MENSAGEM DO PREFEITO. Dois anos de Planejamento e Gestão Estratégica na Prefeitura de Belo Horizonte



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Transcrição:

MENSAGEM DO PREFEITO Dois anos de Planejamento e Gestão Estratégica na Prefeitura de Belo Horizonte Em nosso programa de governo, reafirmamos os compromissos com as conquistas e a experiência das duas últimas décadas de administração municipal, apontamos a necessidade de melhorias em diversas áreas e setores e propusemos a busca e implementação de mecanismos de melhoria da qualidade dos serviços públicos. E assim tem sido feito desde que assumimos. Mas era urgente que se iniciasse a construção de um projeto de planejamento estratégico, objetivando dar maior eficácia à gestão pública e a possibilidade de projetarmos a cidade que queremos no futuro próximo. A partir do programa de governo apresentado em 2008, do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, do governo estadual e, com a colaboração de um conjunto de especialistas, pesquisadores, gestores públicos e privados, lideranças políticas, empresariais e sociais, a equipe técnica da Prefeitura consolidou dois níveis de planejamento estratégico para a cidade, com o apoio de uma consultoria especializada. No nível de curto e médio prazo, o BH Metas e Resultados, abrange 12 áreas de resultados e 40 projetos sustentadores que estão balizando as políticas e ações da Prefeitura de 2009 a 2012. Com ele, busca-se uma maior eficácia nas ações, políticas urbanas e sociais e em todos os serviços prestados pela Prefeitura. Para isto, uma metodologia de acompanhamento e gerenciamento de cada um dos projetos foi amplamente discutida e acordada entre todos os envolvidos, bem como uma definição clara de metas e resultados almejados. Os resultados podem ser acompanhados pela população por meio da internet, o que garante mais transparência à gestão dos recursos públicos. O de longo prazo visa a um horizonte de 20 anos, procurando definir e estabelecer indicadores e objetivos para a cidade que queremos ter em 2030. Este planejamento está possibilitando a identificação e antecipação de tendências e desafios em todos os setores da vida da cidade nas próximas duas décadas. Com estes balizamentos poderemos não só sonhar com a cidade que queremos, mas temos a possibilidade de construí-la efetivamente. São objetivos ousados, mas realistas, e sempre sujeitos a aperfeiçoamentos e atualizações. Há um ano, ao apresentarmos a primeira versão desse planejamento, assumimos o compromisso de buscarmos a compatibilidade entre a participação popular e democrática, o enfrentamento dos desafios e das demandas imediatas, os limites e possibilidades orçamentárias, o desenvolvimento sustentável e o planejamento de longo prazo, dentro de uma lógica de eficiência dos serviços públicos. Agora, apresentamos o Plano Estratégico BH 2030 revisto, em função da experiência destes 22 meses em que estamos à frente do governo municipal, procurando conjugar as necessidades do dia a dia e o planejamento do futuro, tão cheio de desafios e oportunidades. 2

Nesta versão estamos atualizando o conjunto de indicadores, de estratégias e de metas que compõem o nosso planejamento estratégico, que envolve todas as secretarias e áreas de atuação da Prefeitura e visa à consolidação de Belo Horizonte como uma cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida. A avaliação da primeira versão do Plano Estratégico BH 2030 por parte dos colaboradores foi positiva. A participação de muitas lideranças, de todas as áreas e setores sociais, em reuniões regionais e temáticas, nos permitiu aperfeiçoar nossas propostas, como é sempre o nosso desejo e a nossa prática. Como exemplo, destacamos a preocupação com a sustentabilidade ambiental e com o combate às drogas, que se manifestou com força nos debates realizados e está sendo devidamente reforçada nesta segunda versão. Desde a primeira versão, já tínhamos ressaltado a necessidade de darmos atenção especial ao processo de integração metropolitana, que vem sendo implementado, já que esta dimensão é imprescindível no planejamento de Belo Horizonte. É importante destacar que a Agência Metropolitana avançou muito na elaboração do Plano Diretor Metropolitano, fundamental para que todas as cidades da RMBH desenvolvam, de forma integrada, os seus planos. Destaque também deve ser dado ao fato de o Governo Federal ter concluído a definição de metas e indicadores gerais, temáticos e setoriais para o Brasil de 2022, em um trabalho coordenado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Esta será uma ferramenta fundamental para subsidiar o planejamento dos estados e dos municípios e que representa um grande passo para que o planejamento de médio e longo prazo se transforme em uma realidade em nosso país, o que não ocorria até então. Em Belo Horizonte estamos avançando muito neste rumo. Por iniciativa do Executivo e após amplas discussões, a Câmara Municipal aprovou um novo Plano Diretor e uma nova Lei de Uso e Ocupação do Solo. Iniciamos também, pela Regional Norte, a elaboração dos Planos Diretores das nove Regionais da cidade, que irão detalhar e dar maior eficácia ao nosso planejamento e às nossas políticas públicas, chegando mais perto das pessoas e de suas demandas. Belo Horizonte merece uma administração moderna, democrática e eficiente que resulte em uma cidade melhor para todos. Para isto temos buscado a construção permanente de consensos entre todos os atores sociais e políticos da cidade, acima das diferenças políticas ou partidárias e acima dos interesses particulares. É esta prática que está possibilitando a manutenção das conquistas e os avanços que Belo Horizonte vem conquistando a cada dia, melhorando a vida de todos. Vamos em frente! Marcio Lacerda Prefeito de Belo Horizonte 3

MENSAGEM DO PREFEITO- 1ª Versão do Plano Administração moderna, democrática e eficiente: uma cidade melhor para todos. Um dos maiores desafios dos governos democráticos na atualidade, especialmente nas grandes cidades, é a compatibilização de cinco variáveis que se entrelaçam: a ampliação do diálogo permanente com a sociedade e seus representantes; o atendimento das demandas do dia a dia; as limitações orçamentárias; os impactos ambientais e os desafios de longo prazo, que exigem grande capacidade de planejamento, para além dos prazos definidos pelo mandato eletivo. Esse desafio é, muitas vezes, infelizmente, enfrentado por gestões imediatistas que pensam e agem apenas em função do curto prazo, o que leva ao adiamento do enfrentamento de problemas que, ao longo do tempo, vão se acumulando, gerando verdadeiros gargalos para as gerações futuras. Belo Horizonte, primeira capital planejada do país, para registre-se 200 mil habitantes, no final do século XIX, paga até hoje um alto preço por escolhas feitas ao longo de sua história e chega ao início do século XXI com dois milhões e meio de habitantes, rodeada por uma região metropolitana que chega a cinco milhões, com uma demanda urbana e social crescente e complexa. O planejamento inicial foi totalmente atropelado em pouco mais de um século de existência de nossa cidade, especialmente nas décadas de 70 e 80, quando houve uma explosão populacional, gerando um conjunto de carências e demandas urbanas e sociais. Tome-se como exemplo a evolução nas décadas de 60 a 80. Em 1960, Belo Horizonte registrava uma população de 693 mil pessoas; em 1980, apenas vinte anos depois, já éramos um milhão e setecentas mil pessoas vivendo na cidade. Com o retorno da democracia ao Brasil, ainda que limitada, em meados dos anos 80, a cidade passa a eleger seus prefeitos e, nesse processo, dá início a um ciclo de gestões participativas que começaram a enfrentar uma herança histórica de problemas que se acumulavam em todas as áreas e regiões. Esse ciclo é responsável por construir uma nova relação política, de continuidade e aperfeiçoamento de projetos e por estabelecer um conjunto de programas de enfrentamento das questões urbanas e sociais, notadamente através do Orçamento Participativo e das Políticas Sociais, que começaram a inverter a lógica da exclusão social. Esse modelo de administração foi bastante fortalecido após 2002. A partir daí, a Prefeitura de Belo Horizonte pode dar início a um trabalho de parceria com os governos federal e estadual, fato que propiciou um ciclo de retomada de investimentos públicos na cidade, como nunca antes havia ocorrido. A gestão atual, eleita no bojo de uma ampla e inédita aliança, herdou um conjunto de fatores que facilitam nossa tarefa, hoje e no futuro. Entre esses fatores, destacam-se: uma prática consolidada de cooperação com o governo estadual; uma saudável continuidade administrativa; finanças municipais em ordem; equipe de trabalho competente e motivada e um ambiente político, social e cultural propício a uma cooperação de esforços na construção do futuro. Além desses 4

fatores, não se pode deixar de assinalar que nossa cidade é abençoada pela qualidade de sua gente, de sua história e de suas tradições. A eleição municipal de 2008 consolidou esse modelo e criou as condições para um novo salto: a busca e implementação de mecanismos de melhoria da qualidade dos serviços públicos. O programa de governo com o qual fomos eleitos reafirmou os compromissos com as conquistas e a experiência das últimas décadas e apontou a necessidade de melhorias em diversas áreas e setores da Administração Municipal. Organizado em 12 áreas temáticas e 176 propostas, o programa de governo não foi uma peça de ficção eleitoral. Ao contrário, ele possibilitou que iniciássemos um processo de planejamento estratégico na Prefeitura com o objetivo de dar maior eficácia à gestão pública, estabelecendo metas e buscando resultados, tendo como norte a busca da justiça social e a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos. Além do programa de governo, esse planejamento teve também como referência importante a experiência de elaboração do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) do governo estadual, que tem se revelado um instrumento fundamental para Minas Gerais. Com o apoio de um conjunto de especialistas, pesquisadores, professores, gestores públicos e privados, lideranças políticas, empresariais e sociais que, gentilmente, colaboraram na construção de diagnósticos e cenários sobre Belo Horizonte, através de entrevistas, a equipe técnica da Prefeitura elaborou os dois níveis do planejamento estratégico para a gestão da cidade, com o apoio de uma Consultoria Especializada. No primeiro nível, de curto e médio prazo, já em implementação, foi construído o BH Metas e Resultados, um programa que abrange 12 Áreas de Resultados e 40 Projetos Sustentadores, que balizarão as políticas e ações da Prefeitura entre 2009 e 2012. Com o BH Metas e Resultados objetiva-se uma maior eficácia nas ações, políticas urbanas e sociais e em todos os serviços públicos prestados pela Prefeitura. Para isso, uma metodologia de monitoramento e gerenciamento de cada um dos projetos foi amplamente discutida e acordada entre todos os envolvidos, bem como a definição clara de metas e resultados almejados. Ao mesmo tempo, em função das incertezas advindas dos reflexos da crise internacional nos orçamentos públicos e nas fontes tradicionais de financiamento, optamos por trabalhar com cenários realistas, que garantam a viabilização dos projetos. Outra inovação é o fato de os 40 Projetos Sustentadores poderem ser acompanhados pela população por meio da internet, o que garante mais transparência à gestão dos recursos públicos. 5

Os 40 Projetos Sustentadores serão complementados e reforçados pela elaboração do Planejamento Plurianual de Ação Governamental (PPAG), que será enviado à Câmara Municipal para apreciação, assim como o Orçamento Municipal para cada um dos próximos três anos. Durante todo esse processo, a cidade será sempre chamada a continuar participando, seja através das Conferências Municipais setoriais, seja por meio de outros mecanismos de consulta ou discussão pública. Como exemplo, temos a realização recente da Conferência Municipal de Política Urbana, que envolveu diversas rodadas de discussão, com reuniões em oito sábados consecutivos e com mais de três mil participantes de todas as regiões e setores da sociedade, com destaque especial para a presença e participação do setor empresarial. Por todos esses motivos, essa Conferência pode ser considerada um marco no aperfeiçoamento dos mecanismos de participação popular e de busca de consensos na construção de políticas públicas. Com base nas discussões e propostas da Conferência, a Prefeitura encaminhará à Câmara Municipal, para apreciação e deliberação, proposta de um novo Plano Diretor, mais moderno e atualizado frente à complexidade da vida urbana em nossa cidade, além da nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo e do Código de Posturas. Por uma feliz coincidência, estamos iniciando a discussão dessas leis acima citadas, juntamente com a elaboração do PPAG, com as metas para o nosso mandato e o planejamento de longo prazo para a cidade. Assim, teremos uma oportunidade singular de termos um conjunto articulado de leis, tanto para o presente quanto para o balizamento fundamental para a construção do futuro. Nesse contexto de construção democrática de marcos regulatórios para o planejamento e a ação governamental, atenção especial está e continuará sendo dada ao processo de integração metropolitana, já em andamento e que precisa ser reforçado já que essa dimensão é imprescindível no planejamento de Belo Horizonte. É de se ressaltar que a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) tem uma oportunidade singular de avançar no rumo de um planejamento metropolitano, dado o desenho institucional avançado que já se definiu com a criação da Agência Metropolitana e sua estrutura de integração, que a colocam na vanguarda em nível nacional. Nesse rumo, temos certeza de que estamos consolidando, a cada dia, um ponto de vista comum ao Governo do Estado e às entidades representativas dos prefeitos da RMBH: o destino de nossas cidades está atrelado, e somente com articulação solidária e planejamento conjunto poderemos vencer os muitos desafios da vida metropolitana. No segundo nível, de longo prazo, iniciamos a construção de um planejamento estratégico de 20 anos, procurando definir e estabelecer indicadores e objetivos para a cidade que queremos ter em 2030. Ousado, porém realista, esse planejamento vai possibilitar, dentro de uma visão de longo prazo, a identificação e antecipação de tendências e desafios em todos os setores da vida da cidade nas próximas duas décadas. 6

Como todo planejamento de longo prazo, sobretudo em se tratando de planejar a vida de uma grande metrópole, esse processo deverá ser o mais aberto e democrático possível, com o envolvimento de todas as entidades representativas da cidade e com o acompanhamento e participação popular. Com esse planejamento, Belo Horizonte contará com uma bússola para não se perder no imediatismo desorganizador. Com essa bússola, poderemos não só sonhar com uma cidade cada vez melhor, mas ter a possibilidade de construíla, pois o futuro de uma cidade é fruto de consensos e de escolhas que fazemos no presente. O melhor cenário previsto em nosso planejamento para 2030 só será alcançado se envolvermos nos debates e na busca de convergência todos os agentes que são os pilares do sistema democrático: a imprensa, os governos federal e estadual, a Câmara Municipal, a Assembleia Estadual, o Congresso Nacional, o Judiciário, o Ministério Público, as Organizações Não Governamentais (ONGs), os organismos internacionais de cooperação, as entidades empresariais, os sindicatos, as igrejas, as universidades, as prefeituras da RMBH, as associações comunitárias; enfim, todos os setores de nossa sociedade. Como ações práticas, sugerimos que todos acessem os documentos que serviram de base para essa discussão e que estão disponíveis no site da Prefeitura, organizem debates e enviem suas colaborações. No curto prazo, até dezembro próximo, a Prefeitura estará mobilizada para discutir e aprovar o PPAG na Câmara Municipal. Assim, consideramos que esse deve ser o foco inicial dos debates, sem que percamos de vista a visão de futuro para 2030. Na sequência, de janeiro a maio de 2010, poderemos trabalhar no detalhamento do planejamento de longo prazo (2030) e, assim, subsidiar as discussões sobre a questão metropolitana nas eleições de 2010, que serão decisivas para nossa caminhada. Assim, ao lançarmos publicamente o BH Metas e Resultados e o Planejamento Estratégico para BH 2030, assumimos claramente a decisão e o compromisso de buscarmos a compatibilidade entre a participação popular e democrática, o enfrentamento dos desafios e das demandas imediatas da cidade, os limites e possibilidades orçamentárias, o desenvolvimento sustentável e o planejamento de longo prazo, dentro de uma lógica de eficácia dos serviços públicos. Com isso estamos dando um passo fundamental para melhorarmos ainda mais a vida da cidade e das pessoas, enfrentando os desafios do presente e planejando o futuro: uma cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida. Belo Horizonte merece. Marcio Lacerda Prefeito de Belo Horizonte 7

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Sumário Uma Carta do Futuro: Belo Horizonte em 2030...11 A Construção do Futuro Desejado...12 Capítulo 1. Belo Horizonte em 2030: Visão, Metas e Objetivos Estratégicos...17 1.1 Visão de Futuro 2030...17 1.2 Objetivos Estratégicos de Longo Prazo...22 Capítulo 2. Os Caminhos para o Futuro: Estratégias de Desenvolvimento...25 2.1 A Construção de Uma Cidade de Oportunidades...25 2.2 A Construção de Uma Cidade Sustentável...26 2.3 A Construção de Uma Cidade com Qualidade de Vida...28 2.4 As Estratégias de Desenvolvimento de Belo Horizonte...29 Capítulo 3. Por Onde Começar...32 Colaboradores...95 9

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Uma Carta do Futuro: Belo Horizonte em 2030 Estamos em 2030. Belo Horizonte acaba de alcançar padrões de qualidade de vida equivalentes àqueles observados em países desenvolvidos. O povo belo-horizontino tem grande orgulho pelo fato de sua cidade misturar de forma interessante a tradição mineira com uma agenda cosmopolita e de vanguarda em vários campos. São múltiplas as oportunidades de negócios e de empregos na cidade, em especial em empresas de serviços mais avançados e de base tecnológica. E a vida cultural é uma das mais dinâmicas do Brasil. Quem vive em Belo Horizonte goza de um ambiente urbano moderno e dinâmico, mas também de paz e tranquilidade. Os níveis de saúde e educação na cidade estão no mesmo patamar daqueles registrados nas principais metrópoles desenvolvidas. A mobilidade melhorou muito no período 2010-2030 e o transporte público de qualidade na capital mineira é para todos. Pessoas de todas as classes sociais participam do grande esforço coletivo de garantir sustentabilidade ao ambiente urbano, resultado de um ousado projeto de redução das emissões de gases poluentes e estímulo à utilização de fontes limpas e renováveis de energia, mudanças de comportamento da população e soluções criativas de organização do espaço. Grande parte do lixo é reciclada e as usinas de tratamento de resíduos são uma realidade. Exclusão social é coisa do passado em Belo Horizonte. Diferenças existem, mas a igualdade de oportunidades mudou para sempre a cidade. BH é uma metrópole integrada, onde se pode andar com segurança, em qualquer hora e lugar, e as drogas são um problema isolado e controlado que já não assolam mais com tanta intensidade a juventude de Belo Horizonte. Ao desembarcar do metrô e andar pelas ruas, observa-se o quanto a cidade mudou: as casas e os prédios estão mais bonitos e cuidados; as ruas são limpas, arborizadas e convidativas; antigos parques foram modernizados; novos espaços públicos foram construídos; a Lagoa da Pampulha e os principais rios, ribeirões e mananciais da cidade estão limpos e são muitos os espaços de lazer e interação social. A melhoria da qualidade da educação foi tratada como prioridade e, hoje, os índices de evasão escolar e qualidade do ensino são os melhores do Brasil e comparáveis a cidades destacadas no mundo. Analfabetismo não existe mais e é palavra proibida na cidade. 11

Nesta cidade, a população participa ativamente não apenas na formulação de políticas públicas, mas também na cobrança por resultados. Por isso, essa Belo Horizonte que é motivo de orgulho para seus munícipes não é fruto do acaso: é resultado das ações estratégicas empreendidas por toda a sociedade que, acima de tudo, confiou e soube trabalhar na construção de seu futuro. É cada vez melhor viver em Belo Horizonte: uma cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida. A Construção do Futuro Desejado O Futuro Pode Ser Construído A aceleração das mudanças de toda ordem é uma das principais características dos tempos que hoje vivemos. Trata-se de um processo dinâmico, complexo e sujeito a muitas incertezas, resultado de múltiplas interações entre protagonistas econômicos, políticos e sociais. Na dupla condição de agentes e pacientes desse processo, os protagonistas agem sobre a realidade e têm condições de fazê-la evoluir na direção de um futuro que deseja construir apenas quando têm um projeto compartilhado nesse sentido. Entretanto, uma ação efetiva para orientar o curso da realidade rumo ao futuro desejado será mais eficaz quanto menos improvisada for. Por isso, planejar o futuro é fundamental, mesmo diante de todas as incertezas inerentes a ele. Isso porque é possível reduzi-las e administrá-las com o auxílio de cenários e, a partir daí, desenhar estratégias que indiquem o caminho para alcançar esse futuro. É exatamente esta a motivação do Plano Estratégico de Belo Horizonte 2010-2030: construir uma visão de futuro para a cidade que seja compartilhada por todos os que podem contribuir para tanto nesse horizonte de tempo, e, mesmo em face das dificuldades previsíveis e das incertezas, indicar as iniciativas e ações necessárias para tornála uma realidade nos próximos 20 anos. O futuro pode ser construído. E o planejamento e a gestão estratégica são as ferramentas da sociedade e dos agentes públicos e privados para fazê-lo acontecer. 12

A Concepção do Plano Estratégico de Belo Horizonte O Plano Estratégico de Longo Prazo de Belo Horizonte foi elaborado com o propósito de dar uma resposta consistente às seguintes questões: onde estamos e aonde poderemos chegar? aonde queremos chegar? como chegaremos lá? por onde começar? Figura 1 - Planejamento Estratégico Fonte: Macroplan Prospectiva, Estratégia & Gestão (2009) 13

A resposta à primeira questão, onde estamos e aonde poderemos chegar?, tem o objetivo de mapear os principais desafios à construção do futuro projetado, bem como mapear as diferentes possibilidades de futuro para Belo Horizonte, antecipando oportunidades e riscos à sua concretização. Ela é inicialmente respondida por meio de uma avaliação retrospectiva e situacional de Belo Horizonte e de como se dá a sua inserção no contexto metropolitano. A análise tem o propósito de proporcionar uma visão ampla da cidade, indicando seus principais gargalos e potencialidades. Em seguida, a resposta é complementada com a construção de cenários exploratórios que indicam as condições de contorno e as principais incertezas da caminhada rumo ao futuro. Esses cenários configuram quatro imagens possíveis para Belo Horizonte em 2030. A avaliação retrospectiva e situacional de BH, bem como seus cenários futuros são detalhados no Apêndice. A segunda questão, aonde queremos chegar?, é respondida pela Visão de Futuro, que aponta a situação onde a sociedade de Belo Horizonte deseja viver em 2030. A Visão de Futuro para a capital mineira no horizonte 2010-2030 tem o propósito de servir de marco referencial para a construção de uma agenda estratégica de longo prazo que contribua para o desenvolvimento sustentável da cidade. Essa visão projeta Belo Horizonte como uma cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida. Ela está configurada sob a forma de um cenário desejado e, como tal, traz em seu núcleo características de uma conquista estratégica, desafiadora e difícil, porém alcançável no futuro. Complementarmente, a Visão de Futuro se desdobra em seis Objetivos Estratégicos de Longo Prazo, que têm como foco a geração de múltiplas oportunidades de trabalho e negócios, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento urbano em bases ambientalmente sustentáveis. Isso é apresentado no Capítulo 1. A Visão de Futuro de Belo Horizonte só se realizará se um conjunto de iniciativas de alta relevância for desenhado e realizado de forma concatenada ao longo do tempo. A sua materialização exigirá um esforço deliberado e coordenado de planejamento e implementação de iniciativas públicas e privadas, segundo um caminho que culmine na concretização de todas as transformações requeridas. As Estratégias de Desenvolvimento, detalhadas no Capítulo 2, são esses caminhos e respondem à questão: como chegaremos lá?. Para traduzir as Estratégias de Desenvolvimento em resultados concretos e mensuráveis para o povo de Belo Horizonte, a ação gerencial da Prefeitura de Belo Horizonte está organizada em 12 Áreas de Resultado definidas no Programa de Governo Aliança por BH. Consistem nas áreas nas quais serão reunidos os melhores esforços e recursos visando às transformações e melhorias desejadas. Por isso, 14

guardam vínculo estreito com as Estratégias de Desenvolvimento de Longo Prazo. O detalhamento de cada Área de Resultado e dos 40 Projetos Sustentadores que as compõem fornece a resposta à quarta e última questão: por onde começar?, apresentada no Capítulo 3. O processo de construção deste Plano Estratégico foi desenvolvido em duas fases realizadas ao longo dos anos de 2009 e 2010. (ver figura 2) Primeiramente, foi desenvolvida pesquisa qualitativa envolvendo atores internos e externos à Prefeitura de Belo Horizonte. Além do Prefeito, foram entrevistados Secretários Municipais, Estaduais, empresários, acadêmicos, representantes de entidades de classe e especialistas com notório saber sobre Belo Horizonte. O resultado dessa etapa forneceu valiosas contribuições para a reflexão estratégica, uma vez que permitiu a identificação de temas críticos para o futuro da cidade. Em paralelo, a partir de consultas a especialistas e pesquisa documental, foi feita uma avaliação situacional de Belo Horizonte e da sua inserção no contexto metropolitano. O estudo analisa a forma de inserção de BH nas redes urbanas mundial, nacional e mineira, e diagnostica, empiricamente, a situação da cidade em alguns temas de grande relevância para o seu desenvolvimento. O resultado dessa etapa permitiu a identificação dos principais gargalos e potencialidades da capital mineira nas várias dimensões do desenvolvimento. Além de explicitar informações estratégicas do ponto de vista quantitativo e qualitativo, o estudo de avaliação situacional mapeou importantes condicionantes do futuro de Belo Horizonte. Esses condicionantes foram subsequentemente aprofundados em um estudo de cenários em que, a partir da construção de quatro diferentes possibilidades de futuro, são mapeadas as condições de contorno dos ambientes nacional, mineiro e belo-horizontino no período 2010-2030. Paralelamente a essas atividades, foi disponibilizada no site da Prefeitura uma consulta a sociedade de Belo Horizonte, na qual ela foi convidada a descrever como seria a cidade onde deseja viver em 2030. A consulta teve como resultado quase 2.300 sugestões de Visão de Futuro para BH advindas da sua população. Para concluir a formulação da 1ª Versão do Plano Estratégico BH 2030, os resultados das atividades anteriores foram consolidados e debatidos em duas Oficinas de Planejamento, que contaram com a participação, em tempo integral, do Prefeito, Secretários, técnicos e especialistas da administração pública direta e indireta do Município. 15

Em 2010, a primeira versão do Plano Estratégico foi colocada em consulta pública com o objetivo de colher percepções e opiniões sobre o Plano apresentado. Durante um período de três meses de julho a setembro foram realizadas pesquisas através do Site da Prefeitura, que abordaram principalmente questões relacionadas aos indicadores e as estratégias de desenvolvimento, e reuniões abertas à população. Foram realizadas nove reuniões nas Regionais de Belo Horizonte Barreiro, Centro Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova e cinco reuniões Temáticas abordando os temas: Educação e Juventude; Infraestrutura; Desenvolvimento Econômico; Políticas Sociais, Segurança e Cultura; e Saúde. As consultas, tanto presenciais como pela internet, tiveram o propósito de envolver os cidadãos de Belo Horizonte no Plano Estratégico, bem como ouvir suas sugestões e críticas em relação ao plano, utilizando-as como subsídio para fortalecer as Estratégias de Desenvolvimento e preenchimento de eventuais lacunas. Todo esse conteúdo foi analisado e utilizado para melhoria e construção de uma nova versão do Plano. Portanto, o Plano Estratégico de Belo Horizonte 2010-2030 que é apresentado neste documento é o produto final de todo o processo de planejamento realizado em 2009, somado à consulta pública junto à sociedade de Belo Horizonte feita em 2010, devendo ainda ser objeto de atualizações periódicas. Figura 2 -O Processo de Planejamento Estratégico de Belo Horizonte 16

Capítulo 1 Belo Horizonte em 2030: Visão, Metas e Objetivos Estratégicos 1.1 Visão de Futuro 2030 A Visão de Futuro para Belo Horizonte é a imagem que descreve a situação desejada para a capital mineira no ano de 2030. É, portanto, a síntese dos desejos e das aspirações dos belo-horizontinos quanto ao futuro da sua cidade. Configurada sob a forma de uma imagem desejada, ela apresenta em seu núcleo características de uma conquista estratégica, desafiadora e difícil, porém alcançável no espaço de tempo planejado. Desafiante e mobilizadora, a Visão é, portanto, um sonho possível que deve ser conquistado por meio de esforços consistentes de toda a sociedade. Por isso, ela se constitui em um marco referencial para a construção da agenda de iniciativas estratégicas que contribuirá para que Belo Horizonte empreenda trajetória de desenvolvimento sustentável nos próximos vinte anos. Visão de Futuro Belo Horizonte 2030 Belo Horizonte: cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida Atributos: a) Cidade de Oportunidades Belo Horizonte gerará oportunidades de trabalho de qualidade, criadas pela expansão dos serviços de valor agregado, pela inovação e pelo empreendedorismo conjugados com o desenvolvimento econômico da região metropolitana. A cidade será uma metrópole de projeção internacional e economicamente atrativa, impulsionada pelo ambiente de negócios dinâmico e desburocratizado, pela oferta de serviços de qualidade e pelas parcerias entre os setores público e privado. Uma cidade que se diferenciará por ter a inovação tecnológica e a vitalidade cultural como elementos centrais para o seu desenvolvimento econômico, estimulando a valorização e retenção de talentos. 17

Reconhecida pela qualidade do seu capital humano e social, a cidade será um centro de criatividade, produção e difusão de conhecimento em intensa conectividade com o Brasil e o mundo. A cidade e seu entorno terão uma inserção competitiva nos sistemas logísticos estadual, nacional e internacional. b) Cidade Sustentável Belo Horizonte e região metropolitana serão reconhecidas pela sustentabilidade ambiental: qualidade dos recursos hídricos, preservação de áreas verdes, redução de emissões de gases poluentes e eficiência energética. A cidade será limpa e organizada, resultante do fortalecimento da cidadania, do aumento substancial da coleta seletiva e do tratamento adequado da água e dos resíduos. A cidade terá elevada capacidade de prevenção, mitigação e adaptação diante de ocorrências adversas de grande escala, como acidentes, epidemias e catástrofes. Continuaremos inovando e nos distinguindo como a cidade da gestão pública participativa, com forte consenso e coesão social em torno do projeto de futuro desejado e da boa qualidade das nossas instituições e políticas públicas. Belo Horizonte se integrará à construção de um futuro comum da região metropolitana, respeitando as autonomias e diversidades das demais cidades que a compõem. c) Cidade com Qualidade de Vida Belo Horizonte oferecerá um padrão digno de qualidade de vida para todos, viabilizado por redes colaborativas de serviços de saúde, educação, segurança pública, transporte, assistência social, habitação e de espaços de convivência, esportes, lazer e cultura, que se estendem pela região metropolitana. BH terá elevados padrões de mobilidade e acessibilidade, com um sistema de transporte público de qualidade, que permitirá o acesso rápido e econômico a qualquer ponto da região metropolitana. 18

A cidade desenvolverá, organizará e integrará todos os seus territórios de forma igualitária, equilibrada e eficiente, respeitando a especificidade de cada região. Uma cidade democrática, reconhecida pela inclusão e justiça social, pela garantia do exercício pleno da cidadania e pelo respeito à igualdade e à diversidade. Longe também das drogas e do poder do tráfico. Cidade bonita, boa para viver e reconhecida pelo seu ambiente urbano agradável, seguro e saudável. Continuaremos sendo uma cidade humana e solidária, onde as pessoas e as relações são muito importantes. A gentileza urbana será uma das nossas marcas. Sendo uma imagem-objetivo qualitativa, a Visão de Futuro de Belo Horizonte é complementada por meio de metas de longo prazo para indicadores que sintetizam a transformação idealizada para os próximos vinte anos 1. As metas globais para Belo Horizonte, cujo alcance fará da capital mineira uma cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida até 2030, são as seguintes: 1 - Aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 0,970 até 2030. Situação atual: IDH de 0,839 em 2003. (Fonte: PNUD) 2 - Aumentar o índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU) para 0,7 até 2030. Situação atual: IQVU de 0,59 em 2006. (Fonte: SMAPL) 3 - Reduzir a mortalidade infantil até 1 ano de idade para menos de 6 óbitos por mil nascidos vivos até 2030. Situação atual: Taxa de mortalidade infantil de 13 por mil nascidos vivos em 2007. (Fonte: DataSUS) 4 - Reduzir o percentual de internações por condições sensíveis à atenção básica para 13,96% até 2030. Situação atual: 19,69% de internações por condições sensíveis à atenção básica em 2008. (Fonte: SIH/MS) 5 - Reduzir a taxa de internação por fratura de fêmur por 10 mil idosos para 13,74 até 2030. Situação atual: Taxa de idosos internados por fratura no fêmur de 15,90 por 10 mil idosos em 2008. (Fonte: SIH/MS) 6 - Reduzir a taxa de mortalidade materna por 100 mil nascidos vivos para 30 até 2030. Situação atual: Óbito de mulheres em idade fértil de 10 a 49 anos por causas relacionadas a gestação de 50 por 100 mil nascidos vivos em 2009. (Fonte: SIM/SINASC) 1 As metas de longo prazo são vinculadas às 12 Áreas de Resultado da Prefeitura de Belo Horizonte nos próximos qautro anos, acrescidas de uma meta síntese associada ao desenvolvimento humano. As metas de médio prazo são destacadas no âmbito da descrição de cada uma dessas Áreas, apresentadas em detalhe no Capítulo 3. 19

7 - Aumentar para 12 anos de estudo o nível de escolaridade média da população com idade igual ou superior a 25 anos. Situação atual: Escolaridade média da população adulta de 8,1 anos de estudo em 2000. (Fonte: IBGE) 8 - Reduzir o percentual de alunos no 3 ciclo do ensino fundamental com idade superior a recomendada para 4% até 2030. Situação Atual: 5,2% de alunos no 3 ciclo do ensino fundamental com idade superior a recomendada em 2009. (Fonte: SMED) 9 - Aumentar o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para 7,7 nas séries iniciais e 6,8 nas séries finais em 2030. Situação atual: IDEB de 5,3 nas séries iniciais da rede municipal, 3,8 nas séries finais da rede municipal, 5,6 nas séries iniciais da rede pública (estadual e municipal) e 3,9 nas séries finais da rede pública em 2009. (Fonte: MEC/INEP) 10 - Aumentar o Índice de Mobilidade em modos de transporte coletivos para 70% até 2030. Situação atual: Percentual de viagens em modos coletivos em relação ao total de viagens em modos motorizados igual a 54,2% em 2008. (Fonte: BHTrans) 11 - Reduzir a taxa de homicídios por 100 mil habitantes para menos de 10 até 2030. Situação Atual: Taxa de homicídios de 39,4 por 100 mil habitantes em 2007. (Fonte: SEDS/FJP) 12 - Reduzir a taxa de mortalidade por acidentes de trânsito por 100 mil habitantes para 5 até 2030 Situação atual: Taxa de mortalidade por acidentes de trânsito de 11,21 por 100 mil habitantes em 2008 (Fonte: Detran-MG) 13 - Ampliar as áreas de preservação, proteção e de interesse ambiental para 12 m² de área verde por munícipe até 2030. Situação atual: Extensão de áreas verdes de 9,4 m² por munícipe em 2000. (Fonte: Programa BH Verde / SMAMA) 14 - Aumentar o Índice de Salubridade Ambiental para 0,96 até 2030. Situação atual: Índice de Salubridade Ambiental de 0,85 em 2008. (Fonte: Plano Municipal de Saneamento) 15 - Reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa para 1,05 toneladas de CO ² por habitante, até 2030. Situação atual: 1,32 toneladas de CO ² por habitante em 2007. (Fonte: MundusCarbo) 16 - Aumentar o PIB per capita para R$ 47 mil até 2030. Situação atual: PIB per capita de R$ 15,83 mil em 2006. (Fonte: IBGE) 20

17 - Aumentar o número de empregos formais para 3.000.000 até 2030. Situação atual: Número de empregos formais registrados no município e informado ao Ministério do Trabalho e Emprego de 1.265.316 em 2008. (Fonte: SMPL) 18 - Aumentar o número de novas empresas criadas por empresas extintas para 6,5 até 2030. Situação atual: Número de novas empresas constituídas por empresas extintas de 4,14 em 2009. (Fonte: Jucemg) 19 - Universalizar, até 2030, o acesso da população à rede sem fio (hotspots) em áreas públicas (praças, parques, vilas e prédios públicos). Situação atual: 12 pontos em áreas públicas de acesso a Internet sem fio em 2008. (Fonte: Prodabel) 20 - Universalizar o saneamento até 2030. Situação atual: Situação atual: A proporção da população com acesso a água encanada e a esgotamento sanitário adequado era de, respectivamente, 97% e 93% em 2000. A proporção da população com acesso a destinação adequada de lixo era de 98% em 2000. O percentual de esgoto tratado era de 32,4% em 2006. (Fonte: IBGE) 21- Erradicar o déficit habitacional em Belo Horizonte até 2030. Situação atual: Déficit de 57.639* habitações em 2008. (Fonte: Ministério das Cidades) 22 - Ampliar a participação da sociedade na gestão da cidade, alcançando 40% da população até 2030. Situação atual: Percentual da população envolvida na elaboração do Orçamento Participativo de 6,5% em 2008. (Fonte: GEOP/SMPL) 23 - Reduzir o percentual da população situada abaixo da linha de pobreza para menos de 5% até 2030. Situação atual: Taxa de pobreza de 14,2% em 2000. (Fonte: IBGE) 24 - Aumentar os investimentos públicos e privados realizados em Cultura para 0,2% do PIB do município até 2030 Situação atual: Total da despesa realizada na Função Cultura de 0,07% em relação ao PIB do município. (Fonte: IBGE) 25 - Reduzir a diferença entre os municípios da RMBH de maior e menor desenvolvimento humano para 1,1 até 2030. Situação atual: Razão entre o IDH mais elevado e o mais baixo da RMBH igual a 1,2 em 2003. (Fonte: PNUD) * O Déficit Habitacional foi calculado considerando que 50% dos domicílios urbanos da RMBH estão em BH (Censo 2000) e considerando o déficit habitacional urbano da RMBH correspondente a 115.278 domicílios em 2008, segundo estudo da FJP e Ministério das Cidades. 21

1.2 Objetivos Estratégicos de Longo Prazo A materialização da Visão de Futuro, isto é, a geração de múltiplas oportunidades de trabalho e negócios, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento urbano em bases ambientalmente sustentáveis requerem o claro delineamento dos grandes objetivos que a cidade deverá perseguir em direção ao futuro desejado. Os Objetivos Estratégicos de Longo Prazo indicam esses desafios a serem superados pela sociedade belo-horizontina nas próximas duas décadas. Eles representam as grandes ênfases e os rumos escolhidos para o desenvolvimento da cidade e para a construção do seu futuro no horizonte 2010-2030. Nesse sentido, como desdobramento da Visão de Futuro de Belo Horizonte 2030, são destacados seis Objetivos Estratégicos de Longo Prazo para a cidade (ver figura 3): I. Multiplicar oportunidades de trabalho e promover ambiente favorável à criação e ao desenvolvimento de negócios, impulsionados por serviços de valor agregado, capital humano qualificado e inserção competitiva nas redes nacional e mundial de cidades; II. Buscar qualidade de vida para todos, sustentada na eficiente organização do espaço urbano e em redes colaborativas de serviços que se estendem pela região metropolitana; III. Promover a sustentabilidade ambiental, resultante da universalização do saneamento básico, da preservação de áreas verdes, da recuperação de áreas degradadas, da redução das emissões de poluentes, da eficiência energética e da boa capacidade de prevenção, mitigação e adaptação diante de ocorrências adversas de grande escala; IV. Assegurar as melhores condições de mobilidade, acessibilidade e conectividade em todo o espaço urbano e contribuir para a sua melhoria em âmbito metropolitano; V. Consolidar ambiente político-institucional de qualidade, baseado na integração metropolitana e em gestão pública democrática e participativa; e VI. Propiciar ambiente social que estimule a convivência alegre e saudável entre as pessoas. 22

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Capítulo 2 Os Caminhos para o Futuro: Estratégias de Desenvolvimento A Visão de Futuro de Belo Horizonte 2030 não se realizará inercialmente. A sua materialização exigirá um esforço deliberado de planejamento e implementação de iniciativas públicas e privadas, segundo um caminho que culmine na concretização de todas as transformações requeridas. As Estratégias de Desenvolvimento são esses caminhos. As Estratégias de Desenvolvimento se constituem nos eixos de implementação da Visão de Futuro. São as linhas de ação ou iniciativas altamente relevantes que indicam como a cidade alcançará seus Objetivos Estratégicos de Longo Prazo. Ela busca viabilizar o alcance da situação projetada para o futuro, sendo, portanto, o grande fio condutor para a construção de uma cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida. 2.1 A Construção de Uma Cidade de Oportunidades Atualmente, as grandes metrópoles que prosperam têm seu dinamismo econômico associado a setores modernos e inovadores, intensivos em conhecimento. Tais metrópoles diferenciam-se pela influência no âmbito internacional e reservam alguns traços comuns: são importantes centros de tomada de decisão; configuram-se como mercados amplos, dinâmicos e atraentes; possuem força de trabalho qualificada e diversificada e coerente com as necessidades do mercado; são ricas em oportunidades de trabalho para todos; e, por isso, capazes de atrair e reter talentos e abrigam setores econômicos de valor agregado. Com isso, têm elevada polarização sobre os territórios. Nesse aspecto, Belo Horizonte, apesar de ter sido criada com o objetivo de integrar e articular espacialmente o estado de Minas Gerais, tem sua capacidade de polarização sobre o território mineiro restringida pela influência de sistemas urbanos localizados nos estados fronteiriços. A ampliação da capacidade polarizadora de Belo Horizonte requer que a metrópole assuma papel diferenciado nos espaços geoeconômicos em que atua, inserindose estrategicamente nas redes de valor dos setores mais dinâmicos existentes nessas regiões. Nos cenários futuros, a capacidade de inovação e de prestação de serviços de valor agregado constituem-se os principais vetores de inserção da metrópole mineira nessas redes de negócios. O desenvolvimento de potencialidades econômicas associadas à tecnologia, ao conhecimento, à cultura, ao turismo e ao meio ambiente multiplica o poder da cidade em promover e atrair investimentos produtivos. Isso confere papel importante à construção de um ambiente econômico propício ao desenvolvimento 25

de negócios que, além de receptivo e desburocratizado, assegure elevada conectividade às cadeias produtivas e redes de serviços em todo o espaço urbano. O aumento da capacidade de polarização da Região Metropolitana de Belo Horizonte RMBH requer ainda a ampliação de seu nível de internacionalização. Para tal, a localização geográfica da capital mineira constitui-se em um valioso ativo estratégico, uma vez que Belo Horizonte se situa em um espaço geoeconômico e logístico que articula as principais economias do Brasil e da América do Sul. Assim, desenvolver a logística para atuar de forma integrada com outras metrópoles desses espaços para ampliar o acesso aos mercados internacionais torna-se elemento essencial da agenda estratégica de longo prazo da cidade. Além disso, a intensificação da globalização vem acompanhada de substancial aumento da competição internacional por capitais produtivos, financeiros e humanos. Esse fenômeno impõe importante papel aos atores econômicos, políticos e sociais de Belo Horizonte no sentido de induzir o investimento através do fortalecimento da competitividade da economia da cidade e de seu contexto metropolitano. Nesse sentido, além do desenvolvimento da logística e do ambiente de inovação, é indispensável promover um salto na qualidade da educação e no nível de escolaridade média da sua população. Já a retenção e atração de talentos para a capital mineira confere papel importante às iniciativas que busquem o seu desenvolvimento e a sua valorização. Para tal, a agenda estratégica de Belo Horizonte deve ter como um de seus principais pilares o fomento de boas oportunidades de trabalho e de qualificação profissional em todo o espaço urbano. Complementarmente, devem ser priorizadas ações que estimulem os fatores de identificação da população com a sua cidade, em especial aquelas associadas à promoção da sua vitalidade cultural. 2.2 A Construção de Uma Cidade Sustentável Historicamente, as cidades tendem a ficar ricas primeiro e limpas depois. Contudo, essa abordagem não tem respaldo na sociedade e pode ser arriscada em um contexto de mudanças climáticas: esses são motivos suficientes para que Belo Horizonte busque um modelo de desenvolvimento urbano ambientalmente sustentável. A sustentabilidade ambiental do processo de desenvolvimento de Belo Horizonte nos próximos anos tem como principais desafios a melhoria da qualidade dos recursos hídricos e a busca pela eficiência energética. O primeiro desafio confere caráter estratégico a iniciativas orientadas a uma ampliação 26

substancial do índice de esgoto tratado, à preservação e revitalização das nascentes e cursos d água e à destinação e tratamento adequados aos resíduos. Já o segundo será encarado por meio do incentivo à utilização de energias limpas e renováveis, com impacto na redução das emissões de gases poluentes e consequente melhoria na qualidade do ar. Além disso, a sustentabilidade ambiental do desenvolvimento também gera implicações positivas sobre a qualidade de vida, a atração e retenção de talentos e a consolidação de um ambiente propício ao convívio social. Por esse motivo, é de grande importância que a estratégia de longo prazo de Belo Horizonte também busque expandir e garantir a existência de espaços públicos de convívio social praças, parques e áreas verdes. A análise da sustentabilidade do desenvolvimento de Belo Horizonte sob um prisma mais amplo deve considerar a inclusão de aspectos ligados à dimensão institucional, como a governança metropolitana e a qualidade da gestão pública. Ao se planejar o futuro de Belo Horizonte, esta cidade não deve ser vista separadamente do seu entorno metropolitano. Ela deve ser considerada como uma metrópole que engloba, além da Capital, os demais 33 municípios que congregam a Região Metropolitana. Para isso, será necessário um amplo esforço de promoção da concertação política entre os municípios da região metropolitana. Por esse motivo, o sucesso da consecução da Estratégia de Desenvolvimento de Belo Horizonte requer que seja instituída governança metropolitana compartilhada e inovadora e baseada em redes integradas de serviços para o aproveitamento de sinergias e complementaridades econômicas, bem como para o equacionamento de problemas comuns. Nesse contexto, são atributos desejáveis: governança público-privada e participativa; participação ativa de entes privados por meio de parcerias e novas institucionalidades; protagonismo distribuído e baixo grau de dependência aos ciclos políticos. No curto prazo, a Prefeitura de Belo Horizonte e as demais prefeituras da RMBH, em parceria com o Governo do Estado, têm a oportunidade de virem a ser agentes propulsores da transformação em âmbito metropolitano. Para cumprir esse papel na construção de um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, o poder público deve impor a si próprio um conjunto de medidas firmes: gestão pública democrática, participativa e eficiente, capaz de gerar resultados para a sociedade belo-horizontina; e instituições públicas de qualidade. Ao exercer esse papel, o poder público será capaz de atrair o apoio e o engajamento de outros setores da sociedade, dado que é de todos a vontade de se construir uma metrópole saudável, economicamente 27

dinâmica e socioambientalmente sustentável. 2.3 A Construção de Uma Cidade com Qualidade de Vida De pouco adiantará fomentar oportunidades de trabalho e negócios, assegurar a sustentabilidade ambiental, promover a integração metropolitana ou imprimir maior velocidade às decisões e ações do poder público se isso não acarretar melhoria sustentável da qualidade de vida de todo o povo de Belo Horizonte. Por isso, é indispensável que a melhoria do ambiente econômico seja harmonizada com a busca e manutenção do bem-estar social na capital mineira. De fato, a atratividade aos investimentos não está condicionada apenas a fatores institucionais relacionados à qualidade do ambiente de negócios e à competitividade da economia. As decisões de investimento também são influenciadas pela capacidade do ambiente urbano em atrair e reter pessoas. Por isso, garantir uma cidade limpa e bonita consiste em um dos principais desafios da agenda de longo prazo de Belo Horizonte, o que irá exigir esforços direcionados ao fortalecimento da cidadania, ao ordenamento urbano e à destinação e tratamento adequados aos resíduos. Ademais, a cidade deve buscar a manutenção de um ambiente vivo e vibrante, com destaque para o incentivo a manifestações culturais, e a ações voltadas ao lazer, ao esporte e ao entretenimento terão papel importante nesse processo. Contudo, o desenvolvimento das pessoas será o principal determinante para que, até 2030, a qualidade de vida se consolide como uma das marcas de Belo Horizonte. É certo que as oportunidades de desenvolvimento das cidades dependem, cada vez mais, da qualidade de seu capital humano e do ambiente em que residem. Comumente expresso pela escolaridade média da população, o capital humano consiste em um conceito mais amplo, que inclui não apenas o grau de conhecimento e de capacidade para o trabalho dos residentes, mas engloba ainda a vitalidade da população, expressa por meio de indicadores de saúde e nutrição. O salto de qualidade na educação por meio da ampliação do acesso a um sistema de ensino qualificado, eficiente e orientado para resultados e uma melhoria substancial na saúde através de uma oferta equilibrada e integrada no espaço metropolitano são elementoschave da Estratégia de Longo Prazo da metrópole mineira. Adicionalmente, as pessoas também são diretamente influenciadas pela qualidade do ambiente no qual estão inseridas, o que confere papel estratégico àquelas iniciativas empreendidas nas áreas de transportes, segurança pública, habitação e também aquelas voltadas à redução dos níveis de pobreza e desigualdade. Nesse sentido, garantir a mobilidade e a acessibilidade no ambiente urbano deve ser 28