FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: O QUE PENSAM OS ESTUDANTES



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Transcrição:

FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: O QUE PENSAM OS ESTUDANTES Flaviane Pelloso Molina Freitas Karen Regiane Soriano Simara Pereira da Mata Caroline de Vasconcelos Flamínio Tainá de Oliveira Castelanelli Instituição de origem dos autores: UNESP Marília/SP Eixo Temático: Formação de professores na perspectiva inclusiva Agência Financiadora: Capes; CNPq; Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPe) da UNESP Palavras-chave: Educação. Formação de Professores. Educação Especial. 1. Introdução Discutir sobre o sistema educativo nos faz retomar a temática da formação inicial dos educadores, mesmo quando a discussão não diz respeito diretamente a este assunto. Por exemplo, discussões acerca da avaliação, gestão escolar, metodologias de ensino, dentre outros, nos levam a refletir como tem sido a formação inicial do educador em relação a determinada temática. Com a Educação Especial não é, e nem poderia ser, diferente. Desse modo, refletir acerca da inclusão de alunos público-alvo da Educação Especial na escola comum traz, inevitavelmente, a temática da formação inicial dos professores. Atrelado a temática da formação inicial para docência na perspectiva da educação inclusiva, temos o crescente número de matrículas de alunos público-alvo da Educação Especial na escola comum e também, infelizmente, o crescente número de pesquisas que apontam que o ingresso destes alunos não tem gerado experiências significativas de aprendizagem, o que está intrinsecamente ligado à formação de professores que atuam ou atuarão com este público. Devemos considerar ainda que, atrelada à temática de formação e atuação docente, outros aspectos do sistema educativo, tais quais: falta de recursos materiais, condições pedagógicas desfavoráveis, número excessivo de alunos por sala, falta de apoio especializado, dentre outros (BARBOSA-VIOTO, VITALIANO, 2013).

Nesta perspectiva, este estudo propõe-se a identificar variáveis relacionadas à formação inicial de cursos de pedagogia de dois municípios distintos, e verificar a concordância ou não destes estudantes com a atual matriz curricular de seu curso e a existência de disciplinas voltadas para a Educação Especial na perspectiva inclusiva na formação inicial. 2. Aspectos metodológicos Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa que, de acordo com Kirschbaum (2013), tem como uma das principais características a mensuração e condensação dos dados coletados em variáveis, possibilitando a comparação da flexão das variáveis, o que permite ao pesquisador a compreensão sobre o comportamento ou contexto social que pretende estudar. A pesquisa foi realizada em dois municípios, sendo um do estado de São Paulo e um do estado do Paraná. Ambas as cidades podem ser consideradas de porte médio, situadas no interior dos estados e contam com Universidades públicas estaduais que possuem cursos de Licenciatura em Pedagogia. Os participantes totalizaram 81 alunos do curso de pedagogia (46 de do estado de São Paulo e 35 do estado do Paraná) e para esta seleção, utilizamos como critério de inclusão, alunos dos terceiros e quartos anos do curso de pedagogia. Os participantes foram convidados a responder um questionário, visando coleta de dados por meio de um conjunto de questões pré-elaboradas pela equipe de pesquisadores, com o objetivo de obter informações sobre a temática em questão. O questionário destinado aos graduandos era composto por cinco questões dos tipos: abertas, fechadas e de múltipla escolha. Os temas principais eram: a realização ou não de disciplina(s) na ótica da Educação Especial na perspectiva inclusiva e a sua percepção/satisfação em relação à disciplina cursada. Foi também solicitada uma sugestão em relação às disciplinas da matriz curricular do seu curso ligadas à temática da Educação Especial Inclusiva na formação inicial. Para este estudo, foram considerados somente os dados obtidos com as questões fechadas e de múltipla escolha, pois os dados textuais, ou seja, as sugestões quanto à matriz curricular, não são possíveis de serem analisados pelo software escolhido para a análise.

A análise dos dados obtidos por meio do questionário foi realizada com a utilização do software para análise quantitativa (SPSS, 2015) que permite relacionar dados de variáveis distintas, a fim de identificar correlação entre as mesmas. 3. Resultados e discussão Apresentamos a seguir, na Tabela 1, os dados que se referem ao perfil dos estudantes participantes desta pesquisa. Nota-se que os graduandos são 35 (43,2%) do estado do Paraná e 46 (56,8%) do estado de São Paulo, apresentando idade média de 25,28 anos. O grupo foi formado por 81 sujeitos, dos quais 7 (8,6%) do gênero masculino e 74 (91,4%) do gênero feminino. Todos os graduandos são oriundos de universidade pública. Tabela 1 Distribuição das variáveis nominais dos dados referentes aos estudantes graduandos dos cursos de pedagogia. Variáveis f % Gênero Feminino 74 91,4% Masculino 7 8,6% 16 a 26 anos 58 71,6% Idade 27 a 37 anos 18 22,2% 38 a 48 anos 5 6,2% Estado Paraná 35 43,2% São Paulo 46 56,8% Semestre do curso 6º Semestre 68 84% 8º Semestre 13 16% Natureza da Instituição de formação Pública 81 100% Privada 0 0% Fonte: Dados organizados pelos autores. Os alunos foram questionados se já haviam cursado ou estavam cursando alguma disciplina que tenha abordado ou aborde a questão da Educação Especial na perspectiva inclusiva e se, em sua formação inicial, as disciplinas da matriz curricular do curso abordaram a temática Educação Especial Inclusiva de forma satisfatória para a futura atuação com alunos público-alvo da Educação Especial. Já na Tabela 2, podemos observar a relação entre a existência de disciplina de Educação Especial na matriz curricular e a concordância com a afirmação sobre a satisfação com a disciplina, na perspectiva de atuação futura com alunos com deficiência.

Tabela 2 - Relação entre existência de disciplina de Educação Especial na matriz curricular e concordância com a afirmação Concordância com a afirmação: Em minha formação inicial as disciplinas da matriz curricular do meu curso abordaram a temática Educação Especial Inclusiva de forma satisfatória para a minha atuação futura com alunos com deficiência. Conc. Total. Conc. Parcial. Disc. Parcial. Disc. Total. Total f % f % f % f % f % Existência de Sim 17 21% 46 56,8% 15 18,5% 2 2,5% 80 98,8% disc. na matriz Não 0 0% 0 0% 1 1,2% 0 0% 1 1,2% Total 17 21% 46 56,8% 16 19,7% 2 2,5% 81 100% Fonte: Dados obtidos a partir do uso do software SPSS. Versão 23. 2015. É possível observar que 46 (56,8%) alunos concordaram parcialmente com a afirmação, 17 (21%) concordaram totalmente, 16 alunos (19,7%) discordaram parcialmente e apenas2 alunos (2,5%) discordaram totalmente com a seguinte afirmação: Em minha formação inicial as disciplinas da matriz curricular do meu curso abordaram a temática educação especial inclusiva de forma satisfatória para a minha atuação futura com alunos com deficiência. Portanto, a satisfação dos alunos é somente de 21%, o que demonstra uma necessidade eminente de se repensar a processo de formação inicial dos professores que atuarão, especialmente, na educação básica, etapa na qual o número de matrículas de alunos com deficiência tem aumentado consideravelmente. Este dado corrobora com um estudo realizado por Agapito e Ribeiro (2014) com 124 alunos graduandos do último ano de diferentes cursos de licenciatura e que tinha como objetivo conhecer suas concepções acerca da educação inclusiva. Este estudo constatou que 94% dos participantes apontavam lacunas em seus cursos de licenciatura, indicando que estes cursos não os preparavam para uma atuação na perspectiva inclusiva. 4. Conclusões Considera-se que o estudo identificou na percepção de alunos graduandos possíveis falhas no processo de formação inicial para a docência na perspectiva da inclusão de alunos com deficiência, tendo em vista que apenas 21% dos sujeitos participantes consideram-se satisfeitos com a temática da Educação Especial Inclusiva em sua formação. Concordamos com Rodrigues e Rodrigues (2011, p. 58) de que precisamos de professores que, com o conhecimento adequado, com atitudes positivas e com um

compromisso possam levar adiante a reforma da Educação Inclusiva. Para isso precisamos que a Educação Inclusiva chegue aos cursos de formação de professores. Ressalta-se ainda a importância deste estudo como indicativo da necessidade de novas pesquisas que busquem ações sólidas para a reorganização e aprimoramento de cursos de formação inicial em pedagogia, visando a preparação de seus alunos para uma prática inovadora e inclusiva. Referências AGAPITO, J.; RIBEIRO, S. M. A formação inicial de professores na perspectiva da educação inclusiva: um olhar para diversidade. In: X Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, Reunião Científica Regional da ANPED. Florianópolis, 2014. Anais da X ANPED SUL, 2014, p.1-20. Disponível em:<xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/535-0.pdf>. Acesso em: 06 jan. 2016. BARBOSA-VIOTO, J.; VITALIANO, C. R. Educação inclusiva e formação docente: percepções de formandos em pedagogia. Magis, Revista Internacional de Investigación en Educación, Bogotá (Colômbia), v. 5, n. 11, p. 353-373, 2013. KIRSCHBAUM, C. Decisões entre pesquisas quali e quanti sob a perspectiva de mecanismos causais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 28, n. 82, p.179-193, 2013. RODRIGUES, D.; RODRIGUES, L. L. Formação de Professores e Inclusão: como se reformam os reformadores? Educar em Revista, Curitiba, n. 41, p. 41-60, 2011. SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Software. Versão 23.2015. Desenvolvido pela IBM. Disponível em: < http://www-01.ibm.com/software/br/analytics/spss/>. Acesso em: 05 mar. 2016.