Renda, pobreza e desigualdade no Espírito Santo



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Renda, pobreza e desigualdade no Espírito Santo Valéria Pero Leonardo Rangel 1. O avanço do Espírito Santo na última década O desempenho da economia do Espírito Santo na última década foi muito superior à média nacional. A análise dos dados da PNAD para os estados do Brasil revela que a renda per capita no ES subiu 58% entre 1992 e 2002, acima da média nacional de 31%. Conforme pode ser visto na figura 1, tal variação foi a terceira maior do país, sendo que o Piauí apresentou o maior crescimento, com 72%. Variação da Renda Domiciliar per Capita entre 1992 e 2002 Piauí Mato Grosso Espírito Santo Paraíba Paraná Distrito Federal Ceará Pernambuco Maranhão Minas Gerais Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte São Paulo Bahia Rio de Janeiro Goiás Santa Catarina Rio Grande do Sul Sergipe Alagoas 9% 25% 24% 24% 23% 21% 17% 38% 37% 35% 33% 31% 30% 44% 58% 58% 57% 54% 70% 72% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Com base nos dados do Censo, a boa performance capixaba se repete, a renda per capita elevou-se em 48% entre 1991 e 2000, o segundo maior aumento do país, atrás apenas de Santa Catarina com quase 54% de aumento e bem acima da média nacional tendo apresentado elevação de 29%. A posição do ES no ranking estadual melhorou, passando de 11 o em 1991 para 7 a posição em 2000. A figura 2 mostra que, segundo dados da PNAD, o estado manteve essa posição no ranking em 2002. Renda Domiciliar per Capita em 2002 (Em R$ de Set de 2002) Distrito Federal São Paulo Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná Espírito Santo Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Minas Gerais Rio Grande do Norte Pernambuco Sergipe Paraíba Bahia Ceará Piauí Alagoas Maranhão 240 238 235 231 213 212 209 188 175 381 381 370 351 347 416 448 468 524 537 739 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Fonte: Iets, a partir de dados da PNAD/IBGE. No entanto, o Espírito Santo continua com uma renda per capita inferior aos outros estados do Sul e Sudeste (com exceção de Minas Gerais), mas agora superior a todos os estados das outras regiões do país. Vale dizer ainda que o ES apresentava em 1991 uma renda per capita inferior à média brasileira (R$230) e atinge o nível mais próximo da renda per capita da média do Brasil em 2000 (R$297).

Apesar da boa performance relativa aos outros estados em termos de renda per capita, no tocante à pobreza e à indigência o ES não se saiu tão bem como fora anteriormente. Nota-se uma redução sensível no percentual de pobres, tanto nos dados da PNAD como nos do Censo, de 37% e 25% respectivamente. No entanto, em termos relativos, o ES registrou a 4ª maior queda no que se refere a dados da PNAD (a maior queda foi de Santa Catarina com 45%) e 6ª maior queda no que se refere a Censo (sendo novamente Santa Catarina o primeiro lugar com 44%). O desempenho do ES no combate à pobreza foi superior à média nacional, onde a diminuição do percentual de pobres foi de 19% e 17%, respectivamente a dados da PNAD e do Censo. Com relação à indigência, a taxa diminuiu 48% e 31% respectivamente a dados de PNAD e Censo. Essas quedas foram a 3ª e 10ª maiores quedas, sendo que Santa Catarina registrou, mais uma vez, as maiores: 64% e 50%, respectivamente. Note que também no combate à indigência o ES teve um desempenho melhor que a média nacional, que apresentou queda de 31% para dados da PNAD e 24% para dados de Censo. A comparação da elevação da renda per capita com a diminuição da pobreza e indigência (a elevação da primeira foi maior que a queda das duas últimas) sugere que a renda deve ter ficado mais concentrada no ES. Analisando-se o coeficiente de Gini do estado, a previsão se confirma, com uma elevação de 0,56 para 0,58 entre 1992 e 2002, representando um aumento de 3%. Esse desempenho foi pior que a média nacional que apresentou elevação de 1%. Em comparação com os demais estados do país, o ES ficou apenas na 14ª posição nesse quesito, tendo Santa Catarina apresentado o melhor resultado, com queda do índice de Gini de 0,54 para 0,47 no período, representando uma diminuição muito significativa de 13%. Ao se analisar a evolução temporal da renda média por decis de distribuição para o ES entre 1992 e 2002, nota-se que o primeiro decil foi o que apresentou maior crescimento, 77%, superior inclusive à média do estado que ficou em 58%. Observando esse resultado independentemente do percentual de renda apropriado por cada decil, percebe-se uma incompatibilidade com o fato de o coeficiente de Gini ter aumentado no mesmo período. Fazendo a mesma análise, mas utilizando a apropriação de renda por decis, percebe-se que a renda é muito concentra nos últimos decis, o que significa que mesmo uma substancial melhora na renda média dos primeiros decis não resultará em uma melhora na distribuição de renda no

estado. Ou seja, mantido o atual padrão de desigualdade, necessitar-se-á de uma taxa de crescimento da renda per capita muito mais elevada para maiores reduções nos percentuais de pobres e de indigentes. Apropriação de Renda por Decis no Brasil e no Espírito Santo (%) Brasil ES Decil 1992 2002 Variação Relativa 1992 2002 Variação Relativa Primeiro 0.7 0.8 16.7 0.8 0.9 11.7 Segundo 1.7 1.7 2.6 2.0 1.9-3.1 Terceiro 2.5 2.5-1.1 2.8 2.6-6.4 Quarto 3.5 3.4-3.3 3.7 3.5-5.1 Quinto 4.7 4.5-4.3 4.8 4.4-7.7 Sexto 6.1 5.8-3.8 6.2 5.9-5.3 Sétimo 8.0 7.6-4.3 8.3 7.5-9.6 Oitavo 10.7 10.4-2.9 10.9 10.1-7.5 Nono 16.3 16.1-1.0 17.0 17.0-0.2 Décimo 45.8 47.1 2.7 43.5 46.2 6.2 1% mais rico 13.3 13.5 1.5 10.6 11.2 5.3 Com relação à apropriação de renda por decis de distribuição, o resultado reforça o argumento apresentado no parágrafo anterior. A renda apropriada pelo decil mais rico se elevou de 43% para 46% da renda total entre 1992 e 2002, representando aumento de 6%. Tal aumento é maior que o da média nacional que ficou em 3% no mesmo período. A renda apropriada pelo decil mais pobre (1º decil), apesar de ter a maior elevação de renda per capita média por decil no período, passou de 0,8% para 0,9%, representou um crescimento de 12%, inferior ao da média nacional de 17%. Esse fato deve estar, em alguma medida, relacionado com a mudança na composição da renda verificada na década de 90 em todos as unidades da federação do Brasil, qual seja, a diminuição da participação da renda do trabalho e um aumento das transferências governamentais e, principalmente, de outras fontes de renda (como aluguéis, rendimentos financeiros etc). Nesse aspecto, é importante destacar dois pontos. O primeiro é que a participação das transferências governamentais na renda cresceu menos que na média brasileira. Conforme pode ser visto na figura 3, outros estados que tiveram o mesmo desempenho no combate à pobreza, registraram variações maiores da participação das transferências governamentais na renda. Por exemplo, a porcentagem de pobres diminuiu 50%

entre 1991 e 2000 em Minas Gerais e no Espírito Santo, mas o crescimento da participação das 8 Relação entre variação percentual da renda proveniente de transferências governamentais e a variação percentual de pessoas com renda per capita abaixo de R$75,50 Variação percentual da renda proveniente de transferências governamentais 6 PE PBMG RS PI BA MS MA SC SE CE PR RN ES 4 RO TO MT GO 2 0 DF AC PA SP RR AM AL AP RJ -15-10 -5 0 5 10 Variação percentual de pessoas com renda per capita abaixo de R$75,50 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil transferências na renda foi de 50% e 40%, respectivamente. O outro ponto a ser destacado é que a taxa de variação da participação das outras rendas no ES foi mais alta que a da média brasileira. De fato, o ES apresentou o maior crescimento da participação de outras fontes de renda na renda total quando comparado com os outros estados do sudeste e do e sul. Assim sendo, o fato de que em geral a população que recebe renda do capital e de aluguéis é composta por pessoas que não são pobres (e muito menos indigentes) e que as transferências governamentais não são perfeitamente focalizadas nos pobres e indigentes contribuiu para que a renda per capita no ES tenha aumentado mais que a diminuição dos indicadores de pobreza.

2. A região metropolitana avança bem em relação às outras do Brasil, mas de forma mais lenta que a média do Estado Partindo agora para uma comparação entre Regiões Metropolitanas, nota-se que no período compreendido entre 1991 e 2000, a renda per capita da região da Grande Vitória elevou-se em 41%, de R$ 262 para R$ 368. Esse foi o segundo maior aumento entre as 17 regiões metropolitanas analisadas, atrás apenas da RM de Florianópolis que apresentou elevação de 46% no período. No entanto, essa elevação foi inferior a elevação do estado como um todo que foi de 48% no mesmo período. Tal resultado sugere que outras regiões do estado, afora a Grande Vitória, obtiveram maior crescimento econômico no período. Vale dizer ainda que o avanço mais lento das regiões metropolitanas em relação à media do respectivo estado é uma característica quase que geral dessa década, sendo que RM de Vitória teve um desempenho bem superior que a média das regiões metropolitanas brasileiras. Apesar disso, mantém sua posição atrás das metrópoles do sudeste e do sul e na frente das outras regiões metropolitanas. Observando os dados de pobreza e indigência, nota-se mais uma vez que a redução no percentual de pobres e de indigentes foi inferior ao aumento da renda per capita. O percentual de pessoas que vivem com renda menor que o equivalente a R$ 37,75 diminuiu 15% e o percentual de pessoas que vivem com menos de R$ 75,50 caiu 22%. Esses números representam a 5ª e 3ª maiores quedas entre as 17 RMs respectivamente, sendo as maiores quedas registradas na RM de Florianópolis tanto para indigência como para pobreza (20% e 37%). Na comparação com os resultados para o estado como um todo, mais uma vez esses números foram inferiores. O que indica que a redução tanto da pobreza como da indigência no ES tiveram contribuição da Grande Vitória, mas contribuições maiores vieram de outras regiões do estado. Dado que a pobreza e indigência caíram menos que a elevação da renda per capita, espera-se que a desigualdade tenha se elevado. Isto pode ser confirmado ao se observar que o coeficiente de Gini aumentou de 0,57 para 0,61 entre 1991 e 2000, com uma variação de 8%. Essa elevação foi maior que a do estado do ES (6%), ou seja, a renda se concentrou ainda mais na RM da Grande Vitória que na média do estado. Note que o crescimento de 8% representou o

8º maior aumento do Gini entre as 17 RMs, sendo que o maior foi da RM de São Paulo, passando de 0,55 para 0,61 (aumento de quase 10%). Fazendo uma análise da apropriação da renda por faixas de distribuição da população, os resultados evidenciam ainda mais o que foi apresentado anteriormente. A renda per capita média do 1º quinto mais pobre da população elevou-se 9% no período analisado, o 4º maior aumento entre as regiões sendo o maior aumento da RM de Florianópolis (33%) e o pior resultado foi da RM de São Paulo com queda de quase 26%. O 2º quinto teve sua renda aumentada em 27%, o 3º maior aumento entre as RMs, sendo da RM de Florianópolis o maior aumento (39%) e da RM de São Paulo o pior resultado (queda de 10%). Entretanto, a renda per capita média do décimo mais rico da população aumentou 51% entre 1991 e 2000, o maior aumento entre as regiões analisadas. Esse resultado nos leva a supor que o percentual da renda apropriado pelos mais pobres diminuiu no período. Tal suposição pode ser confirmada ao se observar o percentual da renda apropriada por faixa de distribuição. Variação da Renda per Capita Média por Faixa de Distribuição da População 1991/2000 Renda per capita média do 1º quinto mais pobre Renda per capita média do 2º quinto mais pobre Renda per capita média do décimo mais rico Variação relativa Posição Variação relativa Posição Variação relativa Posição RM Florianópolis 32.28 1 39.23 1.00 50.54 2 Belo Horizonte 13.66 2 27.29 2.00 31.16 10 Goiânia 11.84 3 21.15 7.00 42.23 5 Grande Vitória 9.43 4 26.95 3.00 51.50 1 Rio de Janeiro 5.89 5 26.39 4.00 32.57 9 Porto Alegre 5.72 6 19.67 8.00 38.69 7 Recife 3.46 7 24.11 6.00 28.52 13 Curitiba 3.04 8 16.10 10.00 42.45 3 Grande São Luís -0.94 9 11.35 12.00 42.30 4 Natal -1.44 10 19.37 9.00 41.58 6 Fortaleza -3.73 11 24.77 5.00 30.62 11 Salvador -4.15 12 15.94 11.00 19.94 17 Campinas -12.76 13 4.20 14.00 29.71 12 Belém -13.36 14 1.51 16.00 20.19 16 Baixada Santista -17.88 15 5.57 13.00 26.23 14 Maceió -23.46 16 3.69 15.00 35.16 8 São Paulo -25.98 17-9.72 17.00 22.02 15

O percentual da renda apropriada pelos 20% mais pobres caiu 22% no período em estudo, a 8ª maior queda entre as 17 RMs (a maior queda foi de 38% na RM de Maceió e a menor queda foi de 9% na RM de Florianópolis). Já o percentual da renda apropriada pelos 40% mais pobres caiu 14% no período, também a 8ª maior queda entre as RMs (a maior queda foi de 22% na RM de São Paulo e o melhor resultado foi 3,6% na RM de Belo Horizonte). Em contrapartida, o percentual da renda apropriada pelos 10% mais ricos variou 8% no período, o 8º maior aumento entre as RMs no período (pior resultado 11% na RM de São Paulo e melhor resultado para a RM do Rio de Janeiro com 1% de elevação). Em suma, a renda per capita média entre todas as faixas de renda na Grande Vitória aumentou entre 1991 e 2000, e tais aumentos relativamente às outras 16 regiões também foram bastante elevados. Isto resultou em números positivos no combate à pobreza e à indigência. No entanto, tais números poderiam ter sido ainda melhores se o crescimento da renda per capita média da faixa mais rica da população não fosse tão maior que o crescimento da renda per capita média das faixas mais pobres. Assim como verificado na análise por estado, o percentual da renda proveniente do trabalho caiu em todas as regiões metropolitanas analisadas. Na Grande Vitória, a queda foi de quase 15% (de 83% para 71% da renda per capita total), a 11ª maior queda entre as RMs. O percentual da renda proveniente de transferências governamentais também se elevou em todas as RMs analisadas, sendo a maior elevação de 63% na RM de Campinas e a menor elevação de 12% na RM de Maceió. Na Grande Vitória tal percentual se elevou de 5% para 14% no período, representando aumento relativo de 32%, o 6º maior entre as RMs. Com relação ao percentual da renda proveniente de aluguéis e do capital, este teve aumento considerável em todas as RMs. O maior aumento foi na RM de Natal com elevação de 211% e o menor aumento foi na RM de São Paulo com 118%. Na região da Grande Vitória o percentual da renda proveniente de aluguéis e do capital subiu de 5% para 14% da renda per capita total, variação de 164%, a 5ª maior do país. Da mesma forma que na análise por estado, a região metropolitana de Grande Vitória avançou bem na década de 90. No entanto, o crescimento da renda foi mais forte do que a diminuição da pobreza e da indigência, devido ao crescimento da desigualdade.

3. Desempenho das microrregiões na década de 90 Analisando as microrregiões do ES, nota-se que todas elas tiveram elevação da renda per capita entre 1991 e 2000. A maior elevação foi a de Caparaó com 80% e a menor foi no Litoral Norte, com 27%. Com relação à média do estado, de crescimento de 49%, cinco das microrregiões tiveram crescimento abaixo ou igual e sete tiveram crescimento maior. Analisando o percentual de transferências governamentais na renda, todas as microrregiões apresentaram aumento. Sendo a maior elevação para a microrregião Extremo Norte com 117% e a menor elevação para a microrregião de Caparaó, com 21%. Apenas três das doze microrregiões tiverem elevação menor que a do estado que foi de 40%. Com relação ao percentual de participação das outras rendas no total da renda per capita, houve crescimento significativo em todas as microrregiões. O maior crescimento foi da microrregião de Metrópole Expandida Sul com 355% (de 3,6% para 16% da renda per capita) e o menor crescimento foi de Noroeste II com 96% (de 5% para 10% da renda). Sendo a média do estado 174,79%, metade das microrregiões do estado tiveram crescimento menor. Também observando os dados, nota-se que há um movimento de aumento do percentual da renda proveniente de transferências governamentais entre 1991 e 2000 nas regiões de menor renda per capita em 2000. Isso sugere que as microrregiões mais pobres estão recebendo mais verbas governamentais. Calculando-se a correlação entre as duas variáveis em questão, o resultado encontrado foi 0,56. Quanto aos dados de pobreza e de indigência, todas as doze microrregiões do ES apresentaram quedas nas taxas. A maior queda na taxa de pobreza foi da microrregião de Caparaó com 38% e a menor foi na metropolitana, com queda de 1,2%. Com relação à média do estado (queda de 33%) há oito microrregiões com quedas menores e apenas quatro com quedas maiores. Em relação à taxa de indigência, a maior queda foi na microrregião de Caparaó com 66% e a menor na Metropolitana com 15% de queda. Há quatro microrregiões com quedas inferiores a do estado (42%) e oito com quedas maiores. Como observado anteriormente, a elevação da renda per capita foi, nas microrregiões, em geral, maior que as quedas nas taxas de pobreza. Isto sugere que houve um aumento na concentração de renda. Analisando-se a variação do percentual de renda apropriada pelos 10%

mais ricos da população, nota-se que em metade das microrregiões essa variação foi negativa. Com quedas variando de 0,13% no Litoral Norte a 7,6% em Noroeste I; as elevações variaram de 3,7% no Pólo Colatina a 14,4% na Metrópole Expandida Sul. Já a variação do percentual da renda apropriada pelos 20% mais pobres teve queda em nove das doze microrregiões. A maior queda foi de 29,76% na Metrópole Expandida Sul e a maior elevação foi em Pólo Cachoeiro com 5,76%. Dado que Metrópole Expandida Sul foi de maior crescimento no percentual de renda apropriado pelos 10% mais ricos e de maior queda no percentual de renda apropriado pelos 20% mais pobres é de se esperar que a desigualdade nesta microrregião tenha aumentado. Tal fato pode ser uma explicação para que essa microrregião tenha sido uma das que pior combateu a pobreza e indigência, dado que foi o 5º maior aumento de renda per capita no estado. Em termos gerais, nota-se que o combate à pobreza e à indigência foi generalizado. Contribuíram para tal redução as transferências governamentais que aumentaram mais para as microrregiões de menor renda per capita e a elevação da renda per capita como um todo. Entretanto, o combate à pobreza e à indigência poderia ter sido mais eficaz caso a desigualdade tivesse diminuído. Mas cabe ressaltar que a desigualdade aumentou no geral mais pela queda do percentual de renda apropriado pelos mais pobres do que pela elevação do percentual de renda apropriado pelos mais ricos, uma vez que este caiu em seis das microrregiões e aquele subiu em apenas três.

4. Municípios de 5 microrregiões selecionadas 4.1. Caparaó Primeiramente, convém destacar os municípios pertencentes à microrregião de Caparaó, uma vez que esta apresentou as maiores reduções das taxas de pobreza e indigência e a maior elevação da renda per capita entre as doze microrregiões. Outro fato a destacar é que a maior eficiência no combate a pobreza e a indigência ocorreu ao mesmo tempo em que a microrregião foi a que recebeu o menor aumento nas transferências governamentais. Dos nove municípios que formam a microrregião de Caparaó, apenas três tiveram queda do percentual de renda apropriado pelos 20% mais pobres e seis tiveram queda do percentual da renda apropriada pelos 10% mais ricos, o que sugere que a desigualdade caiu na maioria dos municípios dessa microrregião. O que é comprovado ao se analisar a variação dos coeficientes de Gini municipais, que diminuiu em seis dos nove municípios. Dado que a maior variação da renda per capita entre as microrregiões foi a de Caparaó, e que a maioria dos seus municípios obtiveram queda do coeficiente de Gini, isto nos faz supor que foram justamente estes os fatores de sucesso no combate a pobreza e a indigência, as maiores quedas entre todas as microrregiões. 4.2. Metropolitana Outros municípios a serem destacados são os que formam a microrregião Metropolitana, pois esta obteve os piores resultados na diminuição da taxa de pobreza e de indigência. Em termos de transferências governamentais, microrregião metropolitana está apenas melhor que Caparaó, isto é, este não foi um dos principais fatores no (fraco) combate a pobreza e a indigência. Dos sete municípios pertencentes à microrregião metropolitana, seis tiveram elevação da proporção de renda apropriada pelos 10% mais ricos, ao passo que em apenas um observouse elevação do percentual de renda apropriado pelos 20% mais pobres. A única exceção nos dois casos foi o município de Fundão, que com isso foi o único que obteve redução no coeficiente de Gini, de 0,58 para 0,56.

Na comparação entre Vila Velha e Vitória, o primeiro obteve maior crescimento da renda apropriada pelos 10% mais ricos (13,8% contra 4,19%) e a maior queda na renda dos 20% mais pobres (24,3% contra 22,57%). Isso se reflete nos coeficientes de Gini, que no primeiro subiu de 0,52 para 0,57 (elevação de 9,6%) e 0,58 para 0,61 (elevação de 5,17%) no segundo. Devido aos maus números relativos à apropriação de renda, os dois municípios foram os que apresentaram os piores resultados para pobreza e indigência. Vila Velha obteve o pior resultado na diminuição da taxa de pobreza da microrregião, -17,7%, enquanto Vitória obteve o segundo pior resultado: queda de 20,9%. Quanto à indigência, Vila Velha foi o único onde houve elevação da taxa, subiu 1,52%. Vitória foi o segundo pior resultado, caiu apenas 2,99%. Portanto, apesar de significativa elevação na renda per capita em todos os municípios, a microrregião Metropolitana não obteve resultados tão satisfatórios no combate a pobreza e a indigência devido à elevação da desigualdade em seus municípios. O que pode ser representada pela variação positiva do coeficiente de Gini entre 1991 e 2000. 4.3. Pólos Colatina, Linhares e Cachoeiro Analisemos agora os municípios pertencentes às microrregiões Pólo Colatina, Pólo Linhares e Pólo Cachoeiro. Com relação à importância dessas três microrregiões, cabe destacar que juntas somam quase 25% da população do estado (Censo 2000) e pouco mais de um quinto da renda total do estado (Censo 2000). Observando os dados de renda per capita, os Pólos Colatina, Linhares e Cachoeiro foram, respectivamente, apenas a 6ª, 8ª e 9ª maiores elevações entre as microrregiões nos anos noventa. No entanto, esses números foram melhores que o da Metropolitana, que foi a 10ª maior elevação. Analisando as transferências governamentais, Linhares obteve a 4ª maior elevação do percentual de renda proveniente de transferências governamentais, enquanto Colatina e Cachoeiro obtiveram, respectivamente, a 8ª e 10ª maiores elevações. No combate a pobreza, Colatina foi a 3ª melhor colocada na queda da taxa (-33,9%). Cachoeiro e Linhares foram 7ª e 8ª com quedas de 31,6% e 23,04%. No combate a indigência, Cachoeiro foi a terceira melhor colocada (queda de 55,38%) e Colatina e Linhares foram,

respectivamente, 7ª e 8ª, com quedas de 46,8% e 46,7%. Também melhor colocadas que a Metropolitana. Quanto à apropriação de renda entre os mais ricos e os mais pobres, Linhares e Colatina obtiveram aumento no percentual de renda apropriado pelos 10% mais ricos e Cachoeiro teve queda. Assim como no percentual de renda apropriado pelos 20% mais pobres. Dos cinco municípios de Colatina, dois tiveram crescimento da renda per capita (37% e 57,3%) inferior ao da microrregião (60%). Os outros três tiveram crescimento mais homogêneo, na casa dos 60%. Quando são analisadas as variações das apropriações de renda por faixa de distribuição, o município de Pancas e o de Colatina foram os que apresentaram crescimento no percentual da renda apropriado pelos 10% mais ricos, 10,7% e 2,5% respectivamente. Quanto ao percentual da renda apropriado pelos 20% mais pobres, Pancas obteve o pior resultado com a expressiva queda de 66,6%; Colatina também obteve queda: quase 1%. O destaque positivo foi para Marilândia com elevação de 38,7%. Como Marilândia apresentou a maior queda na apropriação de renda dos 10% mais ricos (20,38%) e maior elevação entre os 20% mais pobres, o índice de Gini desse município foi o que apresentou o melhor resultado, 0,57 para 0,50 com queda de 12%. O outro extremo, Pancas teve elevação de 20% (de 0,55 para 0,66). No geral, dos cinco municípios, apenas Pancas e Colatina tiveram elevação no coeficiente de Gini. No tocante a redução da taxa de pobreza, como já era de se esperar, Pancas obteve o pior resultado da microrregião, queda de quase 20%. (Abaixo da média da microrregião, que foi 33,9%). Os demais municípios obtiveram queda superior a média da microrregião. No combate à indigência, Pancas também obteve o pior resultado com queda de 17,9%. Também abaixo da média da microrregião que foi 46,8%. Dos demais municípios, três tiveram queda superior a da média da microrregião. Em suma, dado que o percentual de transferências governamentais na renda per capita dos municípios tiveram, em geral, elevado crescimento, e que a renda per capita também teve elevada variação positiva, o combate à pobreza e a indigência poderia ter sido bem melhor do que se apresentou. Principalmente no município de Pancas que apresentou os piores números

em relação à pobreza e à indigência e bons números quanto à variação da renda per capita e de transferências governamentais. Analisando agora os municípios pertencentes a Pólo Linhares, dos seis municípios apenas dois obtiveram crescimento da renda per capita inferior à média da microrregião de 48,6%. Destaque positivo para Sooterama com 103% de aumento e negativo para Aracruz com 17,8% de elevação. Com relação às transferências governamentais, todos os municípios apresentaram elevação do percentual da renda proveniente de transferências superiores a 45%. A maior elevação foi para Linhares, com quase 80%; a menor foi para Ibiraçu, com elevação de 45,5%. Quanto à variação do percentual de renda apropriado pelos 10% mais ricos, apenas dois municípios tiveram queda, com destaque para João Neiva (queda de 16,8%). O destaque negativo fica para Ibiraçu com elevação de 40,4%. Em relação à variação de renda apropriada pelos 20% mais pobres, apenas dois municípios apresentaram elevação,os mesmos dois citados do parágrafo anterior: João Neiva (melhor resultado) e Rio Bananal. O destaque negativo novamente para Ibiraçu, com queda de 37,15%. Com os números dos dois parágrafos anteriores é de se esperar que a desigualdade tenha aumentado no município de Ibiraçu e caído em João Neiva e Rio Bananal, e observando os coeficientes de Gini, é exatamente isso que ocorre. Dos seis municípios, apenas João Neiva (destaque positivo) e Rio Bananal apresentaram queda do índice. Dados os números apresentados para a variação da apropriação de renda pelos mais ricos e mais pobres, já era de se esperar que João Neiva e Rio Bananal apresentassem os melhores resultados com relação à queda da taxa de pobreza e de indigência, como de fato os apresenta. Com a 1ª e 2ª maiores quedas da microrregião no tocante a taxa de pobreza e também à indigência. Cabe destacar também a participação do município de Linhares que esteve sempre perto dos dois melhores. Neste caso, cabe destacar que apesar de o coeficiente de Gini ter se elevado, o combate à pobreza e a indigência ocorreu com êxito devido à elevada variação das transferências governamentais, a maior entre os municípios da microrregião. O destaque negativo fica por conta de Aracruz, com as menores quedas nas duas taxas.

Analisando agora o Pólo Cachoeiro, nota-se que dos doze municípios que o formam apenas dois obtiveram crescimento da renda per capita abaixo da média da microrregião. O destaque positivo fica para Vargem Alta, com elevação superior a 100% e o destaque negativo fica para Cachoeiro de Itapemirim com elevação de 29,5%. Quanto à variação do percentual da renda proveniente de transferências governamentais, apenas três municípios tiveram elevação inferior à média da microrregião. O que consegui a maior variação foi Presidente Kennedy, com elevação de 95,3% e o de menor variação foi Atílio Vivacqua, com 3,5%. Com relação à apropriação de renda entre os 10% mais ricos, apenas três municípios apresentaram elevação, destacando-se Presidente Kennedy, com elevação de 20,3%. A maior queda fica para Muqui, com 20,34%. Quanto à apropriação de renda entre os 20% mais pobres, seis municípios tiveram resultados piores que a média da microrregião. O destaque negativo fica novamente com Presidente Kennedy, com queda de 52,5%. O destaque positivo é para Bom Jesus do Norte, com elevação de 27,3%. De acordo com os números apresentados anteriormente, é de se supor que a desigualdade tenha aumentado substancialmente em Presidente Kennedy. O que pode ser comprovado observando-se as variações dos coeficientes de Gini. Dos doze municípios, dois tiveram elevação do índice, com destaque negativo para Presidente Kennedy com elevação de 14,5% (de 0,55 para 0,63), em um o índice permaneceu estável e em nove houve queda. Como já era esperado, no combate à pobreza e à indigência, os piores resultados ficaram com Presidente Kennedy (a despeito de ter sido o município de maior elevação das transferências governamentais). O município apresentou queda de 15,3% na taxa de pobreza e de 6,36% na taxa de indigência. Convém ressaltar que a queda na taxa de indigência foi substancialmente inferior a dos demais municípios. Na outra ponta, o destaque positivo fica para Castelo, com queda de 61,41% na taxa de pobreza e Vargem Alta, com queda de 73% na taxa de indigência.

5. Uma visão geral do Estado por municípios Apesar do bom desempenho do ES, os mapas ilustram que ainda uma grande parte dos municípios do Norte e beirando o oeste até o extremo sul são ainda muito pobres. O mapa de renda, por exemplo, revela que trinta e cinco municípios têm renda per capita entre R$100 e R$200, o que equivale à média dos estados do Nordeste. Revela também que trinta e nove municípios têm renda per capita entre R$200 e R$300, igual ou superior a todos os estados da região Norte e superior a média de todos os estados do Nordeste. Há também três municípios com renda per capita superior a R$300, o que é maior que todos os estados do Norte e Nordeste, no Centro-Oeste só não é superior ao Distrito Federal, e é comparável aos estados da região Sul. O mapa que ilustra a taxa de pobreza mostra que ela é bastante concentrada no extremo norte e extremo sul do estado, onde se localizam as maiorias dos vinte e três que tem taxa acima de 40%, que é semelhante a dos estados da região do nordeste. Dentre os setenta e sete municípios do estado, apenas dois tem taxa inferior a 20%, que é melhor que todos os estados das regiões norte e nordeste. Observando o mapa que mostra a taxa de indigência em 2000, percebe-se que as altas taxas são concentradas nos municípios do norte e do extremo sul, totalizando vinte e seis municípios com taxas superiores a 15%, equivalentes as das regiões norte e nordeste. Tendo cinco municípios com taxas superiores a 25%. Na outra ponta, há onze municípios com taxas entre 5% e 7,5%, que é melhor que todos os estados do norte e nordeste. Também pode ser constatado ao se observar os mapas, que apesar de a renda per capita não ter sido a que mais avançou e que o combate à pobreza e a indigência terem sido piores que em muitos outros municípios do estado, as cidades de Vitória e Vila Velha figuravam entre as que possuíam as maiores rendas per capita e as menores taxas de pobreza e indigência no ano 2000....