Estoques Uma abordagem geral e seus efeitos contábeis



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Transcrição:

Estoques Uma abordagem geral e seus efeitos contábeis Isabela Camila Andrade Gabrich Bacharel em Ciências Contábeis pela FACSAL Faculdade da Cidade de Santa Luzia isabela.gabrich@br.roca.net Livingston Marlison Siqueira Bacharel em Ciências Contábeis pela FACSAL Faculdade da Cidade de Santa Luzia livinhomg21@hotmail.com Recebido em 15/12/2012. Aprovado em 28/12/2012 Resumo Esta pesquisa apresenta como tema central os estoques com foco nos reflexos contábeis que a gestão deste ativo pode trazer para as empresas. Os objetivos são analisar a importância da gestão dos estoques e os reflexos contábeis que esta gestão pode trazer para as demonstrações financeiras. Quanto a metodologia utilizada, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo realizada por meio de uma entrevista ao supervisor do setor de produtos acabados da empresa Roca Brasil. Esta pesquisa permitiu entender melhor o funcionamento do estoque de produtos acabados e alguns problemas enfrentados pelo gestor, que no caso foram a escassez de espaço físico e a divergência entre o estoque físico e o contábil. Constatou-se também que os principais reflexos contábeis gerados através da gestão dos estoques são os custos de armazenamento e manutenção dos estoques e o custo das mercadorias vendidas que podem afetar diretamente no resultado do exercício. Palavras-chave: Estoques, reflexos contábeis, gestão. Abstract This research has as its central theme the stockpiles with a focus on accounting effects that the management of this asset can bring to businesses. The objectives are to analyze the importance of inventory management and accounting effects that this management can bring to the financial statements. Regarding the methodology used, it is a literature search and field performed through an interview with the supervisor of the finished goods sector company Roca Brazil. This research allowed us to better understand the functioning of finished goods inventory and some problems faced by the manager, which in the case were the lack of physical space and the divergence between the physical inventory and accounting. It was also found that the main accounting effects generated through inventory management are storage costs and maintenance of inventory and cost of goods sold that can directly affect the income statement. Key words: stockpiles, reflexes accounting, management. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 67

Introdução O tema do presente trabalho são os Estoques, em uma abordagem geral e seus efeitos contábeis. No contexto empresarial os estoques sempre foram um fator relevante para a gestão estratégica eficiente devido a seus efeitos, os quais refletem nos valores contábeis e principalmente nas demonstrações financeiras. Tendo em vista que são diversas as formas de gestão, avaliação e mensuração dos estoques é importante atentar para a veracidade e uso correto das informações obtidas através dos processos citados acima, para que a empresa possa reduzir os custos e consequentemente aumentar os lucros, através da eliminação dos desperdícios e da redução do espaço físico destinado aos estoques. Tais medidas permitem o controle de toda parte funcional e prática o que influencia diretamente nos resultados e processos contábeis da empresa. O objetivo geral do presente trabalho é analisar a importância dos estoques para uma gestão empresarial competitiva e lucrativa e os seus reflexos nas demonstrações contábeis das empresas. Os objetivos específicos são: Apresentar os métodos e as ferramentas usadas para o controle e avaliação dos estoques; Analisar os reflexos contábeis sobre a gestão de estoques; Identificar as técnicas mais empregadas para a gestão de resultados. O trabalho foi baseado em uma pesquisa bibliográfica e também uma pesquisa de campo que consistiu em um estudo de caso, que foi realizado através de uma entrevista sobre o funcionamento do estoque de produtos acabados, usando como fonte de pesquisa os dados do estoque da Expedição da empresa Roca Brasil Ltda, que fabrica louças sanitárias. O Sr. Haroldo Mantini supervisor deste setor participou da entrevista, auxiliando na compreensão do assunto. Referencial teórico Estoques Os estoques são constituídos por materiais e suprimentos que estão disponíveis seja para venda ou processo produtivo e é parte do processo de planejamento e de 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 68

grande importância para apresentar diferenças nas taxas de demandas de produção (Arnold, 2010; Lemes & Carvalho, 2010). Os estoques podem ser comparados a um amortecedor das questões que envolvem o processo produtivo e seus vários estágios e é impossível uma empresa manter suas atividades sem um estoque. É importante um alto investimento nos vários tipos de estoques, visando o aumento da capacidade e responsabilidade setorial da empresa (Dias, 1993). Esta importância pode ser confirmada pela seguinte afirmação: Normalmente, o estoque é um dos maiores itens do ativo do balanço e, caso constituído de grande variedade de itens, diversificados segundo a sua natureza e tamanho exigirá certamente, muito trabalho, demandando boa organização e grande atenção para o bom êxito do serviço (Franco & Marra, 2001, p. 400). Ainda sob uma visão contábil, destaca-se que a classificação do estoque faz parte do ativo circulante, porém, quando há a presença de bens com prazo de realização que ultrapassam um ano, ele tem a obrigatoriedade de ser registrado no ativo realizável a longo prazo (Almeida, 1996). Este autor determina a disposição da classificação dos ativos, ficando da seguinte forma: Em primeiro lugar são classificados os produtos acabados; Em segundo lugar os produtos em processo; E em terceiro as matérias primas. Com base na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) é exigido que os ativos devessem ser classificados no balanço por ordem decrescente de liquidez o que fundamenta a classificação exposta anteriormente (Almeida, 1996). Segundo Severo Filho (2006) a classificação dos estoques varia de acordo com as atividades da empresa, porte e natureza dos produtos fabricados. O autor usou como exemplo uma indústria: Estoques de matéria-prima e materiais auxiliares: Formados por materiais brutos destinados a transformação. Constituídos também por materiais secundários que servem como componentes ou subconjuntos que integrarão o produto final. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 69

Estoque de produto em processo: são todos os itens registrados utilizados para montagem ou fabricação do produto final ou que se encontram nos diversos estágios de produção. Estoques de produtos acabados; Esses estoques possuem matérias ou produtos prontos para a venda. Normalmente são alojados em depósitos próprios para expedição. Estoque operacional: é formado por peças sobressalentes ou componentes e qualquer material de manutenção reparos ou substituições com o objetivo de evitar possíveis interrupções no processo produtivo por quebra ou defeito nos equipamentos. Estoques de materiais administrativos: Formados pelos materiais usados nas áreas administrativas (papel, impressos, formulários etc.) destinados ao desenvolvimento e das atividades da empresa. Observa-se também que toda empresa industrial possui algum tipo de estoque de matérias-primas que são os materiais que serão agregados aos produtos acabados desta empresa. Enquanto que os estoques de produtos acabados referem-se aos itens que já foram produzidos, mas ainda não foram vendidos (Dias, 1993; Severo Filho, 2006). Dias (1993) afirma ainda que o nível do estoque de produtos acabados deve estar diretamente relacionado à liquidez dos itens que o constitui. Quanto maior a liquidez, maior poderá ser o nível do estoque de produtos acabados da empresa. No caso de empresas que trabalham com produtos de menor liquidez, como por exemplo, a indústria naval, o nível de estoque de produtos acabado é reduzido. O autor ainda destaca que os estoques de produtos em processo que são todos aqueles produtos parcialmente acabados, ou seja, itens que já foram de alguma forma processados, mas que até o final do processo produtivo recebem outras características. Em um parecer mais técnico a Ernest & Young, Fipecafi (2010, p. 61), deixam mais claro: Em 8 de maio de 2009, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu o Pronunciamento Técnico CPC 16 Estoques, o qual foi elaborado a partir do IAS Inventories (IASB) e sua aplicação no julgamento do Comitê, produz reflexos contábeis que estão em conformidade com o documento editado pelo IASB. O CPC 16 foi aprovado pela Comissão de 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 70

Avaliação dos Estoques Valores (CVM) e pelo Conselho Federal de Contabilidade [...] Estoques são ativos: a) mantidos para venda no decurso normal dos negócios (produtos acabados); b) em processo de produção para posterior venda (produto em elaboração); ou c) Na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos no processo de produção ou na prestação de serviços (matéria-prima e materiais de consumo). Em uma análise geral dos sistemas de estoques pode-se afirmar que a determinação dos custos individuais das mercadorias, por itens, deve obrigatoriamente passar por algum método de avaliação de estoques. No caso do sistema permanente deve ser fixado o custo para itens vendidos; já pelo sistema periódico, o custo a ser mensurado é o dos itens remanescentes no final do período, que são iguais ao preço de venda subtraído da margem de lucro - somente quando o estoque se tratar de mercadoria para revenda (Salazar & Benedicto, 2004). Estes mesmos autores frisam que a avaliação do estoque pode ser feita por vários métodos distintos. E, que se não houvesse flutuação dos preços, todos os esses métodos levariam aos mesmos resultados, porém, isso não acontece em razão da mudança dos preços para cima ou para baixo que alteram no mesmo sentido o resultado relativo ao custo das mercadorias vendidas, afetando o custo do estoque (medição do ativo) e o CMV - Custo da Mercadoria Vendida (medição do lucro). Segundo Dias (1993) todas as formas de registro visam controlar a quantidade de materiais em estoque fisicamente e financeiramente. Contudo, a avaliação anual deverá ser feita a termos de preço incluindo o valor dos estoques de matériasprimas, produtos em processo e produtos acabados. Podendo ser feita pelo preço de custo ou de mercado preferindo-se o menor entre os dois. O preço de mercado é o preço pelo qual a matéria prima foi comprada e consta na nota fiscal do fornecedor. Já, segundo Ernest & Young, Fipecafi (2010, p. 68): [...] os custos dos estoques, exceto os que não sejam geralmente intercambiáveis e de bens ou serviços produzidos e segregados para projetos específicos, devem ser atribuídos pelos métodos PEPS ou custo médio. Dias (1993) afirma que a avaliação feita através do custo médio é a mais utilizada tomando por base o preço das retiradas, ao preço médio. Age como um 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 71

estabilizador equilibrando as flutuações de preços e a longo prazo reflete os custos reais das compras de materiais. O cálculo do custo médio pode ser feito no final do período mensal ou a cada produto que entrar no estoque. Sendo feita através de um critério de ponderação média dos custos e quantidades dos estoques iniciais e as entradas (FIPECAFI & Ernst & Young, 2010). Almeida (1996) descreve e caracteriza os quatro métodos mais utilizados para avaliação dos estoques, sendo eles os seguintes: Identificação específica Almeida cita que esse método é usado para identificar o custo individual de cada unidade do produto. É bastante utilizado em empresas que trabalham sob o regime de encomenda; UEPS ou LIFO (Last-in- first-out) - De acordo com o autor é nesse método que se valorizam os primeiros custos unitários das quantidades que ficam em estoque, porém acontece o inverso com as quantidades que saem, elas são valorizadas pelos últimos custos unitários, o mesmo autor ressalta ainda que esse método não é aceito pelo Pronunciamento Técnico CPC-16; PEPS ou FIFO (First-in-first-out) O autor diz que por este método a valorização das quantidades que ficam em estoques é feita pelos últimos custos unitários, e as que saem tem sua valorização baseada pelos primeiros custos unitários; Custo médio - Neste método a valorização das quantidades que ficam em estoques e das que saem é feita através do custo unitário de aquisição ou fabricação. Ernest & Youg, Fipecafi (2010) explicam que o CPC-16 não permite a avaliação através do método UEPS por ser pouco usado pelas empresas brasileiras, devido à decorrência de seus efeitos de subavaliação dos estoques principalmente em época de alta inflação, confirmando assim o que já foi exposto por Almeida (1996). Franco & Marra (2001) baseiam-se nos princípios contábeis derivados da prudência administrativa e do conservadorismo para dar fundamento ao principio contábil que determina que a avaliação dos estoques tem a obrigação de ser feita pelos preços de custo ou mercado, dos dois, o menor. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 72

Auditoria de Estoques Franco & Marra (2001, p. 399) afirmam que os principais objetivos da auditoria na área de estoques são: Assegurar-se da existência física dos estoques e se estes são de propriedade da empresa; Verificar se os estoques atendem a sua finalidade, se estão em boas condições e se não existem obsolescência, desperdícios etc. Examinar se os critérios de avaliação estão de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade. Estes mesmos autores complementam que cabe ao auditor observar o desenvolvimento do inventário físico e inteirar-se antecipadamente do programa de realização do inventário e assim verificar se o programa é satisfatório e ao mesmo tempo sugerir procedimentos que julgar necessário. O inventário físico deve ser interpretado como um procedimento de controle que visa apurar as responsabilidades daqueles que tomam conta dos bens da empresa. É executado pela contagem física dos itens e a confrontação com os relatórios dos registros dos estoques visando uma adequação desses registros com a real situação dos estoques da empresa (Almeida, 1996). Em uma visão compartilhada Franco & Marra (2001) e Almeida (1996) ressaltam que para assegurar-se da real existência e propriedade do estoque devem-se adotar procedimentos básicos e o auditor deve verificar através de testes, os cálculos usados nas folhas de inventário, evitando assim erros que podem distorcer o valor que está sendo calculado. Já as folhas de inventário devem ser somadas novamente e integralmente. É comum a realização do inventário com antecipação a data do balanço, para que o auditor tenha tempo suficiente para realizar o maior número possível de procedimentos antes que ocorra o fechamento do balanço (Franco & Marra, 2001) Estes autores relatam que após a conclusão do inventário deve ser feito o confronto com os registros existentes, na mesma data fazendo-se os ajustes quando for possível e necessário. Na data do balanço é feito o exame das entradas e saídas referentes ao período intermediário para que seja determinada a razoabilidade dos valores dos estoques que irão figurar no balanço. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 73

Denomina-se corte o momento em que os registros contábeis e os documentos relacionados a eles, refletirem o levantamento do inventário, dessa forma o que estiver registrado até este momento deverá ser incluído no inventário, e o que for registrado posteriormente, será excluído (Franco & Marra, 2001) Os autores definem os lançamentos posteriores como materiais não registrados até o momento do corte, que consequentemente não farão parte do inventário. Já as mercadorias faturadas e não embarcadas (no caso das saídas ou faturamento) deve-se uma atenção especial para que a mercadoria seja inventariada e logo após ser excluída. Elimina-se assim a possibilidade de duplicidade de apropriação: uma pelo estoque e outra pelo faturamento. Estes mesmos autores também citam que o caso acima pode ocorrer com as entradas: mercadorias entregues parcialmente cuja fatura não foi registrada, e no caso de mercadorias em trânsito cuja fatura já foi registrada. É preciso uma investigação cuidadosa evitando assim uma influência duplicada e equivocada nas demonstrações contábeis. Para Franco & Marra (2001) no decorrer dos exames e testes o auditor poderá verificar: A capacidade que a empresa tem de cumprir com os compromissos firmados de compra ou venda futura a preços previamente estabelecidos; Analisar os efeitos desses compromissos sobre os resultados do exercício posterior; No caso de determinar prejuízo, desde que relevante, o auditor deve ponderar a conveniência de formar provisão para atender esse prejuízo em expectativa. Mensuração e Inventários Existem dois sistemas de inventário para que a empresa possa calcular o custo das mercadorias que podem variar de acordo com a sistemática de trabalho e o método avaliação aplicados (Marques, 2010). São eles: Inventário Permanente: Neste sistema o estoque é controlado de forma contínua dando-lhe baixa, em cada venda, pelo custo das mercadorias vendidas (CMV), esse controle é efetuado sobre todas as mercadorias que estiverem à disposição para venda. Pela soma dos custos de todas as vendas, teremos o CMV total do período. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 74

Inventário Periódico: Quando as vendas são efetuadas sem que haja um controle do estoque, ou seja, sem controlar o CMV, é necessário um levantamento físico para avaliação do estoque de mercadorias disponíveis para a venda. Nesse sistema, com o saldo de estoque final podemos encontrar o CMV com a Equação 1. (1) Como regra geral, os estoques devem ser mensurados tendo como condicionante mínimo os custos e o valor realizável líquido. Nesta regra devem-se excluir os produtos agrícolas, pois segundo a IAS 41 1, devem ser mensurados tendo como base o valor justo no momento da colheita, subtraído o custo de venda esperado. Ganhos e perdas decorrentes de tais ajustes devem ser incluídos no resultado do período e o uso do valor justo é interrompido após a colheita (Lemes & Carvalho, 2010) Quando os estoques são considerados não recuperáveis seja por avaria, obsoletismo ou por outros motivos, eles devem ser baixados pelo seu valor realizável líquido que ó preço de venda estimado menos os custos projetados para finalizar o produto e realizar a venda. Tal procedimento consiste no conceito de que os ativos não podem ser registrados por montantes maiores que o valor esperado de realização pela venda ou uso. O valor realizável líquido deve ser revisto a cada período e caso haja evidências claras a baixa efetuada no período anterior pode ser revertida. O valor contábil após a reversão é o menor entre o custo anterior à baixa e o novo valor realizável líquido (Lemes & Carvalho, 2010). Reflexos Contábeis da Gestão dos Estoques A administração de materiais pode fazer muito para melhorar os lucros de uma empresa. (ARNOLD, 1999, p. 26). Assim a contabilização dos estoques e os vários procedimentos de controle não ficam a cargo da administração financeira, mas esta deve exercer, mesmo que de forma indireta um forte controle sobre os níveis de estoques já que tais mercadorias 1 International Accounting Standard 41 Em tradução livre feita pelos autores corresponde às Normas internacionais de Contabilidade 41. São padrões de como ativos biológicos devem ser mensurados sobre os aspectos financeiros e apresentados em demonstrativos contábeis. No Brasil corresponde ao CPC 29. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 75

podem representar valores bem mais elevados do que as demais contas do ativo circulante. Os autores ainda destacam que numa empresa varejista os estoques podem representar mais de 25% do valor total dos seus ativos, por isto, os recursos despendidos em estoques é um assunto que requer muita atenção não apenas por incluir grandes somas, mas também por ser muito difícil se identificar um montante ideal de produtos que devem permanecer estocados (Autran & Coelho, 2003). Uma medida conveniente para se saber qual é o nível suficiente de estoques e saber se estes estão sendo utilizados com eficiência é o cálculo da taxa de giro de estoque pode ser encontrado com base na Fórmula 2 (Arnold, 2010). (2) As mercadorias em estoque devem ser registradas no Balanço Patrimonial como ativo circulante. Quando são vendidas, o custo dessas mercadorias é registrado na DRE como uma despesa, chamada Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) ou Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Essa despesa é deduzida das Vendas Líquidas e a partir deste ponto determina-se o Lucro Bruto, que corresponde ao resultado obtido com as vendas das mercadorias. Nesse nível de lucro ainda são deduzidas todas as outras despesas, operacionais e não operacionais para, assim, apurar o Lucro Líquido (Salazar & Benedicto, 2004). Ressalta-se ainda que é de grande importância tentar estabelecer um ponto de equilíbrio dos níveis de estoques, ou seja, se a empresa tiver muitas mercadorias estocadas isso pode representar muitos recursos investidos nessas mercadorias e o retorno virá apenas quando elas forem vendidas e estes recursos poderiam ser direcionados para aplicações mais vantajosas. Mas, por outro lado um estoque deficiente pode acabar por prejudicar as vendas e, com isso, trazer prejuízos (Autran & Coelho, 2003). Apresentação dos resultados Baseados em todo referencial teórico exposto neste trabalho e para melhor esclarecimento do assunto realizou-se um estudo de campo com base em uma entrevista sobre o funcionamento do estoque de produtos acabados. Usando como fonte os dados do estoque da Expedição da empresa Roca Brasil Ltda que fabrica louças sanitárias. O Sr. Haroldo Mantini supervisor do setor foi o 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 76

entrevistado, descrevendo temas relacionados ao processo de estocagem que permitiu identificar os problemas mais comuns e as medidas tomadas para sanar estes problemas. Dados da empresa Pesquisada Situada na cidade de Santa Luzia a ROCA BRASIL Louças Sanitárias é uma das unidades fabris do grupo Roca que foi fundada na Espanha em 1917. Iniciou sua história produzindo radiadores de ferro fundido sob o nome de Compañia Roca Radiadores S.A. O domínio tecnológico dos processos de fundição, aliado à determinação em ampliar a gama de produtos, rapidamente colocou a empresa entre um dos maiores grupos empresariais do mundo em produtos para banheiro e atualmente possui 68 fábricas situadas em 18 países e presença comercial em mais de 115. A Roca cria e produz louças sanitárias, metais para cozinhas e banheiros, banheiras e colunas de hidromassagem, pisos e revestimentos cerâmicos. A empresa possui em seu quadro de pessoal, 802 funcionários diretos e grande parte do seu quadro é de pessoas que atuam na área operacional. A pesquisa A entrevista realizada com o Sr Haroldo Mantini, supervisor do setor de Expedição da empresa Roca Brasil Louças Sanitárias Ltda no dia 10 de outubro de 2012 e nos proporcionou os seguintes resultados: 1- Quais os principais problemas relacionados ao estoque de louças sanitárias? (Sr. Haroldo) Os principais problemas são os estoques em pátio aberto, o que gera rápida deterioração da proteção (plástico) gerando acumulo de água e sujeira nas peças, divergência entre o estoque físico e o contábil e a falta de espaço físico. Para Severo Filho (2006) os estoques citados pelo entrevistado, são classificados na categoria de estoque de produtos acabados que são constituídos por produtos prontos para a venda e normalmente alojados em depósitos próprios para expedição. Quanto à divergência entre o estoque físico e o contábil, Dias (1993) afirma que todas as formas de registro visam controlar a quantidade de materiais em estoque 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 77

fisicamente e financeiramente, mas para evitar os erros nos estoques deverá ser feita uma avaliação anual em termos de preço. Ainda para eliminar as divergências entre o estoque físico e contábil, Almeida (1996) descreve o inventário físico como um procedimento de controle que visa apurar as responsabilidades daqueles que tomam conta dos bens da empresa. É executado pela contagem física dos itens e a confrontação com os relatórios dos registros dos estoques visando uma adequação desses registros com a real situação dos estoques da empresa. 2 O que pode ser feito para solucionar os problemas citados acima? (Sr. Haroldo) Apesar de saber do custo elevado o entrevistado sugere a cobertura da área de estocagem e a aquisição de um sistema informatizado que permita melhor controle sobre entradas e saídas das peças. Os autores Franco e Marra (2001) relataram que por ser um dos maiores itens do ativo e quando constituído de grande quantidade de itens, diversificados por natureza e tamanho que é o caso da empresa em questão, estes estoques exigem muito trabalho, demandando boa organização e grande atenção para o bom êxito do serviço. 3 Como é feita a estocagem desse tipo de material? (Sr. Haroldo) Os produtos são estocados em pallets distribuídos em locais específicos e demarcados para armazenagem correta. A maior parte é alojada em pátio a céu aberto. Produtos embalados em caixas de papelão são estocados em galpão coberto e fechado. Sob o ponto de vista dos autores Franco e Marra (2001) é importante que haja planejamento para que os estoques possam ser utilizados de maneira eficiente, indicando uma coerência com o posicionamento da empresa. 4 Qual o sistema informatizado utilizado pela empresa? Ele é eficaz no fornecimento de informações que estão diretamente ligadas ao estoque? (Sr. Haroldo) É utilizado o sistema SAP (Systems Applications and Products) que não é um sistema exclusivo para o controle do estoque. Para as entradas de produção, é utilizado um sistema de etiquetas e as entradas são feitas através de leitor óptico. Para as saídas, o controle é manual realizado por conferentes. Porém, 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 78

de acordo com o entrevistado esses sistemas não são eficazes no controle dos estoques da empresa devido ao grande número de itens. Para Almeida (1996) o uso de um sistema informatizado eficiente é de grande relevância, pois através dele serão gerados os relatórios que serão confrontados com o estoque físico no momento do inventário. 5- O estoque acompanha a demanda de pedidos de clientes, e prazos de entrega de mercadorias? (Sr. Haroldo) Quase sempre sim, mas devido a grande demanda que a empresa vem apresentando atualmente alguns itens apresentam um prazo longo, afirma o entrevistado. De acordo com Franco & Marra (2001) a capacidade que a empresa tem de cumprir com os compromissos firmados de compra ou venda futura a preços previamente estabelecidos são testes que devem ser realizados anualmente pela auditoria. 6 - No estoque dessa empresa existe prioridade para estocagem de produtos com maior saída, e um controle desses produtos visando melhor uso do espaço físico e maior agilidade no processo de separação? (Sr. Haroldo) Os espaços são ocupados da melhor forma possível, direcionando os itens de pouco volume para áreas pequenas e colocando os itens de maior volume nas áreas próximas às saídas. Consoando com as ideias do entrevistado, Franco & Marra (2001) deixa claro que no caso de estoque constituídos de grande variedade de itens, diversificados segundo a sua natureza e tamanho exigirá certamente, muito trabalho, demandando boa organização e grande atenção para o bom êxito do serviço. 7 Qual método de avaliação de estoques é utilizado? (Sr. Haroldo) Ele afirma que são utilizados sempre os estoques mais antigos e que a empresa adota o método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai). Almeida (1996) descreve este método no qual a valorização das quantidades que ficam em estoques é feita pelos últimos custos unitários e as que saem tem sua valorização baseada pelos primeiros custos unitários. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 79

Análise dos resultados Com base na entrevista ao Supervisor do setor de expedição da empresa Roca Brasil, Sr. Haroldo Mantini, pode-se entender melhor o funcionamento e os principais problemas apresentados no estoque de produtos acabados desta empresa. O estoque de produtos acabados da empresa, ou seja, as peças que já foram produzidas e ainda não foram vendidas é volumoso, frágil e não pode ficar exposto à umidade em virtude de sua proteção que é plástica. Por isso, há dificuldade no armazenamento devido à escassez de espaço físico adequado ao correto armazenamento que deve ser em locais cobertos. Outro problema enfrentado é a divergência entre o estoque físico e o contábil. Analisou-se também que, para reduzir o efeito destes problemas e agilizar o giro do seu estoque a empresa segue procedimentos de conferência e adota estratégias de gestão, além de contar com a ajuda da tecnologia. As entradas dos produtos acabados são feitas através de etiquetas com código de barra e leitor óptico já as saídas são conferidas manualmente, o que pode ser a causa das divergências entre o estoque físico e o contábil. Além do sistema utilizado não ser específico para o controle de estoque. Mesmo com a escassez de espaço nota-se uma estratégia que facilita a mobilidade dos estoques de forma que os produtos são estocados em locais específicos e demarcados, além dos itens de maior volume, serem estocados nas áreas próximas as saídas. Devido às estratégias adotadas, percebe-se que o funcionamento do estoque atende à demanda da empresa e de seus clientes. Porém, sugere-se: i) A adoção de um sistema específico para o seu controle; ii) Aumentar a cobertura da área de estocagem para evitar a deterioração da proteção das peças; iii) Aumentar ou automatizar o controle sobre as saídas, o que seria uma forma para reduzir a divergência entre o estoque físico e o contábil já que atualmente este procedimento é feito de forma manual; iv) Aumentar a frequência dos inventários periódicos. Considerações finais No atual contexto empresarial, que visa ao máximo à obtenção de lucro e a redução dos custos, os estoques são fator de grande relevância para a gestão estratégica por apresentarem reflexos que afetam tanto a parte física das empresas (ocupação 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 80

de espaços) quanto às demonstrações financeiras por ser um dos maiores itens do ativo circulante. Tal situação consoa com as ideias de Franco e Marra (2001), que afirmaram que o estoque é um dos maiores itens do ativo no balanço, por isso é necessário muito trabalho, demandando boa organização e grande atenção para o bom êxito do serviço. Este trabalho mostrou as diversas formas de gestão, avaliação e mensuração dos estoques alertando sobre a importância do uso correto das informações obtidas através destes processos. Tais informações podem auxiliar na redução dos custos com desperdícios, redução de espaço físico destinado ao armazenamento dos estoques, além de otimizar o processo de movimentação destes materiais e consequentemente aumentando os lucros da empresa. Para Dias (1993) os estoques podem ser comparados a um amortecedor das questões que envolvem o processo produtivo e seus vários estágios. Este mesmo autor também afirma que é impossível uma empresa manter suas atividades sem um estoque e prioriza a importância de um alto investimento nos vários tipos de estoques, visando o aumento da capacidade e responsabilidade setorial da empresa. Através dos resultados da entrevista aplicada ao responsável do setor de produtos acabados da empresa Roca Brasil pode-se constatar quais são os principais problemas enfrentados pelo gestor deste estoque, com destaque para a escassez de espaço físico e as divergências entre o estoque físico e o contábil. Observou-se também que tais dificuldades podem ser minimizadas utilizando algumas ferramentas que foram apresentadas ao longo deste trabalho como o aumento da frequência de execução de inventários periódicos e utilizando a fórmula para o cálculo do giro do estoque para que apenas a quantidade necessária permaneça armazenada, reduzindo-se assim o espaço físico utilizado. Constou-se que os principais reflexos contábeis gerados pelos estoques e sua gestão são os custos de estocagem e CMV ou CPV que são deduzidos das vendas líquidas na DRE e afetam diretamente no resultado do exercício. Pois segundo os autores Salazar & Benedicto (2004) quando existem vendas, o custo das mercadorias é registrado na DRE como uma despesa, chamada Custo 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 81

das Mercadorias Vendidas (CMV) ou Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Essa despesa é deduzida das Vendas Líquidas e em seguida é determinado o Lucro Bruto. Outro ponto a destacar é relativo às ideias de Autran e Coelho (2003) que afirmaram que numa empresa varejista os estoques podem representar mais de 25% do valor total dos seus ativos, por isto, os recursos despendidos em estoques é um assunto que requer muita atenção. Pode-se assim comprovar que a gestão estratégica destes ativos de extrema importância e que a complexidade dos estoques é capaz de afetar as demonstrações contábeis das empresas podendo inclusive, alterar significativamente o resultado do exercício. Permeia-se assim a ideia de Arnold (2010, p. 26), o qual afirma que A administração de materiais pode fazer muito para melhorar os lucros de uma empresa. Referências Almeida, M. C. (1996). Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas. Arnold, J. R. T. (2010). Administração de materiais: uma indrodução (7 o ed.). São Paulo: Atlas. Autran, M., & Coelho, C. U. F. (2003). Basico de Contabilidade + Financas. Rio de Janeiro: Senac. Dias, M. A. P. (1993). Administração de materiais: uma abordagem logistica (4 o ed.). São Paulo: Atlas. FIPECAFI, & Ernst & Young. (2010). Manual de normas internacionais de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras (2 o ed.). São Paulo: Atlas. Franco, H., & Marra, E. (2001). Auditoria contábil (4 o ed.). São Paulo: Atlas. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 82

Lemes, S., & Carvalho, L. N. G. de. (2010). Contabilidade internacional para graduaçao - texto: estudos de casos e questoes de multipla escolha. São Paulo: ATLAS. Marques, W. L. (2010). Contabilidade Geral. Cianorte: Vera Cruz. ROCA BRASIL. Disponível em: < http://www.br.roca.com>. Acesso em: 20 out. 2012. Salazar, J. N. A., & Benedicto, G. C. de. (2004). Contabilidade Financeira. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. Severo Filho, J. (2006). Administração de logística integrada: materiais, PCP e marketing (2 o ed.). Rio de Janeiro: Editora E-papers. 67-83 jul./dez. 2012 n. 1 v. 1 Santa Luzia REAC 83