Selecção natural e evolução da resistência bacteriana aos antibióticos



Documentos relacionados
Experiência 07: Preparo de Solução a partir de Substâncias sólidas, Liquidas e de Solução Concentrada

A.L.1.3 EFEITOS DA TEMPERATURA E DA CONCENTRAÇÃO NA PROGRESSÃO GLOBAL DE UMA REACÇÃO

INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA Departamento de Engenharia Química e do Ambiente. Trabalho Prático nº 1

As Cientistas do Sado

Escola Secundária Francisco Simões Ano lectivo 2009/2010 Professora: Ana Paula Reis 12º Ano. Desafio Bactéria. Realizado por: Biomaníacas

Evolução da Resistência de Escherichia coli à Ampicilina

Calor Específico. 1. Introdução

Manual de Métodos de Análises de Bebidas e Vinagres

É utilizada há vários séculos e baseia-se na selecção artificial para obter variedades de plantas com características vantajosas.

tem-se no equilíbrio que 1 mol de HCl reagiu com 1 mol de NaOH, ou seja: n(hcl) = n(naoh)

Aula 25 Teorias da evolução

A.L.2.3 NEUTRALIZAÇÃO: UMA REACÇÃO DE ÁCIDO-BASE

Limites de Consistência. Limites de Consistência. Marcio Varela

Título: Iodometria. Aula Experimental n 16

Experiência 1 Medidas: Leitura de instrumentos:

Álcool Desinfetante 77ºGL (70% p/p ou 77% v/v a 15ºC)

Atividade experimental - Tema: Luz

BacBio. Crescimento, Renovação Celular e Reprodução: da teoria à prática. Coimbra, 2012/2013. Sandra Gamboa Andreia Quaresma Fernando Delgado

COMO FAZER FOTOGRAVURA

EXPERIMENTO 1 MEDIDAS E TRATAMENTO DE DADOS

SOLUÇÕES Folha 03 João Roberto Mazzei

A) 11,7 gramas B) 23,4 gramas C) 58,5 gramas D) 68,4 gramas E) 136,8 gramas

BALANÇO ENERGÉTICO NUM SISTEMA TERMODINÂMICO

AULAS PRÁTICAS VIROLOGIA

Nome: Nº: Turma: Calorimetria

A.L. 1.3 IDENTIFICAÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA E AVALIAÇÃO DA SUA PUREZA

Propriedades coligativas: são propriedades que dependem da concentração de partículas (solutos) dissolvidas, mas não da natureza dessas partículas.

Menino ou menina? Exercício 1 Vamos lembrar então o que são genes e cromossomos. Volte à Aula 20 e dê as definições: a) Gene... b) Cromossomo...

Purificação por dissolução ou recristalização

Práticas de. Química Geral e Orgânica. para Engenharia Ambiental

GOIÂNIA, / / PROFESSORA: Núbia de Andrade. DISCIPLINA:Química SÉRIE: 2º. ALUNO(a):

Efeito da Concentração do Cloreto de Sódio na Eclosão de Dáfnias

Noções básicas de hereditariedade. Isabel Dias CEI

A.L. 0.1 RENDIMENTO NO AQUECIMENTO

OS GERMICIDAS: EFEITO DE DOSE

Objetivo: Conhecer e praticar as técnicas de transferência e repicagem de culturas. 1- Aproveitando o material que vocês prepararam na aula passada:

Após agitação, mantendo-se a temperatura a 20ºC, coexistirão solução saturada e fase sólida no(s) tubo(s)

a) As oscilações de duas populações como as observadas no gráfico sugerem qual tipo de relação ecológica?

b) Qual é a confusão cometida pelo estudante em sua reflexão?

Receita de Geleia de Morango Caseira

Lista de Exercícios. Estudo da Matéria

7. EQUILÍBRIO QUÍMICO

É o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos das reações químicas.

REACÇÃO DO SOLO (protocolo fornecido pela FCUP)

5 Aula Prática Exame do Microcultivo de levedura. Plaqueameno de Açúcar. Ensaio de Óxido-Redução com Resazurina

PREPARAÇÃO DE CÉLULAS COMPETENTES DE Escherichia coli HB101

MENSAGENS QUE APARECEM E DESAPARECEM

Química 12º Ano. Unidade 2 Combustíveis, Energia e Ambiente. Actividades de Projecto Laboratorial. Janeiro Jorge R. Frade, Ana Teresa Paiva

Escola Secundária Camilo Castelo Branco Vila Nova de Famalicão, Maio de 2010 Biologia 12º ano

DISTROFIAS DISTROFIA MUSCULA R DO TIPO DUCHENNE (DMD)

MECÂNICA DOS SOLOS I 1º RELATÓRIO GRUPO 2 TURMA C 3

Película Refletiva para Placas de Licenciamento

Contagem Padrão em Placas. Profa. Leila Larisa Medeiros Marques

Prática 04 Determinação Da Massa Molar De Um Líquido Volátil

Aula 8 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA I - CAPACIDADE CALORÍFICA DO CALORÍMETRO. Menilton Menezes

Razões, proporções e taxas. Medidas de frequência.

PROTOCOLO DE UTILIZAÇAO

CURSINHO TRIU QUÍMICA FRENTE B

DETERMINAÇÃO DA MASSA VOLÚMICA DE UM SÓLIDO

ROTEIRO DE ESTUDOS 2015 Disciplina: Ciências Ano: 9º ano Ensino: FII Nome: Atividade Regulação do 3º Bimestre Ciências

AUXILIAR DE LABORATÓRIO

ESTATÍSTICA PARTE 1 OBJETIVO DA DISCIPLINA

A forma geral de uma equação de estado é: p = f ( T,

CIÊNCIAS FÍSICAS E BIOLÓGICAS FUNDAMENTAL NII Listas 5 Evolução 7º anos 2º período

QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR / GESTÃO DE RECLAMAÇÕES. Susana Sousa Consultoria e Formação

1 Introdução. 1.1 Importância da Utilização da Amostragem

The Princes of Florence

Aulas: 1, 2 e Qual será a massa de uma amostra de 150 ml de urina, sabendo-se que sua densidade é 1,085 g.ml -1?

FONTES DE CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS. Profa. Msc Márcia Maria de Souza Americano

MICROPROPAGAÇÃO A DESINFECÇÃO DOS INSTRUMENTOS

Cursos de Enfermagem e Obstetrícia, Medicina e Nutrição. Disciplina Mecanismos Básicos de Saúde e Doença MCW 240. Aula Prática 3 Módulo Microbiologia

Experiência 01: Algarismos significativos, medidas e tratamento de dados. Calibração de equipamentos volumétricos

Nº Revisão: Nome: Compactação Próctor Normal Sem Reuso. Objetivo/Resumo: Determinar o teor de umidade dos solos.

CARACTERÍSTICAS DOS AMILOPLASTOS

Laboratório de Física I. Experiência 3 Determinação do coeficiente de viscosidade de líquidos. 26 de janeiro de 2016

Contagem Padrão em Placas. Profa. Leila Larisa Medeiros Marques

DNA, o nosso código secreto

Trabalho nº 4. Estudo da Estabilidade da α-quimotripsina a ph Alcalino por Absorção no UV

Biologia e Geologia Módulo 4 Meiose e ciclos celulares

LISTA DE EXERCÍCIOS Trabalho, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica para Sistemas

Os inseticidas sempre funcionam?

IBM1018 Física Básica II FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 7

SOLUÇÕES N item a) O maior dos quatro retângulos tem lados de medida 30 4 = 26 cm e 20 7 = 13 cm. Logo, sua área é 26 x 13= 338 cm 2.

MALAJOVICH M.A. Atividades práticas Trabalhar em segurança. Guia n 0 67,

Tecnologia em Automação Industrial Mecânica dos Fluidos Lista 03 página 1/5

Para 1L de meio triptona ou peptona 16g (1,6%) extrato de levedura 10g (1%) NaCl 5g (0,5%)

Resistência Bacteriana a Antibióticos

Exercício A. Tabuleiro Nº de folhas inicial Nº de folhas final (enraizadas e prontas para transplantar A 15 8 B 15 2 C D 15 0

LISTA DE EXERCÍCIOS DE PROGRESSÃO GEOMÉTRICA. 2. Determine o 12ª elemento de uma progressão geométrica onde o primeiro elemento é 1 e a razão é 2.

PRÁTICA 03 CALIBRAÇÃO DE APARELHOS VOLUMÉTRIOS.

Efeito do exercício no ritmo cardíaco

Considere que, no intervalo de temperatura entre os pontos críticos do gelo e da água, o mercúrio em um termômetro apresenta uma dilatação linear.

MEIOS DE CULTURA PARA LEVEDURAS

PROVA DE BIOLOGIA Segunda Etapa

Calculando o comprimento de peças dobradas ou curvadas

O QUE É? O RETINOBLASTOMA

Solução da prova da 2a fase OBMEP 2014 Nível 2. Questão 1. item a)

Trabalho 2 Dilatação térmica, escalas termométricas, reflexão da luz, espelho plano e esférico

Flutuar ou não flutuar eis a questão

Transcrição:

1 Selecção natural e evolução da resistência bacteriana aos antibióticos (adaptado 1 a partir de: Pryce L. Haddix, Eric T. Paulsen and Terry F. Werner, Bioscene, v26, p1-21, Feb 2000) BACKGROUND Nothing in biology makes sense except in the light of evolution - Theodosius Dobzhansky Na literatura popular a Evolução é frequentemente compreendida no contexto dos eventos que ocorreram há muito tempo e existem muitas pessoas que ao pensarem sobre este tema se centram apenas sobre os fósseis e sobre o que eles nos dizem do passado. Embora seja verdade que a teoria da evolução procura explicar as relações entre espécies e compreender as suas origens, poucos percebem que esta teoria é, também, utilizada para prever o que vai acontecer no futuro. A Evolução é o único tema subjacente e unificador de toda a Biologia e, embora raramente reparemos, todas as coisas vivas que nos rodeiam continuam a evoluir. Normalmente é mais fácil observar o modo como a evolução opera em espécies que têm uma geração muito curta ou que têm muitos descendentes. Basta perguntar a qualquer agricultor. Os insecticidas e os herbicidas foram introduzidos pela primeira vez na década de 1940 e 1950 e não foi muito depois que esta pressão de selecção começou a afectar o número de variedades resistentes de plantas e insectos no mundo. Uma vez que os insectos e as ervas daninhas custam muito dinheiro aos agricultores, estes têm um grande interesse em entender o modo de gerir a evolução da resistência às pragas. Hoje, a forma como os agricultores utilizam herbicidas e pesticidas tem, de muitos modos, sido moldado pela nossa compreensão da teoria evolutiva, a fim de minimizar a evolução da capacidade de resistência às pragas. A teoria evolutiva também desempenha um papel importante na medicina, e não há melhor exemplo do que o da evolução da resistência das bactérias aos antibióticos. Antes da introdução dos antibióticos, na década de 1940, as infecções eram raras, mas aumentaram de frequência rapidamente à medida que o uso de antibióticos aumentou. De facto, a maioria dos antibióticos que foram utilizados pela primeira vez na década de 1940 e 1950 já não são utilizados clinicamente porque hoje em dia a resistência dos seres infecciosos a estes antibióticos é muito habitual. Ao longo do tempo têm vindo a ser desenvolvidos novos antibióticos e com a introdução de cada novo medicamento apareceram rapidamente bactérias resistentes. Hoje, mudou-se o modo de utilização e prescrição dos antibióticos com vista a tentar abrandar o ritmo implacável da evolução bacteriana, mas ainda não foi 1 Protocolo modificado pela substituição da bactéria original pela E.coli

2 encontrada uma solução para este problema. Os microbiólogos continuam a estudar o modo como as bactérias evoluem para que possamos prever de que modo estas vão responder a tratamentos médicos e, assim, podermos gerir melhor a evolução das doenças infecciosas. Os antibióticos têm diferentes modos de acção e, como resultado, as bactérias desenvolvem resistência aos antibióticos de diferentes maneiras. Em geral, a resistência bacteriana aos antibióticos tem uma de três formas: 1) há uma mudança na permeabilidade da membrana celular que ou impede a entrada do antibiótico na célula ou faz com que o antibiótico seja bombeado para fora da célula; 2) adquirem a capacidade de degradar e / ou inactivar o antibiótico, ou 3) adquirem uma mutação que altera o alvo de um antibiótico de modo a que o alvo não seja afectado. Existem duas formas pelas quais as bactérias podem adquirir resistência aos antibióticos: os genes de resistência podem surgir espontaneamente numa população de células, como resultado de mutação ou, noutros casos, esses genes podem ser adquiridos a partir de um outro microrganismo através de um processo denominado Transferência Horizontal do Gene. Neste processo um gene ou genes podem ser trocadas entre espécies microbianas não relacionadas. No exercício que aqui se apresenta foi utilizada uma única colónia como material inicial para fazer crescer uma cultura de bactérias. Uma vez que uma colónia geralmente se forma a partir de uma única célula, todas as células da nossa cultura são provenientes da mesma célula-mãe. Se não ocorrer, por acaso, uma mutação, as células serão geneticamente idênticas. Assim, a variabilidade genética dentro da população de células da nossa cultura só pode resultar da acumulação de mutações aleatórias. Vamos observar que, como resultado de uma mutação aleatória de um pequeno número de células dentro de nossa população bacteriana (cerca de uma num milhão) irão tornar-se resistentes ao antibiótico ampicilina. Se nenhuma pressão de selecção for aplicada as células resistentes permanecerão raras na população. No entanto, a situação muda se se transferir a cultura para meios contendo ampicilina. Este antibiótico exerce uma forte pressão selectiva, que permite que o número de células resistentes cresça, mas mata as células que não são resistentes. Esta pressão selectiva provoca um aumento dramático da frequência das células resistentes dentro da população das células na cultura. Esta é uma demonstração dos princípios subjacentes da selecção natural: existe uma variação natural na população como um resultado da acumulação de mutações aleatórias e a selecção faz com que os indivíduos mais aptos aumentem de frequência. MATERIAIS E. coli Ampicilina Agar 1,5 L 1X PBS (solução tampão phosphate buffered saline- utilizando: 12 g NaCl, 0,3 g KCl, 2,16 g Na 2 HPO 4, 0,36 g KH 2 PO 4 em 1,5 L de água) Meio de Cultura Luria-Bertani (LB) Placas de Petri (plástico, 90 mm de diâmetro) Pipetas Balão Erlenmeyer Conta-gotas Ansas (podem ser feitas por flexão de uma pipeta ou uma vareta de vidro) Bicos de Bunsen

3 PREPARAÇÃO PRÉVIA DO SETUP EXPERIMENTAL A preparação prévia do setup experimental engloba os cinco passos seguintes: 1) esterilizar o vidro; 2) preparar o meio líquido; 3) Preparar diluição PBS blanks 4) preparar placas com agar; 5) preparar a cultura-mãe 1. Esterilizar o vidro. O material de vidro pode ser esterilizado em autoclave de vapor durante 20 minutos a 15 psi ou por ebulição numa estufa ou num forno a 350 F (177º C) por 2 horas. As tampas dos tubos devem ser selados com folha de alumínio para evitar contaminações. As pipetas de vidro devem estar em recipientes de vidro ou de metal coberto com papel alumínio ou agrupados e embalados em pacotes de papel. Note que a ebulição não irá ter como resultado a esterilidade completa, mas deve ser suficiente para as actividades propostas. Durante a manipulação das culturas, deverá ter cuidado em não deixar o meio destapado. 2. Preparar o meio líquido Fazer um preparado de meio LB sem agar. O meio LB (Luria-Bertani broth) é utilizado para crescimento e manutenção de bactérias. Composição do meio LB: Triptona 10 g/l Extracto de levedura 5 g/l Cloreto de sódio 10 g/l Preparação de meio LB 1. Medir o volume necessário de água desionizada para um balão Erlenmeyer. 2. Pesar o extracto de levedura, a triptona e o cloreto de sódio. 3. Adicionar ao balão e agitar até dissolver. 5. Perfazer o volume final desejado, adicionando água e agitar. 6. Esterilizar o meio de cultura no autoclave a 120 ºC durante 20 minutos Utilizando pipetas esterilizadas, colocar 10 ml de meio em cada um dos 25 tubos de vidro, com as tampas previamente esterilizadas. Quando estiverem frios, adicionar 10 µl (cerca de uma pequena gota do conta-gotas) de 25mg/mL de ampicilina 2 em cada tubo. 2 Deverão ser testadas diferentes concentrações de ampicilina, pelo que, dependendo do nº de grupos de trabalho, os alunos deverão testar: 25mg/mL, 20mg/mL, 15mg/mL, 10mg/mL e 5mg/mL.

4 Os tubos de ensaio serão distribuídos pelos grupos. 3. Preparar diluição PBS blanks (solução tampão) Preparar 1,5 L de 1XPBS. Distribuir 9mL em cada tubo de ensaio e esterilizar em auto-clave. Se utilizar a fervura como modo de esterilização, em primeiro lugar deixar ferver e em seguida, distribuir pelos tubos de teste pré-esterilizados. 4. Preparar placas com agar. Adicionar o meio LB 3 e o agar (15 g/l) à água destilada num Erlenmeyer, agitando bem. Ferver e deixar arrefecer até atingir cerca de 50ºC (isto é, poder agarrar no Erlenmeyer com a mão por um curto espaço de tempo). Preencher 20 placas com 25mL de meio de cultura (meia altura da placa) e deixa-se solidificar. Rotular AP. Adicionar 1 ml de meio por Litro de 25mg/mL de ampicilina e misture bem. Preencher 60 placas com este preparado e rotule + AP. (Nota: Para obter melhores resultados, a superfície do agar precisa estar "seca". Placas frescas ou placas que estão frescas fora de um frigorífico podem, por vezes, ter à superfície uma película de água que faz com que as colónias bacterianas deslizem. Para ter certeza de que são placas estão secas deixe-as fora à temperatura ambiente por um ou alguns dias ou, então, colocá-las numa incubadora durante algumas horas antes de serem necessárias.) 5. Preparar a cultura-mãe Seleccione uma colónia de Escherichia coli com uma ansa de metal, previamente levada ao rubro num bico de Bunsen e arrefecida em água. Inocula-se um Erlenmeyer com meio LB sem agar e leva-se a incubar de um dia para o outro numa incubadora de 37ºC. O inóculo será distribuído pelos grupos em tubos de ensaio MÉTODO EXPERIMENTAL Para fazer este exercício, precisará de se emparelhar com outro grupo. Um grupo será designado Grupo A e o outro por Grupo B. Dia 1 (15 min) - Contar o número de bactérias resistentes na cultura-mãe 1) Ambos os grupos devem rotular os 4 tubos PBS de 9 ml esterilizados: tubo de 1 a tubo 4. Transferira 1 ml da cultura-mãe para o tubo 1 misture bem e, em seguida, transferir 1 ml do tubo 1 para o tubo 2. Continuar sequencialmente desta forma até que tenha transportado a diluição através dos 4 tubos. 3 A quantidade de meio LB a preparar irá depender do nº de grupos.

5 2) Ambos os grupos devem utilizar um marcador para dividir a placa de nutriente agar + Ap em 5 cunhas igual (sectores triangulares) e rotulá-las do seguinte modo: 10-2, 10-3, 10-4, 10-5, 10-6. 3) Ambos os grupos devem colocar três gotas ( spots ), uniformemente espaçadas, de 10 µl da cultura mãe na cunha marcada 10-2. Em seguida, colocar três gotas uniformemente espaçadas de 10 µl do tubo 1 para a cunha marcada 10-3. Seguidamente colocar três gotas uniformemente espaçadas de 10 µl do tubo 2 para a cunha etiquetada 10-4. Continuar dessa maneira até que todas as cunhas tenham sido utilizadas. (Tenha cuidado para não mover a placa até ter as manchas secas e o agar tiver absorvido o líquido. Pode levar várias horas para as gotas secarem completamente e devem secar para evitar gotejamento ou manchas; as placas devem ser manuseadas com cuidado e não ser invertidas até a manchas estarem secas). Rotular a placa - mãe + Ap '. 4) Grupo A: inocular um tubo de 10 ml de meio LB + com 100 µl de cultura-mãe. Rotular o tubo "Grupo A. 5) Grupo B: inocular um tubo de 10 ml de meio LB+ 25 µl /ml ampicillina com 100 µl de uma mesma cultura-mãe. Rotular o tubo "Grupo B". 6) Incubar as placas e os tubos durante 24 horas a 30 C ou 2 dias à temperatura ambiente. Os tubos devem ser arejados por agitação vigorosa. Dia 2 (30-40 min) - Contar o número de bactérias resistentes após acção da selecção natural Grupo 'A' 1) Rotular do tubo 1 ao tubo 8 os tubos esterilizados. Transferir 1 ml da cultura para tubo 1 misture bem e, em seguida, transferir 1 ml do tubo 1 para o tubo 2. Continuar sequencialmente dessa maneira até que tenha levado a cabo a diluição em todos os 8 tubos. 2) Utilizar um marcador para dividir uma placa de nutriente agar sem ampicilina em 5 cunhas iguais e rotulá-las 10-6, 10-7, 10-8, 10-9, 10-10. 3) Colocar três gotas uniformemente espaçadas de 10 µl do tubo 4 na cunha marcada 10-6. Em seguida, colocar três gotas uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo em 5 na cunha marcada 10-7. Em seguida colocar três pontos uniformemente espaçados, de 10 µl do tubo 6 na cunha marcada 10-8. Continuar dessa maneira até que todas as cunhas terem sido utilizadas. (Tenha os mesmos cuidados para não mover a placa até ter as manchas secas e o agar tiver absorvido o líquido). Rotular a placa 'Grupo A -Ap' 4) Usar um marcador para dividir uma placa de nutriente agar com 25 µg / ml de ampicilina em 5 cunhas iguais e rotule-as do seguinte modo: 10-2, 10-3, 10-4, 10-5, 10-6. 5) Colocar três gotas, uniformemente espaçadas, de 10 µl da cultura para a cunha marcada 10-2. Em seguida, colocar três gotas uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo 1 para a cunha marcada 10-3. Em seguida colocar três gotas uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo 2 para a cunha marcada 10-4. Continuar dessa maneira até que todas as cunhas tenham sido utilizadas. Tenha cuidado para não mover a placa até ter as manchas secas e o agar tiver absorvido o líquido. Pode levar várias horas para as gotas secarem completamente. Enquanto

6 não estiverem secos, evitar gotejamento; as placas devem ser manuseadas com cuidado e não invertido até a manchas estarem completamente secas. Rotular 'Grupo A + Ap' 6) Incubar as placas durante a noite a 30 C ou deixe à temperatura ambiente durante 2 dias. Groupo B 1) Rotular de 1 a 8 os tubos PBS esterilizados. Transferir 1 ml da cultura para tubo 1, misturar bem e, em seguida, transferir 1 ml do tubo 1 para o tubo 2. Continuar sequencialmente dessa maneira até que tenha levado a cabo a diluição em todos os 8 tubos. 2) Utilizar um marcador para dividir uma placa de nutriente agar sem ampicilina em 5 cunhas iguais e rotulá-los 10-6, 10-7, 10-8, 10-9, 10-10. 3) Coloque três gotas uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo em 4 a cunha marcada 10-6. Em seguida, coloque três gotas uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo 5 na cunha marcada 10-7. Em seguida coloque três gotas uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo 6 na cunha marcada 10-8. Continuar dessa maneira até que todas as cunhas tenham sido utilizadas. (Tenha os mesmos cuidados para não mover a placa até ter as manchas secas e o agar tiver absorvido o líquido). Rotular a placa 'Grupo B -Ap' 4) Usar um marcador para dividir 1 placa nutriente agar com 25 ug / ml de ampicilina em 5 cunhas iguais e rotulá-las do seguinte modo: 10-2, 10-3, 10-4, 10-5, 10-6. 5) Colocar três gotas, uniformemente espaçadas, de 10 µl da cultura para a cunha marcada 10-6. Em seguida, colocar três gotas, uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo 5 para a cunha marcada 10-7. Em seguida colocar três gotas, uniformemente espaçadas, de 10 µl do tubo 6 para a cunha marcada 10-9. Continuar dessa maneira até que todas as cunhas tenham sido utilizadas. (Tenha os mesmos cuidados para não mover a placa até ter as manchas secas e o agar tiver absorvido o líquido). Rotular 'Grupo B + Ap' 6) Incubar as placas durante a noite a 30 C ou deixe-as à temperatura ambiente durante 2 dias. Dia 3 (10-15 min) 1) Conte as colónias das placas efectuadas nos dias 1 e 2 e coloque os resultados na tabela abaixo:

7 QUESTÕES Qual é a frequência de células resistentes na cultura-mãe? Qual é a frequência de células resistentes na cultura +Ap? Porque existem células mais resistentes da cultura + Ap do que na cultura -Ap? O número total de células presentes nas culturas + Ap e-ap foi o mesmo? Porquê ou porque não? A cultura-mãe foi iniciada a partir de uma única célula; pensa que esta célula inicial era resistente à Ampicilina? Como é que explica que as células se tenham tornado resistentes? De que forma é que esta experiência constitui uma situação paralela à evolução das plantas e dos animais e de que forma é que é diferente? EXPLORAÇÕES POSTERIORES Pode observar uma variação no tamanho das colónias a partir da cultura-mãe ou da cultura -Ap quando cresceram nas placas + Ap. O que provoca essa variação? Observa, também, a mesma variação no tamanho da colónia quando a cultura + Ap é colocada nas placas + Ap? Pode investigar um pouco mais seleccionando colónias de tamanhos diferentes a partir das placas e espalhá-las para ver se as diferenças de tamanho persistem. Se espalhar as colónias de diferentes tamanhos e se a diferença de tamanho da colónia persistir, tente inocular o meio líquido + Ap para ver quanto tempo levam as diferentes culturas a tornarem-se turvas (isto dar-lhe-á uma ideia se há uma diferença na taxa de crescimento). Testar também os isolados com o crescimento na presença de diferentes quantidades de antibiótico. Pensa que existe apenas um tipo de mutação que pode resultar em resistência ou há muitas maneiras diferentes de um organismo poder tornar-se resistente? Pode observar que a cultura + Ap não é tão turva como a cultura -Ap após 24 horas de crescimento. Porque acha que isso é assim? No início da experiência você adiciona o mesmo número de células viáveis para ambas as culturas, ou uma cultura tem mais células viáveis que a outra? Acha que mesmo que o antibiótico não mate as células resistentes ainda pode atrasar o seu crescimento? Ou talvez a mutação que induz resistência tem um custo para a célula que limita sua taxa de crescimento (por exemplo, a mutação que confere resistência pode ter ocorrido num gene que ajuda as células a crescer rapidamente de tal modo que a mesma mutação que confere resistência também desacelera o crescimento). Que experiências pode realizar para descobrir o que está a acontecer?

8 REFERÊNCIAS Pryce L. Haddix, Eric T. Paulsen and Terry F. Werner. 2000. Measurement of mutation to antibiotic resistance: ampicillin resistance in Serratia marcesens. Bioscene, v26, p1-21. Kerry Bright. accessed 2006. Evolution of antibiotic resistance. http://www.evoled.org/lessons/applied.htm Karen Gee. accessed 2006. Teaching Evolution: a case of overcoming misconceptions. Published 2/23/2000. http://gallery.carnegiefoundation.org/khammerness/c_in_the_c/final/archive/te ach_evolution.pdf Will M. O'Donnell, Inducing ampicillin resistance in Escherichia coli, Transactions of the Kansas Academy of Science Apr 2003 : Vol. 106, Issue 1 & 2, pg(s) 99-104