IV-016 - FISCALIZAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS EXPERIÊNCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS



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Transcrição:

IV-016 - FISCALIZAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS EXPERIÊNCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Eduardo Antonio Maia Lins (1) Graduado em Engenharia Civil pela Escola de Politécnica de Pernambuco Universidade de Pernambuco. Atualmente cursando mestrado em Geotecnia Ambiental na Universidade Federal de Pernambuco; Exerce a função de Engenheiro Civil na Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco / Divisão de Fiscalização de Recursos Hídricos. Nice Maria da Cunha Cavalcante (2) Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará em 1983; Especializada em Recursos Hídricos pela mesma universidade em 1985; Especializada em Engenharia de Irrigação pela Universidade Federal de Pernambuco em 1991; Exerce a função de Engenheira Civil na Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco / Divisão de Fiscalização de Recursos Hídricos. Ana Cristina Novaes Ferraz (3) Graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal de Pernambuco em 1985; Especialização em Engenharia Sanitária pela Universidad de Buenos Aires, Argentina, em 1987; Especialização em Tratamento e Disposição de Resíduos Perigosos pela Carl Duisberg Gesselschaft, Alemanha, em 1994; Gerente do Departamento de Gerenciamento e Controle da Secretaria de Recursos Hídricos. Endereço (1) : Rua João Teobaldo de Azevedo, 19 Poço da Panela - Recife PE - CEP: 52061-313 - Brasil - Tel: (81) 3268-2301 - e-mail: dudamaia@hotmail.com RESUMO A Terra possui 1,5 bilhão de Km 3 de água, cobrindo cerca de ¾ da sua superfície de 510 milhões de Km 2. Muitos imaginam que as águas superficiais, por serem visíveis, são as maiores fontes de atendimento às necessidades humanas. Na verdade, cerca de 8,4 milhões de Km 3, aproximadamente 97% da água doce disponível na Terra, encontra-se no subsolo. Segundo dados do IBGE (1991), 61% da população brasileira é abastecida com água subterrânea. Estima-se que hoje existam cerca de 2060 poços perfurados na Região Metropolitana do Recife. No dia 28 de janeiro de 1999, foi criada pela Lei Nº11629, a Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco (SRH/PE), que tem como uma de suas atribuições fiscalizar o uso dos recursos hídricos. A Divisão de Fiscalização vem atuando em todo estado, principalmente na R.M.R., em função da grande quantidade de poços existentes e da explotação desordenada das águas subterrâneas. Este trabalho tem por objetivo relatar as atividades de fiscalização no Estado de Pernambuco, baseadas em normas legais que conferem ao órgão gestor de recursos hídricos a fiscalização do uso e do aproveitamento das águas superficiais e subterrâneas, afim de protegê-las contra a poluição, uso indevido e evitar efeitos indesejáveis aos mananciais e à saúde pública. Esta atividade é um valioso instrumento para a gestão, o controle do uso e conservação dos recursos hídricos. PALAVRAS-CHAVE: Águas Subterrâneas, Fiscalização, Instrumentos para a Fiscalização. INTRODUÇÃO A Região Metropolitana do Recife (RMR), apresenta historicamente racionamento de água, pois, mesmo com todos os mananciais superficiais em sua capacidade máxima, o sistema só tem capacidade para distribuir 10,19 m 3 /s, quando a demanda é de 12 m 3 /s, gerando um déficit de 1,81 m 3 /s. Esse déficit é na realidade bem maior, pois há de ser considerado o total de perdas do sistema, que alcança atualmente a cifra de 3,95 m 3 /s, entre perdas de faturamento, vazamentos e desperdícios (COSTA, 1998). Com isso, diversos usuários vêm, ao longo do tempo, perfurando poços e utilizando água subterrânea para seu consumo, o que foi acentuado em 1999 quando houve um período de estiagem grave e o racionamento atingiu toda a RMR de forma crítica. Muitas destas perfurações foram realizadas de maneira predatória, sem qualquer planejamento e estudo de disponibilidade, através de várias empresas de perfuração, incluindo algumas ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

habilitadas tecnicamente para exercerem tal tarefa. Estima-se que hoje existam cerca de 2060 poços perfurados na RMR (op. cit.), estando em curso um estudo (Hidrorec II) contratado pela SRH/PE a fim de atualizar os citados dados. A Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco (SRH/PE) foi criada pela Lei 11629, de 28 de janeiro de 1999, como órgão gestor dos recursos hídricos no estado, tendo, entre outras, a atribuição de fiscalizar o uso dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos de todo o estado, os quais vinham sendo explotadas de forma desordenada. Para se estruturar, a SRH iniciou elaborando o Manual de Fiscalização dos Recursos Hídricos, que foi avaliado e aprovado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, através da Resolução CERH Nº 01/2000, publicada no Diário Oficial do Estado em 22/11/2000. Em seguida foi ampliada e treinada a equipe técnica e adquirido os equipamentos necessários como veículo, GPS, máquinas fotográficas, coletes, blocos de autos, carimbos, crachás, adesivos, etc. As atividades de fiscalização foram iniciadas no ano de 2001, atendendo denúncias das comunidades e demandas do setor responsável pela emissão da Outorga do Direito do Uso da Água, sendo a maioria das ações desenvolvida na Região Metropolitana do Recife por motivos já expostos. MATERIAIS E MÉTODOS O Manual de Fiscalização estabelece como instrumentos de fiscalização: o Relatório de Vistoria, o Auto de Intimação, o Auto de Constatação, o Auto de Infração com Penalidade de Advertência por Escrito, o Auto de Infração com Penalidade de Multa, o Embargo Provisório e o Embargo Definitivo. Estes instrumentos são utilizados no desenvolver dos trabalhos da fiscalização. Inicialmente, realizase uma visita aos locais cadastrados em nossas planilhas ou denunciados, a fim de observar irregularidades como a ausência da outorga do direito de uso da água ou se a vazão explotada e o uso estão de acordo com o outorgado. Constatando-se tal irregularidade, emite-se, como caráter educativo, o Auto de Intimação, a fim de que o mesmo se regularize. Também se emite, após as visitas, os Relatório de Vistorias, que servem para relatar o andamento dos processos. O Auto de Constatação é emitido quando o usuário não toma as providências indicadas no Auto de Intimação ou quando a infração é grave. Passado o prazo emitido no Auto de Constatação e não havendo regularização do usuário, o mesmo é julgado pela Câmara de Fiscalização, podendo tal usuário receber como penalidade um Auto de Infração com Advertência por Escrito, ou um Auto de Infração com Multa e/ou até mesmo um Embargo Provisório ou Definitivo. A fiscalização dos recursos hídricos está sendo realizada em todo o estado de Pernambuco, contando com a participação e colaboração de entidades como os Comitês de Bacia Hidrográfica, Conselhos de Usuários, CPRH e CIPOMA, além da comunidade local. RESULTADOS A atividade de fiscalização das águas subterrâneas está diretamente vinculada ao processo de outorga. O processo é bem desenvolvido e integrado com o órgão ambiental, ou seja, os requerimentos de outorga e licenciamento ambiental são protocolados na CPRH (Companhia Pernambucana de Meio Ambiente) que encaminha o processo à SRH (Secretaria de Recursos Hídricos). A outorga e o licenciamento ambiental tramitam concomitantemente, para facilidade do requerente. Foi identificado que na maioria dos processos não havia renovação ou solicitação da outorga após construção do poço, gerando assim uma demanda inicial para a fiscalização. No período de fevereiro de 2001 a junho de 2002, foram realizadas 712 vistorias que geraram 435 Autos de Intimação, 221 Autos de Constatação, 100 Autos de Infração com Penalidade de Advertência por Escrito e 02 Embargos Provisórios. Do total de usuários irregulares, 137 já se regularizaram até o momento. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

De acordo com o Gráfico 01, pode-se perceber que apenas 31% dos usuários vistoriados se regularizaram e 69% não se regularizaram. 31% 69% Usuários Não regularizados Usuários Regularizados Gráfico 01 - Porcentagem de Usuários Regularizados e Não Regularizados, em Pernambuco, após Vistorias. As finalidades de uso das águas subterrâneas são classificadas conforme Tabela 01. Finalidade Requerente Humano Residências e Loteamentos Comercial Lojas, Escritórios, Empresas de Telecomunicações, Bancos, Restaurantes, Lanchonetes, Escolas, Supermercados, Laboratórios, Lava Jatos, Postos de Combustíveis, etc. Industrial Industrial Público Animal Comercialização Hotelaria Hospitalar Irrigação Condominial Psicultura e Carcinicultura Pesquisa Água para atendimento dos funcionários Água utilizada para insumo da indústria, Abatedouro de Aves, Bovinos e Caprinos Concessionárias de serviços públicos, Prefeituras Pecuária, Avicultura, etc. Comercialização de Água Potável Hotéis, Pousadas Hospitais, Clínicas Irrigação e Jardinagem Edifícios Atendimento de Viveiros Piezômetro (Poços não Produtivos) Tabela 01 Classificação das Finalidades de Uso das Águas Subterrâneas. No Gráfico 02 observa-se que 72% dos usuários regularizados são de condomínios, seguidos das empresas que comercializam água potável com 13%. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

72% 1% 13% 5%8% 1% Comercialização de Água Potável Humano Comercial Industrial Condominial Outros Gráfico 02 Finalidades do uso da água subterrâneas na R.M.R. No Gráfico 03, observa-se que a atividade de fiscalização emitiu 57% Autos de Intimação, seguidos de 29% de Autos de Constatação. Considerando dezesseis meses de trabalho, a Divisão de Fiscalização da Secretaria de Recursos Hídricos gerou, em média, um Auto de Intimação por dia, ou seja, em média, diariamente, uma pessoa foi intimada a regularizar a derivação dos recursos hídricos. 13,2% 0,3% 29,2% 57,4% A uto de Intim ação A uto de Constatação Auto de Infração c/ Advertência por Escrito Em bargo Provisório Gráfico 03 - Autos Emitidos pela Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco. O gráfico 04 apresenta a percentagem dos usuários regularizados conforme autos recebidos pelos mesmos. Observa-se que 63% dos usuários se regularizaram após o recebimento do Auto de Intimação, seguidos de 26% e 11% dos Autos de Constatação e Infração com Advertência por Escrito, respectivamente. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4

Auto de Intimação 26% 11% 63% Auto de Constatação Auto de Infração c/ Advertência por Escrito Gráfico 04 Percentagem da Regularização dos Usuários conforme Autos Recebidos. Os problemas mais comuns encontrados foram: Falta de conhecimento da exigência do Termo de Outorga; Desconhecimento da legislação e do órgão gestor de recursos hídricos; Acesso ao poço negado; Falta de hidrômetros nos poços; Poços com problemas construtivos; Poços com tampa cimentada; Poços desativados por problemas na qualidade da água. Atualmente, além do controle da quantidade explotada limitada pelo Termo de Outorga, o objetivo da fiscalização é educar e informar buscando que os usuários se adeqüem à legislação. Somente depois desse momento inicial é que poderá atuar a nível preventivo e acompanhar de forma mais constante a vazão retirada. CONCLUSÕES De maneira geral, o usuário mostra interesse em se regularizar mas tem dificuldade para entender o processo; por isso, é importante que a fiscalização atue especialmente a nível educativo, além de atender a demanda do setor de outorga, (usuários cadastrados, mas que encontram-se irregulares) e as denúncias; A fiscalização preventiva e corretiva é um dos instrumentos mais importantes para o gerenciamento dos recursos hídricos, especialmente para as regiões com escassez de água, como é o caso de Pernambuco. Faz-se necessário a ampliação da estrutura e quadro técnico da SRH/PE de forma a melhorar a sua atuação; Nas atividades de fiscalização dos recursos hídricos é fundamental uma interação com o sistema de gestão ambiental, sendo definidos os limites de atuação evitando duplicidade de ações por parte do Poder Público; Estabelecimento de parcerias com o Governo Federal, Governos Municipais, Órgão Ambiental, Ministério Público, Comitês de bacia e ONGs é importante para a descentralização das atividades ampliando a cobertura e a qualidade dos serviços prestados pela SRH/PE. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CPRH/GTZ. Manual de Licenciamento Ambiental, 1998. Recife 167p. 2. SRH. Secretaria de Recursos Hídricos. Manual de Fiscalização de Recursos Hídricos, 2000. Recife, 38p. 3. SRH. Secretaria de Recursos Hídricos. Recursos Hídricos Leis e Decretos, 2000. Recife. 4. COSTA, W.D. et al - 1998 - Estudo Hidrogeológico da Região Metropolitana do Recife. Relatório Técnico, vol. I - texto, 126p. il. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5