Gabinete de Informação Financeira Relatório Anual

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Transcrição:

Gabinete de Informação Financeira Relatório Anual 2012

ÍNDICE CAPÍTULO I CAPÍTULO II INTRODUÇÃO...42 CONTEXTO HISTÓRICO E ESTRUTURA ORGÂNICA...45 2.1 Contexto histórico e novos desafios...45 2.2 Funções e Estrutura Orgânica...45 2.3 Tarefas principais do GIF...46 2.4 Recursos Humanos do GIF...48 CAPÍTULO III SITUAÇÃO ACTUAL RESPEITANTE À COMUNICAÇÃO DE TRANSACÇÕES SUSPEITAS (STRs)...49 3.1 Dados estatísticos...49 3.2 Estatísticas referentes às tipologias mais frequentes das alegadas formas de branqueamento de capitais...51 CAPÍTULO IV COMBATE AO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS E FINANCIAMENTO AO TERRORISMO EM MACAU...53 4.1 Coordenação do Grupo de Trabalho Interdepartamental AML/CFT...53 4.1.1 Revisão do quadro normativo AML/CFT...55 4.1.2 Sub Grupo de Trabalho dedicado ao estudo da implementação de medidas de Congelamento de Bens ao abrigo do estipulado pelas Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas...55 4.1.3 Sub Grupo de Trabalho destinado às NPOs...56 4.2. Implementação das recomendações constantes do Relatório de Avaliação Mútua Conjunta APG/GIFCS e adopção das novas 40 Recomendações do GAFI...56 4.3 Cooperação com os órgãos judiciários e de polícia criminal e entidades de supervisão no âmbito da partilha de informação...59 4.4 Visitas de entidades sujeitas ao dever de participar transacções suspeitas e outras entidades...60 4.5 Cooperação internacional...60 4.6 Acções de formação...63 4.7 Sensibilização pública...72 4.8 Participação em conferências internacionais...75 CAPÍTULO V ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS...80 5.1 Participação electrónica de STRs e participação online de STRs...80 5.2 Melhoramento da segurança da informação...81 CAPÍTULO VI DESAFIOS E PERSPECTIVAS...82 41

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO As notas finais do Relatório Anual do GIF de 2011 antecipavam o ano de 2012 como um ano de novos desafios no desenvolvimento dos trabalhos na área AML/CFT e a realidade veio a demonstrar que essas previsões se revelavam acertadas. Duma perspectiva económica 2012 apresentava-se como um ano envolto em incerteza. Não obstante os mercados financeiros terem apresentado resultados globalmente positivos, a economia mundial apresentava sinais duma recuperação extremamente lenta. A crise das dívidas soberanas europeias, apesar de apresentar sinais de algum abrandamento, ainda pairava sobre a economia global com alguns países europeus à beira de processos de recessão acentuada. A economia americana apesar de apresentar alguns sinais de recuperação ainda apresentava igualmente sinais de uma consolidação longe da estabilidade desejada. No que respeita à China, não obstante ter apresentado uma taxa de crescimento do PIB de 7.8% em 2012 e, como tal, se ter apresentado como um caso ímpar a nível mundial no ano de 2012, esse mesmo crescimento traduziu-se no menor crescimento do PIB verificado nos últimos 3 anos. A desacelaração da economia mundial e da China em particular provocou uma idêntica desacelaração no crescimento da economia de Macau. O crescimento verificado no terceiro trimestre foi de apenas 10% tornando-se no mais baixo crescimento verificado na economia de Macau desde 2009. Este menor crescimento deveu-se sobretudo a uma queda nas exportações de serviços relacionados com o sector do jogo e num crescimento muito moderado dos gastos realizados pelos visitantes da RAEM. De qualquer maneira este menor crescimento da economia local ainda torna a RAEM alvo de inveja dos seus mais directos competidores. Com a economia mundial a caminhar no sentido duma ainda incerta estabilização num futuro próximo, Macau deverá ainda adoptar uma perspectiva prudente mas optimista no que respeita à evolução económica no futuro próximo. Se bem que com o crescimento se verifique um constante influxo de fundos e com estes, tal como nos maiores centros financeiros do mundo, se verifique um crescente risco associado à potencial entrada na economia de fundos de origem ilícita. Por isso mesmo a RAEM deverá manter uma constante atenção reforçando as medidas necessárias para que não se transforme nem seja usada como um centro de atracção de capitais de natureza ilícita. O ano de 2012 assumiu também a natureza de ano de referência no combate ao branqueamento de capitais. O Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), organização de referência internacional no estabelecimento de padrões no combate ao branqueamento de capitais, 42

procedeu à revisão das suas 40 Recomendações tendo adoptado uma nova versão em Fevereiro de 2012. A adopção destes novos padrões de referência implicaram igualmente a adopção duma nova Metodologia para Avaliação Mútua dos países participantes, a qual introduziu duma forma clara o conceito de Eficácia lado a lado com o anteriormente padrão de referência denominado de Cumprimento Técnico. Esta nova metodologia trouxe consigo novos desafios às jurisdições sujeitas ao processo de avaliação sendo que novas ideias e novos peritos são necessários por forma a responder a estes novos desafios. A revisão das Lei de Prevenção e Repressão do Crime de Branqueamento de Capitais e Lei de Prevenção e Repressão dos Crimes de Terrorismo e do Regulamento Administrativo com elas relacionado foi uma das tarefas de maior importância desenvolvidas pelo GIF ao longo do ano de 2012 uma vez que a revisão destes diplomas legais é essencial para a implementação das medidas de recomendação constantes do Relatório de Avaliação Mútua Conjunta de Macau de 2006 bem como dos novos requisitos constantes das recentemente aprovadas Recomendações do GAFI. O GIF e o Grupo de Trabalho Interdepartamental AML/CFT desenvolveram muitos dos seus esforços nesta tarefa de revisão destes diplomas legais em termos que melhor serão desenvolvidos noutro capítulo deste Relatório Anual. Por forma a responder aos desafios representados pelas alterações introduzidas pelas novas Recomendações do GAFI e pela nova Metodologia o GIF conduziu igualmente algumas acções de formação e seminários por forma a promover a sua divulgação junto dos sectores público e privado. No plano doméstico a comunicação e coordenação entre o GIF e os órgãos de polícia criminal e entidades com responsabilidade de supervisão foram igualmente reforçadas e intensificadas no intuito de aperfeiçoar quer o quadro normativo vigente quer o ambiente operacional verificado na RAEM. Para além disso o GIF tem vindo a assumir uma participação pró-activa na comunidade internacional de referência no domínio do combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo através da participação em diferentes organizações internacionais e respectivos encontros e reuniões de trabalho e workshops e participando em diversos projectos de assistência técnica. Demonstra-se desta forma o empenhamento do GIF no domínio da cooperação internacional ao mesmo tempo que se alcança um maior nível de experiência fundamental para um cabal e efectivo desempenho das atribuições e competências do GIF no domínio do combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. Sendo parte integrante das competências do GIF, a troca de informação com entidades suas congéneres do exterior foi igualmente intensificada ao longo de 2012. Tal como em anos anteriores a missão do GIF não teria sido tão efectivamente desempenhada 43

se não fosse o forte apoio do Governo da RAEM, em particular do Exm. Sr. Secretário para a Economia e Finanças. Agradecimentos são igualmente devidos à Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), Comissão Independente para o Exercício do Poder Disciplinar sobre os Solicitadores (CIEPDSS), a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ), a Direcção dos Serviços de Economia (DSE), a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), a Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI), o Instituto para a Promoção do Investimento em Macau (IPIM), o Ministério Público (MP), a Polícia Judiciária (PJ), os Seviços de Alfândega (SA), os Serviços de Polícia Unitários (SPU) e a Associação dos Advogados de Macau (AAM) bem como outras entidades do Governo e do sector privado. O apoio de todos eles foi mais importante que nunca sobretudo durante o processo de revisão do quadro normativo em vigor na área AML/CFT. Finalmente uma palavra de apreço é devida a todos os funcionários do GIF pelo árduo trabalho desenvolvido ao longo do ano que passou. O GIF, com o apoio de todas estas entidades, continuará a envidar os melhores dos seus esforços no sentido de preservar a RAEM dos riscos associados ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. 44

CAPÍTULO II CONTEXTO HISTÓRICO E ESTRUTURA ORGÂNICA 2.1 Contexto histórico e novos desafios O GIF foi criado através do Despacho do Chefe do Executivo n. 227/2006 em 8 de Agosto do mesmo ano com a função central de recolher, analisar e disseminar informação relativa a transacções suspeitas de envolver a comissão dos crimes de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo. A criação do GIF aconteceu resultante do imperativo legal contido nas Lei n. 2/2006 e Lei n. 3/2006 respectivamente a Lei de Prevenção e Repressão do Crime de Branqueamento de Capitais e Lei de Prevenção e Repressão dos Crimes de Terrorismo. Nos termos do Despacho do Chefe do Executivo n. 227/2006 o GIF foi criado enquanto equipa de projecto com a duração determinada de três anos eventualmente renováveis através de Despacho do Chefe do Executivo. Nos termos do Despacho do Chefe do Executivo n. 80/2012, o periodo de funcionamento do GIF foi renovado por um periodo de três anos até 7 de Agosto de 2015. 2.2 Funções e Estrutura Orgânica Coordenador/ Coordenador-Adjunto Núcleo de Assuntos Jurídicos Núcleo de Análise Técnica Núcleo de Apoio Técnico de Informática Núcleo de Apoio Administrativo e Serviços Gerais Núcleo de Estudo de Políticas e Aplicação de Regulamentos Núcleo de Recolha e Análise dos Relatórios de Transacções Suspeitas Núcleo de Estatísticas e de Desenvolvimento de Tipologias Núcleo de Sensibilização, Divulgação e Formação É função principal do GIF centralizar, analisar e disseminar as informações por si recolhidas, 45

por entre os órgãos de polícia criminal e autoridades judiciárias, bem como quaisquer outras entidades com competências de prevenção ou repressão do crime de branqueamento de capitais ou do crime de financiamento ao terrorismo. Para prossecução da função referida, compete ao GIF: - Receber as informações prestadas ao GIF e com os elementos constantes das mesmas criar e manter uma base de dados; - Analisar as informações recebidas e participar ao MP as operações suspeitas da prática do crime de branqueamento de capitais ou do crime de financiamento ao terrorismo; - Apoiar, quando fundamentadamente solicitado, os órgãos de polícia criminal e as autoridades judiciárias, bem como quaisquer outras entidades com competências de prevenção ou repressão do crime de branqueamento de capitais ou do crime de financiamento ao terrorismo, designadamente através da cedência de dados e da prestação de apoio técnico-pericial; - Facultar a, e receber de, entidades exteriores à Região Administrativa Especial de Macau as informações respeitantes ao crime de branqueamento de capitais ou ao crime de financiamento ao terrorismo, em cumprimento de acordos inter-regionais ou de qualquer outro instrumento de Direito Internacional, nos termos das respectivas normas; - Colaborar na elaboração e revisão das orientações contra o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo com as entidades públicas com responsabilidades pela emissão dessas mesmas orientações; - Desenvolver acções de divulgação e educação do público em geral sobre temáticas relacionadas com o combate ao crime de branqueamento de capitais e ao crime de financiamento ao terrorismo. 2.3 Tarefas principais do GIF Ao Coordenador do Gabinete compete dirigir e efectuar a gestão do pessoal e coordenar os respectivos trabalhos, com vista a cumprir as atribuições previstas no n. º 2 do artigo 8.º da Lei n.º 2/2006, artigo 11.º da Lei n.º 3/2006 e Despacho do Chefe do Executivo n.º 227/2006. As tarefas do GIF consistem principalmente em quatro vertentes: estudo de políticas e aplicação de regulamentos, recolha e análise dos relatórios de transacções suspeitas, estatística e desenvolvimento de tipologias, bem como sensibilização, divulgação e formação. O apoio logístico é prestado por três equipas de trabalho: núcleo dos assuntos jurídicos, de apoio técnico de informática e de apoio administrativo e serviços gerais. 46

Núcleo de Estudo de Políticas e Aplicação de Regulamentos Cabe a este núcleo manter a articulação com o desenvolvimento internacional e actualizar as informações sobre os critérios, legislação e convenções internacionais. Este núcleo tem ainda a responsabilidade de tratar dos contactos com as organizações internacionais, tais como o Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), Grupo Ásia/Pacífico contra o Branqueamento de Capitais (APG) e Grupo de Egmont, e responder aos diversos tipos de inquérito de avaliação e pedidos de informações de natureza similar. No plano doméstico este núcleo é responsável por acompanhar as alterações de diplomas legais da RAEM e propôr medidas que se adaptem às novas realidades. Núcleo de Recolha e Análise dos Relatórios de Transacções Suspeitas Cabe a este núcleo receber os relatórios de transacções suspeitas que lhe sejam fornecidos e efectuar a sua análise, assim como registar o conteúdo dos relatórios na base de dados. Este núcleo verifica os relatórios recebidos por forma a assegurar que toda a informação foi submetida correctamente e dá respostas preliminares em tempo útil às entidades reportantes, depois de confirmar a sua exactidão. A esta resposta inicial à entidade reportante outras se seguirão se entretanto se justificarem. Além disso, analisa a conformidade entre as informações contidas nos relatórios ou nos registos na base de dados e as prestadas pelos órgãos judiciários ou entidades similares do exterior. O GIF dispõe ainda de poderes que lhe permitem solicitar às entidades reportantes informações mais pormenorizadas para análise mais profunda, cabendo-lhe ainda a participação dos casos considerados efectivamente suspeitos ao MP. Núcleo de Estatística e de Desenvolvimento de Tipologias Cabe a este núcleo elaborar periodicamente estatísticas sobre as informações de transacções suspeitas e providenciar informações educativas aos serviços públicos e entidades com competência de supervisão e ainda aos operadores económicos, tais como as tendências e tipologias identificadas através da análise dos casos comunicados. Núcleo de Sensibilização, Divulgação e Formação Efectuar a divulgação e sensibilização junto do público das informações sobre o combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento ao terrorismo constitui uma das tarefas principais do GIF. Para tal, o GIF tem de procurar diversos tipos de recursos de formação, nomeadamente convidar peritos locais ou do exterior para ministrar acções de formação ou participar nos cursos e seminários organizados por entidades internacionais. Por outro lado, implementa de forma permanente projectos para conhecimento público, como por exemplo, divulgação de folhetos, comunicados à imprensa e actividades promocionais através dos órgãos de comunicação social, 47

no sentido de elevar o alerta dos cidadãos relativamente ao crime de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. 2.4 Recursos Humanos do GIF O GIF foi criado há seis anos e, após um rápido crescimento inicial no quadro de pessoal nos primeiros três anos, tem vindo a manter uma relativa estabilidade no seu quadro de trabalhadores. O actual número de profissionais a desempenhar funções no GIF é o seguinte: Ano 2009 2010 2011 2012 Coordenador 1 1 1 1 Jurista 1 1 1 1 Análise técnica de STRs 8 11 12 12 Apoio administrativo STRs 4 4 4 4 Apoio informático 5 5 5 5 Serviços administrativos e apoio geral 14 15 14 13 Total 33 37 37 36 Comparativamente a 2011 verifica-se a saída de um trabalhador da área dos serviços administrativos e apoio geral enquanto o número de trabalhadores das outras áreas tais como análise técnica de STRs, apoio administrativo STRs e apoio informático permanece inalterado. Como tal o número total de trabalhadores do GIF decresceu de 37 para 36. De qualquer forma com o crescimento do GIF o seu quadro de trabalhadores foi igualmente acumulando experiência do que resultou um maior nível de eficácia global do Gabinete. Com a implementação dos novos meios informáticos de apoio e o reforço da componente de treino do pessoal, a capacidade analítica do pessoal de análise técnica de STRs foi reforçada. Para além disso, os níveis de eficácia e eficiência no processamento de STRs foi igualmente melhorado. Tais factos permitiram que o pessoal de análise técnica de STRs fosse capaz de dar resposta ao constante crescimento no número de STRs recebidos bem como à expansão das suas tarefas e responsabilidades. 48

CAPÍTULO III SITUAÇÃO ACTUAL RESPEITANTE À COMUNICAÇÃO DE TRANSACÇÕES SUSPEITAS (STRs) 3.1 Dados estatísticos De acordo com o estabelecido no Despacho do Chefe do Executivo n. 227/2006, a recepção e análise de STRs é uma das tarefas fundamentais do GIF. Através da realização de acções de formação e seminários destinados ao sector privado e com a publicação de folhetos informativos a consciencialização dos operadores económicos para as questões relacionadas com as questões AML/ CFT tem vindo a elevar-se. Tal facto é demonstrado através do crescente número de STRs recebidos pelo GIF entre 2007 e 2012. Em comparação com o ano anterior em 2012 foram recebidos pelo GIF mais 277 STRs o que representa um acréscimo percentual de 18%. O número total de STRs recebidos pelo GIF e a sua variação relativamente aos anos anteriores é o seguinte: Ano Número de STRs Variação 2007 725 + 34% 2008 838 + 16% 2009 1,156 + 38% 2010 1,220 + 6% 2011 1,563 + 28% 2012 1,840 + 18% Informação estatística relativa aos STRs recebidos é fornecida na Tabela 1 e Gráfico 1. Os dois sectores mais activos na participação de STRs são o sector dos jogos de fortuna ou azar e o sector financeiro, os quais são responsáveis por 99% dos STRs recebidos pelo GIF em 2012. Do total de 1840 STRs recebidos das entidades reportantes no ano em apreço, 510 foram participados por instituições pertencentes ao sector financeiro, 1328 foram participados por entidades pertencentes ao sector dos jogos de fortuna ou azar e 2 foram participados por outras instituições. O facto das entidades pertencentes ao sector dos jogos de fortuna ou azar terem participado a maioria dos STRs (constituindo um incremento de 22.7% relativamente aos dados relativos ao ano anterior) devese ao facto do sector se encontrar em franca expansão na economia da RAEM. Por outro lado os STRs provenientes do sector financeiro revelaram um crescimento de 6.9% para um total de 49

510 quando comparado com os dados relativos a 2011. Estes números são razoáveis e reflectem muito provavelmente uma maior sensibilização das instituições financeiras para as questões AML/ CFT. Entretanto verifica-se um incremento significativo na qualidade dos STRs participados por instituições financeiras. Estes dados reflectem os esforços desenvolvidos pelas instituições financeiras no sentido de melhorarem os seus sistemas internos de cumprimento das obrigações AML/CFT. Tabela 1: Dados estatísticos do número de STRs recebidos em 2012 Entidade reportante Número de STRs 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Variação ( 11 vs 12) Provenientes de instituições financeiras e companhias de seguros Provenientes de entidades relacionadas com a indústria do jogo Provenientes de outros operadores económicos 343 386 382 338 477 510 6.9% 374 443 767 814 1,082 1,328 22.7% 8 9 7 68 4 2 (50%) Total 725 838 1,156 1,220 1,563 1,840 18% Gráfico 1: Estatísticas dos STRs recebidos Número de STRs recebidos Provenientes de outros operadores ecnómicos Provenientes de entidades relacionadas com a indústria do jogo Provenientes de instrituições financeiras e companhias de seguros 50 Ano

Durante o ano de 2012, o GIF remeteu 166 STRs para o MP, correspondendo a um decréscimo de 13% quando comparado com os 190 enviados em 2011. 3.2 Estatísticas referentes às tipologias mais frequentes das alegadas formas de branqueamento de capitais O GIF tem vindo a estudar as maiores tendências verificadas constantes dos STRs recebidos no período entre 2007 e 2012. As 8 tendências mais comuns verificadas são basicamente as mesmas verificadas em anos anteriores ainda que em ordem distinta. Este facto demonstra que os tipos de transacção detectados através da análise dos STRs não têm sofrido alterações muito substanciais ao longo do último ano. Impossibilidade de obtenção dos elementos de identificação/outra informação pessoal relevante continua a ocupar o lugar cimeiro da lista sendo que se trata igualmente da tipologia mais frequente encontrada no sector do jogo, enquanto que as Transferências electrónicas suspeitas são a tipologia mais frequente encontrada no domínio das instituições financeiras. Para além disso Indivíduos constantes de listas de alerta internacionais ou outras listas de vigilância e Conversão de fichas sem actividade de jogo significativa são igualmente tipologias comuns resultantes da análise dos STRs recebidos. As 10 tipologias mais comuns resultantes da análise de STRs recebidos em 2012 são (por ordem de ocorrência) as constantes dos seguintes gráfico 2 e tabela 2. Gráfico2: Hierarquia das estatísticas de tipologias verificadas através da análise de STRs em 2011 STRs Tipologias 51

Tabela 2: Hierarquia das estatísticas de tipologias verificadas através da análise dos Relatórios de Transacções Suspeitas (por ordem de ocorrência) 1 2 Tipologias Impossibilidade de obtenção dos elementos de identificação/outra informação pessoal relevante Indivíduos constantes de listas de alerta internacionais ou outras listas de vigilância Número de STRs 558 422 3 Conversão de fichas sem actividade de jogo significativa 273 4 Transferências electrónicas suspeitas 171 5 Operações de câmbio /troca de moeda 169 6 7 Depósitos elevados em numerário sem possibilidade de determinação da origem dos fundos Uso de cheques/notas promissórias/transferências bancárias etc. para a transferência de fundos 163 148 8 Levantamentos de elevadas quantias de forma irregular 78 9 Operações relacionadas com pessoas politicamente expostas (PEPs) 64 10 Operações suspeitas de envolver actividades financeiras ilícitas ou não autorizadas 55 11 Outras* 365 * Outras tipologias incluem actividades ilícitas de jogo (casinos, corridas de cavalos, jogo através da internet etc.) titulares de contas emitem/recebem cheques de casinos, utilização suspeita de cartões de débito e crédito, utilização suspeita de ATMs/ serviços telefónicos bancários/máquinas automáticas de depósitos, depósitos efectuados em contas de cartão de crédito, etc. 52

CAPÍTULO IV COMBATE AO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS E FINANCIAMENTO AO TERRORISMO EM MACAU 4.1 Coordenação do Grupo de Trabalho Interdepartmental AML/CFT Desde o seu estabelecimento em 2002 o Grupo de Trabalho Interdepartamental AML/ CFT (doravante designada abreviadamente por Grupo de Trabalho) tem vindo a proceder ao acompanhamento da implementação das recomendações constantes dos Relatórios de Avaliação Mútua Conjunta APG/GIFCS (Group of International Finance Centre Supervisors) 1, através da coordenação, cooperação e troca de informação entre os diferentes serviços da Administração da RAEM com responsabilidades na implementação de medidas na área AML/CFT. O GIF coordena este Grupo de Trabalho e as suas reuniões ocorrem regularmente. De momento têm assento neste Grupo de Trabalho representantes de 14 serviços da Administração da RAEM com responsabilidades de supervisão, produção legislativa e investigação e Administração da Justiça, designadamente (por ordem alfabética): (1) Autoridade Monetária de Macau (AMCM) (2) Comissariado contra a Corrupção (CCAC) (3) Comissão Independente para o Exercício do Poder Disciplinar sobre os Solicitadores (CIEPDSS) (4) Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) (5) Direcção dos Assuntos de Justiça (DSAJ) (6) Direcção dos Serviços de Economia (DSE) (7) Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) (8) Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) (9) Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) (10) Ministério Público (MP) (11) Polícia Judiciária (PJ) (12) Serviços de Alfândega (SA) (13) Serviços de Polícia Unitários (SPU) e (14) Gabinete de Informação Financeira (GIF). 1 A sua anterior designação era Offshore Group of Banking Supervisors (OGBS) 53

Durante o ano de 2012 o GIF coordenou a realização de 3 reuniões deste Grupo de Trabalho onde se debateram as seguintes matérias: - Acompanhamento do processo de revisão da Lei n. 2/2006 Prevenção e Repressão do Crime de Branqueamento de Capitais e Regulamento Administrativo n. 7/2006 Medidas de natureza preventiva dos crimes de branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo (vêr secção 4. 1. 1.); - Análise dos padrões internacionais revistos através das 40 Recomendações do GAFI e acompanhamento da adopção da nova Metodologia de Avaliação; - Coordenação dos membros do sub-grupo relativo ao projecto da introdução dum mecanismo de Congelamento de Bens de acordo com as Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (vêr secção 4.1.2.); - Coordenação com os membros do sub-grupo relativo às Organizações Não Lucrativas (NPOs no acrónimo em língua inglesa) com vista ao melhoramento do sistema de registo e supervisão destas NPOs (vêr secção 4.1.3.); - Acompanhamento dos progressos verificados no domínio das práticas AML/ CFT implementadas pelos diversos serviços da Administração e entidades com responsabilidades de supervisão; - Acompanhamento da implementação das recomendações constantes dos Relatórios de Avaliação Mútua Conjunta APG/GIFCS; - Coordenação de acções de formação junto de organizações internacionais destinadas aos profissionais dos diversos serviços da Administração; e - Preparação dos Relatórios a apresentar na Reunião Plenária do APG e no Workshop de Tipologias da mesma entidade. Em 2012, o Grupo de Trabalho concluiu uma série de tarefas as quais se podem abreviadamente enunciar da seguinte forma: 1) Para além de acompanhar as medidas a tomar para superar as deficiências identificadas no Relatório de Avaliação Mútua Conjunta APG/GFICS o Grupo de Trabalho iniciou os trabalhos de preparação relativos à próxima avaliação conjunta da RAEM por forma a que a mesma já responda às novas obrigações decorrentes das novas 40 Recomendações do GAFI adoptadas em Fevereiro de 2012 (vêr secção 4.2); 2) O GIF coordenou acções de formação destinadas a órgãos de polícia criminal e entidades com responsabilidades de supervisão em que se incluiram o MP, PJ, SPU, SA, CCAC, 54

AMCM, DICJ, DSE, DSF e IPIM (vêr secção 4.6); e 3) Membros do Grupo de Trabalho foram convidados a participar em conferências internacionais e seminários dedicados a assuntos AML/CFT com a coordenação da participação a ser assegurada pelo GIF. (vêr secção 4.8). 4.1.1 Revisão do quadro normativo AML/CFT As propostas de revisão dos instrumentos legais que definem o quadro normativo AML/ CFT foram finalizadas e submetidas a processo de consulta pública restrita em 2012. O periodo de consulta pública decorreu ao longo de 40 dias de 22 de Outubro a 30 de Novembro de 2012. Foram efectuadas pelo GIF com a colaboração de diferentes entidades de supervisão nove sessões de esclarecimento junto de instituições financeiras, companhias de seguros, casas de câmbios e outras entidades e profissões não financeiras designadas (DNFBPs no acrónimo em língua inglesa) incluindo operadores do sector do jogo, intermediários do sector imobiliário, comerciantes de ouro e pedras preciosas, casas de penhor, bem como de certo tipo de profissionais incluindo contabilistas, auditores e advogados. De todas estas entidades foram recebidas prestimosas colaborações sob a forma de comentários que foram posteriormente analisados por forma a determinar as soluções que contribuiriam para um refinamento das propostas legislativas consagradas. A consulta restrita relativa à revisão da Lei n. 2/2006 e do Regulamento Administrativo n. 7/2006 foi completada em Dezembro de 2012 e a proposta com a versão final foi entretanto submetida ao Secretário para a Economia e Finanças para consideração. 4.1.2 Sub Grupo de Trabalho dedicado ao estudo da implementação de medidas de Congelamento de Bens ao abrigo do estipulado pelas Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas Em resposta às Recomendações 4, 6 e 7 do GAFI (anteriores Recomendação 3 e Recomendação Especial III) e de acordo com o estipulado na Lei n. 4/2002 relativa ao cumprimento de certos actos de direito internacional na RAEM, verifica-se uma necessidade de revisão da legislação existente no sentido da introdução de mecanismos temporários de congelamento de bens relacionados com a comissão de ilícitos AML/CFT, sendo necessária ainda a criação de mecanismos de implementação atempados e efectivos entre departamentos da Administração e operadores privados no sentido de dar cumprimento às ordens de congelamento de bens relacionados com as listas anexas às Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Esta necessidade levou à criação dum sub grupo de trabalho com representantes do MP, PJ, CCAC, AMCM, DSAJ e DSRJDI. Este sub grupo de trabalho dedicou-se à análise do quadro normativo vigente e ao estudo das medidas necessárias a introduzir na legislação vigente na RAEM dos mecanismos adequados a assegurar o congelamento de bens. 55

Em 2012, o sub grupo de trabalho do Congelamento de Bens analisou em detalhe os procedimentos existentes no contexto da Lei n. 4/2002 que permitem a execução das sanções estabelecidas sobre os indivíduos constantes das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (em particular as UNSCR 1267 e 1373) e considerou diversos mecanismos de cooperação entre diferentes organismos do Governo da RAEM por forma a implementar os requisitos relevantes decorrentes das Recomendações 4, 6 e 7 do GAFI. O sub grupo de trabalho dedicado ao congelamento de bens propôs ainda que a DSRJDI assumisse a responsabilidade na redacção da legislação adequada que transponha para o ordenamento jurídico da RAEM esse mecanismo. De acordo com o calendário estabelecido uma primeira versão deste diploma foi submetido à consideração dos demais membros do Grupo de Trabalho para recolha de opiniões e comentários. 4.1.3 Sub Grupo de Trabalho destinado às NPOs O sub grupo de trabalho relativo às NPOs foi criado há já três anos e tem vindo a receber contributos permanentes de representantes da DSF, DSI, DSAJ e DSRJDI bem como do GIF. O seu objectivo é o de levar a cabo revistas periódicas do sector das NPOs com incidência na avaliação dos riscos de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo e análise e avaliação da adequação das medidas em vigor com vista à minimização desses riscos e à revisão da adequação do quadro normativo regulador em vigor através da contribuição dos seus diversos membros. O sub grupo de trabalho continua a proceder à revisão quadrimestral dos movimentos financeiros transfronteiriços realizados através do sistema financeiro pelas NPOs. Para além disso o GIF planeia proceder a uma nova revisão global do sector das NPOs em breve, por forma a avaliar a eficácia das medidas de registo e supervisão vigentes após os melhoramentos já introduzidos nesse sistema em 2011, bem como recolher informação actualizada acerca das NPOs registadas na RAEM. 4.2. Implementação das recomendações constantes do Relatório de Avaliação Mútua Conjunta APG/GIFCS e adopção das novas 40 Recomendações do GAFI Em Fevereiro de 2012 as anteriores 40 + 9 Recomendações do GAFI que se encontravam em vigor desde 2003 foram finalmente revistas dando lugar às novas 40 Recomendações. Estas novas recomendações foram formalmente adoptadas e tornadas públicas durante o Plenário do GAFI que decorreu em Fevereiro de 2012. Tal facto traduziu-se num novo marco e assinala uma nova era no domínio da regulação vigente na área AML/CFT. As anteriores 40 Recomendações contra 56