ESTILO Em cena Saiba como o teatro pode ajudar a carreira de um executivo

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Transcrição:

CONHECIMENTO Qualiicação proissional Proissionais de administração estão entre os mais difíceis de recrutar ESTILO Em cena Saiba como o teatro pode ajudar a carreira de um executivo Abril/2014 Ano 37 - nº 334 Por que o País está perdendo competitividade no setor? Quais as soluções para melhorar o luxo da nossa cadeia de abastecimento? Logística em debate

Editorial É hora de recuperar o tempo perdido Não resta dúvida de que um dos grandes temas do mundo da administração é a Logística. O setor, que movimenta aproximadamente R$ 520 bilhões ou o equivalente a 11,5% do PIB nacional, tem sido negligenciado pelos governos e até por parte da iniciativa privada. Como bem demonstrou a recente pesquisa do Bando Mundial (Bird), o Brasil ocupa apenas o 65º lugar em termos de infraestrutura de transporte e logística. Embora vergonhoso, o resultado não é surpreendente. Por falta de planejamento e poder de execução, muito das obras prometidas nunca saíram do papel. Sem estradas adequadas, aumento da malha ferroviária e a utilização de outros modais, assistimos o País perder competitividade. O fato das empresas, que atuam no mercado interno, não conseguirem cumprir um cronograma razoável de entregas e outros prazos, tem um impacto desastroso para o consumidor final. Estima-se que o consumidor pague pelo menos 10% a mais em produtos alimentícios ou bebidas por conta de entraves logísticos como a dificuldade de realizar entregas em prazos estipulados. Uma boa parte da logística, infraestrutura, está muito aquém do necessário será preciso muito mais investimentos. Em uma cidade como São Paulo, a falta de um planejamento logístico se apresenta de forma ainda mais grave e impactante. Apesar das restrições para a circulação de caminhões e veículos pesados em determinados horários, nossas vias não conseguem suportar o volume de veículos. Portanto, as dificuldades da nossa cadeia de abastecimento continuam gritantes. Soluções? O transporte ferroviário deveria ser retomado com mais investimentos, a criação de docas em algumas regiões da cidade para receber caminhões e mercadorias e, inclusive, a modernização do porto de Santos. Nada disso é simples. E tudo isso depende de investimentos. Mas o fato é Estima-se que o consumidor pague pelo menos 10% a mais em produtos alimentícios por conta de entraves logísticos que não podemos mais perder tempo. É importante destacar que logística não é só infraestrutura. Logística também é informação e conhecimento. Portanto, o administrador profissional e moderno precisa estar atendo ao setor. Logística é tão importante quanto qualquer outra área da administração. Logo, as universidades devem investir mais na capacitação deste profissional deixando claro que não se trata apenas de uma área de apoio, mas protagonista em se tratando do avanço econômico do nosso País. É hora de recuperar o tempo perdido e voltar o nosso foco para o tema. Na edição da RAP deste mês, convidamos administradores para apontar caminhos para a solução desse problema e apontar falhas nos modelos de gestão atual. Ainda é tempo de recuperar nossa competitividade, mas não podemos esperar mais. MARCELO MARQUES Adm. Walter Sígollo Presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo - CRA-SP 3

facebook.com/ oficial.crasp twitter.com/ cra_sp Presidente Administrador Walter Sigollo Diretoria Adm. José Alfredo Machado de Assis Vice-presidente Administrativo Adm. Milton Luiz Milioni Vice-presidente de Relações Externas Adm. Alberto Emmanuel de Carvalho Whitaker Vice-presidente de Planejamento Adm. Hamilton Luiz Corrêa Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos Adm. Teresinha Covas Lisboa 1ª Secretária Adm. Roberto Carvalho Cardoso 2ª Secretário Adm. Antonio Geraldo Wolff 1º Tesoureiro Adm. Álvaro Augusto Araújo Mello 2º Tesoureiro Conselheiros Arlindo Vicente Junior, Carlos Antonio Monteiro, Edgar Kanemoto, Luiz Carlos Marques Ricardo, Luiz Carlos Vendramini, Marco Antônio Sampaio de Jesus, Nelson Reinaldo Pratti, Rogério Góes, e Silvio Pires de Paula (representante do CRA-SP no CFA) Conselho Editorial Coordenador: José Alfredo Machado de Assis. Integrantes: Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Carlos Marques Ricardo, Luiz Carlos Vendramini, Milton Luiz Milioni, Roberto Carvalho Cardoso, Teresinha Covas Lisboa e Maria Cecilia Stroka Redação Editora-chefe Maria Cecilia Stroka (Mtb 18.357) Editor Gilberto Amendola Repórter Marcos Yamamoto Estagiários Régis Soares Alex Dias Publicidade Publicidade Nominal Representações Diagramação e arte Propagare Comercial Ltda. Impressão Plural Editora e Gráfica Ltda. Tiragem 45.000 exemplares A RAP é uma publicação mensal do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), órgão regulamentador da profissão de administrador, sob a responsabilidade do seu Conselho Editorial. As reportagens não refletem necessariamente a opinião do CRA-SP. Rua Estados Unidos, 889 Jd. América 01427-001 SP Tel.: (11) 3087-3200 atendimento@crasp.gov.br www.crasp.gov.br SÃO JOSÉ DO RIO PRETO PRESIDENTE PRUDENTE Seccionais CRA-SP BAURU SOROCABA RIBEIRÃO PRETO CAMPINAS SANTOS GRANDE SÃO PAULO Seccional de Bauru Delegado: Adm. William Lisboa Simas Coordenador Regional: Adm. Carlos Eduardo Sperança Rua Rio Branco, 15-15, sala 31, Centro 17015-311 - Bauru - SP Tel.: (14) 3223-1857 seccional.bauru@crasp.gov.br Seccional de Campinas Coord. Regional: Adm. Elcio Eidi Itida Rua Maria Monteiro, 830, cj. 53, Cambuí 13025-151 Campinas SP Tel.: (19) 3307-8555 seccional.campinas@crasp.gov.br Seccional de Presidente Prudente Analista: Adm. Manoel Barreto de Souza Assistente: Mônica Costa Rodrigues de Oliveira Av. Cel. José Soares Marcondes, 871, sala 132, Bosque 19010-080 - Presidente Prudente - SP Tel.: (18) 3916-7544 seccional.prudente@crasp.gov.br SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Seccional de Ribeirão Preto Delegado: Adm. Marcos Silveira Aguiar Coordenadora Regional: Adm. Fátima Angélica R. Moura Av. Braz Oláia Acosta, 727, cj. 109 - Jardim Califórnia 14026-040 - Ribeirão Preto - SP Tel.: (16) 3621-1061 seccional.ribeiraopreto@crasp.gov.br Seccional de Santos (Baixada Santista e Vale do Ribeira) Coordenadora Regional: Adm. Renata Farias Pizarro Busch Av. Ana Costa, 296, sala 14, Campo Grande 11060-000 - Santos - SP Tel.: (13) 3221-9357 seccional.baixadasantista@crasp.gov.br Seccional de São José do Rio Preto Coordenador Regional: Adm. Eduardo Gomes de Azevedo Junior Rua Imperial, 59, salas 1 e 2, Vila Imperial 15015-610 - São José do Rio Preto - SP Tel.: (17) 3305-1765 seccional.riopreto@crasp.gov.br Seccional de São José dos Campos (Vale do Paraíba e Litoral Norte) Coordenador Regional: Adm. Dejair Dutra de Souza Rua Euclides Miragaia, 700, sala 25, Centro 12245-820 - São José dos Campos - SP Tel.: (12) 3923-9954 seccional.valedoparaiba@crasp.gov.br Seccional de Sorocaba Avenida Antônio Carlos Comitre, 510, sala 86, Parque Campolim 18047-620 - Sorocaba - SP Tel.: (15) 3233-8565 seccional.sorocaba@crasp.gov.br

Empresas no Brasil sofrem com a falta de mão de obra especializada em Conhecimento GETTY IMAGES Sumário 3 Editorial 6 Peril Administrador Mario Ceratti Benedetti, diretor-presidente da Ceratti GETTY IMAGES Saiba como as práticas teatrais podem ajudar no cotidiano proissional de um administrador em Estilo 10 Capa Logística Administradores debatem sobre os problemas da Logística no País e na cidade de São Paulo 16 Conhecimento Qualiicação Proissional Por que é tão difícil recrutar um proissional especializado? Brasil despenca no ranking de logística e preocupa empresários e gestores. Estamos perdendo competitividade? em Capa GETTY IMAGES 20 Estilo Teatro Saiba como o teatro pode ser bom para o ambiente corporativo 24 Especial 1 Valuation A arte de avaliar uma empresa 26 Especial 2 Tendências Magnus Lindkvist defende o direito de errar e criar inimigos no mundo dos negócios 26 Notícias Aula no CRA-SP, escola Formare, notas, pesquisa e muito mais 34 Opinião Adm. Murilo Carneiro

Peril Homenageado com a distinção Administrador Destaque, concedida pelo CRA-SP, Mario Ceratti Benedetti, diretorpresidente da Ceratti, fala nesta entrevista sobre o mercado de produtos premium no Brasil e afirma que o consumidor está cada vez mais exigente A maratona e a administração Benedetti gosta de comparar o exercício da administração com uma corrida de maratona (ele próprio é um maratonista dedicado). Quem corre precisa administrar perdas de energia e saber que não é prudente dar um passo maior que a perna, afirma. Sobre as dificuldades de empreender no País, Benedetti reclama da imagem negativa criada em torno dos empreendedores. São os empreendedores que geram riqueza. Falta o entendimento disso... Benedetti comenta sobre os prós e os contras de uma empresa de origem familiar, afirma a preocupação do setor com a necessidade de uma CREDITO 6

"Empresa familiar tem uma tentação natural de permanecer pequena" produção mais saudável e conta sobre os entraves da burocracia nacional. Em relação a Copa, o empresário não é otimista: vai mostrar nossa incapacidade de planejamento, afirma. RAP: Conte um pouco da história da Ceratti, bem no comecinho, com o seu avô... Mario Ceratti Benedetti: A história da Ceratti começa no norte da na Itália. Giovanni Ceratti, meu avô, era ferroviário e líder sindical. Com a ascensão do Mussolini e do Partido Fascista, ele resolve escapar da Itália utilizando os documentos do irmão mais novo. Ao chegar em São Paulo, trabalhou em uma marcenaria; depois, arrumou uma vaga para desossar porco (na verdade, picar) no Mercado Municipal. Daí, ele que era empreendedor comprou um terreno na Vila Heliópolis, que foi sede do Frigorífico até 2008, e abriu um pequeno açougue. Conheceu Inês Saravalli, casaram- -se e tiveram um casal de filhos. Inês faleceu ao dar a luz a um terceiro filho. Giovanni conheceu então a família Tosi, apaixonando-se por Gina, a filha caçula. Seu sogro, vendo as dificuldades que passava Giovanni, o aconselhou: "Por que você não fabrica no seu açougue alguns frios italianos que a gente não encontra aqui?". E foi assim que nasceu a Ceratti, em 1932. RAP: É difícil ser empreendedor no Brasil? Mario Ceratti Benedetti: O difícil é essa questão cultural onde o empreendedorismo é visto como algo negativo. Na verdade, o empreendedor é quem cria riquezas em uma sociedade. O governo apenas transfere essa riqueza. O brasileiro precisa ter essa consciência de que o empreendedorismo é uma coisa boa para a sociedade. O brasileiro médio também precisa entender que quando você deixa algum dinheiro na poupança ou em uma aplicação, você não está ganhando sem trabalhar. Ele (o dinheiro) não fica lá. Esse dinheiro volta como empréstimo e movimenta toda a economia. Nos falta essa visão...e, obviamente, quando você resolve empreender, surge uma burocracia monstruosa e uma carga tributária muito pesada. RAP: Por falar em burocracia, a Ceratti demorou 6 anos para conseguir uma autorização de exportação de um produto para a França, é isso? Mario Ceratti Benedetti foi homenageado na sede do CRA-SP RAP: Ainda existe espaço para as empresas familiares? Quais vantagens e desvantagens? Mario Ceratti Benedetti: Tem seus prós e seus contras. A empresa familiar, embora seja o começo de muitas das grandes empresas, tem essa tentação de permanecer pequena. Isso porque você só trabalha com quem confia, fica mais fácil de controlar as coisas e por aí vai. Ao mesmo tempo, existe a vantagem da lealdade, de se trabalhar com quem confia. Pra negócios pequenos, que beiram a informalidade, empresas familiares funcionam bem. Se você quer expandir o seu negócio é inevitável buscar outros parceiros. CREDITO MARCELO KURA 7

Peril "Qualidade total é a satisfação de todos os envolvidos em uma atividade profissional" Mario Ceratti Benedetti: No Ministério da Agricultura não existe um caderno, um documento, que esclareça algumas regras. Sem a clareza de regras, cada diretor, veterinário ou quem quer que seja tem uma visão diferente. Por exemplo, o refeitório dos funcionários que trabalham com um produto que deve ser exportado: alguns acham que esse refeitório deve ser separado do resto do pessoal da fábrica; já, segundo outros, isso é totalmente irrelevante. Ou seja, ninguém, nenhum funcionário público, vai te responder se o refeitório pode ou não ser separado do resto da fábrica. E não responde porque esse funcionário público é responsabilizado por tudo o que ele assina ou deixa passar. Por exemplo, o funcionário aceitou o fato de o refeitório ser totalmente integrado a fábrica, sem necessidade de separação. Aí, por um desses acasos, a carne exportada apresenta algum problema, como salmonela. Daí, esse funcionário que autorizou o refeitório funcionar no mesmo local é que vai sofrer as consequências e perder o emprego. Ou seja, como não existe clareza, o funcionário público não toma nenhuma decisão e os processos vão ficando parados. RAP: O senhor teve experiências acadêmicas e profissionais no exterior (Alemanha e Japão). Essas experiências fora do País são importantes na carreira de um administrador? Mario Ceratti Benedetti: Não só para o administrador, mas para qualquer profissão. Na Alemanha eu era mais jovem e tinha uma preocupação mais técnica, com a formulação de conceitos, de uso dos processos de fabricação de embutidos. Já, no Japão, meu foco foi a gestão e a qualidade total. Eu sempre imaginei, antes de viajar, que a qualidade total era somente a qualidade do produto e do serviço. Agora, no Japão, aprendi que qualidade total é outra coisa. É a satisfação de todos os envolvidos em uma atividade. Por exemplo, na fabricação da mortadela: você precisa satisfazer o seu consumidor, o seu cliente, o seu funcionário, os seus fornecedores, acionistas e os vizinhos (prefeitura, governo, meio-ambiente...). Qualidade total é a satisfação de toda essa cadeia. Isso reflete em toda a organização até o produto final. RAP: Qual a sua opinião sobre a lei anticorrupção, aprovada recentemente. Mario Ceratti Benedetti: Acho interessante. A ideia é matar a corrupção de fome. As empresas Mario Ceratti: "A burocracia é culpa da falta de clareza de algumas regras. O funcionário público fica sem referências" CREDITO 8

"A Copa e as Olimpíadas viraram apenas peças de marketing" estão em uma posição tal, em relação a lei, que não teria como agir de forma desonesta. RAP: Qual é a situação do mercado para produtos premium no Brasil? A mortadela Ceratti, por exemplo, está inserida nesse mercado já que ela é mais cara que suas concorrentes. Mario Ceratti Benedetti: O mercado, infelizmente, é menor do que a gente gostaria que fosse. A base da nossa pirâmide social é muito larga. Ou seja, não existe renda para aumentar o consumo de produtos premium. Nós conseguimos crescer, mas não tanto quanto gostaríamos. Existe uma outra questão: a distribuição. O produto premium tem uma produção menor, é disponibilizado em locais específicos, especiais e tradicionais. É muito difícil entrar em um grande mercado e fazer com que o seu produto alcance mais pessoas. Agora, existe alguma melhora na renda e as pessoas querem comer melhor. O que as pesquisas mostram é que o produto diferenciado ainda não é aquele do dia a dia do trabalhador médio, mas já está presente em ocasiões especiais, em festas de família ou quando esse consumidor recebe amigo em casa, por exemplo. Nosso produto é inspiracional. Ou seja, mostra aquilo que você quer ser e mostrar para os outros. RAP: A Ceratti investe em marketing? Mario Ceratti Benedetti: Nós não somos uma empresa de muito marketing. Nós somos uma empresa de cultura e produção. Nossa atuação em comunicação é muito pequena. Um ou outro cartaz nos pontos de venda e ações bem específicas. Hoje, nós poderíamos ter mais presença na mídia, mas estamos mais solidificados no boca a boca. É o que melhor funciona pra Ceratti. Claro que isso trás algumas dificuldades. Por exemplo, em São Paulo, nós somos uma marca muito conhecida. Fora daqui, nós temos algumas dificuldades. Em cidades como Belo Horizonte, pouca gente nos conhece. A Ceratti ainda precisaria de uma estratégia de marketing para abrir novos mercados. CREDITO RAP: A Ceratti está preparada para uma pressão por alimentos cada vez mais lights, com menos gordura e coisas do tipo? Pode acontecer com o setor de embutidos o que aconteceu com a indústria de cigarro, por exemplo? Mario Ceratti Benedetti: O setor está muito preocupado. Já estamos tomando iniciativas com programas de redução de sódio. As universidades estão fazendo pesquisas para que a gente encontre soluções. O problema é que um embutido, por definição, tem como base o aproveitamento. Você só coloca no embutido o que não consegue vender no açougue como peça. Nenhum problema se você vivesse como há 100 anos. Ou seja, andasse mais, corresse mais. Hoje, o sedentarismo exige que a gente pensa em soluções mais saudáveis. RAP: Por que o senhor optou por administração? Mario Ceratti Benedetti: A família influenciou muito. Se minha família não fosse de empresários, talvez, eu optasse por arquitetura ou fotografia que são duas das minhas paixões. Mas eu me dei bem na área. Gosto daquilo que eu faço. RAP: O senhor costuma fazer uma analogia entre administração e maratona, não é? Mario Ceratti Benedetti: Empresas de sociedade anônima, onde o capital é muito pulverizado, você tem acionistas cobrando resultados no curto prazo. Aí, os gestores sabem que podem alcançar resultados rápidos sacrificando algum fator. Não existe almoço grátis. Se você realiza algo aqui para cortar caminho, invariavelmente, você vai ter que pagar lá na frente. Na maratona é mais ou menos assim. Você tem que ter um controle gigantesco para não queimar toda sua energia na largada. Ou seja, essa percepção de que você precisa de controle e não pode dar um passo maior que a perna é também um conhecimento típico de um administrador. RAP: Neste ano, o Brasil tem Copa do Mundo e eleições. Qual a sua expectativa? Mario Ceratti Benedetti: Vai ser um ano complicado. Vai mostrar a incapacidade do governo brasileiro de ter uma visão de longo prazo e planejamento. Acho que a Copa e as Olímpiadas, que poderiam ser dois eventos transformadores, viraram apenas peças de marketing. E eu acho que as eleições ainda vão trazer muitas surpresas... 9

Capa Conhecimento por Gilberto Amendola GETTY IMAGE 10

Administradores falam sobre os problemas de logística do País e apontam soluções para aquele que tem sido o nosso Calcanhar de Aquiles em termos de competitividade Logística em debate Uma pesquisa recente do Banco Mundial (Bird) sobre logística de transportes mostrou o Brasil despencando 20 posições no ranking mundial. O relatório levou em consideração a percepção dos empresários em relação à eficiência da infraestrutura de transporte. O Brasil passou a ocupar o 65.º lugar no ranking. O país ficou atrás de vizinhos como Argentina e Chile, e dos companheiros de BRICs China, Índia e África do Sul. O primeiro lugar ficou com a Alemanha, seguido da Holanda, da Bélgica e do Reino Unido. No último ranking divulgado, em 2012, o Brasil ocupava a 45ª posição. O Banco Mundial avaliou diversos fatores, como qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a eficiência do processo de liberação nas alfânde- GETTY IMAGE 11

Capa Adm. Domingos Alves Correa espera mais investimentos em transporte público gas, rastreamento de cargas, cumprimento dos prazos das entregas e facilidade de encontrar fretes com preços competitivos. Com base nesta pesquisa, a RAP propôs um debate sobre logística entre administradores e outros profissionais. Quais os nossos principais problemas em logística, onde estão nossos gargalos e quais são as soluções viáveis para essas questões. Primeiro é preciso ter clareza da importância da área logística para o País. Apesar da queda no ranking do Bird, o setor movimenta cerca de 11,5% do PIB nacional algo em torno de R$ 520 bilhões. Além disso, em termos de postos de trabalho, as áreas da logística tem empre- DIVULGAÇ AO gado aproximadamente 1, 8milhão de prestadores de serviço. Apesar de todo esse aparente gigantismo, os números ainda estão aquém daquilo que um País com as dimensões do nosso poderia alcançar. Educação e mão de obra Para o administrador Luis Marcelo Oliveira, da 7ATLog, empresa de Logística, o nosso maior gargalo não é físico. Os problemas de infraestrutura já são bastante conhecidos e podem sim ser resolvidos. Nossa questão está na qualidade e na formação do profissional. Existe uma falta de entendimento em relação ao setor. Logística não é só transporte e armazenamento. Logística é sobre fluxo de mercadoria e serviços e como eles podem ser feitos de forma rápida e com menos custo. Portanto, logística não se faz apenas com estradas, caminhões e galpões. Logística se faz com informação, garante Oliveira. O também administrador, com MBA em Logística Empresarial, Lindovaldo Moraes, segue nesta mesma linha. Logística é planejamento. A área precisa contar com administradores que saibam planejar, que tenham experiência em gestão e possam, com trabalho e criatividade, vencer os obstáculos impostos pela falta de infraestrutura do País. A questão da mão-de-obra é o que mais chama a atenção do administrador e diretor da Tigerlog, Marco Antonio Oliveira Neves. Apesar de enumerar problemas como a política de pedágios das principais rodovias do Estado de São Paulo, os acessos ao Porto de Santos (e o próprio porto) e a baixa utilização das hidrovias e Adm. Marcos Maia: "Nossos problemas de logísticas são de origem histórica" 12

ferrovias ( avançamos bastante em termos de aeroportos, disse). Mão de obra é o nosso grande gargalo. No mercado, faltam motoristas de caminhão, conferentes, empilhadores, coordenadores de logística... Não estamos valorizando a área de apoio, a área braçal. Hoje, algo entre 8% a 15% da nossa frota de caminhão está parada - e está parada porque nosso déficit de motoristas é de aproximadamente 150 mil, comenta Neves. Ainda assim, o próprio Neves admite que em áreas gerenciais e postos que poderiam ser ocupados por administradores profissionais, não conseguimos suprir as demandas do mercado. No ensino de administração, a área de logística não é tão valorizada quanto áreas financeiras e de marketing. Ficou marcada como uma área apenas de apoio o que não é verdade. Precisamos deixar claro aos futuros administradores que a logística é uma área muito importante e que pode ser atrativa, inclusive, do ponto de vista salarial. Em São Paulo Uma cidade como São Paulo apresenta uma série de desafios e problemas do ponto de vista logístico. O administrador e coordenador do Grupo de Excelência de Administração de Cadeias Produtivas e Logística Empresarial do CRA-SP, Domingos Alves Corrêa Neto, a política de restrições para caminhões e outros veículos de grande porte não representaram uma solução consistente. Na verdade, as empresas descarregam esses caminhões e separam a mercadoria em 15 veículos menores o que também impacta, e muito, o trânsito da cidade, diz. Para ele, a saída deve ser o investimento em transporte público e na comunicação entre os modais (metrô, trem e ônibus). Só assim, as vias de trânsito podem ficar mais adequadas ao fluxo de mercadorias e ao abastecimento da própria cidade, completa. A situação do trânsito de São Paulo e, consequentemente, seu impacto em operações de logística pode ter uma solução um pouco mais radical. Nós chegamos em um ponto em que a única saída será uma política restritiva. O pedágio urbano, por exemplo. Em algum momento, São Paulo vai ter que adotar a mesma política de restrição do que Londres. Pode parecer radical, mas, por enquanto, essa é uma alternativa, comenta Neves. Neves também acredita que uma cidade como São Paulo deveria seguir o exemplo de Nova York. Se uma empresa Edson Carrillo, da Associação Brasileira de Logística: "Sofremos de um colapso de infraestrutura" DIVULGAÇÃO 13

Capa Lindovaldo Moraes: "Logística é planejamento" quer manter uma operação de entrega ou estocagem dentro da cidade, precisa provar que possui docas para que os caminhões estacionem. Hoje, você passa, por exemplo, na região do Bom Retiro e não consegue circular. Faltam docas na cidade. Com ela, os caminhões poderiam descarregar e estacionar até de madrugada. O efeito da falta de infraestrutura dentro de uma cidade como São Paulo tem um impacto direto no bolso do consumidor e, consequentemente, na competitividade do empresário. Por conta das nossas dificuldades de trânsito, armazenagem e estocagem, mercadorias são impactadas em até 10% do seu preço final para o consumidor. Os modais Neto afirma que o nosso processo de logística não flui de forma linear o que faria o nosso custo logístico ser um dos mais altos do mundo (quase o dobro da americana). A pouca utilização de ferrovias e hidrovias impactam de forma definitiva neste prejuízo. As empresas brasileiras fazem escoar 66,6% de toda a sua produção pelas rodovias; 18,6% por ferrovias e apenas 11,7% utilizando o modal hidroviário. Essa concentração prejudica nossa competitividade e o custo das operações fica muito alto. Para Neto é hora de investir em ferrovias. Temos que voltar a olhar para esse modal. Os investimentos em rodovias tiveram sua importância nas décadas passadas. Agora, precisamos pensar nossos modais de forma mais integrada e revalorizar as ferrovias. A conexão entre os modais também vale para a cidade. O Rodoanel foi criado para resolver esse problema com os veículos pesados, mas acredito que ainda possa ser aprimorado. Penso que junto ao Rodoanel poderia ser construída um modal de transporte sobre trilhos o que ajudaria muito. O próprio Rio Tietê poderia ser melhor utilizado como transporte fluvial. Claro, tudo isso precisa ser feito com planejamento e gestão. Ou seja, com o conhecimento de administradores competentes, afirma Neto. Raízes históricas e privatizações O administrador Marcos Maia, diretor da FATEC de Guarulhos, acredita que nossos problemas COMO MELHORAR O PROCESSO DE LOGÍSTICA 1 - Uma estratégia correta de logística deve incluir todos os componentes no seu processo de realização. Custos de fornecedores, níveis de serviço (disponibilidade do produto, prazo de entrega), serviços de valor acrescentado (embalagem, rotulagem), devoluções e lexibilidade (alteração da estratégia com base nas necessidades dos clientes) todos devem ser incluídos. Não se concentre em apenas uma dessas áreas pois todas são peças integrantes essenciais da cadeia de abastecimento (supply chain). 2 - Preveja a sua demanda. A previsão de demanda não é uma ciência exata, mas já está se aproximando disso. Esse tipo de previsão pode ser usado para entender as suas necessidades futuras de logística e também ajudar você a se planejar para elas. 3 - Uma estratégia para fornecimento lexível pode reduzir a logística e os custos de distribuição. A ordem de serviços de entrega é frequentemente baseada na localização geográica. No entanto, outros fatores como tempo de espera, ordens posteriores, custos de produção, atrasos, disponibilidade e coniabilidade do transporte terceirizado podem inluenciar a melhor fonte para a ordem. 4 - Mantenha contato com vários transportadores para utilizar o serviço de menor custo e melhor qualidade. Muitos varejistas só utilizam uma transportadora, porém, partindo do princípio que cada operadora calcula os custos de formas diferentes, ter o contato com várias operadoras e escolhendo qual a melhor a utilizar para cada serviço pode ajudar na economia de custos de transporte e na redução da espera de entrega para os clientes. Fonte: site Profissional de e-commerce 14

de logística são de origem histórica. Eles remontam da passagem de um período onde a agricultura era protagonista para a era industrial. Nesta passagem, os investimentos na malha ferroviária praticamente se encerraram, diz. Para ele, a solução está no processo de privatizações. O governo tem que agir como um órgão regulador, a administração de portos, ferrovias e rodovias precisa estar nas mãos da iniciativa privada. Isso já está sendo feito com sucesso em relação aos aeroportos. Acredito que esse é um caminho que devemos continuar seguindo. Luis Marcelo Oliveira: "Problema é de formação profissional" 11,5% } 18,2% FERROVIÁRIO 66,6% RODOVIÁRIO MATRIZ DE TRANSPORTE DO BRASIL TONELADA TRANSPORTADA POR QUILÔMETRO ÚTIL CUSTOS LOGÍSTICOS EM RELAÇÃO AO PIB 11,4% HIDROVIÁRIO 3% DUTOVIÁRIO *A PARTICIPAÇÃO DO AÉREO É QUASE ZERO PIB 7,1% TRANSPORTE 3,2% ESTOQUE 0,8% ARMAZENAGEM 0,4% ADMINISTRATIVO INFORMAÇÕES DO JORNAL VALOR ECONÔMICO Maia cita o caso da Linha Amarela do Metrô de São Paulo. É a linha mais elogiada, com o melhor serviço e interligações. Ela é administrada por uma concessionária. Ou seja, esse é o modelo que pode desafogar o trânsito de São Paulo e melhorar parte das nossas dificuldades com logística, garante. O Vice-Presidente de Comercialização e Marketing da Abralog (Associação Brasileira de Logística), Edson Carillo gostaria de ver um maior cuidado das autoridades em relação ao tema: Parece que estamos sofrendo da síndrome do cobertor curto. Não conseguimos utilizar todos os recursos de forma adequada, daí falta capacidade de investimento em infraestrutura. Ficamos parados acumulando um déficit de mais de R$ 200 bilhões no investimento para manutenção e modernização e expansão de nossos recursos para logística, diz. Sofremos de um colapso de infraestrutura, há deficiência na oferta de modos de transporte, basicamente o Brasil é movimentado pelo modo rodoviário (caminhões), mas este é um dos modos mais caros de se transportar mercadorias, em especial para longas distâncias. Fazemos o mesmo em outras áreas, não investimos em recursos mais eficientes, nossos investimentos estão baseados no de menor custo de implantação, mesmo que isto signifique comprometer nossa competitividade, lamenta. 15

Conhecimento por Marcos Yamamoto GETTY IMAGE O desafio da qualificação profissional Empresas no Brasil sofrem com a falta de mão de obra especializada. Profissionais de administração estão entre os mais difíceis de recrutar 16

Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, 91% das empresas entrevistadas enfrentam problemas com a falta de mão de obra especializada. E, de acordo com o levantamento, os empregadores estão com sérias dificuldades em conseguir profissionais em áreas ligas à administração, como Compradores (citados por 72,2% das companhias como de difícil contratação ), Administração Geral (63,4%), Recursos Humanos (54,9%) e Finanças (48,1%). Os principais obstáculos apontados pela Dom Cabral foram: escassez de profissionais capacitados (83,2%), deficiência na formação básica (58%) e falta de experiência na função (47,9%). Em um mundo em que os acontecimentos deixaram de ser relacionados em anos, e passaram a ser em meses e até em semanas, estar antenado às tendências e novas formas de realizar o trabalho tem de ser uma obsessão para quem deseja se destacar e obter sucesso no mercado de trabalho. E isso significa se fazer sempre útil para seu empregador, explica o administrador Cezar Tegon, presidente da companhia de recrutamento Elancers. O mundo se expandiu, mas nossos profissionais não acompanharam esse crescimento. Durante anos, o brasileiro não acreditou que seria cobrado pela qualidade. E não só os profissionais acordaram tarde, mas também as empresas, analisa o administrador Ricardo Luiz Krobel, diretor geral da Faculdade Campos Elíseos, em São Paulo. Diante da falta de pessoal com formação capaz de suprir determinadas demandas, as empresas brasileiras estabeleceram como uma prioridade de 2014 a necessidade de promover a qualificação profissional entre seus colaboradores. É o que revela um estudo recente feito recentemente pela consultoria Deloitte, realizado com 509 organizações líderes nos setores de veículos/ autopeças, comércio, TI, têxtil e calçados, alimentos e bebidas e telecomunicações. Para 67% deste total, a capacitação é a área que terá maior concentração de investimentos este ano, seguida pelo lançamento de produtos (55%), marketing e comunicação (51%) e novas tecnologias (51%). Ainda segundo o estudo, o foco das empresas será o reforço das estratégias de competitividade, alinhado com a demanda de profissionais. Do ponto de vista das empresas, a falta de mão de obra qualificada é um grave limitador para seu crescimento. Como solução, algumas delas, ao invés de apenas procurar profissionais prontos no mercado, estão contratando estudantes que estão no início da graduação e proporcionando treinamentos para complementar a formação. Ou seja, as empresas acabam promovendo a qualificação que está faltando. A contratação de estrangeiros também tem sido a aposta de algumas empresas, aponta o consultor em Gestão de Pessoas Eduardo Ferraz. DIVULGAÇÃO 17