carreira O PERFIL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS O site RelGov em Foco, que mantém uma página no Facebook, em parceria com a ABRIG, a associação nacional da categoria, fez uma pesquisa com 140 profissionais e traçou o perfil do executivo de Relações Governamentais. A participação social no processo de definição de políticas públicas é um fato em todas as democracias desenvolvidas. A representação dos diversos anseios sociais nos foros de discussão é de grande relevância principalmente no atual contexto de intervenção do Estado na economia. O executivo de Relações Governamentais faz a representação de interesses dos setores da sociedade civil perante os atores governamentais responsáveis pela elaboração das políticas públicas e marcos regulatórios que impactam na vida da população. É o interlocutor da empresa ou instituição com agências reguladoras, ministérios, Câmara e Senado Federal e demais órgãos de decisão do governo. Em suas atividades, realiza análises da conjuntura política, avalia riscos e cenários e monitora as principais discussões governamentais sobre o setor que representa, definindo de ação e a melhor maneira de se comunicar com os órgãos governamentais.
Procura Os profissionais de Relações Governamentais estão ganhando espaço no mundo corporativo. Empresas, entidades de classe, ONGs e movimentos sociais percebem cada vez mais a importância de, não só anteverem as decisões governamentais, mas também de participarem de suas definições, democratizando a democracia. Isso permite melhor previsibilidade dos negócios e resulta em políticas públicas mais eficazes e legítimas. As contratações se dão principalmente por causa da necessidade de companhias nacionais e multinacionais, cujos negócios são mais sensíveis à regulação e controle estatal, como telecomunicações, alimentos e fármacos, entre outros. Perfil A atividade demanda profissionais especializados. Além de conhecer a fundo o objeto de negócio de sua empresa ou instituição, deve ter um profundo conhecimento dos processos decisórios no governo, da regulação do mercado e dos limites éticos e profissionais da atividade. Mais da metade dos entrevistados atua em Brasília e cerca de um quarto, no estado de São Paulo. A maior parte trabalha em empresas privadas e uma parcela um pouco menor atua em escritórios especializados. As atuações se estendem ainda em federações e confederações, associações e sindicatos, ONGs e empresas e órgãos públicos, que também mantém departamentos especializados em assessoria parlamentar e em relações institucionais para a eficaz interação entre os poderes e com a sociedade.
Especialização As principais formações dos profissionais de Relações Governamentais são em Direito, Administração, Ciências Políticas e Relações Internacionais. Os profissionais hoje contratados, em sua maioria, possuem especialização em Direito, Administração e Ciências Políticas. Mas muitas instituições de educação superior identificaram a demanda por profissionais capacitados e iniciaram em 2015 cursos de especialização em Relações Governamentais. A maioria em Brasília, onde se concentra a atividade. Direito, Administração e Política. É uma atividade multidisciplinar e que requer conhecimentos de organização do Estado, processo decisório, regulação da atividade econômica e estratégia empresarial. Além do curso de especialização, ele também coordena um grupo de pesquisadores vinculados a diversas universidades que está pesquisando sobre a atividade de Relações Governamentais e sua relação com a regulamentação do investimento nos últimos 20 anos. A será publicada em formato de livro. Segundo o executivo e professor Eduardo Ribeiro Galvão, da ABIMAQ, a especialização na atividade vai além da grade curricular dos cursos tradicionais de
Cargos o que cada um faz? A estrutura de uma equipe de Relações Governamentais depende da necessidade e da capacidade de cada empresa ou instituição para dispor recursos. Os títulos dos cargos não são uma regra e podem variar de acordo com a política organizacional. Analista é o ponta de lança. A função do analista de Relações Governamentais exige seriedade e muito comprometimento. A esse profissional cabe a responsabilidade de realizar os serviços técnicos da área, coordenar trabalhos, fazer o monitoramento dos temas relevantes no governo, análises de impacto normativo e antecipação de cenários com o intuito subsidiar com o máximo de informações a estratégia da equipe. Gerente é o que faz acontecer. É o elo entre as definições de objetivos e as realizações. Ele é o profissional que planeja e controla os recursos e as atividades da área para garantir a conformidade com as normas e alcançar os objetivos corporativos esperados. O gerente de Relações Governamentais faz a gestão das informações geradas pelos diversos setores. Além de suas contribuições técnicas, que aperfeiçoou com anos de experiência, ele acompanha os processos e resultados e define estratégias, a fim de assegurar o melhor desempenho da equipe. Coordenador, o técnico com responsabilidade O coordenador é o responsável pela condução de um ou mais temas, de acordo com a política interna. Ele ainda possui as funções do analista, mas assume outras responsabilidades. Elabora relatórios mantendo as atividades dentro das normas, executa os trabalhos e coordena os trabalhos com outros pares. Diretor é o líder É o principal executivo do departamento. Ele define as políticas e objetivos e conduz a elaboração e implementação dos planos estratégicos. Faz decisões de contratação e demissão, gestão de pessoal, controla o orçamento da organização e é muitas vezes o rosto da organização para relações institucionais. O diretor executivo é contratado pelo conselho de administração e faz recomendações sobre novos investimentos.
O valor da teoria e da prática Atuar em uma área estratégica para os negócios requer muita competência e especialização. E a remuneração é atrativa. Os analistas ouvidos na pesquisa possuem pós graduação, trabalham há menos de 5 anos na área de Relações Governamentais e ganham entre 2,5 e 10 mil reais. Os coordenadores, também em sua totalidade, possuem pós graduação. Um coordenador de RelGov em geral tem entre 5 e 10 anos de experiência e ganha entre 5 e 12 mil reais. A maioria dos gerentes possui alguma pós graduação e possui entre 10 e 20 anos de experiência. Os salários médios variam entre 20 e 30 mil reais. Em alguns casos o valor está acima disso. O cargo de diretor demanda experiência na área. A maioria dos entrevistados tem pós graduação e afirmou ter entre 10 e 20 anos de atuação. Os salários médios dos diretores de Relações Governamentais está entre 30 e 40 mil reais.
Democratizar a democracia Segundo o Presidente da ABIRG, Caio Leonardo Bessa, o empresariado brasileiro despertou para a necessidade de acompanhar e interferir nas mudanças constantes no ambiente regulatório, ao ficar evidente o advento de um Estado que interfere cada vez mais decisivamente na economia, na sociedade e no meio ambiente. A atividade existe e não é nova. A necessidade do mercado é cada vez maior. A experiência e a especialização são fundamentais e bem recompensadas. A maior participação dos grupos sociais no processo de discussão de políticas públicas representa um ganho democrático. E deve ser feita com ética, técnica e conhecimento.