UEG UnUCSEH Gestão Ambiental Aspectos Jurídicos da Gestão Ambiental Prof. Carlos William de Carvalho Questões Abordadas O que é gestão ambiental pública? Qual é a diferença entre instrumentos implícitos e explícitos? O que são os instrumentos de comando e controle? O que são os instrumentos de mercado? O que é a Sema? Por que a Lei N o 6.938/1981 foi um divisor de águas? Qual é o posicionamento da Constituição Federal de 1988 em relação ao meio ambiente? 2 Política ambiental pública Para conduzir bem as medidas de proteção à natureza, o governo precisa criar diretrizes básicas, estabelecer metas e contar com um plano de ação. Instrumentos da política ambiental pública Graças às reivindicações ambientais pós-estocolmo, tornou-se cada vez mais impraticável limitar o papel dos governos à correção e ao castigo. Os ativistas exigiam mais: era preciso antecipar-se aos danos e criar políticas de cunho preventivo. Aos poucos, após a aprovação de diversas leis para o meio ambiente, tornou-se possível falar em gestão ambiental pública propriamente dita isto é, as políticas integradas que os governos escolheram para cuidar da natureza. 3 1
Política ambiental pública Os Estados Participam Questões Ambientais Criam Instrumentos de polí/cas públicas ambientais Implícitos: alcançam os efeitos ambientais pela via indireta. Ex. uma lei do trânsito pode melhorar a qualidade do ar, ou os inves<mentos em educação, que pode alterar as formas de descarte, ou de desperdício. Explícitos: são criados para alcançar efeitos ambientais benéficos específicos; Três grandes grupos: Instrumentos de comando e controle Instrumentos Fiscais ou Econômicos Outros Instrumentos 4 Instrumentos de comando e controle Por instrumentos de comando e controle, entende- se o conjunto de restrições e proibições legais impostas aos cidadãos e à inicia<va privada para regular sua atuação sobre o meio ambiente. O obje<vo dessas leis é controlar o alcance das prá<cas nocivas, evitando a degradação ambiental. Três tipos de padrões Padrões de qualidade ambiental: são estabelecidos níveis máximos de poluentes para cada região, entorno ou segmento do meio ambiente Padrões de emissão: restringem a quantidade de substâncias nocivas que podem ser liberadas por fontes individuais Padrões ou estágios tecnológicos: servem para orientar as empresas na hora de escolher máquinas, ferramentas e materiais, por exemplo. 5 Instrumentos econômicos Conhecidos pela eficácia, esses mecanismos garantem a obediência às leis ambientais, visto que atingem o cidadão e as organizações no seu ponto fraco: o bolso. Para facilitar o seu estudo, eles são divididos em dois grupos principais: os instrumentos fiscais e os de mercado. Ao lado dos impostos, os subsídios são outra forma de incentivar o cuidado com o meio ambiente. O outro grupo de instrumentos econômicos, formado pelos chamados instrumentos de mercado, também é uma alternativa de estímulo às atividades sustentáveis. Por conta da aceleração dos problemas ambientais, o poder público passou a intervir no mercado, impondo as regulações necessárias para proteger a natureza. De acordo com o professor Barbieri (2007), as permissões de emissões transferíveis (tradable emission permits) são prova do êxito da influência estatal no mundo dos negócios. Outro instrumento de mercado, os sistemas de depósito-retorno (deposit refund systems) já estão vigorando em vários países europeus. 6 2
Instrumentos econômicos Objetivo Procuram influenciar o comportamento das pessoas e das organizações em relação ao Meio Ambiente, u<lizando medidas que representam benercios ou custos adicionais para elas. Dois tipos: De Mercado: se efetuam por meio de transações entre agentes privados em mercados regulados pelo governo. Fiscais: se realizam mediante transferência de recursos entre os agentes privados e o setor público. Permissões de emissões transferíveis Sistemas de depósito- retorno Responsabilidade Estendida do Produtor Tributos Subsídios 7 Direito ambiental brasileiro No Brasil, o direito ambiental ganhou vida própria a partir da aprovação da Lei nº 6.938, em 31 de agosto de 1981. Quando essa lei entrou em vigor, o direito ambiental conquistou autonomia em relação às demais áreas jurídicas, equipando-se com princípios, conceitos e objetivos próprios. De acordo com Shigunov, Campos e Shigunov (2009), o direito ambiental nacional deve se apoiar em cinco princípios fundamentais: 8 Direito ambiental brasileiro 1. Princípio do desenvolvimento sustentável: as atividades econômicas devem ser conduzidas de maneira ecologicamente correta, respeitando os ciclos de renovação dos recursos naturais. 2. Princípio do poluidor pagador: de acordo com a lei, a empresa culpada pode ser obrigada a restaurar a área impactada e/ou pagar indenizações pelos danos provocados. 3. Princípio da prevenção: em vez de só corrigir os danos, as autoridades passaram a colocar em prática ações preventivas. 4. Princípio da participação: a construção da política ambiental brasileira deve contar com a participação da sociedade civil. 5. Princípio da ubiquidade: Ubiquidade é o mesmo que onipresença, ou seja, a capacidade de estar em todo lugar ao mesmo tempo. 9 3
Direito ambiental brasileiro: uma visão histórica Tudo começou em 1823: após dissolver a Assembléia Constituinte, D. Pedro I criou o Conselho de Estado, conferindo aos seus dez membros a missão de elaborar a constituição brasileira. Quase vinte anos depois, em 1850, a Lei N o 601 tornou ilegal a derrubada de matas e a realização de queimadas em terras devolutas (terras sem dono ) e alheias, prevendo punições administrativas e penais para os culpados. Em fevereiro de 1891, o Brasil ganhou sua primeira constituição republicana, que apresentava alguns avanços na matéria ambiental. 10 Direito ambiental brasileiro: uma visão histórica Embora não faltassem exemplos alarmantes do passado, a preocupação ambiental só chegou ao poder público a partir da década de 1930. Ainda em 1934, o Decreto N o 23.793 acrescentou o Código Florestal à nossa legislação, ampliando o conceito de florestas de preservação permanente. Moldada para instrumentalizar o regime autoritário, a Constituição de 1967 não trouxe avanços na parte ambiental, se comparada às anteriores. Apesar dos avanços indiscutíveis dos anos 1970, foi só na década de 1980 que os temas ambientais conquistaram a devida atenção. 11 Lei N o 6.938, de 31 de agosto de 1981 A criação da Política Nacional para o Meio Ambiente (PNMA) substituiu as soluções pontuais por um sistema integrado: o documento trouxe os procedimentos e os princípios legais que sustentariam a política ambiental pública, abordando de forma sistêmica os problemas ambientais. Além disso, a lei constituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Cadastro de Defesa Ambiental. Pela primeira vez, a legislação ambiental brasileira olhou para a conservação do patrimônio natural de forma holística, buscando equilibrar seus interesses com as metas de ordem econômica. Segundo a nova legislação ambiental, cabe ao governo regular e fiscalizar o uso dos recursos biológicos, mantendo o equilíbrio da natureza. Outra tarefa atribuída ao Estado é a recuperação de áreas degradadas, como o sertão nordestino. 12 4
Constituição de 1988 Promulgada em 5 de outubro de 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil dedicou um capítulo inteiro à questão ambiental. Para fortalecer a posse compartilhada do meio ambiente, o artigo 225 da Constituição Federal propõe a manutenção do equilíbrio ambiental como direito e dever do poder público e da sociedade civil. Em suma, quatro princípios fundamentais são apresentados nesse importante trecho da Constituição de 1988: direito coletivo ao meio ambiente equilibrado, como condição fundamental para a vida sadia; defesa da ideia de que a preservação do bem ambiental beneficia não apenas as gerações presentes, mas também as futuras; incentivo à proteção da natureza por meio da educação ambiental em todos os níveis de ensino; ratificação do princípio do poluidor pagador. 13 Legislação posterior à CF de 1988 Pouco depois da promulgação da nova Cons<tuição Federal, a aprovação da Lei no 7.797, em 1989, deu vida ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, órgão cuja missão consiste em promover projetos para o uso racional dos recursos naturais. O conselho responsável por administrar o fundo é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente, contando também com integrantes do Ministério do Planejamento, do Ibama e de ONGs das diversas regiões geográficas do país. Apesar de extensa, a legislação brasileira está muito presa aos instrumentos de comando e controle. Trocando em miúdos, a polí<ca nacional ainda está voltada para métodos de monitoramento e punição, faltando inicia<vas de fomento às pesquisas e à inovação tecnológica. 14 Pontos importantes A gestão ambiental pública é composta por uma polí<ca integrada que os governos adotam para cuidar da natureza, conciliando a conservação dos recursos biológicos e as metas de crescimento econômico. Os instrumentos explícitos correspondem às normas voltadas exclusivamente para a conservação da natureza. Já os instrumentos implícitos não são criados com o intuito de cuidar do meio ambiente. Na verdade, eles impõem regras sobre outro assunto que, por coincidência, produzem efeitos benéficos sobre o meio ambiente. Os instrumentos de comando e controle compõem um conjunto de restrições e proibições legais impostas aos cidadãos e às empresas, regulando sua atuação em relação ao meio ambiente. Seu obje<vo é limitar o impacto das prá<cas nocivas, evitando a degradação ambiental. Os instrumentos de comando e controle contam com três <pos de padrões: padrões de qualidade ambiental, padrões de emissão e padrões tecnológicos. 15 5
Pontos importantes Quando o poder público precisa intervir no mercado a favor do meio ambiente, ele lança mão dos instrumentos de mercado, que impõem as regulações necessárias para proteger a natureza. Em 1973, o governo criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema). Vinculada ao Ministério do Interior, sua função consis<a na coordenação das inicia<vas ambientais do governo. Porém, era uma missão quase impossível, pois outros órgãos também interferiam no encaminhamento dos problemas ecológicos: o Ins<tuto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), a Superintendência de Pesca (Sudepe) e a Superintendência da Borracha (Sudhevea) também davam suas ordens em questões ligadas à natureza, dificultando o desenvolvimento de uma polí<ca ambiental coerente e unificada. 16 Pontos importantes A aprovação da Lei no 6.938/1981 foi uma grande conquista para o ambientalismo no Brasil. Ela criou a Polí<ca Nacional para o Meio Ambiente (PNMA), encerrando um longo período de soluções pontuais e ineficácia. Além disso, o documento trouxe os procedimentos e os princípios legais que sustentariam a polí<ca ambiental pública, abordando de forma sistêmica os problemas ambientais. Promulgada em 5 de outubro de 1988, a atual Cons<tuição dedicou um capítulo inteiro à questão ambiental. Não há retrocessos em relação às legislações anteriores: a nova Carta Magna manteve e até ampliou os princípios propostos por suas antecessoras. 17 Sites importantes SEMARH Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Goiás site: hnp://www.semarh.goias.gov.br/site/ AMA Agência Municipal do Meio Ambiente - Goiânia site: hnp://www.goiania.go.gov.br/site/index.html Ministério do Meio Ambiente site: hnp://www.mma.gov.br IBAMA Ins<tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis site: hnp://www.ibama.gov.br/index.php 17 6