ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA GABINETE DA ASSESSORIA JURÍDICA



Documentos relacionados
PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PEDRO TAQUES

NOVO CPC: A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO DE 1º DE MARÇO DE 2016.

Estabelecer critérios e procedimentos para publicação de andamento dos processos de Execução Fiscal.

REGULAMENTO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA FACULDADE EDUCACIONAL ARAUCÁRIA

Relatório. Data 17 de dezembro de 2014 Processo Interessado CNPJ/CPF

ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO ORIENTAÇÕES GERAIS

1) Qual a resolução que dispõe sobre a notificação da autuação e defesa da autuação?

SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE IT Instrução de Trabalho

DOCUMENTOS PARA OBTER PRIMEIRO CREDENCIAMENTO; AUTÔNOMO PESSOA FÍSICA: MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL:

Informações sobre Multas: (31) NOTIFICAÇÃO DA AUTUAÇÃO e DEFESA DA AUTUAÇÃO

Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual

RESOLUÇÃO-COFECI N 1.066/2007 (Publicada no D.O.U. de 29/11/07, Seção 1, págs. 191/192)

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

DIAS E HORÁRIO DE ATENDIMENTO PARA A MATRÍCULA: DOCUMENTOS PARA MATRÍCULA E PARA COMPROVAÇÃO DAS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS

PARECER N, DE RELATORA: Senadora VANESSA GRAZZIOTIN. A proposta está estruturada em três artigos.

Se você for substituir o seu bem por um USADO, providenciar a vistoria do bem (se for um bem NOVO, passar para o 2º passo)

Coordenação-Geral de Tributação

A obrigatoriedade: Lei nº 9.503/97 (CTB)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA CONSELHO DA MAGISTRATURA

PERGUNTAS FREQUENTES CUSTAS JUDICIAIS

Prezado, Assim define o mencionado artigo:

BOLETIM DE SERVIÇO FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ DIRETORIA DE RECURSOS HUMANOS NORMA OPERACIONAL Nº 001-DIREH, DE 08 DE JUNHO DE 2005.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 24ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Boletim SNG/SIRCOF DETRAN/MA CADASTRAMENTO DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Diante do exposto, indaga-se: aplicar-se-ia o princípio da anterioridade tributária ao presente caso?

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Brasil University of New South Wales Sydney Austrália Universidade do Povo Macau - China

Anexo 03 Normas para a realização de Estágio

CONCURSO PÚBLICO ATRIBUIÇÃO DE UMA LICENÇA DE TÁXI PARA TRANSPORTE DE PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA, FORA DO CONTINGENTE, PARA O CONCELHO DE OVAR

RESOLUÇÃO Nº PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº CLASSE 26 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

Procedimento Operacional Padrão nº 07 Cadastro de Usuários no SAJ5

Relatório Trabalhista

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA GABINETE DA ASSESSORIA JURÍDICA

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA GERÊNCIA TRIBUTÁRIA SUBGERÊNCIA DE LEGISLAÇÃO E ORIENTAÇÃO TRIBUTÁRIA

Coordenação-Geral de Tributação

GOVERNO DE RONDÔNIA SECRETARIA DE ESTADO DE FINANÇAS COORDENADORIA DA RECEITA ESTADUAL GETRI GERÊNCIA DE TRIBUTAÇÃO

NORMA DE PROCEDIMENTOS N.ºN.º/MÊS/08

REGIMENTO INTERNO DO FUNDO ESPECIAL DE COMPENSAÇÃO FECOM

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

FORMULÁRIO DE COMENTÁRIOS E SUGESTÕES CONSULTA PÚBLICA N 18/2011

1ª RETIFICAÇÃO PREGÃO SRP Nº. 604/2015 CPL 03 - DETRAN

RESOLUÇÃO SMTR Nº 2434 DE 13 DE JANEIRO DE O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE TRANSPORTES no uso de suas atribuições legais:

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Acórdão: /13/3ª Rito: Sumário PTA/AI: Impugnação: 40.

O CONSELHO DE GESTÃO DA AGÊNCIA GOIANA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, no uso de suas competências legais e,

de todas as pessoas da unidade familiar CPF

Sistema de Cadastro de Pessoa Jurídica

2º Passo Declaração de Início de Actividade e Inscrição no Ficheiro Central de Pessoas Colectivas 3º Passo Registo Comercial

PREGÃO PRESENCIAL Nº. 65/2009 PROCESSO

INSTRUÇÃO NORMATIVA SAREC Nº 01, de 02 de janeiro de 2014

COMUNICADO 01 EDITAL SEBRAE/SC Nº 002/2016 CREDENCIAMENTO DE PESSOAS JURÍDICAS PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE INSTRUTORIA E CONSULTORIA

b) o serviço de acesso à internet apresentou sempre falhas e anomalias;

Sobre o Cancelamento de Gravames. Cancelamento de Reserva de Gravames - DETRAN/AM

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA GABINETE DA ASSESSORIA JURÍDICA

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO Câmara de Educação Superior e Profissional

MANUAL DO USUÁRIO. Procedimentos para Inserção de Protocolo de Compromisso

PROCESSO LICITATÓRIO PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 62/2013

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Foram apresentadas as contrarrazões pela UFCG agravada dentro do prazo legal. É o relatório.

Coordenação-Geral de Tributação

ANEXO MODELO DE DECLARAÇÃO DE OBSERVÂNCIA ÀS RESTRIÇÕES AO TRABALHO DE MENORES

PROCESSO: RO

VOTO RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA SFF

Supremo Tribunal Federal

mb Despacho n.º /2008/CEP-RN 44/DIFIS/ANS/MS Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2008.

REGISTRO DE ÓRGÃO DE PARTIDO POLÍTICO EM FORMAÇÃO N Classe 40

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

ANÁLISE DOCUMENTAL (CHECK LIST)

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA GABINETE DA ASSESSORIA JURÍDICA

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Morte do Empregado

art do Código Civil

Exmo. Sr. Ministro da Administração Interna

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Gabinete do Conselheiro Robson Marinho

PROVIMENTO N. 11, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2013

DELIBERAÇÃO. Assunto: Processo C.C. 97/2010 SJC-CT Documentos electrónicos

Manual Certidão Web - Certidão Específica

Gestão de demandas repetitivas no Novo CPC Direito do consumidor. Alex Costa Pereira 10 de março de 2016

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador JOSÉ PIMENTEL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DO PARARANÁ CAMPUS CURITIBA CHAMADA PÚBLICA 001/2016

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 122, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2012

Parecer Consultoria Tributária Segmentos ICMS-SC Nota Fiscal Eletrônica de estorno emitida após o prazo previsto de cancelamento.

Ministério da Educação

RESOLUÇÃO Nº 003 / 2015

Sobre o Cancelamento de Gravames Cancelamento de Reserva de Gravames - DETRAN/SC

Ano É educando. Não: Endereço:... Série 2014:... Identificação do

PARECER TÉCNICO N.º 014/SCM/2013 Processo ANP Nº /

MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA A ABERTURA DE CONVÊNIOS E ACORDO DE COOPERAÇÃO

COMO EMITIR A GRU. Atenção: As custas devem ser recolhidas por meio de GRU exclusivamente na Caixa Econômica Federal

Orientações sobre Convenções

RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº

PREFEITURA MUNICIPAL DE PATOS DE MINAS SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO

INSTRUÇÃO N.º 29/ (BO N.º 9, ) MERCADOS Mercados Monetários

CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCESSO Nº RELATOR: DES. RICARDO COUTO DE CASTRO A C Ó R D Ã O

Manual relativo a Viagem de Menores Brasileiros ao Exterior

VERIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE ÓBITOS EXCERTOS DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

NORMA TÉCNICA 34/2014

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA CÍVEIS FALIMENTARES, DE LIQUIDAÇÕES EXTRAJUDICIAIS, DAS FUNDAÇÕES E DO TERCEIRO SETOR

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÉ SECRETARIA MUNICIPAL ESPECIAL DE FINANÇAS Gabinete do Secretário

Transcrição:

Parecer nº 12/2014-CGJ/CE Referência: 8500459-92.2014.8.06.0026 Assunto: ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO GABINETE DA ASSESSORIA JURÍDICA RECONHECIMENTO DE FIRMA NÃO PRESENCIAL Interessado: EMÍLIO TIMBÓ TAHIM PROMOTOR DE JUSTIÇA DO CEARÁ Trata-se de processo (CONSULTA JURÍDICA) cujo pedido formulado pelo Sr. EMÍLIO TIMBÓ TAHIM, Promotor de Justiça do Estado do Ceará, objetiva a sua orientação para proceder nos casos em que a firma é reconhecida sem a presença do titular em cartório. Aduz, em síntese, que sequer se dirigiu à serventia com o fim de realizar abertura de firma, indagando a esta Casa Censora acerca da legitimidade do documento assinado por terceiro estranho ao contrato de compra e venda que se registrou. Os autos ascenderam a esta assessoria jurídica (fl. 15). É o breve relatório. Conforme relatado, depreende-se da leitura do Ofício nº. 43/2014 que a questão cinge-se ao procedimento de reconhecimento de firma, mais especificamente, quanto ao instrumento de transferência de veículo. Ab initio, saliente-se que no caso em testilha, o reconhecimento de firma em cartório fora realizado por autenticidade, que exige a forma presencial, pelos motivos expostos a seguir. Preliminarmente, reconhecimento de firma é sinônimo de assinatura, ou seja, a exteriorização do sinal gráfico de cada pessoa para representar seu nome, através das serventias extrajudiciais, conforme previsão expressa no art. 7º da Lei nº. 8.935/1994. 17

Segundo LEONARDO BRANDELLI 1, o reconhecimento de firma é o ato notarial mediante o qual o notário atesta, com fé pública, que determinada assinatura é de certa pessoa. O notário atesta a autoria da assinatura aposta em documento privado, com diferentes graus de eficácia, conforme a espécie de reconhecimento de firma. O instrumento particular, em si mesmo, não reúne condições suficientes aptas a demonstrar sua proveniência. Equivale dizer que, uma vez contestada sua autoria, esta deverá ser provada por outros meios, que se encontrem distante do instrumento. É exatamente nesse contexto que se aplica a necessidade do reconhecimento de firma com o intuito de tornar mais seguro o procedimento acordado. É que configura-se tradição do direito brasileiro que os instrumentos particulares devam ser reconhecidos, em regra, por autenticidade, ou seja, àquele que ocorre quando o proprietário/vendedor está presente para realizar a transferência. Na esteira desse entendimento, o artigo 385, 1º, alínea a e 5º, do Provimento nº. 06/2010 desta Corregedoria-Geral de Justiça disciplina o seguinte: Art. 385 Reconhecimento de firma é a declaração da autoria de assinatura em documento. 1º O reconhecimento de firma será: a) por autenticidade, se o autor for conhecido ou identificado através de documento pelo tabelião e assinar em sua presença; [ ] 5º Impõem-se o reconhecimento autêntico de firma nos contratos ou documentos de natureza econômica de valor apreciável, inclusive na transferência de veículos automotores, observando-se quando se tratar de pessoa jurídica, igual exigência relativamente ao seu representante legal; Muito embora não possa o tabelião, a seu exclusivo talante, impor uma forma ou outra de reconhecimento, ignorando o interesse do usuário do serviço tabeliado, essa é a prevalência de autenticidade de uma firma, o critério personalíssimo de que só o próprio interessado deve assinar na presença do tabelião ou delegatário. É a modalidade de reconhecimento que transmite maior segurança, na medida em que confere absoluta certeza de que a assinatura aposta é de pessoa determinada, não se 1 BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial São Paulo: Saraiva, 4ª ed, 2011, p. 454. 18

desincumbindo, ainda, o tabelião, do dever de cautela quanto à análise acurada do documento de identificação do signatário. O reconhecimento autêntico, isto é, direto, de acordo com o que assevera o artigo 369 do Código de Processo Civil, é aquele que: Art. 369. Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reconhecer a firma do signatário, declarando que foi aposta em sua presença. As demais formas de reconhecimento, admitidas no direito brasileiro reconhecimento à simples vista do documento, ou por semelhança, ou por abonação direta, ou por abonação indireta portanto, em face do disposto no art. 369, não permitem seja o documento particular considerado autêntico. Desta forma, se é autêntica a firma reconhecida na presença do tabelião ou signatário, declarando que ela é assinada em sua presença, consectário lógico que se a assinatura for feita de forma não presencial, não será dotada da mesma autenticidade. No que concerne ao reconhecimento de firma em documento de transferência de veículo, compete entrar em uma esfera ainda mais genérica, pois a legislação do Detran versa sobre como deve ser procedido o reconhecimento de firma na Resolução nº 282 de 26/06/2008/CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito (D.O.U. 03/07/2008), como segue: Art. 11. [...] 1º As declarações e termos de responsabilidade deverão ter reconhecimento das firmas por autenticidade. A mesma exigência encontra-se na Portaria DETRAN 1.606, de 19 de agosto 2005 (DOE 23.8.2005) que traz um capítulo inteiramente dedicado ao assunto: Capítulo IV Do Reconhecimento de Firma Art. 13 Para expedição do Certificado de Registro de Veículo CRV, em razão da transferência da propriedade do veículo, será exigido o reconhecimento de firma por autenticidade da assinatura do proprietário-vendedor. 1º Entende-se como reconhecimento de firma por autenticidade, também denominado reconhecimento direto, por certeza ou verdadeiro, aquele em que o tabelião certifica ou reconhece a assinatura feita em sua presença pelo signatário/vendedor. 19

2º A exigência do reconhecimento de firma por autenticidade decorre de expressa exigência legal contida na Resolução CONTRAN n.º 664/86. Dessarte, cumpre fazer deslinde ao que estabelece a legislação do Conselho Nacional de Trânsito, pois é de sua competência que legisle sobre critério de reconhecimento de firma no documento de transferência de veículo (CRV), tendo em vista que a doutrina assevera até mesmo ser medida que comporta maior segurança jurídica na transação. Desta forma, em reflexão sobre a consulta direcionada a esta Casa Corregedora, conclui-se, notoriamente, ser impossível o reconhecimento de firma de forma que não fique caracterizado o comparecimento do proprietário da assinatura em cartório, por ser medida prevista em lei, atendendo à exigência do Conselho Nacional de Trânsito. Com esteio nessa argumentação, em resposta à consulta requerida, opina esta assessoria jurídica pela impossibilidade de se realizar o reconhecimento de firma não presencial quando este for realizado por autenticidade. Esta assessoria jurídica recomenda, ainda, a leitura acurada dos dispositivos normativos do Código de Processo Civil e do Provimento nº. 06/2010/CGJ, mencionados neste parecer, assim como a normatização mencionada do CONTRAN para fins de fixação das diretrizes do presente estudo ao caso posto em tablado. À consideração superior. Fortaleza, 21 de julho de 2014. DAVID SOUSA ALENCAR ASSESSOR JURÍDICO INGRID PINHEIRO DE SOUZA ESTAGIÁRIA 20

Referência: 8500459-92.2014.8.06.0026 Assunto: CONSULTA JURÍDICA ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO CORREGEDOR-GERAL DESPACHO/OFÍCIO Nº.2.635/2014/CGJ-CE. Interessado: EMÍLIO TIMBÓ TAHIM PROMOTOR DE JUSTIÇA DO CEARÁ Trata-se de processo (CONSULTA JURÍDICA) cujo pedido formulado pelo Sr. EMÍLIO TIMBÓ TAHIM, Promotor de Justiça do Estado do Ceará, objetiva a sua orientação para proceder nos casos em que a firma é reconhecida sem a presença do titular em cartório. Aduz, em síntese, que sequer se dirigiu à serventia com o fim de realizar abertura de firma, indagando a esta Casa Censora acerca da legitimidade do documento assinado por terceiro estranho ao contrato de compra e venda que se registrou. Parecer da assessoria jurídica desta CGJ manifestando-se pela impossibilidade de se realizar o reconhecimento de firma não presencial quando este for feito por autenticidade. Os autos ascenderam-me em conclusão (fl. 141). Conforme consta nos autos, trata-se de indagação acerca da obrigatoriedade da presença do titular em cartório quando do reconhecimento de firma por autenticidade, especificamente quanto à transferência de veículo. O original deste documento é eletrônico e foi assinado digitalmente por FRANCISCO SALES NETO e Tribunal de Justica do Estado do Ceara em 30/07/2014 às 12:53:03. Para verificar a autenticidade desta cópia impressa, acesse o site http://portaladmin.tjce.jus.br/atendimento e informe o processo 8500459-92.2014.8.06.0026 e o código U29GS11D. 22

Preliminarmente, a presença do titular em cartório é requisito inerente ao reconhecimento de firma por autenticidade, nos termos do artigo 385, a e 5º do Provimento nº. 06/2010 desta Corregedoria-Geral de Justiça, verbis: Art. 385 Reconhecimento de firma é a declaração da autoria de assinatura em documento. 1º O reconhecimento de firma será: a) por autenticidade, se o autor for conhecido ou identificado através de documento pelo tabelião e assinar em sua presença; [ ] 5º Impõem-se o reconhecimento autêntico de firma nos contratos ou documentos de natureza econômica de valor apreciável, inclusive na transferência de veículos automotores, observando-se quando se tratar de pessoa jurídica, igual exigência relativamente ao seu representante legal; No tocante à transferência de veículo, vislumbro que a questão é ainda mais peculiar, exigindo para tanto a leitura da Resolução nº 282 de 26/06/2008/CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito (D.O.U. 03/07/2008), como segue: Art. 11. [...] 1º As declarações e termos de responsabilidade deverão ter reconhecimento das firmas por autenticidade. A mesma exigência encontra-se na Portaria DETRAN 1.606, de 19 de agosto 2005 (DOE 23.8.2005) que traz um capítulo inteiramente dedicado ao assunto: Capítulo IV Do Reconhecimento de Firma Art. 13 Para expedição do Certificado de Registro de Veículo CRV, em razão da transferência da propriedade do veículo, será exigido o reconhecimento de firma por autenticidade da assinatura do proprietário-vendedor. 1º Entende-se como reconhecimento de firma por autenticidade, também denominado reconhecimento direto, por certeza ou verdadeiro, aquele em que o tabelião certifica ou reconhece a assinatura feita em sua presença pelo signatário/vendedor. 2º A exigência do reconhecimento de firma por autenticidade decorre de expressa exigência legal contida na Resolução CONTRAN n.º 664/86. O original deste documento é eletrônico e foi assinado digitalmente por FRANCISCO SALES NETO e Tribunal de Justica do Estado do Ceara em 30/07/2014 às 12:53:03. Para verificar a autenticidade desta cópia impressa, acesse o site http://portaladmin.tjce.jus.br/atendimento e informe o processo 8500459-92.2014.8.06.0026 e o código U29GS11D. 23

Diante do exposto, em análise detida dos vertentes autos, e em consonância com o entendimento da assessoria jurídica desta Casa Correcional, APROVO o parecer retro. Notifique-se o douto consulente acerca do inteiro teor do parecer retromencionado enviando-lhe cópia da presente decisão. Após as comunicações e notificações de praxe, ARQUIVEM-SE. Cópia da presente servirá como ofício. Expedientes atinentes. Fortaleza, 25 de julho de 2014. FRANCISCO SALES NETO CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA O original deste documento é eletrônico e foi assinado digitalmente por FRANCISCO SALES NETO e Tribunal de Justica do Estado do Ceara em 30/07/2014 às 12:53:03. Para verificar a autenticidade desta cópia impressa, acesse o site http://portaladmin.tjce.jus.br/atendimento e informe o processo 8500459-92.2014.8.06.0026 e o código U29GS11D. 24