TRIBUNAL E JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR Embargos Infringentes na APELAÇÃO Nº 0004311-40.2009.8.19.0058 Embargante/Apelado: DANIEL DE ALMEIDA e outros Embargado/Apelante: CONCESSIONÁRIA ÁHGUAS DE JUTURNAÍBA S/A Origem: Juízo da 1ª Vara da Comarca de Saquarema RELATOR: DES. JDS ISABELA PESSANHA CHAGAS VOTO VENCIDO Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c indenizatória interposta pelos ora Embargantes em face da Embargada, afirmando que a ré é detentora, com exclusividade, da concessão de serviço público de abastecimento d água, obras coleta e tratamento de esgoto no Município de Saquarema desde 1997e os autores/embargantes moram o bairro Barra Nova, perímetro urbano de Saquarema e não recebem os serviços de fornecimento de água da Embargada, sendo certo que outros consumidores, inclusive a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VÔLEI e vizinhos próximos dos Embargantes são atendidos pela Embargada. A sentença (pasta 00442) decidiu, in verbis:... Por todo o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, e, CONDENO a ré a fornecer água aos domicílios dos autores, instalando seus hidrômetros, em até 30 dias a contar da presente, ou, alternativamente, a lhes fornecer um carro pipa de 10.000 litros por mês, por unidade consumidora, pena de incorrer em multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por cada mês sem abastecimento, a serem pagos a cada um dos autores. JULGO PROCEDENTE o pedido e CONDENO a ré a indenizar os autores por danos morais, que fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais), para cada um dos autores, valor que deverá ser corrigido desde a presente e acrescidos de juros legais, desde a citação até o pagamento. CONDENO a ré nos ônus da sucumbência, e fixo os honorários em 20% sobre o valor da condenação, na forma do art. 20, 3 e 40 do CPC. Fica a ré intimada da incidência da multa estabelecida pelo art. 475-J do Código de processo Civil, na hipótese do não cumprimento da presente.
Interposto recurso de apelação pela ora Embargada (fls. 450/478 pasta 00470), a 6ª Câmara Cível deste Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso para reformar a sentença, julgando improcedente os pedidos dos autores. O voto vencido (fls. 539/541 pasta 00539) foi no sentido de dar provimento ao Agravo Inominado, para reformar a decisão monocrática e manter os danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Interposto Embargos Infringentes o embargante/apelado, na forma da petição de fls. 254/256 (pasta 254), sustenta que deve prevalecer as razões do voto vencido do Desembargador Nagib Slaibi, que entendeu pela manutenção da sentença que condenou a concessionária a fornecer água no domicílio dos autores, ainda que por meio de carro pipo, condenando-se, ainda, a indenizá-los por danos morais na quantia fixada em R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada um. A Embargada/Apelante ofereceu contrarrazões às fls. 560/577 (pasta 00560), afirmando que o contrato de concessão vem sendo fielmente cumprido pela concessionária, observando a viabilidade técnica e/ou financeira para realização das obras. Nega que a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VÔLEI não possui sistema de abastecimento de água, justamente devido a inexistência de sistema integrado de abastecimento naquela localidade. Afirma, ainda, que a Embargada tem metas contratuais a atingir, através de Plano Diretor e vem respeitando determinações e prazos. Decisão às fls. 578 (pasta 00578) admitindo o recurso. A ação discute a responsabilidade civil e o dever de continuidade de serviço essencial. Logo, aplicando-se o princípio da especialidade, imperiosa a manutenção do Código de Defesa do Consumidor, mesmo porque seu fundamento de validade está na Constituição Federal (artigo 5º, XXXII). Com efeito, o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor impõe aos prestadores de serviço público a obrigação de fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quando essenciais, contínuos, sob pena de reparar os danos causados, nos termos daquela legislação, permitindo o parágrafo único, compelir as concessionárias e permissionárias ao cumprimento das obrigações traçadas no dispositivo. A Apelante/Embargada confirma a inexistência de sistema integrado de abastecimento onde o Embargante reside, sob argumento de que tem metas contratuais a atingir, através de Plano Diretor e vem respeitando determinações e prazos. Como ressaltado na sentença a embargada assumiu a prestação do serviço de fornecimento de água, que é considerado essencial, há mais de 15 (quinze) anos e a inexistência do
abastecimento se deve a demora na execução da obra de extensão da rede, o que não é argumento válido na legislação de proteção consumerista. A interrupção desmotivada macula a eficiência e segurança do serviço prestado, e compromete a confiabilidade depositada na concessionária-ré. Assim, caracterizada a responsabilidade por falha do serviço, nos termos do artigo 14, caput, do CDC. Assim vem se manifestando nosso Tribunal: 0001490-56.2013.8.19.0209 - APELACAO 1ª Ementa DES. TEREZA C. S. BITTENCOURT SAMPAIO - Julgamento: 04/08/2014 INTEIRO TEOR Decisão Monocrática - Data de Julgamento: 04/08/2014 (*) - VIGESIMA SETIMA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA. - Sentença que condenou a Concessionária ré ao pagamento das quantias despendidas pela parte autora, na contratação de abastecimento de água por caminhão pipa. Incidência do artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor, que determina aos prestadores de serviços públicos a obrigação de fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quando essenciais, contínuos, sob pena de responder pelos danos que venha a impor aos usuários. - Meras alegações da ré/apelante que não têm o condão de afastar sua responsabilidade na falha da prestação do serviço, eis que não logrou comprovar, por qualquer meio, os fatos capazes de afastar a pretensão autoral. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, COM FULCRO NO ARTIGO 557, CAPUT, DO CPC. INTEIRO Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 10/09/2014 (*) TEOR 0001490-56.2013.8.19.0209 - APELACAO DES. TEREZA C. S. BITTENCOURT SAMPAIO - Julgamento: 04/08/2014 - VIGESIMA SETIMA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR AGRAVO INOMINADO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA EM SEDE DE APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. DEFEITO NA
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA. Sentença que condenou a Concessionária ré ao pagamento das quantias despendidas pela parte autora, na contratação de abastecimento de água por caminhão pipa. - Incidência do artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor, que determina aos prestadores de serviços públicos a obrigação de fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quando essenciais, contínuos, sob pena de responder pelos danos que venha a impor aos usuários. - Meras alegações da ré/apelante que não têm o condão de afastar sua responsabilidade na falha da prestação do serviço, eis que não logrou comprovar, por qualquer meio, os fatos capazes de afastar a pretensão autoral. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1057005-69.2011.8.19.0002 - APELACAO DES. REGINA LUCIA PASSOS - Julgamento: 02/06/2014 - VIGESIMA QUARTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR Embargos de Declaração. Apelação Cível. Alegação de Omissão. Ocorrência. Acórdão que não apreciou pedido de retificação de erro material. Julgado cuja parte dispositiva estabeleceu obrigação de regularização de fornecimento de água. Menção a hidrômetro inexistente na localidade. Ausência de pedido de instalação do medidor. Retificação que se impõe. Aclaramento do dispositivo. Numeração descrita que se refere à ligação da unidade da autora com a rede externa e não a hidrômetro. Não alteração do conteúdo decisório, entretanto. ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS, SEM ALTERAÇÃO DO CONTEÚDO DECISÓRIO. Dessa forma, correto o voto vencido, para reformar a decisão monocrática e manter a decisão proferida pelo Juízo a quo. Pelo exposto, esta Desembargadora divergiu da douta maioria e ficou vencida votando pelo PROVIMENTO aos Embargos Infringentes para que seja mantida a sentença que condenou a concessionária a fornecer água no domicílio dos autores, ainda que por meio de carropipa, condenando-a, ainda, a indenizar os mesmos por danos morais na quantia fixada em R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada um dos embargantes/autores. Rio de Janeiro, de outubro de 2014.
Isabela Pessanha Chagas Desembargadora JDS. VENCIDA Rio de Janeiro, 09 de outubro de 2014. Isabela Pessanha Chagas Desembargadora JDS. RELATORA