A ASTRONOMIA COMO INSTRUMENTO CONTEXTUALIZADOR DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NO ENSINO MÉDIO



Documentos relacionados
PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE)

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance

Mestrados Profissionais em Ensino: Características e Necessidades

Considerações sobre os projetos institucionais do PIBID/UFRB

INTEGRAR ESCOLA E MATEMÁTICA

O ENSINO NUMA ABORDAGEM CTS EM ESCOLA PÚBLICA DE GOIÂNIA

ENSINO DE ÁREA E PERÍMETRO DE FIGURAS PLANAS COM O USO DO TANGRAM

AS DROGAS COMO TEMA GERADOR PARA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

ATIVIDADES INVESTIGATIVAS E LÚDICAS NAS AULAS DE FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE A GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO PROGRAD-UENP. EDITAL PROGRAD/PIBID nº 09/2013

ENSINO SUPERIOR E REFORMULAÇÃO CURRICULAR

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID

Professores Regentes: Angela Aparecida Bernegozze Marlei Aparecida Lazarin Asoni Marlene Antonia de Araujo

SELEÇÃO DE BOLSISTAS PARA O PROJETO PIBID DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Divulgação da Astronomia na Região de Bambuí MG

As TICs como aliadas na compreensão das relações entre a Química e a Matemática

FACULDADES ADAMANTINENSES INTEGRADAS

REDE METODISTA DE EDUCAÇÃO DO SUL CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IPA REGULAMENTO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE DIREITO

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Silvia Helena Vieira Cruz

CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS VERGÍLIO FERREIRA

OFICINAS DO SUBPROJETO PIBID-FÍSICA DA UNIVAP: ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL DE FÍSICA E ASTRONOMIA

CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

A DEDUÇÃO DAS FÓRMULAS PARA OS CÁLCULOS DAS ÁREAS DAS FIGURAS PLANAS A PARTIR DO TANGRAM

Palavras-chave: Ensino de Ciências, Ensino Fundamental Formação Docente.

Eixo Temático: (Resolução de Problemas e Investigação Matemática) TRABALHANDO COM A TRIGONOMETRIA

PRÁTICAS CURRICULARES MATEMÁTICA

OFICINA: APROXIMAÇÕES NO CÁLCULO DE ÁREAS AUTORES: ANA PAULA PEREIRA E JULIANA DE MELO PEREIRA

NOME DO CURSO: A Gestão do Desenvolvimento Inclusivo da Escola Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: A distância. Parte 1 Código / Área Temática

PROJETO NÚCLEO DE ESTUDOS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR

INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA: ACÚSTICA PARA SURDOS

CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO Ano letivo

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA BÁSICA: DEMANDAS E PERSPECTIVAS

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A PRÁTICA DA PESQUISA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA EXTENSÃO

EDITAL nº 004/2016/PIBID- IFRR, 25 de janeiro de 2016

O PLANEJAMENTO DOS TEMAS DE GEOGRAFIA NA ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Edital N.º 15/UNOESC-R/2012 Abre processo de seleção de estudantes bolsistas para o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid.

PREPARANDO ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PARA O ENEM E PARA O VESTIBULAR

EDITAL PARA POSTO DE TRABALHO PROFESSOR COORDENADOR

Edital Nº 156 /2016 PIBID-PROEN

ERRATA AO EDITAL DA SELEÇÃO PÚBLICA SIMPLIFICADA Nº 001/2016 SME

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE PEDAGOGIA, LICENCIATURA. Resolução CP n. 01 Aparecida de Goiânia, 28 de janeiro de 2015.

A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos

ENSINO DO TEOREMA DE PITÁGORAS UTILIZANDO MATERIAL CONCRETO MANIPULÁVEL

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

CONTEXTUALIZAÇÃO DO CONTEÚDO DE TABELA PERIÓDICA UTILIZANDO RÓTULOS DE ALIMENTOS

Universidade de São Paulo Faculdade de Educação. Ações de formação e supervisão de estágios na área de educação especial

EDITAL PARA PREENCHIMENTO DE VAGA PARA PROFESSOR COORDENADOR

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

PIBID NA ESCOLA: AÇÕES QUE PROMOVEM A MELHORIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

CURSO DE PROGRAMAÇÃO BÁSICA PARA A OLIMPÍADA BRASILEIRA DE INFORMÁTICA EM DOURADOS

Pró-Reitora de Graduação da Universidade Federal de Goiás

RELATÓRIO DA FORMAÇÃO

RELAÇÃO DOS TRABALHOS XVIII ENACED

Aula 7 Projeto integrador e laboratório.

CRENÇAS DE PROFESSORES E ALUNOS ACERCA DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANOS DO MUNICÍPIO DE ALTOS PI

PLANO DE TRABALHO DOCENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO EDITAL Nº 21/2015/ PRG/ UFPB/PROMEB

1. A IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS EDUCACIONAIS.

A TABELA PERIÓDICA: JOGO DOS ELEMENTOS QUÍMICOS

Ministério da Educação Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educação - INEP CONCEITO PRELIMINAR DE CURSOS DE GRADUAÇÃO

EDITAL PARA SELEÇÃO DE PROFESSOR COORDENADOR DO ENSINO FUNDAMENTAL CICLO I

MANUAL DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior Cód CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR, ENSINOS BÁSICO e SECUNDÁRIO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO ESCOLAR

Magneide S. Santos Lima Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologia de Portugal. magneidesantana@yahoo.com.br. Resumo

O USO DE EXPERIMENTOS COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO ENSINO DE ELETROSTÁTICA

Destaca iniciativa do Ministério da Educação de ampliar o crédito estudantil para o financiamento dos cursos superiores a distância.

Orientações Para o Preenchimento do Formulário de Inscrição Preliminar dos Projetos

Estado de Alagoas Universidade Estadual de Alagoas- UNEAL Pró-Reitoria de Graduação- PROGRAD

LIVRO DIDÁTICO E SALA DE AULA OFICINA PADRÃO (40H) DE ORIENTAÇÃO PARA O USO CRÍTICO (PORTUGUÊS E MATEMÁTICA)

METODOLOGIA PARA O ENSINO DE POTÊNCIAS E RAÍZES QUADRADAS 1

O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS DE MANIPULAÇÃO NO ENSINO DE TRIGONOMETRIA NO ENSINO MÉDIO

ENERGIA SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA NO ENSSINO DE FÍSICA Fernando Japiassú Junior 1

TÓPICOS DE RELATIVIDADE E NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO MÉDIO: DESIGN INSTRUCIONAL EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM.

INDICADORES DE AVALIAÇÃO E QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

REGULAMENTO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Informática na Educação

ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

RESOLUÇÃO CGRAD 020/08, DE 16 DE JULHO DE 2008

TÍTULO: A ARTE COMO PROCESSO EDUCATIVO: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DO TEATRO NUMA ESCOLA PÚBLICA.

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EDITAL DE CONCURSO PARA PROGRAMA DE MONITORIA N O 01/2016 CONCURSO PARA INGRESSO DE MONITOR

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO: MATEMÁTICA NA PR@TICA. PÓS-GRADUACÃO LATO SENSU

COMUNICADO n o 003/2012 ÁREA DE HISTÓRIA ORIENTAÇÕES PARA NOVOS APCNS 2012

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

Possibilidades da EAD na formação continuada de professores centrada no protagonismo docente. Janeiro, 2014

O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DAS AÇÕES DE UMA ESCOLA PÚBLICA 1

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

QUÍMICO - HIDROCARBONETOS : Abordagem Lúdica

PLANEJAMENTO ACADÊMICO. Carga Horária: Presencial Distância Total PROFESSOR (A): MAT. SIAPE

Metodologias de Ensino para a Melhoria do Aprendizado

Palavras-Chave: Práticas de Ensino; Estágio Supervisionado; Avaliação; Prodocência.

para esta temática que envolvem o enfrentamento ao trabalho infantil tais como o Projeto Escola que Protege.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA GRUPO DE ESTUDOS CRONOGRAMA II ORIENTAÇÕES GERAIS

EDITAL PARA O PROCESSO SELETIVO CONTINUADO PARA 1º SEMESTRE DE 2016

Tecnologias Digitais no Ensino da Estatística

RESOLUÇÃO Nº. 181 DE 14 DE DEZEMBRO DE 2011.

COORDENAÇÃO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES OFICINAS 2015 MATRÍCULAS: DE 25 DE FEVEREIRO A 06 DE MARÇO

Transcrição:

I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Rio de Janeiro - 2011 1 A ASTRONOMIA COMO INSTRUMENTO CONTEXTUALIZADOR DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NO ENSINO MÉDIO Francele R. O. Silva 1, Francisco C. R. Fernandes 2 1 Universidade do Vale dos Paraíba - UNIVAP / Faculdade de Educação e Artes - FEA, francelesilva@yahoo.com.br 2 Universidade do Vale dos Paraíba - UNIVAP / Faculdade de Educação e Artes - FEA, guga@univap.br Resumo A Astronomia sempre desperta interesse em sala de aula e, por isso, pode contribuir na abordagem de muitos conteúdos, em particular diversos conteúdos matemáticos, que podem ser explorados de forma contextualizada na busca de uma aprendizagem mais significativa. Há uma forte relação entre Matemática e Astronomia. No entanto, tal relação não parece ser muito explorada no ambiente escolar, seja no Ensino Fundamental (de forma mais qualitativa e lúdica) ou no Ensino Médio (de forma mais quantitativa). Visando contribuir para um suporte ao ensino formal da Matemática no Ensino Médio, é apresentada e discutida uma proposta de utilização das oficinas de Astronomia do projeto PIBID em execução na UNIVAP, como instrumento para fortalecer o ensino de conteúdos matemáticos. A proposta consiste na elaboração de um material de apoio didático-pedagógico para identificar e explorar a aplicação de conteúdos matemáticos específicos, abordados em sala de aula, presentes nas oficinas de Astronomia. Durante as oficinas, diversos conceitos matemáticos, como notação cientifica, potenciação, cálculo de volume e regra de três, são destacados e trabalhados com os alunos em um contexto de fenômenos astronômicos. Para cada uma das oficinas, os conceitos matemáticos presentes são abordados de forma que o aluno possa destacar sua aplicação. Até o momento, já foram realizadas 4 oficinas práticas, com cerca de 80 alunos do 2º. ano do Ensino Médio das Escolas Estaduais participantes Dr. Pedro Mascarenhas e Prof. Pedro Mazza, de São José dos Campos, SP. Pretende-se, com esse trabalho, a sistematização dessas atividades práticas na forma de um material de estudo e/ou apoio didático-pedagógico para possível aplicação em sala de aula. Este material de apoio para as oficinas realizadas e os conteúdos matemáticos explorados em cada uma delas será apresentado. Tal proposta é parte integrante de um Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Matemática, em andamento. Palavras-chave: Matemática, contextualização, Astronomia A Astronomia no Ensino da Matemática A Astronomia sempre fascinou o ser humano desde os primórdios das civilizações. Entender este fascinante universo que nos cerca foi e continua sendo um grande desafio, em particular para as crianças e adolescentes. A abordagem deste tema, que desperta tanto interesse em sala de aula, pode contribuir na abordagem de muitos conteúdos matemáticos por parte dos educadores, que, muitas vezes, nunca tiveram contato com tais temas anteriormente. O interesse dos estudantes e a gama de conhecimentos que a Astronomia nos permite explorar a transformam num ótimo assunto para trabalharmos, em especial a Física e a Matemática, de forma contextualizada, favorecendo um aprendizado mais significativo.

I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Rio de Janeiro - 2011 2 Segundo Barbosa et al. (2010): O ensino da Física deve promover um diálogo entre as idéias préconcebidas dos alunos e as idéias científicas ministradas em sala de aula. Não deve privilegiar a fixação de conceitos pela repetição de exercícios puramente procedimentais, pela automatização ou memorização, mas favorecer experiências e ações pedagógicas baseadas na percepção dos conceitos físicos pela associação de sua ocorrência na natureza, favorecendo um aprendizado alicerçado na construção do conhecimento. A ineficiência do ensino atual não representa um despreparo de professores ou de condições escolares inadequadas, mas sim uma deficiência metodológica. De acordo com Langhi (2004) pesquisas no ensino de ciências têm identificado a existência de diversas idéias de senso comum a respeito de fenômenos astronômicos por parte de alunos e professores, muitas delas tendo origem em trajetórias docentes que antecedem às trajetórias formativas inicial e continuada. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) se referem a estas idéias (concepções alternativas) quando explicam que os estudantes possuem um repertório de representações, conhecimentos intuitivos, adquiridos pela vivência, pela cultura e senso comum, acerca dos conceitos que serão ensinados na escola (BRASIL, 1997). Para Tignanelli (1998), a criança procura as suas próprias explicações, geralmente sustentadas pela sua fantasia, seja mítica ou mística. Se não lhe forem apresentadas outras opções, esse pensamento mágico da criança persistirá durante toda a sua vida. Contextualização Segundo o Dicionário Interativo da Educação Brasileira, contextualização é o ato de vincular o conhecimento à sua origem e à sua aplicação e vem sendo amplamente divulgada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) como princípio curricular central dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), capaz de produzir uma revolução no ensino. Ainda de acordo com o PCNs, o conhecimento contextualizado é encarado como uma ferramenta, ou um método que a escola se dispõe para tirar o aluno da condição de um simples agente passivo do conhecimento para um agente que contribui na construção do seu próprio conhecimento. Neste sentido, visando contribuir para um suporte ao ensino formal da Matemática no Ensino Médio, e tendo como base a contextualização, é apresentada e discutida uma proposta de utilização das oficinas de Astronomia do projeto PIBID. O Projeto PIBID-UNIVAP O Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), cuja principal finalidade é proporcionar aos futuros professores a participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar e que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. A iniciativa também visa incentivar as escolas públicas de educação básica a tornarem-se protagonistas nos processos formativos dos estudantes das licenciaturas, assim como promove a integração entre educação

I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Rio de Janeiro - 2011 3 superior e educação básica pela inserção dos estudantes de licenciatura no cotidiano de escolas da rede pública de educação. O Projeto PIBID-UNIVAP, intitulado Universidade e escola pública: espaço de formação docente (BARBOSA et al., 2010) entrou em vigor em meados de 2010 e agrega quatro subprojetos. Entre eles, está o subprojeto de Física: Ensino de Física contextualizado pela Astronomia. O subprojeto de Física tem como base pedagógica os conceitos de interdisciplinaridade e contextualização pautados pela Astronomia e, portanto, se mostra ideal como motivador para uma metodologia complementar de ensino nãoformal de conteúdos físicos de nível médio. A equipe do subprojeto de Física é composta por dois professoressupervisores das escolas estaduais participantes, E. E. Prof. Pedro Mazza e E. E. Dr. Pedro Mascarenhas, nove alunos de graduação e um professor coordenador da Faculdade de Educação e Artes (FEA) da UNIVAP. As atividades práticas foram iniciadas em setembro de 2010 e são aplicadas a cerca de 80 alunos do Ensino Médio das duas escolas. As Oficinas Seguindo a proposta do subprojeto em execução na UNIVAP, foram aplicadas aos alunos do 2º ano do Ensino Médio das duas escolas participantes, até o momento, as seguintes oficinas práticas (elaboradas a partir de materiais elaborados e disponibilizados por diversos autores): 1ª. Oficina: Escalas do Sistema Solar 2ª. Oficina: Terra, Sol e Lua 3ª. Oficina: Luz, Cor e Calor 4ª. Oficina: Planetário Portátil e Observação. As oficinas foram aplicadas período da tarde (período contrário ao horário de aula), com exceção da observação noturna. As subseções, a seguir, apresentam algumas descrições destas oficinas, os objetivos, a metodologia e os conteúdos abordados. Para cada oficina é elaborado, além do roteiro com as instruções de procedimento, um resumo dos principais conceitos físicos e astronômicos abordados (MILONE, 2003) (Figuras 1 a 3). Figura 1- Alunos durante oficina "Escalas do Sistema Solar"

I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Rio de Janeiro - 2011 4 Figura 2 - Alunos durante oficina "Terra, Sol e Lua" Figura 3 - Observação do céu com os alunos Resultados e Discussão Por meio da execução das oficinas e da observação, foram discutidos os seguintes conteúdos físico-matemáticos: notação científica, dimensões, unidades, escalas, volume, dimensões, luz, calor, velocidade, tempo, luz, radiação, calor, temperatura, espectro eletromagnético, sistema de coordenadas, ângulos, trigonometria e campo magnético, além de conteúdos interdisciplinares, como meio ambiente, preservação, mudanças climáticas, efeito estufa, estações do ano, latitude, longitude, equador e meridianos. Foi possível constatar que os alunos demonstraram grande interesse pelas atividades realizadas. Desta forma, os alunos puderam vivenciar, pela experimentação proporcionada durante a realização das oficinas e, posteriormente, por meio das observações, diversos conceitos e puderam assimilar diversos conhecimentos de forma mais eficiente, prazerosa e significativa. Tal constatação vai ao encontro das palavras de Micotti (1999), que afirma: A aplicação dos aprendizados em contextos diferentes daqueles em que foram adquiridos exige muito mais que a simples decoração ou a solução mecânica de exercícios: domínio de conceitos, flexibilidade de raciocínio, capacidade de analise e abstração. Essas capacidades são necessárias em todas as áreas de estudo (...).

I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Rio de Janeiro - 2011 5 Assim, pode-se dizer que o principal objetivo das oficinas e observação foi atingido. Os alunos perceberam as aplicações da Matemática, da Física e de vários de seus conceitos no contexto de diversos fenômenos astronômicos, favorecendo a percepção de que a Matemática e Física são ferramentas úteis e indispensáveis para interpretar e compreender muitos fenômenos do cotidiano. Os recursos e práticas utilizados durante as oficinas e observação se mostraram relevantes na contribuição de um ensino interdisciplinar e contextualizado, priorizando a integração da teoria com a prática, atuando como agentes facilitadores no processo de ensino-aprendizagem e fazendo o estudante sentir a aplicação do conhecimento abordado no seu dia-a-dia. Conclusão Este trabalho é uma breve descrição de oficinas de Astronomia que visam identificar e explorar a aplicação de conteúdos matemáticos específicos, abordados em sala de aula que serão apresentados em forma de apostila, a qual poderá ser utilizada como um material de apoio didático-pedagógico a fim de fortalecer o ensino-aprendizagem. Pode-se concluir que os resultados dessas intervenções didáticas não-formais, caracterizadas pela realização das oficinas práticas, indicam que a contextualização de atividades experimentais pode representar uma excelente forma de contribuir para a melhoria do ensino de Física e Astronomia. Neste sentido, o subprojeto vem se concretizando como uma experiência bem sucedida de educação não-formal, mesmo que de pequena abrangência, pois está sendo aplicado apenas em duas escolas. Finalmente, podemos concluir este relato destacando que atividades práticas devem ser ampliadas com a inauguração do Observatório Astronômico e Espacial da UNIVAP, prevista para o final de 2011. O Observatório será dedicado a atividades didático-pedagógicas e de divulgação científica e contribuirá para ampliar as ações de ensino não-formal de Astronomia, como as iniciativas descritas neste trabalho, fortalecendo o papel da UNIVAP no campo da extensão e prestação de serviços à comunidade. Agradecimentos Os autores agradecem à CAPES pelas bolsas de Iniciação à Docência, Supervisão e Coordenação do PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Edital Nº 018/2010/CAPES. Agradecem também às Diretorias das Escolas Estaduais Dr. Pedro Mascarenhas e Prof. Pedro Mazza e à Direção da Faculdade de Educação e Artes da Univap pelo apoio à realização do projeto. Referências BARBOSA, C. L. D. R. et al. Universidade e escola pública: espaço de formação docente. Projeto Institucional PIBID/UNIVAP, submetido ao edital PIBID Municipais e Comunitárias, CAPES, 2010. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEMTEC. 1997. LANGHI, R. Um estudo exploratório para a inserção da Astronomia na formação de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência). Bauru: Faculdade de Ciências, UNESP, Bauru, 2004.

I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Rio de Janeiro - 2011 6 MICOTTI, M. C. O. O ensino e as propostas pedagógicas. In: BICUDO, M.A.V. Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999 MILONE, A. C. A Astronomia no dia-a-dia. In: Introdução à Astronomia e Astrofísica. Cap. 1. São José dos Campos: INPE, INPE-7177-PUD/38, 2003. TIGNANELLI, H. L. Sobre o ensino da astronomia no ensino fundamental. In: WEISSMANN, H. (Org.). Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre: Artmed, 1998.