiros créditos a clientes, adiantamento a fornecedores e outras dívidas; existências totalidade dos bens transformados ou em transformação; disponibilidades representa bens disponíveis sob a forma de numerário ou que facilmente se transformam em tal. - A conta de acréscimos e diferimentos é uma subconta particular que deve permitir o registo dos custos e proveitos nos exercícios a que respeitam garantindo o cumprimento do príncipio da especialização intertemporal. O passivo regista as dívidas da empresa para com terceiros. Ao contrário do papel desempenhado no activo, no passivo a empresa passa a ser devedora. Estão incluídas no passivo as dívidas a terceiros a médio e longo prazo, dívidas a terceiros a curto prazo, acréscimos e diferimentos e provisões para riscos e encargos (esta quantia serve para fazer face a gastos imprevistos). A demonstração de resultados: Este documento indica como foram obtidos os resultados da empresa num determinado período. Contém, listados por natureza, os custos e os proveitos gerados pela empresa num determinado exercício. O resultado obtido pela empresa no período em análise é ditado pela diferença entre os somatórios de ambos. O mapa de origem e aplicação de fundos: Este documento pretende revelar como a empresa financiou a sua actividade e onde aplicou os fundos obtidos num determinado período. Nas origens de fundos estão incluídos: diminuições de contas do activo, aumentos de contas do passivo e os aumentos de contas do capital próprio. Como aplicações de fundos temos: aumentos de contas do activo, diminuições de contas do passivo e diminuições de contas do capital próprio.
Informação proveniente dos documentos anteriores: Usando os dados contidos no balanço é possível fazer uma análise relativa às condições de equilíbrio financeiro da empresa ( Nenhum Activo deve ser financiado por um meio de financiamento cujo prazo de exigibilidade seja mais curto que o seu grau de liquidez ). Para que este equilíbrio se verifique é necessário que se cumpram duas condições: imobilizado <= capitais permanentes e circulante >= passivo de curto prazo. A diferença capitais permanentes imobilizado ou circulante - passivo de curto prazo é denominada fundo de maneio. É a margem de folga financeira para a empresa saldar as suas dívidas de curto prazo. A necessidade de fundo de maneio é dada por: clientes + existências + fornecedores e representa a necessidade de recursos financeiros resultante da actividade normal da empresa e que não são financiados directamente pelos intervenientes nas transações habituais em que a empresa está envolvida. Representa o número de dias em que a empresa é financiada por capitais permanentes. A demonstração de resultados permite obter vários indicadores que nos informam sobre qual poderá ser o equilíbrio financeiro, a prazo, da empresa. Entre esses indicadores estão: margem Bruta de Exploração - diferença entre o valor da produção no período e o custo de existências vendidas e consumidas. Dá-nos uma ideia imediata e em termos absolutos do excedente que a empresa cria sendo um bom indicador para uma primeira análise da viabilidade económica da empresa; Valor Acrescentado - representa a riqueza que a empresa gera ou, de outro modo, a valorização que a empresa introduz nos bens ou serviços que produz, através da sua actividade; Cash Flow - meios financeiros que a empresa liberta na sua actividade durante um determinado período, o que corresponde à variação de dinheiro que ocorreria na empresa caso todos os recebimentos e pagamentos se realizassem. 2- A segunda fase consistiu na organização de informação recolhida e tratada nos documentos anteriores em conjunto com outra calculada nesta fase (rácios de vários tipos estabelecem relações entre contas do balanço e da demonstração de resultados). Esta informação está contida em cinco grandes grupos: principais indicadores financeiros, rácios de alavanca financeira, económicos, económicofinanceiros, de funcionamento. Para cada elemento de cada grupo são apresentados os valores de três
anos sucessivos para tornar fácil a comparação entre esses valores. A esta informação acrescentámos os indicadores do Banco de Portugal para comparar a empresa com as suas concorrentes. O objectivo do cálculo destes rácios é permitir uma análise da situação da empresa. Os rácios de alavanca financeira apreciam exclusivamente aspectos financeiros tais como estrutura financeira, capacidade de endividamento, etc; os económicos analisam a estrutura de custos, proveitos, margens, capacidade de autofinanciamento, etc; os económico-financeiros apreciam a rendibilidade de capitais, rotação de capitais, etc; os de funcionamento servem para medir impactos financeiros na gestão ao nível da exploração: prazos médios de recebimento, pagamento, etc. 3 A terceira fase consistiu na análise da informação contida no quadro de bordo. Aqui tentámos avaliar a situação da empresa e comparar resultados com empresas do mesmo sector, ou seja, empresas concorrentes. Para isso focamos a nossa atenção nos rácios calculados e em informação proveniente dos documentos analisados anteriormente. ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA Trata-se de um estudo do potencial económico e da estrutura financeira da empresa efectuado a partir dos seus principais documentos contabilísticos É possível fazer dois tipos de análise: estática e dinâmica. A primeira consiste na comparação de resultados estáticos da empresa com outras do mesmo sector de actividade. Pretende-se com isto posicionar a empresa face aos seus concorrentes. A segunda análise consiste geralmente em três aspectos: i) Comparação entre balanços consecutivos resulta numa análise estática comparada, ou seja, como evolui a empresa de um momento fixo para outro. ii) Análise de origem e aplicação de fundos baseia-se na comparação entre balanços consecutivos para explicitar em que foram aplicados novos recursos financeiros durante o período e quais foram as fontes de financiamento utilizadas. iii) Análise da estrutura da demonstração de resultados consiste no estudo da formação de custos por natureza ou por actividades ou funções necessárias para a empresa atingir o volume de vendas obtido no período.
ANÁLISE DA EMPRESA EM ESTUDO: Num primeiro olhar sobre o Quadro de Bordo disponibilizado em anexo, podemos retirar dois aspectos que resaltam e que estão relacionados com os primeiros indicadores financeiros que lá constam: 1. Em comparação com os valores sectorias, os montantes respeitantes à empresa SOARES DA COSTA são de uma dimensão muito acima desses valores sectoriais, nomeadamente o activo, capitais próprios e passivo, o que faz com que qualquer análise comparativa com os valores tipo tenha que ser feita de um modo cuidado e tendo em conta que a realidade desta empresa foge (positivamente...) bastante dos padrões de maior parte das empresas do sector; 2. Outro aspecto que salta à vista, é que comparando balanços consecutivos, nota-se que de facto o ano de 1998 foi um ano relativamente negativo para a empresa, o que pode ser também uma conclusão precipitada, tendo em conta que apenas fazemos um estudo de 3 anos consecutivos, sem saber o que se passou para trás no horizonte temporal; De qualquer maneira, e cingindo-nos ao que é apresentado, a empresa em 1998 apresentou um Resutado Liquído negativo (aliás a par de todos os outros resultados) tendo os meios financeiros libertados (Cash-Flow) sido também negativos. Numa perspectiva mais global aos 3 anos em estudo, nota-se que o seu activo cresceu de ano para ano, contribuindo para isso o crescimento do sei Imobilizado, o que pode ser questionado dada a relatividade com que se quantifica normalmente este tipo de bens. cash flow 2.500.000.000,00 2.000.000.000,00 1.500.000.000,00 1.000.000.000,00 500.000.000,00 0,00-500.000.000,00-1.000.000.000,00 1 2 3 ano Series1 Relactivamente aos Capitais Próprios foram-se mantendo sempre nos mesmos níveis enquanto que o passivo curto-prazo aumentou, tendo sido essa subida mais notória de 1998 para 1999,
acompanhando o que em média acontecia no sector, e que de facto se vai tornando uma regra geral das empresas portuguesas, o continuo aumento de capitais alheios. Em termos de resultados liquídos, é de assinalar então a inversão desses valores relativamente ao ano de 1998, que em princípio terá sido um ano aparte no panorama da SOARES DA COSTA. O ano de 2000 trouxe mesmo um aumento de 33% do resultado do exercício face a 1999, havendo ainda um aumento mais significativo nas contas consolidadas que passaram de um valor negativo para positivo, na ordem das duas centenas de milhar de contos. Debruçando-nos agora sobre os seus indicadores de agregado, regista-se um certo abrandamento, ao longo destes 3 anos, do excedente que a empresa criou para fazer face aos seus custos fixos (Margem Bruta de Exploração), o que no entanto continua a estar muito acima da médio sectorial (muito acima...); essa tendência inverte-se se analisar-mos os meios financeiros que a empresa liberta, que como já vimos anteriormente, começou por ser negativo mas que retomou um ritmo constante e positivo nos anos seguintes. Para finalizar os agregados, queríamos sublinhar o elevado Valor Acrescentado Bruto que a empresa introduz nos bens e serviços, face à média sectorial, valor esse que se vai mantendo relativamente constante. VAB 13.000.000.000,00 12.500.000.000,00 12.000.000.000,00 11.500.000.000,00 11.000.000.000,00 10.500.000.000,00 10.000.000.000,00 1 2 3 ano Series1 RÁCIOS: Em termos de solvabilidade, a empresa encontrou-se ao longo destes últimos anos com um grau de endividamento algo elevado, em comparação com o sector, e com tendência para crescer aos poucos ao contrário do que aconteçe com as outras empresas em média. A confirmar essa tendência repare-se na diminuição da Autonomia Financeira da empresa, que de qualquer forma não é um factor muito importante, já que neste aspecto o sector encontra-se mais abaixo.em conclusão, o grau de endividamento da empresa é alto e tende a crescer; no entanto o Capital Próprio da empresa vai cobrindo o activo
resultante o que equilibra a situação da empresa. Aproveite-se até para referir que a empresa encontra-se em contínuo e crescendo equilibrio financeiro dado que o seu Circulante tende a manter-se bastante mais alto que o Passivo a curto-prazo, tal como os Capitais Permanentes relativamente ao Imobilizado, o que permite à empresa uma elevada folga financeira no que respeita à resolução dos seus compromissos de curto-prazo. O valor da Cobertura de Imobilizado e da Cobertura de Encargos Financeiros demonstra uma vez mais que o grau de endividamento da empresa não é assim muito preocupante, já que o valor destes rácios (bastante superior à unidade no 1º rácio) permite verificar que esse endividamento não está a criar grandes pressões ao nível da tesouraria e que o potencial da empresa para gerar fundos que façam face aos compromissos de financiamento mantem-se alto exceptuando o já falado ano de 1998. No que respeita à Liquídez a situação da empresa é uma vez mais bem favorável, face aos valores sectoriais ao longo destes anos, resultando daí uma constante elevada capacidade de cumprir os seus compromissos de curto-prazo, diminuindo essa capacidade, conforme se vai analizando a Liquidez de uma forma mais rigorosa e tendo em conta dos riscos inerentes; nesse sentido assinala-se a baixa capacidade de pagar de imediato parte do seu passivo, o que de resto é uma regra geral das outras empresas do sector. LIQUÍDEZ 2,0000 1,8000 1,6000 1,4000 1,2000 1,0000 0,8000 0,6000 0,4000 0,2000 0,0000 1998 1999 2000 SOARES DA COSTA INDÍCE SECTORIAL Os rácios de rendibilidade são os mais importantes para avaliar o sucesso da gestão da empresa. Nestes, volta-se a confirmar que o ano de 1998 foi bastante mau, isto é, a gestão da empresa em termos de produção de excedente económico não foi a melhor. Na óptica do accionista verificamos que o retorno do capital investido apenas se revelou proveitoso no ano de 2000. Em 1998 foi bastante baixo (-
7,42%) crescendo em 1999(0.94%) mas, em qualquer destes casos verifica-se que este valor é muito inferior ao índice sectorial. Podemos, no entanto, assinalar um crescimento destes valores ao longo dos anos em análise. A rendibilidade líquida das vendas que representa a margem de lucro da empresa tem vindo a crescer ultrapassando em 1999 e 2000 o índice sectorial o que pode indicar uma gestão mais eficaz. Os rácios de actividade e funcionamento representam o grau de utilização dos recursos. Os valores: rotação do activo, existências e activo fixo têm vindo a diminuir. No caso da rotação do activo isto pode significar um maior equilíbrio entre vendas e funcionamento da empresa perto do seu limite de capacidade, o que não aconteceu em 1998. Nos prazos médios de pagamento e recebimento constata-se que o primeiro é maior que segundo. Na perspectiva da empresa esta situação é positiva já que a empresa está a ser financiada por capitais alheios, no entanto, é possível que a empresa tenha dificuldades em satisfazer as suas obrigações financeiras o que na verdade será pouco provável devido à sua autonomia financeira e ao volume de capital que ela gere. Em modo de conclusão, o que se constata de facto, é que a SOARES DA COSTA SA é uma empresa de outro planeta, relativamente ao volume de capitais por ela gerido, face à média do sector da construção civil, o que no entanto não a impede de uma certa vulnerabilidade, mais precisamente estamos a referirmo-nos à sua capacidade de provocar individamento, isto apesar da sua elevada autonomia financeira. Isto só mostra o modo como as grandes empresas, como esta, com elevados capitais, lideram os seus negócios conseguindo quase sempre impor-se na forma como os formaliza, de modo a que os seus interesses sejam sempre salvaguardados, o que eticamente nem sempre é correcto. Por outro lado isto permite-nos fazer o seguinte comentário: às vezes é mais fácil gerir bem uma casa com pouco dinheiro, do que uma casa onde há dinheiro para tudo. Finalmente, só queríamos lamentar e assinalar novamente o facto de não nos ter sido possível apresentar os índices sectoriais relativos ao ano 2000, o que de certa forma condicionou um pouco a nossa análise, do ponto de vista das tendências futuras... 29-11-2001
ECONOMIA E GESTÃO Relatório de apoio ao trabalho de análise dos principais documentos contabilisticos da empresa SOARES DA COSTA SA Trabalho realizado por: Álvaro Manuel Pinto de Magalhães ee97029 Vítor Jesus Freitas Oliveira ee97076