REVISÃO ORDINÁRIA DAS GARANTIAS FÍSICAS DAS GERADORAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Vítor F. Alves de Brito outubro/2014



Documentos relacionados
DECRETO Nº 2.655, DE 02 DE JULHO DE 1998

Capítulo: 6 Introdução ao Planejamento Energético

Tópico da Aula: Energia assegurada e Mecanismo de Realocação de Energia

Repactuação do Risco Hidrológico MP nº 688/2015

Garantia Física de Energia Centrais Geradoras Hidrelétricas CGHs

DECRETO Nº 2.655, DE 02 DE JULHO DE 1998

Sistema de Apuração de Indisponibilidade de Usinas Não Despachadas Centralizadamente. Outubro/2007

Balanço Energético. Versão 1.0

Panorama dos leilões do 2º semestre de 2013

I - Pontos conceituais da MP 579/12 que podem ser alterados pelo Congresso

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 688, DE 18 DE AGOSTO DE 2015.

DECRETO Nº 2.655, DE 2 DE JULHO DE 1998.

Nº 009 Setembro/

Submódulo Critérios para classificação da modalidade de operação de usinas

O COMERCIALIZADOR E A GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO NOVO PANORAMA DO SETOR ELÉTRICO. Walfrido Avila - 06/2002

Ministério de Minas e Energia Consultoria Jurídica

VOTO RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA - SFF.

Resolução ANEEL 514/ Alocação de Cotas de Garantia Física de Energia e Potência. Reunião ABRAGE 28/11/2012

Art. 1º O Decreto nº 7.246, de 28 de julho de 2010, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Instituto Acende Brasil

2 Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro

MARÇO Tabela 01 - Geração média mensal por estado variação % relativo ao mês anterior.

CLASSE 12: PLANOS DE SEGUROS DAS CONCESSIONÁRIAS DO STFC

Termo Aditivo ao Contrato de Concessão de Geração MP 579/2012

Módulo 3 Contratação de Energia e Potência

Ministério de Minas e Energia Consultoria Jurídica

São contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep, incidente sobre Receitas Governamentais, a

AGOSTO ANEEL, através da Resolução Normativa 461/11 de 11/Nov/2011.

AM.10 AFERIÇÃO E APLICAÇÃO DE PENALIDADES COBERTURA DE CONSUMO, LASTRO PARA VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA E POTÊNCIA

Submódulo Critérios para classificação da modalidade de operação de usinas

Questões regulatórias necessárias e perspectivas para viabilização das centrais elétricas pequenas, médias e reversíveis

RESOLUÇÃO N O 290, DE 3 DE AGOSTO DE 2000

Preços de Referência para a Mudança de Combustível Exercícios 2012

Incentivos regulatórios para energias alternativas.

Ministério de Minas e Energia Consultoria Jurídica

A EVOLUÇÃO DA REGULAÇÃO REFERENTE À OPERAÇÃO DE USINAS TERMELÉTRICAS. Autores:

MACRO Processo Sub Processo

EDITAL DE CHAMADA PÚBLICA PARA COMPRA DE ENERGIA ELÉTRICA PROVENIENTE DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA Nº 001/2014

Submódulo 7.7. Metodologia de cálculo da energia e da potência asseguradas de usinas despachadas centralizadamente

Segurança e seus custos: aspectos legais. Márcio Pina Marques Coordenador do Núcleo de Tarifa e Mercado Procuradoria Federal na ANEEL

Mercado de Livre Contratação de Energia de PCHs Novas Regras de Comercialização e Liquidação V Conferência de PCHs Mercado e Meio Ambiente

Perfil Energia gerada

XIII Fórum Nacional de Energia e Meio Ambiente no Brasil. A atuação da CCEE como operadora do mercado brasileiro. 15 de agosto de 2012

Caderno Algébrico Ressarcimento

Nº 54 Fevereiro/

Visão Geral das Operações na CCEE. Junho/2015

Garantia Física. Regras de Comercialização. Garantia Física. Versão versão Minuta

QUESTÃO DE ITAIPU. GTAE - Grupo de Trabalho de Acompanhamento da Situação Energética

Release de Resultados 2011

RISCO HIDROLÓGICO, MRE E GSF

Ata da 50 ª Reunião do GTOP - Grupo de Trabalho da Operação

A G Ê N C I A N A C I O N A L D E E N E R G I A E L É T R I C A. Módulo 6.8: Bandeiras Tarifárias. S u b m ó d u l o 6. 8

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 03, DE 10 DE AGOSTO DE 2010

Aperfeiçoamentos do Mercado de Geração Hídrica Workshop de Infraestrutura

Prefeitura Municipal de Votorantim

Ultrapassagens na apuração do MUST

CONTRIBUIÇÕES PARA A AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 36/2009

Figura 1 Participação das Fontes por Garantia Física Contratada

AGENDA PARA O FOMENTO DA COGERAÇÃO: A VISÃO DO MERCADO JUNHO 2017

GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 444, DE 25 DE AGOSTO DE 2016

Normas Sistema Gestão da Informação

Novas Políticas e Impactos para o Mercado ENASE º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico

Reunião Abrage Brasília, 26 de março de 2009

Eletrobrás CONTA DE DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO CDE MOVIMENTAÇÕES 2006 CARVÃO MINERAL NACIONAL DIRETORIA DE ENGENHARIA - DE

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Versão: 3 Início de Vigência: Instrumento de Aprovação: Despacho ANEEL nº3.720, de 26 de dezembro de 2007.

GERAÇÃO DISTRIBUIDA MODELO E LEGISLAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO RESOLUÇÃO NORMATIVA ANEEL Nº 482/2012. Secretaria de Energia Elétrica SEE

SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GRUPO VII GRUPO DE ESTUDO DE PLANEJAMENTO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

CAPÍTULO II DO PLANEJAMENTO DO ATENDIMENTO AO MERCADO CONSUMIDOR E DA CONTRATAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

RELATÓRIO RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE CONCESSÕES E AUTORIZAÇÕES DE GERAÇÃO - SCG.

Versão: Consulta Pública Início de Vigência: XX.XX.XXX Instrumento de Aprovação: Despacho ANEEL nº XXXX, de XX de mês de 200X

RESOLUÇÃO Nº I - Até 49% (quarenta e nove por cento) em:

Incentivos para a Geração Distribuída no Brasil

Evolução dos Contratos de Energia nas últimas décadas e os Recursos Naturais

CENTRAL GERADORA EÓLICA ICARAÍ II S.A.

1. SUMÁRIO EXECUTIVO R$ 388,48/MWh R$ 121/MWh 369,23/MWh R$ 123 milhões R$ 536 milhões R$ 2,532 bilhões

CENTRAL GERADORA EÓLICA ICARAÍ I S.A.

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Obrigações Previdenciárias quando a Empresa Contratar Cooperativa de Trabalho

Submódulo Confirmação da capacidade de geração de unidades geradoras

ESTADO DE GOIÁS CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CONSELHO PLENO RESOLUÇÃO CEE PLENO N. 3, DE 3 DE JULHO DE 2006.

Submódulo Elaboração do Programa Diário da Operação

O Mercado Livre: situação atual, aperfeiçoamentos esperados e a proposta de comercialização de excedentes

NOME DA INSTITUIÇÃO: ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

Comércio Exterior: Interposição Fraudulenta e Regime Aduaneiro Especial de Drawback

Submódulo Requisitos operacionais para os centros de operação, subestações e usinas da Rede de Operação

Ministério de Minas e Energia Gabinete do Ministro

CONTRATO DE CRÉDITO PESSOAL PRÉ-APROVADO

Instrução Normativa SRF nº 682, de 4 de outubro de 2006

Submódulo Critérios para classificação da modalidade de operação de usinas

Contratação dos ativos de geração em lastro e energia, com vistas a assegurar a expansão sustentável do parque gerador do Sistema Interligado

O exame de processos de outorga de concessão deve conter em sua introdução as informações básicas relativas ao tipo de processo.

Aprovação dos Procedimentos de Rede em caráter definitivo Módulos 24 e 25. Brasília 22/Jan/2009

RESOLUÇÃO NORMATIVA RN Nº 67, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2004 TÍTULO I DA ACEITAÇÃO DE ATIVOS COMO GARANTIDORES DAS PROVISÕES TÉCNICAS

Submódulo Data de aprovação pelo ONS. Motivo da revisão. Este documento foi motivado pela criação do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Exportação de Energia..republi

Regulação do Uso de Fontes Alternativas no Brasil

Transcrição:

REVISÃO ORDINÁRIA DAS GARANTIAS FÍSICAS DAS GERADORAS DE ENERGIA ELÉTRICA Vítor F. Alves de Brito outubro/2014 1

IMPACTOS DA GARANTIA FÍSICA NO AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO Art. 20, 3º, do Decreto nº 2.655, de 02.7.98: A energia assegurada relativa a cada usina participante do MRE, de que trata o parágrafo anterior, constituirá o limite de contratação para os geradores Art. 2º, 2º, do Decreto nº 5.163, de 30.7.04 A garantia física de energia e potência de um empreendimento de geração, a ser definida pelo Ministério de Minas e Energia e constante do contrato de concessão ou ato de autorização, corresponderá às quantidades máximas de energia e potência elétricas associadas ao empreendimento, incluindo importação, que poderão ser utilizadas para comprovação de atendimento de carga ou comercialização por meio de contratos. 2

IMPACTOS DA GARANTIA FÍSICA NO AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO Lastro comercial = garantia física Art. 2 º, I, do Decreto nº 5.163/04: Art. 2º Na comercialização de energia elétrica de que trata este Decreto deverão ser obedecidas, dentre outras, as seguintes condições: I - os agentes vendedores deverão apresentar lastro para a venda de energia e potência para garantir cem por cento de seus contratos, a partir da data de publicação deste Decreto; (...) 1 o O lastro para a venda de que trata o inciso I do caput será constituído pela garantia física proporcionada por empreendimento de geração próprio ou de terceiros, neste caso, mediante contratos decompradeenergiaoudepotência 3

IMPACTOS DA GARANTIA FÍSICA NO AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO Distorção da garantia física = Lastro comercial superdimensionado Leilões de energia de reserva(2008 a 2013) - Contratados 3.497,9 MWmédio de garantia física para horizontede15a20anos. - R$54bilhões - Encargos de Energia de Reserva 4

NECESSÁRIA REVISÃO ORDINÁRIA PERIÓDICA Alteração da vazão dos rios e da capacidade dos reservatórios em razão de assoreamento; maior consumo de água do reservatório para irrigação ou abastecimento urbano; manutenção de equipamentos; disponibilidade de combustível. Critérios equivalentes, mas características próprias - Necessidade de prazo razoável para análise individual das usinas, com visitas e medições. - Audiência pública(art. 4, 3º, da Lei nº 9.427/1996) 5

ENERGIA ASSEGURADA Energia Assegurada é a máxima produção de energia que pode ser mantida quase que continuamente pelas usinas hidrelétricas ao longo dos anos, simulando a ocorrência de cada uma das milhares de possibilidades de sequências de vazões criadas estatisticamente, admitindo certo risco de não atendimento à carga. Geração hidrelétrica (66% da capacidade instalada no país) Risco hidrológico 6

MECANISMO DE REALOCAÇÃO DE ENERGIA Mecanismo de realocação de energia é um mecanismo financeiro que objetiva compartilhar os riscos hidrológicos que afetam os geradores, na busca de garantir a otimização dos recursos hidrelétricos dos sistemas interligados. Decreto nº 2.655, de 02.7.98: Art. 20. As regras do MAE deverão estabelecer o mecanismo de Realocação de Energia - MRE, do qual participarão as usinas hidrelétricas com o objetivo de compartilhar entre elas os riscos hidrológicos. Art. 21. A cada usina hidrelétrica corresponderá um montante de energia assegurada, mediante mecanismo de compensação da energia efetivamente gerada. 7

MECANISMO DE REDUÇÃO DE ENERGIA ASSEGURADA- MRA Riscos de Natureza não hidrológica não são compartilhados (Decreto nº 2.655, de 02.7.98, art. 24) Resolução Normativa ANEEL nº 614, de 03.6.14, art. 18: Caso o Índice de Disponibilidade Verificada IDv de uma usina hidrelétrica participante do Mecanismo de Realocação de Energia MRE seja inferior ao Índice de Disponibilidade de Referência ID considerado no cálculo da respectiva garantia física, a usina estará sujeita à aplicação de Mecanismo de Redução da Energia Assegurada MRA modulada e referida ao centro de gravidade do submercado. 8

ENERGIA ASSEGURADA x DESPACHO ONS Hipótese1 Gera em conformidade com o despacho: performance do gerador alcança o índice de referência de sua energia assegurada, enquadrando-se no cálculo doquinhãoaquetemdireito. Hipótese2 Não gera, em razão de declaração de manutenção preventiva e programada. Não prejudica o índice de disponibilidade da usina. Hipótese 3 Performance do gerador abaixo do índice de referência de sua energia assegurada. Equivalência entre a capacidade de contribuição do gerador e o quinhão a quetemdireitonomre 9

USINAS EM FASE DE MOTORIZAÇÃO (Caso UHE Santo Antonio) Resolução nº 614, de 03.06.14: Art.18, 4: As usinas em fase de motorização estarão sujeitas à aplicação do MRA apenas para as unidades geradoras em operação comercial. 10

USINAS EM FASE DE MOTORIZAÇÃO (Caso UHE Santo Antonio) Argumento da UHE SANTO ANTONIO, para que o fator de indisponibilidade somente seja considerado após o período de motorização: - Primeiras turbinas sujeitas a mais interrupções. - Mitigar a relevância e o efeito da eventual indisponibilidade ou da eventual necessidade de manutenção de uma turbina isolada. - Falta de isonomia em relação a outras usinas que possuem número menor de turbinas. - Abertura da audiência pública nº 58/2013, que reconhece imprecisões na forma de cálculo do FID. 11

USINAS EM FASE DE MOTORIZAÇÃO (Caso UHE Santo Antonio) O índice de disponibilidade da usina não tem melhorado com a entrada em operação comercial de novas turbinas. O alto índice de disponibilidade declarado pela UHE Santo Antonio lhe permitiu ter uma garantia física maior e dessa forma comercializar uma quantidade maior de energia. Em regra, as usinas devem observar período de operação em teste(resolução Normativa nº 583, de 22.10.13). A UHE Santo Antonio assumiu o risco por interesses comerciais. 12

CASOS JUDICIAIS MERCADO DE REALOCAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Oeditaldelicitaçãoera claro que Duranteafasedemotorização estarão sujeitas à aplicação do MRA apenas as unidades geradoras em operação comercial. Resolução nº 614, de 03.06.14, Art. 18, 4: As usinas em fase de motorização estarão sujeitas à aplicação do MRA apenas para as unidades geradoras em operação comercial. Art. 24 do Decreto nº 2.655, de 02.7.98: Os riscos de indisponibilidade das usinas de geração hidrelétrica, de natureza não hidrológica, serão assumidos individualmente pelas usinas participantes, não sendo, portanto, cobertos pelo MRE. 13

Vítor Ferreira Alves de Brito 21 3221-9000 E-mail: vitorbrito@sbadv.com.br