EDIÇÃO DE 01 A 05 DE STEMBRO DE 2.010 NESSA EDIÇÃO: REPERCUSSÃO GERAL. ICMS NA IMPORTAÇÃO VIA LEASING ERRO MÉDICO. QUELOIDES. ISENÇÃO DE CULPA CONCEITO PROCESSO FALTA DE CITAÇÃO JURISPRUDÊNCIA FALÊNCIA. JUROS. INCIDÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL FALÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO FALÊNCIA. JUROS MORATÓRIOS. LIMITAÇÃO. CRÉDITO TRABALHISTA FALÊNCIA. JUROS. INCIDÊNCIA. ENTENDIMENTO DO TJMG FALÊNCIA. JUROS. CRÉDITO TRABALHISTA. PAR CONDITIO CREDITORIUM. TJMG Página 1 de 7
FALÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. CRÉDITO TRABALHISTA. TJMG FALÊNCIA. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. JUROS DE MORA. LIMITES DA PACTUAÇÃO CONTRATUAL. TJMG FALÊNCIA. PEDIDO DE RESERVA. TÍTULO JUDICIAL ILÍQUIDO FALÊNCIA. PEDIDO DE RESERVA. RESTITUIÇÃO EM CURSO FALÊNCIA. PEDIDO DE RESERVA. SENTENÇA NÃO TRANSITADA EM JULGADO. CRÉDITO ILÍQUIDO "O escritor deve acreditar na luz. Mas o escritor não é um iluminador. Como uma janela, ele filtra a luz que lhe atravessa a alma" (Marisa Raja Gabaglia). REPERCUSSÃO GERAL. ICMS NA IMPORTAÇÃO VIA LEASING O STJ reconheceu a repercussão geral, através de votação por meio do Plenário Virtual de matéria tributária acerca da incidência de ICMS nas importações de mercadoria por meio de arrendamento mercantil. O pedido é pelo reconhecimento da não-incidência do imposto na importação de mercadoria por meio de arrendamento mercantil. A segurança foi concedida pelo juiz de primeiro grau e mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Contra essa decisão, o estado de São Paulo interpôs Recurso Extraordinário, no qual alega a constitucionalidade da incidência de ICMS sobre operações de importação de mercadorias sob o regime de arrendamento mercantil internacional. O relator da matéria, ministro Gilmar Mendes, verificou que a questão constitucional em debate não está pacificada. Apesar de a Corte ter vários precedentes, jurisprudência quanto ao tema ainda não foi ajustada. O ministro lembrou que, atualmente, está pendente de julgamento o RE 226.899 sobre o mesmo assunto (Recursos Extraordinários 540.829 e 545.796). ERRO MÉDICO. QUELOIDES. ISENÇÃO DE CULPA Página 2 de 7
O surgimento de queloides em paciente submetida a cirurgia plástica não é suficiente para obrigar o médico a pagar indenização por danos estéticos. O entendimento unânime é da 3ª Turma do STJ que negou pedido de indenização formulado por paciente de Minas Gerais. Os ministros entenderam que o surgimento de queloides deveu-se a fatores externos (caso fortuito) e alheios à atuação do profissional durante a cirurgia que foi feita de mamoplastia de aumento e lipoaspiração, seguindo o decidido pelo TJMG com base no laudo pericial produzido durante a fase da instrução. A relatora, ministra Nancy Andrighi, ressaltou que, ao contrário do que alega a paciente, o simples fato de a obrigação ser de resultado (aquela que tem de alcançar um determinado fim, e a não obtenção implica descumprimento do contrato) não torna objetiva a responsabilidade do ocorrido. Nos termos do artigo 14 do CDC (Código de Defesa do Consumidor), continua havendo a necessidade de comprovação da culpa do médico para surgimento do dever de indenizar. CONCEITO Dentre os princípios que informam o Sistema Tributário Nacional, tem relevo aquele que veda a prescrição por prazo indefinido. O decurso do prazo hábil, sem que a autoridade tributária manifeste o interesse na cobrança do seu crédito, impõe a estabilização do conflito de interesses pela via da prescrição, de sorte que não lhe será lícito mais, exigir judicialmente o débito, gerando segurança jurídica para todas as partes envolvidas. De modo geral, a prescrição da pretensão ao recebimento do crédito tributário opera-se em 05 anos, a contar do seu respectivo lançamento. PROCESSO No âmbito do processo civil, a citação do devedor, compreendida como o ato oficial que dá conhecimento da existência da ação contra si proposta, tem o efeito de interromper o curso do prazo prescricional. Esta questão, na seara tributária, ganha relevo especial, no que diz respeito à citação da pessoa jurídica devedora. FALTA DE CITAÇÃO A pessoa jurídica tem existência legal, absolutamente distinta das pessoas de seus sócios que a integram. Entretanto, no que diz respeito ao crédito tributário, há responsabilidade solidária, conjunta, dos sócios com as empresas. Nesse contexto, se somente a empresa tiver sido citada da ação de execução fiscal, para a cobrança judicial dos tributos e, posteriormente, por ausência de bens suficientes à garantia do débito, houver o redirecionamento do executório em relação aos sócios, quando já transcorridos mais de 5 anos daquele ato citatório inicial, será possível em relação a estes, reconhecer a prescrição intercorrente. A citação inicial é ato personalíssimo e os efeitos decorrentes da interrupção da prescrição Página 3 de 7
somente poderiam ser imputados a quem foi efetivamente citado. Por esse motivo, se transcorridos mais de 5 anos entre a citação da empresa e das pessoas dos sócios, consumar-se-ia a prescrição intercorrente em relação a estes últimos. JURISPRUDÊNCIA Consoante pacificado na Seção de Direito Público do STJ, o redirecionamento da execução contra o sócio deve ocorrer no prazo de cinco anos da citação da pessoa jurídica, devendo a situação harmonizar-se com as hipóteses previstas no art. 174 do CTN, de modo a não tornar imprescritível a dívida fiscal. Desta sorte, não obstante a citação válida da pessoa jurídica interromper a prescrição em relação aos responsáveis solidários, decorridos mais de cinco anos após a citação da empresa, ocorre a prescrição intercorrente inclusive para os sócios. Verbi gratia: EDcl no REsp 969.382/PR, DJe 19/09/2008; Resp n. 73511/PR, DJ 06.09.2004; AgRg no Resp 445658/MG, DJ 16.05.2005; Resp 766.219/RS, DJ 17.8.2006; Resp 758.934/RS, DJ 7.11.2005; AgRg no Resp 445658/MG, DJ de 16.05.2005; Resp 686191/RJ, DJ 21.03.2005; AgRg no AG 541255/RS, DJ 11.04.2005. E ainda: TRF 1; AGA - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 200801000442504, DJ 18.12.2008. "O verdadeiro escritor nada tem a dizer. O que ele tem é apenas uma maneira de dizê-lo" (Alain Robbe-Grillet). FALÊNCIA. JUROS. INCIDÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL A massa falida responde DE PRONTO pelos juros vencidos antes da data da decretação da falência. Os juros vencidos após essa data são devidos somente na hipótese de o ativo apurado ser suficiente para o pagamento de todo o débito principal, na forma do art. 26 da Lei de Falências. Embora devidos, os juros concernentes ao período anterior à quebra, somente condicionando-se à suficiência de ativo os juros originados após o decreto falimentar, no que são reclamáveis da massa. Essa a precisa interpretação do art. 26 da Lei de Falências(Resp 668253/PR, DJ 01.02.2005). FALÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO Em se tratando de falência, não há, em principio, que se cogitar da fluência de juros após a data de sua decretação (art. 26 do DL 7.661/45). Os juros incidentes sobre créditos vencidos antes desse termo são calculados normalmente, de acordo com o pactuado, desde o vencimento ate a aludida decretação, ficando condicionado o seu pagamento, porém, à existência de saldo que remanesça ao resgate do principal dos créditos habilitados. A massa, nas hipóteses em que seu ativo comporte o pagamento do Página 4 de 7
principal e dos juros que fluíram ate a sentença declaratória da falência. Responderá ainda, nos limites de sua força, por juros de 12% a.a, incidentes, conforme o caso, desde a data da quebra (relativamente aos créditos antes dela vencidos) ou dos respectivos vencimentos (relativamente aos créditos depois dela vencidos). Aplicação analógica do art. 163, parágrafo único, do DL 7661/45, não se sujeitando a espécie à nova disciplina estatuída pela lei 8.131/90 (Resp 19.459/RJ, DJ 19.09.1994). FALÊNCIA. JUROS MORATÓRIOS. LIMITAÇÃO. CRÉDITO TRABALHISTA Ainda que originários de débito trabalhista, os juros moratórios previstos na decisão da Justiça obreira somente fluem até a data da quebra, sendo a partir de então cabíveis apenas nos termos e condições previstos no art. 26 do Decreto-Lei nº 7.661/45(Resp 287.573/SP, DJ 04.02.2002). FALÊNCIA. JUROS. INCIDÊNCIA. ENTENDIMENTO DO TJMG Os juros de mora devem ser computados apenas até a data de decretação da falência, a menos que o ativo da executada suporte tal pagamento, o que deverá ser avaliado posteriormente à liquidação final dos débitos da massa falida, tudo em consonância com o disposto nos arts. 25 e 26 da Lei Falimentar(TJMG, Apel. Cível n. 1.0024.01.556223-4/001, DJ 22.09.2005). FALÊNCIA. JUROS. CRÉDITO TRABALHISTA. PAR CONDITIO CREDITORIUM. TJMG O limite para a contagem de juros no processo falimentar é a data da quebra, ainda que se trate de habilitação de crédito trabalhista proveniente de decisão judicial, sob pena de ofensa ao princípio da par conditio creditorium, não havendo que se falar em ofensa à coisa julgada (TJMG, Apel. Cível n. 1.0000.00.246474-1/000, DJ 06.08.2002). FALÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. CRÉDITO TRABALHISTA. TJMG A correção monetária do crédito trabalhista deve ser aplicada desde o vencimento do crédito habilitado até o seu efetivo pagamento, por não se tratar de um plus que se adita - mas de simples atualização da moeda. Os juros, ainda que decorrentes de crédito trabalhista e não estipulados, são acessórios da dívida, e somente fluem até a decretação da quebra, após o que incidem apenas na hipótese de o ativo suportar o pagamento do principal. Suportados, deverão ser os legais, de 12% ao ano (TJMG, AI n. 1.0024.04.384046-1/001, DJ 14.06.2005). Página 5 de 7
FALÊNCIA. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. JUROS DE MORA. LIMITES DA PACTUAÇÃO CONTRATUAL. TJMG No procedimento de habilitação de crédito e inclusão no quadro geral de credores de massa falida, devem ser computados os encargos contratualmente pactuados até a data da decretação da falência. Após a decretação da quebra, incidem sobre o crédito habilitado correção monetária e juros legais de 1% ao mês, caso apurado, ao final da liquidação dos débitos da massa, que esta suporta o pagamento de todo o principal (TJMG, Apel. Cível n. 1.0024.06.024561-0/001, DJ 17.03.2010). FALÊNCIA. PEDIDO DE RESERVA. TÍTULO JUDICIAL ILÍQUIDO O artigo 82 do Decreto nº 7.661/45, que trata do instituto da falência, é expresso no sentido de que o credor, ao habilitar seu crédito, deverá explicar-lhe a origem, bem como os valores já quitados e o saldo definitivo a receber. Baseada a habilitação em título executivo judicial, o Juízo universal da falência examina o valor do crédito, e a possibilidade de ser incluído no quadro de credores. Se a sentença não se apresenta como título líquido, o procedimento correto consiste em determinar a reserva de bens a assegurar o pagamento do débito, visto que comprovada a obrigação, como exige a lei (TJMG, Apel. Cível n. 1.0145.03.094420-4/001, DJ 06.12.2005). FALÊNCIA. PEDIDO DE RESERVA. RESTITUIÇÃO EM CURSO Dispõe a Súmula 417 do STF: pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse ele a disponibilidade. Assim, se procedente o pedido de restituição, reconhecido será que o valor pretendido não faz parte dos bens da massa sujeitos a rateio, posto que sua posição terá sido de mera detentora. Deste modo, é de se garantir o pagamento do eventual crédito não sujeito ao concurso de credores, por cautela, em observância, ainda, a norma do art. 78, 2º, que impossibilita a repetição dos rateios porventura distribuídos aos credores, o que poderia provocar prejuízo a credora. Ademais, as normas e os procedimentos da ação de restituição, previstos no Decreto-Lei 7.661/45, não vedam o pedido de reserva (TJMG, Apel. Cível n. 1.0024.06.304206-3/001, DJ 24.10.2007). FALÊNCIA. PEDIDO DE RESERVA. SENTENÇA NÃO TRANSITADA EM JULGADO. CRÉDITO ILÍQUIDO A ação judicial sem sentença transitada em julgado não traduz certeza e liquidez. Impossibilidade de se habilitar crédito incerto e ilíquido no Quadro Geral de Credores. Pelo DL 7.661/45, mormente seu artigo 82 e respectivos incisos, o crédito em face do falido, para que seja passível de habilitação no Quadro Geral de Credores, deve possuir, além de outros requisitos, certeza e exigibilidade, sem as quais não há como se admitir a pretendida habilitação e posterior reserva (TJMG, AI n. 1.0024.99.126484-7/001, DJ 03.06.2005). Página 6 de 7
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