P.º n.º C.P. 62/2010 SJC-CT Penhora. Cancelamento com base na certidão prevista no artigo 58.º/1 do CRP. Obrigação de registar. Prazo. Entrega das quantias devidas. PARECER 1. A coberto da ap...., de / /, foi pedido, na Conservatória do Registo Predial de o cancelamento do registo da penhora (ap. de / / ) efectuada no processo executivo n.º..., juntando-se para o efeito certidão judicial, emitida pelo Arquivo geral do Tribunal Judicial de... em / /, integrando fotocópia da declaração de extinção da execução junta pelo solicitador de execução e menção de que o processo foi arquivado sob o n.º, maço 1.1. Em / / e com vista ao suprimento de deficiências do processo de registo, é junta nova certidão judicial (agora emitida pelo...º Juízo Cível do Tribunal Judicial de...) que incorpora fotocópias do requerimento da exequente, dando conta do pagamento voluntário da dívida exequenda, do despacho judicial que manda sustar a execução, e que se certifica ter transitado em julgado em / /, e da mesma declaração do solicitador de execução atrás referida. 1.2. No momento do pedido de registo, foi cobrada a quantia de e, em / /, foi cobrada quantia de igual valor, tendo sido, nesta data, emitido e entregue à apresentante o recibo da conta do acto, de que se extrai um total de com fundamento no artigo 21.º/3 do RERN. 2. Em data posterior a.../ / mas que os elementos juntos não permitem precisar, é apresentado pela sociedade, SA, representada por advogada no processo de registo, um requerimento dirigido ao Presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, no qual se alega que: a) o pedido de cancelamento da penhora teve em vista o prosseguimento doutro processo executivo em que a requerente figura como exequente; b) o pedido de nova quantia de, em / /, terá sido fundado no entendimento de que o prazo para cumprir a obrigação de registar teve início em / /, data do trânsito em julgado do despacho «que pôs termo à execução»; c) porém, a «penalização pelo incumprimento do prazo» não deve ser aplicada a quem não é interveniente no processo executivo, nem tem obrigação de conhecer o momento em que a execução termina por pagamento. Pede-se, em conformidade, que se aprecie da correcção da liquidação emolumentar e se ordene a devolução do emolumento pago em excesso. 1
3. A pretexto deste requerimento, é emitido despacho de sustentação da liquidação efectuada com o argumento de que a extinção da execução foi declarada por despacho judicial transitado em julgado / /, donde, em / / (data do pedido de cancelamento da penhora), havia já decorrido todo prazo (30 dias) para o cumprimento da obrigação de registar. De direito, invocam-se os artigos 36.º, 8.º-D e 151.º/2 do Código do Registo Predial (CRP). *** 1. Considerando que o requerimento de reapreciação é dirigido ao presidente do IRN, I.P., não vemos dificuldade em reconhecer aqui uma impugnação hierárquica da quantia paga a título de sanção pelo incumprimento da obrigação de registar interposta por quem tem legitimidade e a que se ajusta a tramitação prevista no artigo 147.º-C do CRP. 2. Por outro lado, embora não conste dos autos a informação acerca da data em que o requerimento deu entrada no serviço de registo competente e se saiba apenas que há-de ter sido depois de / / (data em que foi reconhecida a assinatura aposta no requerimento e registado informaticamente, pelas 17 horas e 15 minutos, este reconhecimento), posto que da conta notificada não consta a indicação de quaisquer preceitos legais atinentes à obrigação de registar, não haverá também que pôr em causa a tempestividade da impugnação: faltando a comunicação formal dos fundamentos que determinam o «agravamento emolumentar», não se verifica o termo inicial do prazo para a impugnação 1. Cumpre, por isso, emitir parecer. Pronúncia 1. Compulsando os documentos juntos aos autos, temos que: 1 O dever de fundamentação demanda que, na conta, para além das pertinentes disposições do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, tenham de figurar também os preceitos legais atinentes à obrigação de registar (sujeito, prazo e sanção) e ao dever de entrega das quantias devidas (artigo 151.º/3 do CRP), de forma a elucidar cabalmente os cidadãos e as empresas acerca das quantias que lhe são exigidas, pelo que, mais uma vez, se salienta a necessidade de aperfeiçoamento do SIRP na parte relativa à elaboração das contas dos actos de registo obrigatório e ao conteúdo do recibo respectivo. 2
a) Na sequência de requerimento apresentado pelo exequente, dando conta de que foi paga a dívida exequenda, e por despacho judicial transitado em julgado em / /, foi sustada a execução (processo n.º...) a que pertencia a penhora registada sob a ap., de / /, para liquidação da responsabilidade do executado (certidão judicial de / / ); b) Foi emitida pelo solicitador de execução declaração de que, tendo sido pagas as custas do processo, se considera extinta a execução, nos termos do n.º 1 do artigo 919.º do CPC, e de que «vai ser dado cumprimento ao preceituado no n.º 2 do mesmo artigo e Diploma» (certidões judiciais de / / e de / / ); c) Nos autos de execução em tabela, não ocorreu venda ou adjudicação de bens (certidão judicial de /./ ); d) O processo executivo foi arquivado sob o n.º..., no maço do ano de... (certidão judicial de / / ); e) O cancelamento do registo da penhora foi pedido por advogada, em / /, tendo sido liquidada a quantia de... euros ( euros relativos ao emolumento devido pela realização do acto de registo e, aquando do suprimento das deficiências do processo,... euros pelo incumprimento da obrigação de registar). 2. Como se sabe, o facto jurídico ocorrido após 21 de Julho de 2008 (data da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho) que determine a extinção da penhora e que não deva ser registado oficiosamente, nos termos do artigo 101.º, n.º5, do CRP 2, encontra-se sujeito a registo obrigatório (artigo 8.º-A/1/a) do CRP) 3 ; 2.1. Sendo que, no elenco fixado no artigo 8.º-B do CRP, aparece como obrigado à promoção deste registo o sujeito activo do facto (artigos 8.º-B/1/f) e 93.º/1/e) do CRP), 2 Porque o cancelamento do registo da penhora ao abrigo do disposto no artigo 101.º, n.º5, do CRP é de feitura oficiosa, a obrigatoriedade do registo só poderá reportar-se ao facto principal, ou seja, à aquisição em processo de execução ou de insolvência. 3 Estamos a equacionar os casos em que a fase da penhora se mostra concluída, nos quais não se inclui a hipótese de cancelamento prevista no artigo 58.º, n.º2, do CRP. Nesta, o registo da penhora foi feito nos termos do disposto no artigo 48.º do CRP, mas o acto da penhora não se concluiu, nem se pretende venha a concluir-se, por isso, a extinção do facto opera mediante comunicação electrónica do agente de execução, ou com o pedido de cancelamento do registo da penhora por ele subscrito, de que conste a declaração expressa de não ter ocorrido a apreensão, sendo que aqui, porque o momento do pedido e o da titulação do facto registando coincidem, a questão da obrigatoriedade do registo e do seu regime perde relevância. 3
ou seja, aquele que do registo extrai «benefício» imediato; que adquire ou se encontra em posição de vantagem, normalmente, o proprietário ou titular do bem ou direito objecto da penhora 4. 2.2. É este mesmo sujeito que, em caso de incumprimento da obrigação de registar, sofre a cominação a que alude o artigo 8.º-D/1 do CRP, que essencialmente consiste num dever de pagamento de quantia igual à que, normalmente, é devida como contrapartida pela prestação do serviço (realização de registo daquele tipo). 2.3. Não obstante a responsabilidade pela sanção caber à entidade que, estando obrigada a promover o registo, não o faça no prazo referido no artigo 8.º-C do CRP, estipula o artigo 151.º/3 do CRP que quem apresenta o registo ou pede o acto deve proceder à entrega das importâncias devidas, pelo que, para valer como instrução geral e vinculativa para os serviços de registo, ficou dito, no despacho n.º 74/2008 do Presidente do IRN, que ao apresentante cabe também entregar o valor correspondente àquela sanção, naturalmente, sem prejuízo do direito de regresso que sempre lhe assistirá contra aquela entidade, o sujeito da obrigação de registar e da cominação pelo incumprimento. 2.4. A esta interpretação da lei aliou-se, depois, o entendimento de que a falta de entrega da quantia devida pelo incumprimento da obrigação de registar dá lugar à rejeição da apresentação prevista no artigo 66.º/1/e) do CRP 5, embora também se admita que esta falta se coloque como causa impeditiva da apreciação da viabilidade do pedido, quando o apuramento dos pressupostos contidos nos artigos 8.º-A a 8.º-C do CRP dependa de diligências suplementares ou, correctivamente, nos casos em que a liquidação tenha sido irregularmente efectuada. 3. Perdendo, assim, relevância o fundamento de que a quantia devida a título de sanção pelo incumprimento da obrigação de registar não pode ser reclamada do apresentante, resta analisar se, no caso em apreço, efectivamente ocorre tal incumprimento e, portanto, se aquela quantia é mesmo devida. 3.1. Diante do disposto no artigo 8.º-C/1 do CRP, o registo deve, em regra, ser pedido no prazo de 30 dias a contar da data em que tiverem sido titulados os factos ou da data do pagamento das obrigações fiscais, quando este deva ocorrer depois da titulação, o 4 Neste sentido, processo CP 83/2008 SJC-CT. 5 Cfr. a posição vertida na declaração de voto junta ao processo RP 186/2008 SJC-CT e sufragada pelo Exmo. Presidente do IRN, I.P. 4
que é dizer que, não estando em causa o cumprimento de deveres fiscais subsequentes, o termo inicial do prazo há-de coincidir com o momento em que o facto, ou conjunto de factos, de que a situação jurídica tira a sua existência ou razão de ser assume dimensão para efeitos de registo, ou seja, com o momento em que se completa, do ponto de vista formal ou processual, o acto (causa ou fonte) de que promanam os efeitos jurídicos previstos no artigo 2.º do CRP. 3.2. Ora, no percurso da acção executiva e a propósito da penhora, localizamos diversas causas de extinção, com ou sem realização do fim da execução, implicando uma ordem ou decisão de levantamento da penhora, a cargo do juiz de execução ou do agente de execução, consoante o caso, que consubstancia o documento em que se fundamenta a extinção do direito a publicitar e que serve de base ao registo (artigo 13.º do CRP). 3.3. Não faltam, no entanto, situações em que a penhora pode extinguir-se por causa diversa da venda executiva sem que, na lei, se ache expressamente previsto o seu levantamento; é o que, designadamente, ocorre em caso de procedência da oposição à execução com extinção total da execução (artigo 817.º do CPC), ou quando haja pagamento voluntário (916.º do CPC) ou se verifique a desistência do exequente (artigo 918.º do CPC). 3.4. Nestes casos, a extinção da penhora tem lugar com a extinção automática da própria execução e, nos casos de pagamento voluntário ou de desistência após a reclamação de um crédito já vencido, se, no prazo previsto no artigo 920.º/2 do CPC, o credor com garantia real sobre o bem penhorado não disser que pretende prosseguir a execução, assumindo a posição de exequente. 3.5. Valerá então considerar, por um lado, que, em face ao disposto no artigo 817.º/4 do CPC, a extinção total da execução pode constituir uma consequência directa e automática do trânsito em julgado da decisão que julga procedente a oposição à execução, titulandose também, com esse facto e por essa via, a extinção da penhora, que não tenha dado lugar a venda executiva; 3.6. E, por outro lado, que, à luz do disposto nos artigos 919.º e 920.º/2 do CPC, a penhora, que não tenha sido seguida de venda ou adjudicação, se extingue com a extinção da execução por pagamento voluntário ou desistência do exequente e a falta de renovação dentro do prazo a que se refere o artigo 920.º/2 do CPC, sendo este o conjunto de factos de que depende ou se extrai o efeito jurídico relevante para o registo predial. 5
3.7. E porque não está prevista, como antes da reforma da acção executiva, uma sentença que ponha termo ao processo, também não custará reconhecer na comunicação a que se refere o n.º 3 do artigo 919.º do CPC um suporte formal do título (em sentido substantivo) de extinção da penhora, posto ser esta constatação processual, efectuada pelo solicitador de execução, a dar agora lugar à notificação a que alude o n.º 2 do mesmo artigo, bem como ao arquivamento dos autos 6. 4. Podemos, assim, dizer que, normalmente, o título que serve de base ao cancelamento do registo de penhora, que não tenha dado lugar a venda executiva, há-de ser o documento ou acto processual em que se fundamenta o efeito extintivo a publicitar, e os demais elementos processuais, positivos ou negativos, que compõem o conjunto de factos de que promana aquele efeito extintivo (artigos 13.º e 43.º do CRP) 7, a representar em certidão judicial extraída dos autos de execução 8. 5. Se a acção de execução já não estiver pendente, o cancelamento do registo desta penhora pode também fazer-se com base na certidão que comprove essa circunstância e a causa (artigo 58.º/1 do CRP), mas aqui a prova da extinção da penhora não se obtém já através do suporte formal ou processual do facto extintivo, antes se pode alcançar por via de um silogismo que integra o conhecimento do encerramento da execução (extinção da execução sem renovação) e da circunstância que a determinou, tratando-se, no fundo, de documento que não certifica ou atesta que a penhora se extinguiu mas que permite concluir isso mesmo. 6. Quanto ao tema que nos ocupa, e que é o da obrigatoriedade do registo, o problema surge quando os documentos juntos, apresentando suficiência bastante para o registo (artigos 43.º e 68.º do CRP), nos termos que antecedem, não contêm, todavia, toda a informação relevante para efeitos de verificação do cumprimento desta obrigação de registar (artigos 8.º-A a 8.º-C do CRP e artigo 33.º/1 do Decreto-Lei n.º 116/2008). 6.1. Se assentarmos em que, dependendo da causa extintiva da penhora, o termo inicial do prazo para promoção obrigatória do registo pode verificar-se: a) com o trânsito em julgado do despacho que ordena o levantamento da penhora; 6 Mesmo nas acções intentadas antes de de de, como será a dos autos, que ficam cobertas pelo artigo 919.º do CPC na redacção anterior ao Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, caberá ao agente de execução constatar os factos que determinam a extinção da execução e dão lugar à notificação do artigo 919.º/2 (cfr. Lebre de Freitas, A Acção Executiva, Depois da Reforma, 4.ª edição, p. 360, n. 9-A). 7 Salientamos, mais uma vez, que não estamos a equacionar a situação prevista no artigo 58.º/2 do CRP. 8 Isto enquanto o serviço não puder aceder à informação por meios electrónicos (artigo 58.º/1 do CRP). 6
b) no momento em que a decisão do agente de execução no sentido de proceder ao levantamento da penhora se torne definitiva; c) com a extinção da execução fundada na decisão definitiva de procedência da oposição à execução; d) com a constatação processual da extinção da execução, por pagamento voluntário ou desistência do exequente, e o decurso do prazo a que alude o artigo 920.º/2 do CPC sem que tenha sido requerida a renovação da execução, ou com a decisão que negue provimento ao pedido de renovação formulado; 6.2. Pode acontecer que do documento trazido a registo conste a menção do trânsito em julgado, ou da definitividade da decisão, ou a declaração do agente de execução e a indicação de que não houve renovação da execução, mas não o tempo certo em que tais factos se verificaram; 6.3. Assim como pode o registo ser pedido com base na certidão a que se refere o aludido artigo 58.º/1 do CRP, faltando, em qualquer caso, a informação que permite dar conta do disposto nos artigos 8.º-A a 8.º-C do CRP e, designadamente, saber se há ou não obrigação de registar, e, havendo, se está ou não esgotado o prazo para promover o registo. 6.4. Em situações destas, porque a lei não presume a obrigatoriedade do registo e, portanto, não imputa ao interessado o ónus de demonstrar que o registo não é obrigatório (artigo 33.º/1 do Decreto-Lei n.º 116/2008) ou que a obrigação foi cumprida dentro do prazo referido no artigo 8.º-C do CRP, competirá ao serviço de registo apurar a matéria atinente à obrigação de registar, por recurso a diligências complementares, sem fazer reflectir na anotação da apresentação, na qualificação ou na conta senão a certeza de que o concreto registo se acha subordinado ao regime da obrigatoriedade e de que o prazo para a sua promoção não foi efectivamente cumprido 9. 6.5. Ora não é este o caso dos autos, porquanto, a partir dos documentos apresentados, é possível concluir que o facto extintivo ocorreu após 21 de Julho de 2008 e que, portanto, é obrigatório o cancelamento da penhora, e deles se extrai, outrossim, que o prazo previsto no artigo 8.º-C/1 do CRP para a promoção do registo não terá sido 9 É o que já se retira da deliberação tomada no processo RP 111/2010 SJC-CT. Naturalmente, se os pressupostos de aplicação do disposto nos artigos 8.º-A a 8.º-D do CRP estiverem, todos eles, revelados nos documentos trazidos a registo, não pode o interessado alhear-se do resultado que deles se extrai, designadamente, para efeitos de entrega de todas as quantias devidas. 7
cumprido, pois, apercebendo-nos de que o processo foi arquivado no maço relativo ao ano de... (certidão judicial emitida em / / ), fácil será deduzir que, no ano seguinte, a acção já não estaria pendente 10. 7. Em face dos elementos juntos aos autos e segundo a interpretação que superiormente foi firmada no ponto VI do Despacho n.º 74/2008 e no processo RP 186/2008 SJC-CT, cremos, assim, reunidos os pressupostos tendentes à cobrança impugnada 11. 8. Em conformidade, propomos a improcedência do recurso e formulamos as seguintes CONCLUSÕES I - O cancelamento do registo de penhora que não deva ser efectuado oficiosamente, nos termos do artigo 101.º/5 do Código do Registo Predial, e que não se enquadre no disposto no artigo 58.º/2 do mesmo Código, deve ser promovido pelo proprietário ou titular do bem ou direito penhorado no prazo de 30 dias a contar da data em que tiver sido titulado o facto jurídico extintivo (artigos 8.º-A, n.º1, alínea a), 8.º-B, n.º1, alínea f), e 8.º-C, n.º1, do Código do Registo Predial). II Segundo a interpretação fixada no ponto VI do Despacho n.º 74/2008, a quantia devida pelo incumprimento da obrigação de registar deve ser entregue por quem apresenta o registo, seja ou não o sujeito da obrigação de registar e, portanto, seja ou não o responsável pela sanção legalmente imposta. III Na falta de disposição legal que atribua ao apresentante ou a entidade que figure no elenco do artigo 8.º-B do Código do Registo Predial o ónus de provar a 10 Julgamos, assim, patente que não se reconhece no despacho judicial apresentado a declaração de extinção da execução pretendida no despacho de sustentação (cfr. o artigo 916.º/4 do CPC), nem no seu trânsito em julgado o termo inicial do prazo a que alude o artigo 8.º-C/1 do CRP. 11 Lembramos que ao serviço de registo cumpre acatar as interpretações superiormente fixadas e ao intérprete cabe desvendar o sentido e alcance dos textos legais, mas é na norma que reside a interpretação do legislador, a sua concepção de Direito ou a ideia de Justiça a que adere, pelo que é também do legislador a visão da realidade social implicada. 8
obrigatoriedade do registo (artigo 33.º/1 do Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho) ou o termo inicial do prazo para a sua promoção (artigo 8.º-C/1 do Código do Registo Predial) para além do que possa resultar dos documentos apresentados (artigo 68.º do Código do Registo Predial), cabe ao serviço de registo certificar-se de que a obrigação existe e apurar o prazo para o seu cumprimento, realizando as diligências complementares que se mostrem necessárias para o efeito. Parecer aprovado em sessão do Conselho Técnico de 28 de Abril 2011. Maria Madalena Rodrigues Teixeira, relatora, Luís Manuel Nunes Martins, Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, António Manuel Fernandes Lopes, José Ascenso Nunes da Maia. Este parecer foi homologado pelo Exmo. Senhor Presidente em 12.05.2011. 9
FICHA P.º CP 62/2010 SJC-CT SÚMULA DAS QUESTÕES TRATADAS Cancelamento de penhora Obrigação de registar: sujeito e prazo. Registo efectuado com base em certidão emitida nos termos do artigo 58.º/1 do CRP Responsabilidade pelo «agravamento» / entrega das quantias devidas 10