Zelãene dos Santos SEGURANÇA NO TRABALHO E MEIO AMBIENTE 30 de março de 2012 Introdução É um conjunto de medidas administrativas, técnicas, legais, médicas, educacionais e psicológicas e, portanto multidisciplinares, empregadas na prevenção de acidentes de trabalho e doenças profissionais. A Higiene e Segurança no Trabalho nasceram com a era da máquina, até o século XV, o trabalho era desorganizado e feito em condições das mais difíceis. Até então, poucos se preocupavam com o bem-estar do trabalhador. A partir do século XVI, surgiram as associações que passaram a ter grande influência na vida dos trabalhadores que as integravam. Surgiram, inicialmente, com a finalidade de proteger e ordenar as profissões controlava a admissão de aprendizes, as horas de trabalho, os preços de venda dos produtos, salários. A introdução da máquina mudou radicalmente o quadro industrial. Nos fins do século XVIII teve inicio na Inglaterra, um grande desenvolvimento do sistema de fábrica. Apesar de neste sistema os operários estarem sendo mais bem renumerado, o seu bem-estar físico continuou esquecido. Trabalhavam durante muitas horas seguidas em máquinas desprotegidas, com iluminação e ventilação deficientes e sujeitos a doenças profissionais. Na Inglaterra, França e Alemanha; a Revolução Industrial conduziu a uma situação calamitosa na qual os operários trabalhavam em ambientes de calor, gases e poeiras. Os Atos Inseguros estavam sempre presentes. Entretanto no inicio do século X1X, foram dados os primeiros passos para melhorar as condições de trabalho. Na Inglaterra surgiu, em 1833, a LEI DAS FÁBRICAS que estipulava a inspeção às indústrias e limitava o numero de horas de trabalho para menores. Em 1867 foi ampliado, tratando de outras Doenças Profissionais, proteção de máquinas e ventilação mecânica para controle de poeiras. Proibiram-se também, as refeições em locais que ofereciam risco à saúde. A inspeção médica foi iniciada em 1897 e adotaram-se leis de indenização. Em 1938 foi fundado nos Estados Unidos, o CONSELHO INTERAMERICANO DE SEGURANÇA, o qual prestava assistência aos países membros sobre assuntos referentes a higiene e segurança no trabalho. Discutiu-se, por muitos anos, a possibilidade de haver uma norma internacional (ISO) para a gestão quanto a saúde e segurança. Então, foi publicada a norma OHSAS 18001(Norma internacional para sistema de gestão em saúde e segurança no trabalho). Esta norma foi estruturada para ser compatível com as séries ISO 9001:2008 e ISO 14001. A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO SOBRE PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO BRASIL. O Brasil tem uma legislação relativamente nova em matéria de prevenir acidentes do trabalho. Até o início deste século não apareciam no Brasil problemas de segurança e medicina no trabalho por ter uma economia baseada no braço escravo. Com a CLT (Consolidação das Leis Trabalhista), em 1943, é que medidas de segurança começaram a ser mais rígidas, pois no capitulo V da CLT rezam as medidas a serem observadas objetivando preservar a integridade física do trabalhador. Em 1944 foi criada a norma que recomendava a Criação de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), conforme Art.82, porém, não previa o acidente de trajeto. Com a reformulação da CLT (1977), foram delineados novos rumos, o MINISTRO DO ESTADO, no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no Artigo 200, da Consolidação das leis do Trabalho, com redação dada pela lei n 6.514, de 22 de dezembro de 1977, resolve: Aprovar as Normas Regulamentadoras - NR- do Capítulo V, Título II, da CLT, relativa a Segurança e Medicina no Trabalho, inclusive quanto a CIPA e seguros de Acidentes.
ACIDENTE DO TRABALHO Conceito Legal: Lei 8.213/9 Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial (autônomos, qual pessoa que contribui para o INSS), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Conceito Prevencionista: É qualquer ocorrência não programada, inesperada, que interfere e ou interrompe o processo normal de uma atividade, trazendo, como conseqüência isolada ou simultânea, danos materiais e lesões ao homem. Perturbação funcional - entende-se que não só um acidente típico, mas também uma doença pode se enquadrar na definição de acidente do trabalho. Conceitualmente doença do trabalho e acidente do trabalho são indicativos de situações diferentes. Assim como, doença do trabalho também não é igual à doença profissional. Contudo, a legislação do acidente do trabalho equipara a doença profissional e a doença do trabalho ao acidente do trabalho. Doença do trabalho deve ser entendida como aquela doença adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada do inciso I, art. 20, da lei n. 8.213/91(exemplo, a lombalgia, que pode acometer trabalhadores das mais variadas profissões). Doença profissional é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social (exemplo, a Silicose, que acomete trabalhadores expostos á sílica. Não é qualquer trabalhador que pode vir a desenvolver a doença, mas é exclusivamente aos que trabalham com esta substância). Também são considerados acidentes do trabalho: 1- O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão e sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos (acontecimentos imprevisível, oriundo das forças da natureza) ou decorrentes de força maior. 2- A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; 3- O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho. a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espeont6ana de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) durante o trajeto entre a residência para o local de trabalho ou deste para aquela, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; e) nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião de outras necessidades fisiológicas. Para maior conhecimento, acesse a Lei 6367/76. COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DO TRABALHO (CAT) O que é? É um formulário (fornecido pelo INSS) que deve ser preenchido quando ocorrer qualquer tipo de acidente ou doença de trabalho. A CAT é emitida em 6 vias (deve ser feita até o primeiro dia útil seguinte da ocorrência e, em caso de morte, de imediato). Geralmente a emissão de CAT é feita pela empresa, na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que assistiu ou qualquer autoridade pública. E caso a empresa não emita a CAT? Poderá ser multada pelo INSS se a CAT era de fato devida. Importa lembrar que às vezes não é emitida a CAT pela empresa em virtude de o serviço médico não julgar devido o nexo da doença com o trabalho. Nestes casos, ambos, serviço médico da empresa e perícia médica do INSS, estudarão o assunto até haver uma consulta final (não caberá a multa). CAUSAS DO ACIDENTE DO TRABALHO A causa é qualquer fator que, removido a tempo, evite o acidente. Todos os acidentes resultam de um incidente ou um risco. Mas nem todos os incidentes resultam em acidentes. Ato Inseguro: 88% São fatores humanos de insegurança (originados de erros conscientes), dentre as quais: - Atitudes impróprias, deficiência d e qualificação ou treinamento. Ex. Fator pessoal de insegurança: Físicos e Biológicos; Emocionais e Psicológicos; organizacionais, Condição Insegura: 10% São fatores ambientais de insegurança (erros de projetos, planejamento incorreto ou omissão de requisitos essenciais), dentre os quais estão localizados: - No Ambiente No Pavilhão Industrial - Nas Instalações No Arranjo Físico No Maquinário- Na Proteção do Trabalhador. Caso Fortuito (imprevisíveis): 2%
Fatores relacionados direta e indiretamente com a ocorrência de Ato Inseguro: 1-Físicos e Biológicos: Podem causar incompatibilidade entre o homem e a função, pela idade, sexo, medidas antropométricas, coordenação visual e motora, grau de atenção, tempo aos estímulos e outros. Ex. carregar peso, ataque epilético. 2- Emocionais e psicológicos: São subjetivos e circunstanciais. Afetam o comportamento devido à preocupação, doenças, situação sócio econômico, problema pessoal, instabilidade emocional, desvio de personalidade e outros. EX. carregando peso e pensando nos problemas de casa, esquecimento. 3- Organizacionais: Pressão conjugal, falta de programa em segurança do trabalho, seleção de pessoal ineficaz, falta de qualificação e treinamento pessoal. Ex. Carregando objetos de maneira errada, falta de conhecimento. Condições Inseguras, Localização: Ambiente: Processos abertos com substâncias tóxicas e inflamáveis, gases e poeiras nas transformações de matérias-primas, iluminação deficiente, excesso de ruído, temperatura altas e outros. Pavilhão Industrial: Telhado inadequado, falta de entradas para luz e ventilação natural, colunas e vigas mal dimensionadas e localizadas, piso liso e irregular, escadas inadequadas e outros. Instalações: Linhas de ar comprimido e gases em mau estado, rede de energia elétrica mal dimensionada/subestações e demais unidades sem sinalização e fora de normas de segurança. Arranjo Físico: Áreas insuficientes, corredores estreitos, equipamentos mal-posicionados, linhas de produção mal projetadas, falta sinalização e organização. Maquinário: Falta de proteção em partes móveis e pontos de agarramento, deficiência de manutenção, vibração, máquinas obsoletas e perigosas, ferramentas defeituosas e outros. Proteção ao trabalhador: Falta de EPI s e EPC s, equipamentos com defeitos ou inadequados, roupas inadequadas, ausência de treinamento (em segurança, técnicas específicas, emergências e outros). Conseqüência dos acidentes e doenças do trabalho: Para o trabalhador; Dor/sofrimento; Lesão, incapacidade e até morte; Afastamento do trabalho e diminuição do salário; Mudanças dos planos da família; Problemas psicológicos.
Para a empresa: Diminuição da produção pela interrupção do trabalho e problemas emocionais nos colegas; Danificação e reposição de máquinas, material ou equipamento; Aumento do custo de produção; Perdas da qualidade e competitividade; Má imagem junto a clientes internos e externos. Para a sociedade: Acúmulo de encargos assumidos pelo INSS e contribuintes; Menos trabalhadores em condições de trabalho; Aumento de preços ao consumidor; Diminuição de força de trabalho; Aumento de impostos e taxas de seguro; Destruição de famílias. Classificação dos Acidentes Sem Afastamento É todo o acidente que não impossibilita ao acidentado voltar a sua ocupação habitual no mesmo dia ou no dia seguinte, no horário regular. Com Afastamento É todo o acidente do qual resulta incapacidade temporária, permanente ou morte. Incapacidade Temporária: É a perda total de capacidade para o trabalho, por um período limitado de tempo, nunca superior a um ano. O acidentado não retorna ao trabalho no dia seguinte ao acidente. EX. fratura simples de um membro. Incapacidade Parcial Permanente: É a redução, em caráter permanente parcial da capacidade para o trabalho. Ex. perda de qualquer membro ou parte do mesmo. (perda da mão, perda de um dos olhos). Incapacidade Total e Permanente: É a invalidez incurável, quando o acidentado perde a capacidade total para o trabalho. Ex. perda da visão. Inspeção de Segurança É o conjunto de ações que objetivam a detecção de riscos que poderão transformar-se em causas de acidentes de trabalho bem como na proposta de medidas que impeçam a ocorrência desses riscos. A inspeção de segurança é, portanto, tipicamente preventiva. Ela se antecipa aos possíveis acidentes. Consiste em: Observação: além da investigação visual, a vistoria deve ser realizada com senso crítico, buscando detalhes e informações de todo o processo produtivo.
Informação: a irregularidade deve ser discutida na hora, principalmente quando a situação é grave, buscando solução antes da ocorrência, no momento da detecção do problema. Registro: os itens levantados devem ser anotados com clareza, relatando os problemas, descrevendo os perigos e sugerindo medidas preventivas. Encaminhamento: as recomendações devem ser enviadas aos setores competentes, para as medidas cabíveis. Acompanhamento: as propostas para a solução dos problemas devem ser acompanhadas até a solução do problema. As Inspeções de Segurança podem ser: Geral: São feitas em todos os setores da empresa e se preocupam com todos os problemas relativos ã segurança do trabalho. Ex. levantamento de todos os riscos. Parcial: limita-se a áreas, sendo inspecionados certos tipos de trabalhos, de máquinas ou de equipamentos. Ex. inspeção da rede elétrica. Rotina: Cabe aos encarregados dos setores, aos membros da CIPA, ao pessoal que cuidam da manutenção de máquinas e equipamentos, os próprios trabalhadores. Ex. alerta ao operário que não usa EPI. Periódica: é essencialmente preventiva. Há uma programação de verificações por tempo de trabalho ou por horas de funcionamento de alguns equipamentos que visam detectar desgastes, fadigas. Ex.: exame com líquidos penetrantes para a verificação de rachaduras em eixos. Eventual: é realizada de maneira imprevista, buscando encontrar irregularidades. Ex.: vistoria quanto ao uso de protetores auriculares. Especial: realizados por técnicos usando instrumentos como decibelímetro e luxímetro para monitoramento de riscos. Ex.: medição de nível de ruído. Oficial: é realizada por órgãos oficiais, para ver o cumprimento das leis. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho. Fonte: www.mte.gov.br MENEZES, João Salvador Reis. NRs em perguntas e respostas. Manual para CIPA.