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Transcrição:

ATUALIDADES EM QUÍMICA Atualidades em química José Augusto R. Rodrigues As recomendações atuais da IUPAC para a nomenclatura de moléculas orgânicas são apresentadas em formato condensado. Elas estão redigidas para professores e alunos do ensino médio, salientando, além das regras relevantes para este nível de ensino, equívocos e vícios comumente encontrados em livros didáticos disponíveis no mercado. nomenclatura IUPAC, química orgânica, ensino médio Recebido em 28/7/00, aceito em 26/3/01 22 Oobjetivo deste artigo é prestar esclarecimentos, para a comunidade de professores e alunos do ensino médio, sobre as recomendações da IUPAC (sigla inglesa para União Internacional de Química Pura e Aplicada) para a nomenclatura dos compostos orgânicos 1. Pretendese ressaltar alguns exemplos que respondem a muitas dúvidas que nos têm sido formuladas por professores do ensino médio. Nas universidades, os professores de química orgânica têm observado nos alunos ingressantes muita desinformação e vícios que são de difícil eliminação. O agravante é que, ao tornarem-se professores, estes alunos perpetuam tais denominações imperfeitas e ultrapassadas, repassando-as aos estudantes. Grande parte dos livros adotados nas escolas seguem uma nomenclatura nem sempre atual, contendo os vícios indesejados acima mencionados 2. As regras atuais da IUPAC seguem as recomendações de 1993 (Powell, 1993; Panico et al., 1993), que incluem alterações importantes nos princípios gerais da nomenclatura, descritos na edição de 1979 (Klesney e Rigaudy, 1979). A principal finalidade da nomen- clatura química é a identificação de espécies químicas por meio de palavras escritas ou pronunciadas. Este objetivo requer um sistema de princípios e normas, cuja aplicação dá origem a uma nomenclatura sistemática, contida nas recomendações de 1979. Contrastando com os nomes sistemáticos, existem nomes tradicionais, semissistemáticos ou triviais, que são A seção Atualidades em química procura apresentar assuntos que mostrem como a química é uma ciência viva, seja com relação a novas descobertas, seja no que diz respeito à sempre necessária revisão de conceitos. largamente utilizados para certos compostos mais comuns, como o ácido acético, o benzeno, o colesterol, o estireno e o formaldeído. Muitos destes nomes fazem parte de uma linguagem geral não científica e não se restringem à sua utilização no âmbito da ciência. São úteis e em muitos casos indispensáveis. Ganha-se muito pouco e perde-se certamente muito mais ao substituir esses nomes. Também existem nomes semissistemáticos, como metano, propanol e ácido benzóico, que, de tão familiares, poucos são os químicos que se dão conta de que não são nomes completamente sistemáticos. Princípios gerais Na universidade, os professores de química orgânica têm observado muita desinformação e vícios de difícil eliminação nos alunos que ingressam. O agravante é que, ao tornarem-se professores, estes alunos perpetuam tais denominações imperfeitas e ultrapassadas, repassando-as aos estudantes A designação sistemática de um composto orgânico requer geralmente a identificação e a designação de uma estrutura parente. Este nome pode ser em seguida modificado por prefixos, infixos e, no caso de um hidreto, por sufixos que indicam com precisão as modificações estruturais requeridas para gerar o composto a designar a partir dela. Normalmente uma estrutura parente é um hidreto parente, isto é, uma estrutura que contém, para além dos átomos de hidrogênio, um único átomo de um elemento, por exemplo, o metano; um número de átomos ligados uns aos outros formando uma cadeia não ramificada, tais como o pentano; ou um sistema monocíclico ou policíclico, como o cicloexano, a piridina, o naftaleno e a quinolina. Para se identificar a estrutura parente de uma molécula, é necessário realizar várias operações formais. Por

exemplo, na designação da seguinte estrutura, o hidreto parente pentano deriva formalmente da substituição de átomos de oxigênio e de cloro por um número apropriado de átomos de hidrogênio. Quadro 1: Exemplos de operações de nomenclatura Para a construção de um nome, esta operação é invertida. O prefixo cloro - e o sufixo -ona, que indicam a substituição de átomos de H do pentano, são adicionados ao nome do hidreto parente, originando o nome 5- cloropentan-2-ona. Os prefixos e sufixos podem indicar um número de diferentes tipos de operações formais efetuadas na estrutura. Freqüentemente, o prefixo ou o sufixo designam a ligação de um grupo característico, por exemplo, oxo ou -ona para =O. Um prefixo pode também descrever um grupo derivado de um hidreto parente, por exemplo, pentan-1-il ou pentil para CH 3 - - - - - (a partir do pentano). A operação é a mais extensamente usada na nomenclatura orgânica. Na verdade, o sistema de nomenclatura baseado na aplicação desta operação é denominado nomenclatura, ainda que envolva outros tipos de operações. Exemplos desta e de outras operações de nomenclatura são apresentados no Quadro 1. A operação pode ser usada para designar compostos orgânicos nos quais átomos da cadeia de uma estrutura são substituídos por outros átomos, ou nos quais átomos de oxigênio e/ou grupos hidroxilas característicos são substituídos por outros átomos ou grupos. É muito importante reconhecer que, de uma forma geral, as regras de nomenclatura orgânica são escritas em termos de valência clássica e não envolvem configurações eletrônicas de qualquer espécie. Estrutura 1 2 3 4 5 Estrutura parente (nome de classe) propano (éter) pentano (cetona) ácido acético (ácido indol acético) estireno (óxido) oxirano bornano Operação classe funcional classe funcional conjuntiva aditiva subtrativa Alguns exemplos de operações de nomenclatura: Operação : Nome 1-etoxipropano éter etílico-propílico 1-cloropentan-2-ona clorometila propila cetona ácido 1H-indol-1-ilacético ácido 1H-indol-1-acético óxido de estireno 2-feniloxirano 10-norbornano 7,7-dimetilbiciclo[2.2.1]heptano 23 Hidreto parente Um hidreto parente é a estrutura que é designada antes da adição de afixos referentes aos substituintes para a formação do nome de um composto específico. Este nome designa uma

Quadro 1: (continuação) Operação aditiva: cificam uma estrutura molecular representam substituintes de vários tipos, que substituem átomos de hidrogênio de um hidreto ou de uma estrutura Operação conjuntiva: Operação subtrativa: Figura 1: Exemplos de numeração de cadeias de hidrocarbonetos acíclicos saturados. 24 determinada população de átomos de hidrogênio ligados ao esqueleto da estrutura. Os hidretos parente acíclicos nunca são ramificados, como por exemplo o pentano. Usualmente os hidretos parente cíclicos estão completamente saturados, como o ciclopentano, o oxirano e o azepano. de troca (vide Figura 2). A Tabela 1 contém os nomes dos prefixos dos substituintes derivados dos hidretos parentes e exemplos de uso desses prefixos. Grupos funcionais Os prefixos e/ou sufixos que espe- Figura 2: Exemplos de nomenclatura de troca para hidretos heterogêneos. Nomenclatura para algumas funções Hidrocarbonetos Os hidrocarbonetos lineares, não ramificados e saturados, de C 2 a C 4, são denominados por etano, propano e butano. Os nomes sistemáticos dos membros superiores desta série são constituídos pelo termo numérico, seguido da terminação ano, com elisão do o final do termo base. O nome genérico para os hidrocarbonetos acíclicos saturados é alcano. A cadeia é numerada de uma extremidade à outra com algarismos arábicos (vide Figura 1). Hidretos heterogêneos Hidretos heterogêneos constituídos por cadeias que contêm átomos de carbono e vários heteroátomos iguais ou diferentes, e possuindo nas extremidades átomos de carbono, podem ser denominados pela nomenclatura Tabela 1: Nomes dos prefixos dos substituintes derivados dos hidretos parentes e exemplos de uso. Monovalente Divalente Trivalente Tetravalente -il -di-il -tri-il -tetrail -ilideno -ilidino -ililidino -ililideno -di-ilideno -di-ililideno Alternativamente podem ser usados:

parente. Por exemplo, -OH, =O, -NH 2, -CN, -COOH etc. Insaturação A presença de uma ou mais ligações duplas ou triplas em um hidreto parente é indicada pela substituição da terminação ano do nome do hidreto saturado por uma das terminações indicadas na Tabela 2, a qual também contém exemplos de uso destas terminações. Especificação dos grupos funcionais A presença de um grupo funcional pode ser indicada por um prefixo ou sufixo ligado ao nome parente (com elisão do o, se presente), conforme mostrado na Tabela 3. Guia para a construção de nomes A formação de um nome sistemático de um composto orgânico envolve várias etapas, as quais devem ser aplicadas pela seguinte ordem: (a) a partir da natureza do composto é determinado o tipo de operação de nomenclatura a ser usado. A chamada nomenclatura é realçada nestas recomendações, sendo muitas vezes também indicados outros nomes, como por exemplo os nomes da classe funcional usados normalmente como alternativas; (b) determinar a natureza do grupo Tabela 2: Designação de ligações múltiplas. Um Dois Três Ligação dupla -eno -adieno -atrieno Ligação tripla -ino -adi-ino -atri-ino funcional (se existir) a ser citado por um sufixo ou pelo nome da classe funcional. Apenas um tipo de grupo funcional (conhecido como grupo principal) pode ser citado por um sufixo ou pelo nome da classe funcional. Todos os substituintes restantes devem ser especificados por prefixos; (c) determinar o hidreto parente, incluindo prefixos indestacáveis; (d) designar o hidreto parente e o grupo característico principal, se existir, ou o parente funcional; (e) determinar os infixos e/ou prefixos (com os prefixos multiplicativos apropriados) e numerar a estrutura tanto quanto possível; (f) designar os prefixos dos substituintes destacáveis e completar a numeração da estrutura, se for necessário; (g) unir os componentes em um nome completo, por ordem alfabética de todos os prefixos substitutivos. Na nomenclatura, alguns grupos característicos podem ser designados por prefixos ou sufixos (Tabela 3), mas outros só podem ser denominados por prefixos (Tabela 4). Os nomes baseados nas classes funcionais diferem da nomenclatura, pois a classe funcional é designada em uma palavra separada, seguida do nome de um substituinte referente à estrutura restante. Se as regras anteriores permitirem uma escolha, o ponto de partida e o sentido da numeração de um composto são selecionados de forma a atribuir os locantes mais baixos às seguintes características estruturais, consideradas sucessivamente pela ordem apresentada, até se encontrar uma decisão: (a) numeração fixa (naftaleno, etc.); (b) heteroátomos em heterocíclicos; (c) hidrogênio indicado; (d) grupo principal designado por um sufixo; (e) heteroátomos em uma estrutura Tabela 3: Sufixos e prefixos empregados na nomenclatura. Classe Halogenetos de acilo (ou acila) Alcoolatos, fenolatos Álcoois, fenóis Aldeídos Amidas Aminas Carboxilatos Ácidos carboxílicos Éteres Ésteres Cetonas Nitrilas -CO-halogênio -O - -OH -CHO CO-NH 2 - -NH 2 -COO - -COOH -OR -COOR >C=O -C N Prefixo halocarboniloxidohidroxiformiloxocarbamoilaminocarboxilatocarboxi- (r)-oxi- (r)-oxicarboniloxociano- Sufixo halogeneto de...-carbonilo halogeneto de... oílo -olato -ol -carbaldeído -al -carboxamida -amida -amina -carboxilato -oato ácido... carboxílico ácido... óico (R)...carboxilato -ona -carbonitrila -nitrila Tabela 4: Grupos característicos citados apenas como prefixos na nomenclatura. Grupo característico Prefixo -Br bromo- -Cl cloro- -F fluoro- -I iodo- -NO 2 nitro- -OR (R)-oxi 25

parente acíclica; (f) insaturação (eno/ino); (g) substituintes designados por prefixos. Quando os vários componentes foram selecionados, designados e numerados, faz-se, se necessário, algumas modificações aditivas ou subtrativas. O nome completo é montado e os prefixos colocados por ordem alfabética (vide exemplos no Quadro 2). Aplicação a classes específicas de compostos Hidrocarbonetos Quadro 2: Três exemplos detalhados de construção de nomes Exemplo 1: CH 3 OH e HO OH Nomenclatura Grupo principal -OH -ol Hidreto parente CH 3 CH 3 etano Hidreto parente +um grupo principal CH 3 OH etanol Hidreto parente +dois grupos principais HO OH etano-1,2-diol Exemplo 2: Nomenclatura Grupo principal -ona 26 Hidreto parente heptano Hidreto parente +grupo principal heptan-2-ona Substituinte -OH hidroxi Nome do composto 7-hidroxieptan-2-ona Exemplo 3: Nomenclatura Compostos halogenados Grupo principal -OH -ol Hidreto parente CH 3 CH 3 pentano Hidreto parente +grupo principal pentan-2-ol Os nomes de classe funcional formam-se citando o nome de classe ( fluoreto, cloreto, brometo ou iodeto ) em uma palavra separada, precedido, se necessário, por um prefixo Modificação subtrativa - 2H -en Nome do composto pent-4-en-2-ol

numérico, seguido pelos nomes dos grupos orgânicos. nome do substituinte R. Quando o grupo NH 2 não é o grupo característico principal, ele é designado pelo prefixo amino. apropriados, seguidos diretamente, sem espaço, pelo nome de classe amina. Nos nomes das aminas secundárias e terciárias assimétricas, os grupos substituintes são ordenados alfabeticamente. Compostos de nitroíla e de nitrosila Os compostos que contêm um grupo NO 2 ou um grupo NO são designados pelos prefixos nitro e nitroso, respectivamente. Aminas secundárias e terciárias As aminas secundárias e terciárias simétricas NHR 2 e NR 3 podem ser designadas de acordo com os dois métodos seguintes: (a) citando o nome do grupo substituinte R, precedido pelo prefixo numérico di - ou tri -, respectivamente, antes do nome do hidreto parente azano; (b) citando o nome do grupo substituinte R, precedido do prefixo apropriado di - ou tri -, seguido, sem espaço, pelo nome amina. Álcoois e fenóis Na nomenclatura, a indicação do grupo hidroxilo, -OH, como grupo característico principal, é feita pela adição de um sufixo apropriado, como -ol, -diol etc., ao nome do hidreto parente, com elisão da terminação o quando seguido de uma vogal. 27 Aminas primárias As aminas primárias, NH 2 R, podem ser designadas de acordo com um dos seguintes métodos: (a) citando o nome do grupo substituinte R como um prefixo do nome do hidreto parente azano; (b) adicionando o sufixo amina ao nome do hidreto parente RH; (c) adicionando o sufixo amina ao As aminas secundárias e terciárias assimétricas, NHRR, NR 2 R e NRR R podem ser designadas de acordo com os seguintes métodos: (a) como derivados substituídos do hidreto parente azano; (b) como derivados N-substituídos de uma amina primária RNH 2 ou de uma amina secundária R 2 NH; (c) citando os nomes de todos os grupos substituintes, R, R ou R, precedidos pelos prefixos numéricos

2. Um dos vícios mais comuns é o uso do termo radical no lugar de substituinte. Radical é uma espécie química definida, como o radical metilo (ou metila), ou o etila: H 3 C H 3 C Cetonas José Augusto R. Rodrigues (jaugusto@iqm.unicamp. br), bacharel e licenciado em química, doutor em ciências, professor livre docente, é docente do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas e representante nacional junto à IUPAC para a nomenclatura de química orgânica. 28 Os nomes de classe funcional são formados pelo nome de classe álcool, citado em uma palavra separada, seguido do prefixo do substituinte derivado do hidreto parente correspondente, ao qual foi adicionado o sufixo -ico. Éteres Ácidos carboxílicos Referências bibliográficas POWELL, W.E. (coord.). Revised nomenclature of radicals, ions, radical ions and related species (IUPAC recomendations 1993). Pure and Applied Chemistry, v. 65, p. 1357-1455, 1993. PANICO, R.; POWELL, W.H. e RI- CHER, J.-C. A guide to IUPAC nomenclature of organic compounds - Recommendations 1993. Cambridge: Blackwell Science, 1993. Correções publicadas em Pure and Applied Chemistry, v. 71, n. 7, p. 1327-1330, 1999. KLENESY, S.P. e RIGAUDY, J. Nomenclature of organic chemistry. Sections A, B, C, D, E, F, and H. Oxford: Pergamon Press, 1979. Para saber mais ALENCASTRO, R.B. e MANO, E.B. Nomenclatura de compostos orgânicos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1987. Notas Aldeídos 1. A tradução das normas do original em inglês aqui adotada é decorrente de um acordo celebrado com representantes da Sociedade Portuguesa de Química. Na internet Sobre a IUPAC e novas recomendações para química orgânica: http:// www.iupac.org/divisions/iii/index.html Abstract: IUPAC Recommendations for the Nomenclature of Organic Molecules The current IUPAC recommendations for the nomenclature of organic molecules are presented in a condensed format. They are written for high-school teachers and students, highlighting, besides the relevant rules for this learning level, equivoques and bad habits commonly found in textbooks available in the market. Keywords: IUPAC nomenclature, organic chemistry, high-school teaching IUPAC A União Internacional de Química Pura e Aplicada (www.iupac.org) contribui para o avanço de aspectos mundiais das ciências químicas e para a aplicação da química a serviço da humanidade. Formada em 1919, tem sido bem sucedida em incentivar a comunicação internacional na área da química e em unir a química acadêmica, industrial e pública em uma linguagem comum. Há bastante tempo, a IUPAC é reconhecida como a autoridade mundial sobre nomenclatura, terminologia, métodos padronizados para medidas, pesos atômicos e outros dados criticamente avaliados. A IUPAC é uma associação de 45 organizações nacionais aderentes e 16 países com status de organizações nacionais aderentes associadas. Quase 1000 químicos de todo o mundo estão voluntariamente engajados no trabalho científico da IUPAC, principalmente através de 37 comissões, componentes de sete divisões: I - Físico-Química e Biofísico- Química, II - Química Inorgânica, III -Química Orgânica e Biomolecular, IV - Macromolecular, V - Química Analítica, VI - Química e o Ambiente, e VII Química e Saúde Humana. O CBAQ - Comitê Brasileiros para Assuntos de Química Junto à IUPAC, criado em 24 de junho de 1988, é a organização aderente do Brasil junto à IUPAC. Coordenado por uma secretaria executiva, o Nota CBAQ é composto por representantes das seguintes entidades membro: Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados (Abiquim), Associação Brasileira de Engenharia Química (Abeq), Associação Brasileira de Polímeros (ABPol), Associação Brasileira de Química (ABQ) e Sociedade Brasileira de Química (SBQ). A atual secretária executiva do CBAQ é a Profa. Carol H. Collins [Instituto de Química - UNICAMP, C. P. 6154, 13083-970 Campinas SP; e-mail chc@iqm.unicamp.br; fone (019) 239-7642; fax 239-3805]. Os nomes e endereços de representantes brasileiros em diferentes comissões da IUPAC estão disponíveis no sítio da SBQ: www.sbq.org.br/iupac/indexiupac.htm.