A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL COM BASE NA SUMULA 9 DO TNU



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Transcrição:

A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL COM BASE NA SUMULA 9 DO TNU Sérgio Scherer 1 Marcio Roberto Paulo 2 SUMÁRIO 1. Introdução; 2. Insalubridade; 3. Periculosidade; 4. Equipamento de Proteção Individual - EPI; 5. Aposentadoria Especial; 6. O uso de EPI descaracteriza a Aposentadoria Especial? 7. Considerações Finais. Referências Bibliográficas. RESUMO O presente artigo tem por objetivo, o estudo do uso do Equipamento de Proteção Individual EPI e sua validade no combate a insalubridade. Esta validade será enfocada no aspecto médico, verificando se o mesmo é suficiente para a atenuação ou cancelamento da insalubridade a que o agente está exposto e sua implicação na concessão da Aposentadoria Especial. Ao buscar pacificar a controvérsia, o Tribunal Nacional de Uniformização dos Juizados Federais editou sumula que determina que a atividade pode ser enquadrada como especial, mesmo que o EPI seja utilizado. Tal situação acarreta um entendimento diverso entre os âmbitos administrativos e judiciários, ocasionando um grande numero de ações judiciais. Para a realização da pesquisa, foi levantada a seguinte hipótese: mesmo com a utilização de equipamentos de proteção individuais EPI, a atividade insalubre deve restar configurada? Utiliza-se o método indutivo como base logica e o cartesiano na fase de tratamento dos dados colhidos. Verificou-se então que os danos causados a saúde do trabalhador ultrapassam os eventualmente suprimidos pela utilização do EPI o que em si, valida a edição da Sumula e sua confirmação pelo STF. Palavras-chave: EPI.insalubridade.periculosidade.aposentadoria especial. INTRODUÇÃO Desde o inicio da vida em sociedade, o homem buscou mecanismos para que determinadas situações fossem tuteladas pelo estado, na forma de direitos e deveres. Dentre estes direitos, podemos destacar o Direito Trabalhista como um dos 1 Aluno de Graduação, UNIVALI-BC, Balneário Camboriú SC, sergio_scherer@hotmail.com, Técnico do Seguro Social, Agência de Atendimento de Demandas Judiciais em Itajaí, Instituto Nacional de Seguridade Social. 2 Professor de Direito previdenciário. 1164

ramos mais importantes para a salvaguarda do trabalhador, pois é ele afinal, quem move a economia e torna a vida em sociedade possível. Neste sentido, cabe ao poder publico, em conjunto com a sociedade civil organizada, criar condições para que estes direitos sejam respeitados. Por esta razão, as situações ocorridas na relação de trabalho têm sido tuteladas pelo Direito do Trabalho, quando da realização do labor; e pelo Direito Previdenciário, quando do afastamento do labor, quer seja pela aposentadoria, quer seja pela doença. Tal sistema é denominado de Seguridade Social. Então é por meio deste sistema, que as eventualidades na vida do trabalhador são amparadas. Observa-se que a eventualidade da perda da saúde em decorrência do labor, é uma preocupação, tanto de saúde publica, quanto para o próprio trabalhador, que através de muitas lutas, conquistou merecidos direitos a uma vida digna, conquanto cumpre seu papel com agente produtor de renda. Nesta esteira, através de analise da Jurisprudência e trabalhos literários produzidos acerca da Aposentadoria Especial, o presente artigo buscará confrontar a validade da Sumula 09 editada pela Turma de Uniformização Nacional dos Juizados Especiais que versa sobre a validade médica/legal da atenuação do ruído pelo uso do Equipamento de Proteção Individual EPI. Entretanto, tal aspecto, será enfocado do ponto de vista legal, ao buscar o entendimento doutrinário acerca do tema. Contudo, uma analise do ponto de vista médico, restará prejudicada, na medida em que as opiniões divergem, o que deixa a questão para ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal. Para situar a concessão da Aposentadoria Especial, no presente artigo, será feito uma analise dos conceitos de Insalubridade e Periculosidade e sua influencia na caracterização da atividade exercida pelo trabalhador, como sendo especial. Portanto a hipótese levantada para a pesquisa é a de que mesmo com a utilização de equipamentos de proteção individuais EPI, a atividade insalubre deve restar configurada, pois o dano ao trabalhador vai muito além da simples descaracterização pelo seu uso. 1 DA INSALUBRIDADE 1165

1.1 Conceito A insalubridade é por definição da própria palavra, tudo aquilo que origina doença. O conceito legal vem descrito na CLT: Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos 3. Tal conceito se adéqua perfeitamente ao estudado nos princípios da Higiene do Trabalho, que é a ciência que estuda o reconhecimento, avaliação e controle dos agentes agressivos com possibilidade de levar o trabalhador a desenvolver algum tipo de doença ocupacional. Segundo estes princípios, esta ocorrência da doença ocupacional depende, entre outros fatores, da natureza, intensidade e do tempo de exposição ao agente agressivo. 4 E ainda, se tal exposição se deu acima dos níveis de tolerância descritos na norma, pois acima disto o organismo humano não suporta os efeitos dos agentes e sobrevêm danos. 1.2 Insalubridade no Direito do Trabalho Do ponto de vista do Direito Trabalhista, a CLT em seu art. 192 estabeleceu a criação de um adicional de Insalubridade, na forma de um percentual segundo os diferentes graus a que pode estar sujeito o trabalhador no exercício de suas funções. Estes graus, que são divididos em Máximo, Médio e Mínimo (40%,20% e 10% respectivamente), dão ensejo então a tal percentual, que será aplicado sobre o Salário Mínimo da região como um adicional a ser percebido em folha de pagamento 5. Tal analise a teor do que a norma estabelece, deve ser caracterizada pela avaliação pericial em três critérios distintos: Quantitativo, Qualitativo e Qualitativo dos riscos inerentes a atividade. Nos agentes analisados pelo critério quantitativo, temos que o perito deve medir a intensidade do agente e compará-lo com os 3 Brasil. Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Brasília, atualizada em 2013. 4 SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. p. 13. 5 VENDRAME, Antonio Carlos. Aposentadoria especial: com enfoque em segurança do trabalho. p. 18. 1166

respectivos limites de tolerância, ocorrendo a insalubridade quando tal nível é ultrapassado. Já na avaliação qualitativa, o perito deve analisar o local de trabalho e a função do trabalhador, a fim de determinar, dentre outros, o tempo de exposição, a forma de contato com o agente e o tipo de proteção usada. Por esta razão, tal critério permite estabelecer se o contato com o agente se deu de forma eventual ou intermitente, condição para o enquadramento da insalubridade. Todavia, apesar de ser possível que o trabalhador esteja exposto a diferentes níveis de insalubridade, a percepção financeira não será cumulativo, assim um empregado exposto à poeira (40%) e ruído (20%) terá somente direito ao acréscimo salarial do maior. Observa-se entretanto, que tal direito não deve ser considerado eterno, uma vez que se a insalubridade for descaracterizada, em virtude de adequação do ambiente de trabalho, seu recebimento poderá ser suprimido, sem prejuízo do direito adquirido ou do principio da irredutibilidade salarial, a teor do que estabelece a sumula 248 do Tribunal Superior do Trabalho. 6 2 PERICULOSIDADE 2.1 Conceito A periculosidade pode ser definida como a situação de perigo vivenciada pelo sujeito, neste caso o trabalhador, que para efeitos trabalhistas e previdenciários a CLT a define em seu art. 193: Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a7: 2.2 Periculosidade no Direito do Trabalho Em virtude de recente alteração na referida legislação, todas as categorias contempladas pelo adicional passaram a perceber a mesma percentagem de 30% sobre o salário básico descontado os eventuais acréscimos a ele devidos. 6 Brasil. Tribunal Superior do Trabalho. Sumula 248 do TST - A reclassificação ou descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial. 7 Brasil. Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Brasília, atualizada em 2013. 1167

Observa-se que, diferentemente do adicional de insalubridade, o de periculosidade busca compensar o trabalhador pela eventualidade de uma fatalidade que possa acontecer independente de a mesma ocorrer, pois o que esta se buscando é a proteção ao risco da ocorrência. E, portanto o mesmo não se constitui em direito adquirido, uma vez que, cessada sua ocorrência, o trabalhador deixa de perceber o adicional, consoante o disposto no art. 194 8 : O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Tais acréscimos deveriam servir para que tais atividades fossem suprimidas da relação trabalhista brasileira, mas o que se observa na prática, infelizmente, é o oposto. Onde o adicional acaba sendo o perseguido pelo empregado, deixando sua saúde em segundo plano. Desta forma, cumpre ao poder Publico estabelecer outras medidas como forma de se obter o protecionismo ao trabalhador. 9 Neste sentido foi criada a aposentadoria especial como forma de afastar o trabalhador da atividade insalubre e/ou perigosa mais rapidamente, fixando para tanto um tempo menor de labor para sua obtenção. 10 3 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EPI 3.1 Conceito Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo ou produto, se uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho 11. A própria Legislação Brasileira define uma hierarquia nas medidas de proteção ao trabalhador, indo primeiro das medidas coletivas, depois administrativas e finalmente individuais 12. 8 Brasil. Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Brasília, atualizada em 2013. 9 VAZ, Paulo Afonso Brum e SAVARIS, José Antonio. Direito de Previdência e assistência social: elementos para uma compreensão interdisciplinar. p. 390. 10 VENDRAME, Antonio Carlos. Aposentadoria especial: com enfoque em segurança do trabalho. p. 13. 11 PANTALEÃO, Sérgio Ferreira. EPI Equipamento de proteção Individual Não basta fornecer é preciso fiscalizar. Disponível em < http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm>, acesso em 15/12/2012. 12 (NR-9.3.5.4) 1168

3.2 Uso do Epi Neste sentido, os EPIs são a forma encontrada pelo empregador para fugir das medidas mais dispendiosas do ponto de vista econômico, quais sejam, as medidas coletivas, tais como: a) providencias urbanísticas e arquitetônicas, dificultando a possibilidade de agressão à integridade física do segurado; b)medidas preventivas; c)tecnologia eliminadora ou atenuadora dos riscos ambientais(físicos, químicos ou biológicos); d)treinamento do pessoal de segurança; e)medidas administrativas(redução do tempo de exposição) 13. Recorrendo então para que com o EPI, que deveria ser paliativo, obter a proteção ao trabalhador exigida pela Lei. 14 3.3 Eficácia do Epi Entretanto, para servir a seu uso, qual seja, o de proteger o trabalhador, o EPI deve ser utilizado de forma eficaz. 15 Entretanto, alem de adquirir o equipamento correto a empresa deve treinar o trabalhador para o uso e torná-lo obrigatório, fiscalizando e exigindo seu uso. Da mesma forma o trabalhador deve usá-lo e conservá-lo adequadamente. Contudo, não basta entregar o EPI, mas sim, seguir determinadas regras para obter sua eficácia ao minimizar a insalubridade, pois a mesma, através do uso do EPI pode ser suprimida, acaso tal equipamento seja suficiente para atenuar as condições de trabalho para os níveis de tolerância estabelecidos pelas normas em vigor, consoante entendimento do Superior Tribunal do Trabalho, no enunciado n. 289 16 : Fornecimento do Aparelho de Proteção do Trabalho - Adicional de Insalubridade O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, cabendolhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado. 13 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 3ª Ed. São Paulo: LTR, 2000. p. 46. 14 VENDRAME, Antonio Carlos. Aposentadoria especial: com enfoque em segurança do trabalho. São Paulo: LTR, 2000. p. 46. 15 VAZ, Paulo Afonso Brum e SAVARIS, José Antonio. Direito de Previdência e assistência social: elementos para uma compreensão interdisciplinar. Florianópolis: Conceito Editorial, 2009. p 308. 16 Brasil: Tribunal Superior do Trabalho. Enunciado n. 289. Fornecimento do Aparelho de Proteção do Trabalho Adicional de Insalubridade. Disponível em <http://www.dji.com.br/normas_inferiores/enunciado_tst/tst_0289.htm> acesso em 25/10/2012. 1169

Com relação a periculosidade, esta não cessa com a utilização do EPI, pois esta é inerente a atividade e portanto, o pagamento do adicional só pode ser cessado quando o risco restar eliminado 17. 3.4 Epi auditivo Um equipamento de proteção individual auditivo (EPI) é todo dispositivo projetado para reduzir o nível do som que alcança o ouvido. Tais equipamentos foram projetados para atenuar o ruído existente no ambiente, uma vez que, retirar o ruído existente no local de trabalho pode não ser possível ou suficiente 18. 4 APOSENTADORIA ESPECIAL 4.1 Conceito A aposentadoria Especial foi criada através da Lei Orgânica da Previdência Social LOPS, de 26/08/1960. Em sua criação, era assim definida 19 : A aposentadoria especial seria concedida ao segurado que, contando no mínimo com 50(cinqüenta) anos de idade e 15(quinze) anos de contribuições tenha trabalhado durante 15(quinze), 20(vinte) ou 25(vinte e cinco) anos pelo menos, conforme a atividade profissional, em serviços que, para este efeito, forem considerados penosos, insalubres ou perigosos, por Decreto do Poder Executivo. Luz Leira: Com relação a sua finalidade, temos o conceito manifestado por Maria Lucia A finalidade do beneficio de aposentadoria especial é de amparar o trabalhador que laborou em condições nocivas e perigosas à sua saúde, reduzindo o tempo de serviço/contribuição para fins de aposentadoria. Tem, pois, como fundamento o trabalho desenvolvido em atividades ditas insalubres. Pela legislação de regência, a condição, o pressuposto determinante do beneficio esta ligado à presença de agentes perigosos ou nocivos (químicos, físicos ou biológicos) à saúde ou a integridade física do trabalhador, e não 17 SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. p. 22. 18 SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 4ªEd. São Paulo: Ltr, 1998, p 21. 19 VAZ, Paulo Afonso Brum e SAVARIS, José Antonio. Direito de Previdência e assistência social: elementos para uma compreensão interdisciplinar. p 299. 1170

apenas àquelas atividades ou funções catalogadas em regulamento 20 Pode-se definir os agentes nocivos, como aqueles que podem trazer ou ocasionar danos a saúde ou a integridade física do trabalhador nos ambientes de trabalho, analisando-se a natureza, concentração, intensidade e fator de exposição, considerando como: Físicos: os ruídos, as vibrações, o calor, as pressões anormais, as radiações ionizantes, etc.; Químicos: os manifestados por nevoas, neblinas, poeiras, fumos, gases, vapores de substancia nocivas presentes no ambiente de trabalho, etc.; Biológicos: os micro-organismos como bactérias, fungos, parasitas, bacilos, vírus, etc. 21 Na pratica, porem, as medidas protetivas adicionais e aposentadoria especial são, verdadeiramente, compensatórias, materializadas em vantagem financeira ao trabalhador que mensalmente vende sua saúde. Empregados, empresas e governo, por isso, ao invés de se ocuparem de medidas que efetivamente instituíssem um ambiente sadio e seguro de trabalho, transacionam convenientemente a saúde do trabalhador. 4.2 Evolução Legislativa Durante o passar do tempo, a Aposentadoria Especial sofreu diversas modificações em seu entendimento e legislação. A redação original admitia duas formas de enquadramento do tempo de serviço como especial: a) conforme a atividade desempenhada a lei entendia que tal serviço era considerado exercido em condições insalubres, penosas ou perigosas; b) enquadramento pela exposição ao agente nocivo, pois independente da profissão, tal exposição determinava o caráter especial do trabalho. A Lei 9.032/95 22 passou a exigir a comprovação, pelo trabalhador, da efetiva exposição aos agentes agressivos, exigindo ainda que a tal exposição fosse habitual 20 LEIRIA, Maria Lucia Luz. Direito previdenciário e estado democrático de direito: uma (re)discussão à luz da hermenêutica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 164 21 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARIS, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 13 Ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. p. 640. 1171

e permanente, ou seja, não bastava mais estar exercendo aquelas profissões elencadas, mas sim, se durante o exercício restasse comprovado a sujeição, habitual e permanente, não intermitente, a tais agentes insalubres e/ou perigosos. Tais agentes encontram-se enumerados no anexo IV do Decreto 3048/99. Entretanto, tal rol não pode ser considerado exaustivo, consoante a Sumula n. 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos: TFR Súmula nº 198-20-11-1985 - DJ 02-12-85 Requisitos - Aposentadoria Especial - Perícia Judicial - Atividade Perigosa, Insalubre ou Penosa - Inscrição em Regulamento Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em regulamento. Mas, o enquadramento profissional pelo simples exercício de profissão elencada acabou de acordo com a Sumula 04 da Turma Recursal de Santa Catarina: O enquadramento do tempo de atividade especial por categoria profissional prevalece somente até 28-04-1995 (lei 9032/95). Atualmente, o que importa é a efetiva exposição do segurado a agentes nocivos ou perigosos à saúde. Contudo, a prova da exposição é feita consoante a legislação vigente a época em que o trabalho foi prestado (tempus regit actum), e não quando do pedido de aposentadoria, ou seja, o tempo de serviço deve ser avaliado pela lei vigente a época do labor prestado e passa a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. 23 4.3 Agente nocivo ruído Para o agente ruído, sempre foi exigido laudo pericial. Diversamente, para os demais agentes insalubres, a partir da Medida Provisória n. 1523-10 e 11/10/1996, é exigível apenas, independentemente de laudo pericial, a apresentação do formulário valido a época (SB-40/DIRBEN/DSS 8030/ PPP), em que conste a presença efetiva de agente agressivos no ambiente de trabalho do segurado, 22 Art 57, 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) 23 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARIS, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 13 Ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. p. 644. 1172

qualificadores da atividade como especial 24. Entretanto, a comprovação técnica da efetiva exposição do trabalhador a agentes insalubres (a exceção do ruído), somente pode ser exigido a partir da entrada em vigor do Decreto 2.172 em 05.03.1997, consoante súmula da Turma Recursal de Santa Catarina: SÚMULA Nº05 Exige-se laudo técnico para comprovação da efetiva sujeição do segurado a agentes agressivos somente em relação à atividade prestada a partir de 06/03/1997 (Decreto 2172/97), exceto quanto ao ruído, para o qual imprescindível aquela prova também no período anterior. Já, com relação ao agente ruído, temos que a evolução legislativa foi não menos constante. Consoante recente alteração na sumula 32 da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU) 25 : O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a administração pública que reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído. A caracterização da atividade especial, relacionada ao agente ruído, depende da comprovação a determinado nível, conforme a época da prestação do trabalho. Já com relação ao fator de conversão a ser aplicado, este contraria o principio do (tempus regit actum) para encontrar guarida no momento da concessão do beneficio, já que tal fator reflete com precisão a relação entre o tempo necessário para a aposentadoria comum em especial, pois independentemente da época trabalhada o coeficiente matemático que guarda a relação entre 25 e 35 anos é o de 1,4. No entanto, tal entendimento pode sofrer alteração, conquanto será julgado em 24 Enunciado 20 do CRPS - Salvo em relação ao agente agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de laudo técnico pericial para períodos de atividades anteriores à edição da Medida Provisória nº 1.523-10, de 11/10/96, facultando-se ao segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes agressivos à sua saúde ou integridade física mencionados nos formulários SB-40 ou DSS- 8030, mediante o emprego de qualquer meio de prova em direito admitido. 25 Brasil. TNU aprova duas novas sumulas(44 e 45) e revisa a Súmula 32. Disponível em <http://www.jf.jus.br/cjf/noticias-do-cjf/2011/novembro/tnu-aprova-duas-novas-sumulas-44-e-45-erevisa-a-sumula-32>, acesso em 25/10/2012. 1173

Terceira Seção do STJ que admitiu pedido de uniformização acerca do tema.(pet n. 7521/PR, Registro: 2009/0183637-8) 26 5 O USO DE EPI DESCARACTERIZA A APOSENTADORIA ESPECIAL? 5.1 Entendimento do INSS A partir de 1998, ao publicar a ordem de serviço 600, o INSS adotou o entendimento que o uso de EPI pode descaracterizar o direito a aposentadoria especial e a respectiva conversão do tempo de serviço. estabelece: Tal entendimento encontra-se firmado na CLT que em seu art. 191 27 Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Como citado anteriormente, a verificação de que o EPI foi eficaz ao reduzir a exposição as atividades insalubres, teria o condão de descaracterizar o enquadramento da atividade especial, pelo menos, no âmbito administrativo, onde este entendimento é o que prevalece. Observa-se, que a partir do preenchimento do Laudo PPP e sua analise pela pericia medica do INSS, temos a possibilidade de que a atividade desempenhada pelo segurado, não seja enquadrada como especial. 5.2 Entendimento Judicial Entretanto, acaso o segurado não esteja contente com o resultado da analise ou queira procurar a tutela jurisdicional, amparado no preceito constitucional do livre acesso a justiça, esculpido no art. 5º, XXXV, da Constituição federal, in fine: Art. 5 [...]XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito 28 ; 26 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARIS, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. p. 654 27 Brasil. Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Brasília, atualizada em 2013. 28 Brasil. Constituição da Republica Federativa do Brasil CF/88, brasília, atualizada em 2013. 1174

Por conseguinte, após a negativa do INSS o segurado poderá demandar na via judicial com o fito de ver reconhecido seu direito a aposentadoria especial, independente da informação ou verificação de que o EPI restou eficaz. Todavia, após inúmeros processos judiciais, firmou-se entendimento de que o uso do EPI, apesar de eficaz, não descaracteriza a atividade especial, conforme a sumula 9 do TNU 29. O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. Tal interpretação mostra-se justificável, pois de acordo com estudos médicos, o ruído elevado causa danos, não apenas ao aparelho auditivo, mas provoca alterações físicas e psíquicas não evitadas pelo uso do EPI. Os sintomas geralmente são representados por: zumbidos, perda auditiva, dificuldades na compreensão da fala. Os sintomas extra-auditivos são alterações do sono e transtornos de comunicação, neurológicos, vestibulares, digestivos, comportamentais, cardiovasculares e hormonais. 30 Acontece que, além desta disparidade de entendimento gerar uma grande quantidade de ações judiciais, faz-se necessário uma maior segurança jurídica tanto para empresas, como para o trabalhador como para o INSS. Por este motivo, e devido a constantes recursos promovidos pelo INSS, a questão agora será tratada no Supremo Tribunal Federal, pois teve sua repercussão geral reconhecida, com o seguinte titulo 31 Descaracterização do tempo de serviço especial pelo uso de equipamento de proteção é tema com repercussão, inclusive, em seu voto, manifestou-se assim, o Ministro Luiz Fux: A meu juízo, o recurso merece ter reconhecida a repercussão geral, haja vista que o tema constitucional versado nestes autos é questão relevante do ponto de vista econômico, político, social e jurídico, e ultrapassa os interesses subjetivos da causa. 29 Brasil. Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Sumula 09. Disponível em <http://www2.jf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=9>, acesso em 25/10/2012. 30 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARIS, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.. p. 642. 31 Brasil: Supremo Tribunal Federal. Descaracterização do tempo de serviço especial pelo uso de equipamento de proteção é tema com repercussão. Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=210526>, acesso em 25/10/2012. 1175

Neste sentido, entendo que finalmente, tal controvérsia será pacificada. CONSIDERAÇÕES FINAIS A edição da Sumula 9 do TNU pode ser considerada uma grande adição ao ordenamento jurídico, uma vez que os entendimentos jurisprudenciais buscam uma maior proteção ao trabalhador, proteção esta que simplesmente transcreve a realidade acerca do tema, pois sabemos que o uso do EPI, em algumas atividades pode reduzir ou até eliminar o risco de exposição do trabalhador aos agentes exógenos, mas nunca terá o condão de descaracterizar o tempo trabalhado em condições de atividade especial exercida em ambientes insalubre, perigosos ou penosos, situação esta, que confirma a hipótese levantada e valida a edição de tal sumula. As pesquisas efetuadas e as considerações apresentadas, demonstram que a doutrina apoia a validade da sumula, pois entendem que o EPI é realmente ineficaz para combater a insalubridade e portanto o seu uso, não descaracteriza o enquadramento da atividade como especial, permitindo a concessão da Aposentadoria Especial, independentemente do uso de tal proteção. Assim, após o julgamento da referida tese pelo STF, tal entendimento seguirá este norte e será pacificado, podendo inclusive, encontrar guarida no ordenamento jurídico administrativo, pois a repercussão geral do tema abrangerá a todos os trabalhadores expostos a agentes nocivos. REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS BACHUR, Tiago Faggioni. Teoria e prática do direito previdenciário: incluindo modelos de calculo previdenciário. São Paulo: Lemos e Cruz, 2007. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Brasília, atualizada em 2013. BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil CF/88. Brasília, atualizada em 2013. BRASIL: Supremo Tribunal Federal. Descaracterização do tempo de serviço especial pelo uso de equipamento de proteção é tema com repercussão. Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=210526>, acesso em 25/10/2012. 1176

BRASIL. TNU aprova duas novas sumulas(44 e 45) e revisa a Súmula 32. Disponível em <http://www.jf.jus.br/cjf/noticias-do-cjf/2011/novembro/tnu-aprovaduas-novas-sumulas-44-e-45-e-revisa-a-sumula-32>, acesso em 25/10/2012. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Enunciado n. 289. Fornecimento do Aparelho de Proteção do Trabalho Adicional de Insalubridade. Disponível em <http://www.dji.com.br/normas_inferiores/enunciado_tst/tst_0289.htm> acesso em 25/10/2012. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Sumula 248 do TST - A reclassificação ou descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial. BRASIL. Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Sumula 09. Disponível em <http://www2.jf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=9>, acesso em 25/10/2012. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARIS, João Batista. Manual de direito previdenciário. 13. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria especial. 3. ed. São Paulo: LTR, 2000. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MELLO, Sérgio Renato de. Benefícios previdenciários: comentários à lei n 8.213/91. São Paulo: Quartier Latin, 2010. PANTALEÃO, Sérgio Ferreira. EPI Equipamento de proteção Individual Não basta fornecer é preciso fiscalizar. Disponível em < http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm>, acesso em 15/12/2012. SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 4. ed. São Paulo: Ltr, 1998. VAZ, Paulo Afonso Brum e SAVARIS, José Antonio. Direito de Previdência e assistência social: elementos para uma compreensão interdisciplinar. Florianópolis: Conceito Editorial, 2009. VENDRAME, Antonio Carlos. Aposentadoria especial: com enfoque em segurança do trabalho. São Paulo: LTR, 2000. 1177