CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS 1



Documentos relacionados
CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA EM ANIMAIS 1 CAUSES OF DEATH AND REASONS FOR EUTANASIA IN ANIMALS

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 1

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS 1

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1

[LEPTOSPIROSE]

Importância da associação do ELISA IgM e Soroaglutinação Microscópica para diagnóstico e epidemiologia da leptospirose humana

Introdução à patologia. Profª. Thais de A. Almeida 06/05/13

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES¹ 1. Juliana Costa Almeida2, Maria Andreia Inkelmann3, Daniela Andressa Zambom4,

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1 STUDY OF MAMMARY NEOPLASMS IN DOGS

Medidas de Freqüência de Doenças e Problemas de Saúde: Mortalidade, Padronização de taxas

Análise do perfil da Poliomielite no Brasil nos últimos 10 anos

ESTUDO DE CASO DE EUTÁSIA EM CANÍNO DE PORTE MÉDIO POSITIVO PARA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA

Causas de óbito e razões para eutanásia em uma população hospitalar de cães e gatos

Resumo Expandido Título da Pesquisa Palavras-chave Campus Tipo de Bolsa Financiador Bolsista Professor Orientador Área de Conhecimento Resumo

Assunto: Posicionamento do Ministério da Saúde acerca da integralidade da saúde dos homens no contexto do Novembro Azul.

Calor Específico. 1. Introdução

Razões, proporções e taxas. Medidas de frequência.

HPV Vírus Papiloma Humano. Nome: Edilene Lopes Marlene Rezende

AS PERSPECTIVAS DA CADEIA DO LEITE NA REGIÃO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 1

Não jogue este impresso em via pública. Preserve o meio ambiente. Universidade Federal do Espírito Santo. Medicina. Centro de Ciências da Saúde

INDICADORES DE SAÚDE

MANUAL COLHEITA E REMESSA DE MATERIAL

Palavras-chaves: Educação no Campo. Condições socioeconômicas. Alunos do campo.

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE CÃES COM NEOPLASIAS ORAIS ATENDIDOS NO HOSPITAL DE CLÍNICAS VETERINÁRIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

[ESPOROTRICOSE]

7. Hipertensão Arterial

AREZZO INDÚSTRIA E COMÉRCIO S.A. (Companhia Aberta) CNPJ/MF nº / NIRE

O que é citologia e histologia?

Febre amarela. Alceu Bisetto Júnior. Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores

UNIVERSIDADE POTIGUAR PRÓ REITORIA DE GRADUAÇÃO DE AÇÃO COMUNITÁRIA ESCOLA DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DISCIPLINA: EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Indicadores de Belo Monte

PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO DE MICOSES SUPERFICIAIS EM USUÁRIOS DO PROGRAMA ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA, JOÃO PESSOA-PB

PROJETO DE LEI Nº, DE 2009 (Do Sr. Capitão Assumção)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA DISCIPLINA - EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS 2006

Epidemiologia descritiva. Definições, taxas, confundimento

Distribuições Conjuntas (Tabelas de Contingência)

INDICADORES DE SAÚDE I

Produtividade e investimento

PERSISTÊNCIA DO PODER POLÍTICO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: O CASO DA TRANSIÇÃO DE REGIME NO BRASIL

1 Introdução. 1.1 Importância da Utilização da Amostragem

Informações sobre Beneficiários, Operadoras e Planos

Análise sobre a participação de negras e negros no sistema científico

Prevalência de malformações congênitas do sistema nervoso central diagnosticadas durante o prénatal em uma maternidade pública

HIV/AIDS NO ENTARDECER DA VIDA RESUMO

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA CESTA BÁSICA DE TRÊS PASSOS-RS 1

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE SANTA MARCELINA NASF UBS JD. SILVA TELLES E JD. JARAGUÁ PROJETO PREVENÇÃO DE QUEDAS

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1 STUDY OF MAMMARY NEOPLASMS IN DOGS

Seminário Nacional Unimed de Medicina Preventiva- 2011

é causada pelo acúmulo de placa bacteriana sobre os dentes e tecidos adjacentes. A placa é uma membrana lisa, aderente, contaminada com bactérias da

Populações felinas formam grupos ou vivem independentemente. Sistema social felino. Variabilidade e flexibilidade

Estudo do comportamento da Dengue na cidade de Araguari- MG por meio de séries temporais.

Fundamentos da Gastronomia

O profissional da informação e o papel de educador em uma Escola Técnica de Porto Alegre-RS

ANÁLISE DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS EM UMA CRECHE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA LUMÍNICA NATURAL DE UMA SALA DE AULA COM JANELAS VOLTADAS AO SUDESTE 1

Avaliação da eficiência mínima dos equipamentos de proteção respiratória.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE NITERÓI PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA

50 anos a trabalhar pela saúde das pessoas

Regulamento para a participação de trabalhos científicos e acadêmicos no 6º Congresso Internacional CBL do Livro Digital

Produção de Vídeos Didáticos: Tábua de Galton

Educação Infantil: como fazer valer esse direito?

Acre. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1 o e 3 o quartis nos municípios do estado do Acre (1991, 2000 e 2010)

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS E AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NO INVERNO EM JATAÍ-GO

HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA NÍVEIS DE PREVENÇÃO I - HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

Graduandos Eng. Florestal UTFPR Campus Dois Vizinhos- PR

Município de Chapecó tem aumento de 0,75% no preço da gasolina em janeiro de 2016

SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PRIMARIA À SAÚDE NO BRASIL. Dr Alexandre de Araújo Pereira

Caracterização do território

PREVALÊNCIA DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) EM MULHERES JOVENS APÓS O PRIMEIRO PARTO EM SÃO PAULO-BRASIL

Gestão de Tecnologias em Saúde na Saúde Suplementar. GRUPO TÉCNICO REVISÃO DO ROL Karla Santa Cruz Coelho Fevereiro/2009

Faculdade de Odontologia Mestrado em Odontologia - Ortodontia. Projeto de Pesquisa. Titulo. Pesquisador:

Informe Epidemiológico Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Plano da Intervenção

Programa Analítico de Disciplina EAF210 Microbiologia de Alimentos

Tema 8 Exemplos de Conflitos de Uso de Água em Ambientes Urbanos

LEVANTAMENTO DAS CRIAÇÕES DE AVES CAIPIRAS LOCALIZADAS NO CINTURÃO VERDE DO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA SP

ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO. Dra. Nivia Maria Rodrigues Arrais Pediatra - Neonatologista Departamento de Pediatria - UFRN

História Natural da Doença

INFORME TÉCNICO SEMANAL: DENGUE, CHIKUNGUNYA, ZIKA E MICROCEFALIA RELACIONADA À INFECÇÃO CONGÊNITA

ANOVA. (Analysis of Variance) Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Capítulo 6 Sistemas Computadorizados de Auxílio ao Diagnóstico Médico

XI Encontro de Iniciação à Docência

FABIANO KLEIN CRITÉRIOS NÃO CLÁSSICOS DE DIVISIBILIDADE

SINAIS E SINTOMAS MAIS PREVALENTES NA PREMATURIDADE: ANÁLISE DE DUAS SÉRIES DE CASOS

VARIAÇÃO NA TEMPERATURA RETAL EM BEZERROS DE CORTE COM DISTINTAS CLASSES DE VIGOR AO NASCIMENTO

A INSTRUÇÃO NORMATIVA 51 E A QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO NORDESTE E NOS ESTADOS DO PARÁ E TOCANTINS

Indicadores do Estado de Saúde de uma população

O QUE É UMA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO EFETIVAMENTE BOA

FICHA DE TRABALHO DE BIOLOGIA 12º ANO Hereditariedade Humana

Título da Pesquisa: Palavras-chave: Campus: Tipo Bolsa Financiador Bolsista (as): Professor Orientador: Área de Conhecimento: Resumo

Coleta de Sangue Veterinária

TESTE DO PEZINHO NA SAÚDE COMUNITÁRIA

ALTERAÇÕES DE INTESTINO DELGADO EM GATOS

Formas e Fontes de Energia -Energia Solar-

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO CUSTO DA CESTA BÁSICA DE IJUÍ, RS 1

Screening no Câncer de Próstata: deve ser recomendado de rotina para os homens entre 50 e 70 anos? Aguinaldo Nardi São Paulo Março 2012

Transcrição:

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS 1 Marina Batista 2, Daniela Andressa Zambom 3, Juliana Costa Almeida 4, Tiéle Seifert Oldenburg 5, Maria Andreia Inkelmann 6. 1 Projeto Institucional desenvolvido no Departamento de Estudos Agrários (DEAg) da UNIJUÍ, pertencente ao Grupo de Pesquisa em Saúde Animal 2 Bolsista PIBIC/CNPq, Estudante do Curso de Medicina Veterinária do Departamento de Estudos Agrários, Unijuí. E-mail: marina batista@hotmail.com 3 Voluntária de pesquisa, Estudante do Curso de Medicina Veterinária do Departamento de Estudos Agrários, Unijuí. E-mail: danielazambom08@gmail.com 4 Bolsista PROBIC/FAPERGS, Estudante do Curso de Medicina Veterinária do Departamento de Estudos Agrários, Unijuí. E-mail: ju.costalmeida@hotmail.com 5 Bolsista PROBIC/FAPERGS, Estudante do Curso de Medicina Veterinária do Departamento de Estudos Agrários, Unijuí. E-mail: tyelly_@hotmail.com 6 Professora do Departamento de Estudos Agrários, Unijuí, Orientadora. E-mail: maria.inkelmann@uniju.edu.br INTRODUÇÃO Conhecer a prevalência das diferentes doenças que afetam determinadas populações de animais é útil no momento de estabelecer os diagnósticos diferenciais de determinadas enfermidades. É interessante conhecer as principais causas de morte e saber as diferenças entre as raças, o sexo, o porte ou a idade para uma melhor ação em casos das doenças mais comuns (Proschowsky et al. 2003), além de poder-se comparar as prevalências de padrões de mortalidade das espécies de animais domésticos estudadas (Bonnett et al. 2005). Diferentes estudos divergem nos resultados em relação, por exemplo, a prevalência das doenças infecciosas em pequenos animais. Aparentemente há relação com o tipo de população e os programas de vacinação utilizados para a prevenção de tais doenças (Craig 2001; Bentubo et al. 2007; Fighera et al. 2008). Em grandes animais há poucos estudos determinando a prevalência das principais doenças que acometem principalmente equinos e bovinos. Na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul se faz necessário um estudo que possa abranger as doenças que afetam os diversos sistemas orgânicos para se estabelecer as enfermidades mais prevalentes como causa de morte ou razão para eutanásia dos animais domésticos. Com estudos desta natureza podemos determinar um perfil das enfermidades de ocorrência nesta região relacionando-o com as espécies acometidas e assim aumentando a eficácia do diagnóstico e

prevenção. Portanto, o objetivo deste trabalho é auxiliar na determinação do perfil das doenças que acometem os animais que compõe esta população. MATERIAL E MÉTODOS Todas as necropsias realizadas em aula prática da disciplina de Patologia Veterinária Especial do Curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ bem como os casos de rotina do Laboratório de Histopatologia Veterinária foram utilizadas para pesquisa de lesões em todos os sistemas orgânicos dos animais. Das lesões foram realizados registros fotográficos e foram colhidas amostras em formol 10% para a realização do exame histopatológico. Sendo que cada animal recebeu um número de registro e para ele foram anotadas todas as alterações macroscópicas além dos dados epidemiológicos como espécie, raça, sexo e idade. A informação fornecida pelo clínico sobre a morte do animal (se foi morte espontânea ou submetido à eutanásia) também consta dentre os dados relevantes para este estudo. Na necropsia todos os órgãos são retirados e avaliados externa e internamente e destes são coletadas amostras de no máximo 1 cm³ para a fixação em formol 10% e realização do exame histopatológico. Os órgãos e tecidos coletados são colocados em um frasco com formol a 10% e devem permanecer no mesmo por um período mínimo de vinte e quatro horas para total fixação, então o material é clivado (espessura de 3 mm) e colocado em cassetes histológicos identificados e postos no processador de tecidos. Depois dos cassetes serem retirados da máquina o tecido é posto em formas de inox sob uma placa aquecida após isto rapidamente a forma é completada com parafina a uma temperatura de 60 a 70ºC. Estes blocos, já prontos são então colocados em um freezer, depois de gelados se retira a forma de inox e eles são colocados no micrótomo onde são feitos os cortes histológicos a uma espessura de 3 a 5 µm, estes cortes são então postos em banho-maria a uma temperatura entre 38ºC e 40ºC e então são colocados em lâmina de vidro ponta fosca devidamente identificada. A lâmina fica secando por um período de quinze minutos e então é levada para a estufa por um período de no mínimo trinta minutos em uma temperatura entre 60º e 70ºC. Após este processo ela passa por uma bateria de coloração, sendo que a coloração utilizada como rotina é a hematoxilinaeosina (HE). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram recebidos setenta e oito casos pelo Laboratório de Histopatologia Veterinária, sendo eles tanto de necropsia de aula prática da disciplina de Patologia Veterinária Especial como necropsias de rotina. Destes setenta e oito casos temos, cinquenta e três caninos (67,95%), treze felinos

(16,7%), quatro frangos (5,11%), um equino (1,28%), cinco bovinos (6,4%), um ovino (1,28%) e um coelho (1,28%). Os casos foram divididos em dois grupos: pelo tipo de morte (morte espontânea e eutanásia) e espécie. Também foram agrupados em categorias de doenças diagnosticadas. A baixo estas divisões são citadas juntamente com a quantidade de casos em cada grupo ou categoria. Trinta e cinco cães sofreram morte espontânea e foram divididos em nove grupos: doenças infecciosas (22,86%); distúrbios circulatórios (14,3%); neoplasmas (14,3%); inconclusivos (11,43%); distúrbios causados por agentes físicos (11,43%); doenças degenerativas (11,43%); intoxicações (5,7%); outros distúrbios (5,7%) nos quais se enquadraram os casos de úlceras e rupturas gastrointestinais; e doenças imunomediadas (2,85%). Dezoito cães foram submetidos à eutanásia e foram divididos em quatro grupos de acordo com as categorias de doenças: neoplasmas (44,4%); doenças infecciosas (33,3%); doenças degenerativas (16,7%); e distúrbios causados por agente físicos (5,6%). Dez felinos sofreram morte espontânea e foram divididos em cinco grupos: doenças infecciosas (30%); doenças metabólicas (20%); distúrbios circulatórios (20%); neoplasmas (20%); e inconclusivo (10%). Três felinos foram submetidos à eutanásia e foram divididos em três grupos: neoplasmas (33,34%); doenças degenerativas (33,33%); e doenças infecciosas (33,33%). O único equino se enquadrou no grupo de casos inconclusivos. Dois frangos tiveram morte espontânea e foram divididos em dois grupos: distúrbios circulatórios (50%) e doenças infecciosas (50%). Os outros dois frangos foram abatidos e se enquadraram no mesmo grupo, de doenças infecciosas. Os cinco bovinos tiveram morte espontânea, sendo enquadrados em quatro grupos: doenças metabólicas (40%); inconclusivos (20%); doenças infecciosas (20%); e intoxicações (20%). O único coelho se enquadrou no grupo de doenças infecciosas, bem como o único ovino. Com isso, podemos observar que nas populações canina, felina, de aves, de ovinos e de coelhos o grupo de doenças infecciosas foi o que obteve maior número de casos tanto no grupo de morte espontânea como no grupo de eutanásia, o que está de acordo com a literatura consultada (Bentubo et al. 2007; Fighera et al. 2008). Muitas destas doenças podem ser controladas por protocolos vacinais a serem iniciados nas primeiras semanas de vida. Entretanto, em decorrência da falta de conhecimento, das dificuldades econômicas da população e da negligência dos proprietários, tais enfermidades acabam ainda por se constituir num fator determinante de mortalidade (Bentubo et al. 2007). Assim como (Bentubo et al. 2007; Fighera et al., 2004; Trapp et al. 2010) a doença infecciosa que mais acometeu a população canina neste trabalho foi a cinomose.

Apesar das populações de equinos e bovinos terem essas categorias como maior percentual, elas não são relevantes devido ao baixo número de animais desta espécie na população estudada. Não foi possível comparar o percentual de morte espontânea e eutanásia das espécies animais deste estudo com outros recentes, pois as pesquisas geralmente somam os números desses dois tipos de morte, não tratando-as de forma separada como era objetivo deste trabalho (Bentubo et al. 2007; Bonnett et al. 2005; Craig 2001; Fighera et al. 2008; Fleming et al. 2011; Lucena et al. 2010; Oliveira et al. 2009; Olsen & Allen 2000; Pierezan et al. 2009; Proschowsky et al. 2003; Teixeira et al. 2012; Trapp et al. 2010). Os trabalhos referentes a estudos epidemiológicos de causas de morte e razões para eutanásia utilizam grupos de raça, idade e sexo, porém sempre abrangendo a mesma espécie animal (Bentubo et al. 2007; Bonnett et al. 2005; Craig 2001; Fighera et al. 2008; Fleming et al. 2011; Lucena et al. 2010; Oliveira et al. 2009; Olsen & Allen 2000; Pierezan et al. 2009; Proschowsky et al. 2003; Teixeira et al. 2012), ou duas espécies (Trapp et al. 2010). Já o presente trabalho realizou um estudo sobre as causas de morte e razões para eutanásia em sete espécies animais. Há uma grande carência de dados referentes a causas de morte e razões para eutanásia em animais domésticos que não sejam tomados como causas de óbito em geral, portanto os dados obtidos deste trabalho são de grande importância uma vez que descrevem os tipos de morte separados por espécie e categoria de doença diagnosticada. Esses dados podem contribuir para futuras comparações, bem como auxiliar em tomadas de decisões sobre medidas preventivas de doenças de população de animais domésticos. CONCLUSÕES Este estudo permitiu concluir que as principais causas, tanto de mortes naturais como de eutanásia, nas populações canina, felina, de aves, de ovinos e de coelhos foram doenças infecciosas. Em bovinos a principal categoria foi a de doenças metabólicas. Este é um resultado muito importante porque demonstra a necessidade da atuação da medicina veterinária preventiva nas espécies de animais domésticos visando reduzir a ocorrência das doenças infecciosas nos animais de produção e nos animais de companhia. Palavras-chave: necropsia, perfil epidemiológico, mortalidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bentubo H.D.L., Tomaz M.A., Bondan E.F. & Lallo M.A. 2007. Expectativa de vida e causas de morte em cães na área metropolitana de São Paulo (Brasil). Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, n. 4, p. 1021-1026, jul-ago, 2007.

Bonnett, B. N.; Egenvall, A.; Hedhammar, A.; Olson, P. Mortality in over 350,000 insured swedish dogs from 1995-2000: I. Breed-, gender-, age- and cause-specific rates. Acta Veterinaria Scandinavica, v. 46, n. 3, p. 105-120, 2005. Craig L.E. 2001. Cause of death in dogs according to breed: A necropsy survey of five breeds. J. Am. Anim. Hosp. Assoc. 37:438-443. Fighera, R. A.; Souza, T. M.; Brum, J. S.; Graça, D. L.; Kommers, G. D.; Irigoyen, L. F.; Barros, C. S. L. Causas de morte e razões para eutanásia de cães da Mesorregião do Centro Ocidental Rio- Grandense (1965-2004). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 28, n. 4, p. 223-230, 2008. Fleming J.M., Creevy K.E. & Promislow D.E.L. 2011. Mortality in North American Dogs from 1984 to 2004: An investigation into age, size and breed-related causes of death. J. Vet. Intern. Med. 25:187-198. Lucena, R. B.; Pierezan, F.; Kommers, G. D.; Irigoyen, L. F.; Fighera, R. A.; Barros, C. S. L. Doenças de bovinos no Sul do Brasil: 6.706 casos. Pesq. Vet. Bras. 30(5):428-434, maio 2010. Oliveira C.E., Sonne L., Bezerra Júnior P.S., Teixeira E.M., Dezengrini R., Pavarini S.P., Flores E.F., Driemeier D. 2009. Achados clínicos e patológicos em cães infectados naturalmente por herpesvírus canino1. Pesq. Vet. Bras. 29(8):637-642. Olsen T.F. & Allen A.L. 2000. Causes of sudden and unexpected death in dogs: A 10-year retrospective study. Can. Vet. J. 41:873-875. Pierezan F., Rissi D.R., Rech R.R., Fighera R.A., Brum J.S., Barros C.S.L. Achados de necropsia relacionados com a morte de 335 equinos: 1968-2007. Pesq. Vet. Bras. 29(3):275-280, março 2009. Proschowsky H.F., Rugbjerg H. & Ersboll A.K. 2003. Mortality of purebred and mixed-breed dogs in Denmark. Prev. Vet. Med. 58:63-74. Silva, M. C. S.; Fighera, R. A.; Brum, J. S.; Graça, D. L.; Kommers, G. D.; Irigoyen, L. F.; Barros, C. S.L. Aspectos clinicopatológicos de 620 casos neurológicos de cinomose em cães. Pesq. Vet. Bras. 27(5):215-220, maio 2007. Teixeira B.M., Hagiwara M.K., Cruz J.C.M., Hosie M.J. 2012. Feline Immunodeficiency Virus in South America. Viruses. 4, 383-396. Trapp S.M., Iacuzio A.I., Barca Junior F.A., Kemper B., Silva L.C., Okano W., Tanaka N.M., Grecco F.C.A.R., Cunha Filho L.F.C. & Sterza F.A.M. 2010. Causas de óbito e razões para eutanásia em uma população hospitalar de cães e gatos. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. São Paulo, v. 47, n. 5, 2010 p. 395-402.