INTERDISCIPLINARIDADE: TROCA E ENRIQUECIMENTO MÚTUO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM¹ ALVES, Tainá Bianchin 2 ; ANJOS, Caroline Meirelles dos²; CORRÊA, Ingrid Amaral²; BRUM, Luciane da Silveira²; OLIVEIRA, Luziana Figueiredo²; RANGEL, Eliane de Fátima Manenti³; SANTOS, Tanier Botelho dos 4. 1 Trabalho desenvolvido pelo projeto PIBID/CAPES/UNIFRA. 2 Curso de Letras do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 3 Orientadora: Professora do Curso de Letras do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e coordenadora do subprojeto Pibid/Letras, Santa Maria, RS, Brasil. 4 Professora supervisora do projeto Pibid no Colégio Estadual Padre Rômulo Zanchi, Santa Maria, RS, Brasil e Mestranda de Letras da UNISC. E-mail: luzianafoliveira@hotmail.com RESUMO No presente trabalho, que faz parte do PIBID - um convênio do Centro Universitário Franciscano com a CAPES, tem-se por objetivo realizar um estudo sobre a interdisciplinaridade, a fim de enfatizar sua importância no cenário educacional, em específico no ensino médio. Além disso, será feita uma discussão sobre como a interdisciplinaridade pode somar em termos de conteúdo para o indivíduo, seja aluno, seja professor, que constrói o conhecimento através da busca e conscientização. A metodologia constituiu-se de fontes bibliográficas. O trabalho interdisciplinar possibilita aumentar e aperfeiçoar o conhecimento dos docentes e discentes e do mundo em que vivem. Com isso, os alunos podem aprender a refletir criticamente e modificar modos e posturas ao envolver-se na tarefa da aprendizagem como sujeitos ativos. Ao professor, cabe procurar maneiras de efetivar a prática de interdisciplinaridade em sala de aula. Palavras chave: interdisciplinaridade; alunos; professores; aprendizagem. 1. INTRODUÇÃO Este artigo está vinculado, de forma direta, ao projeto integrado de pesquisa PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), promovido pela Capes e o Centro Universitário Franciscano UNIFRA - o qual é desenvolvido em um colégio Estadual de Santa Maria/RS. Nessa perspectiva, no presente trabalho tem-se por objetivo destacar a relevância da interdisciplinaridade no contexto escolar, uma vez que, proporciona aos alunos melhor envolvimento na tarefa da aprendizagem. Além disso, pretende-se salientar que, através do trabalho interdisciplinar, expande-se o desejo dos alunos em seguir aprendendo ao longo da vida. Ao integrar mais de uma disciplina em seus projetos, pesquisas e planos de aula, o docente aprende mais em outras áreas do conhecimento. Isso só traz benefícios, visto que pode proporcionar uma melhor compreensão sobre as disciplinas estudadas e aprofundar a reflexão sobre alguns conteúdos. Proporciona-se também benefícios aos alunos, com a integração entre as disciplinas.
Muito tem se discutido na questão da interdisciplinaridade, mas o que ela significa? Qual a sua função na educação? Quem e como é o educador interdisciplinar? A interdisciplinaridade é um princípio mediador entre as diferentes disciplinas. Dessa forma, Jantsch e Bianchetti (1995, p.14) definem a interdisciplinaridade como um princípio da máxima exploração das potencialidades de cada ciência, da compreensão dos seus limites, da diversidade e da criatividade. Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), a interdisciplinaridade é um instrumento capaz de articular conhecimentos no currículo. Esse sentido conceitual atribuiu, então, uma espécie de finalidade instrumental, pois essa prática visa à totalidade no ensino, para que não seja uma prática em que as ciências sejam multipartidas. Em outras palavras, fragmentada, pois isso resultaria na falência do conhecimento. O trabalho interdisciplinar é necessário na produção e na socialização do conhecimento, pois através dele se estabelece a relação entre o conteúdo do ensino e a realidade social. Diante disso, Fazenda (1979, p.52) enfatiza que a interdisciplinaridade é uma forma de compreender e modificar o mundo. Embora o conceito de interdisciplinaridade seja fundamental na educação contemporânea, sua compreensão persiste como um desafio aos educadores. No entanto, a ideia enfatizada é de que a interdisciplinaridade seria uma prática a ser desenvolvida através de projetos instigantes no currículo, já que tal prática é citada nos PCN (1998) como um processo de relacionar conteúdos curriculares. Portanto, o professor interdisciplinar, segundo Fazenda (1994, p.31), é um ser que busca, pesquisa, tem compromisso com seus alunos, identifica-se como alguém insatisfeito com o que realiza, enfim, é um profissional que luta por uma educação melhor e busca por projetos interdisciplinares em diversas áreas do conhecimento. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A interdisciplinaridade como desafio nas práticas de ensino A interdisciplinaridade apresenta uma visão crítica e é compreendida como uma superação a uma concepção de conhecimento fragmentado. Ela é apresentada como uma forma de prática de ensino, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), uma vez que a educação apresenta problemas relativos à formação dos estudantes. Tais lacunas do aprendizado influenciam diretamente nos processos educativos, na vida individual de cada cidadão, bem como nas sociedades, conforme Morin (2000). Por isso, as práticas interdisciplinares seriam possíveis soluções para suprir as lacunas. Além disso, para Luck (1994, p.83), a educação tem por finalidade, contribuir para a formação do homem pleno,
inteiro, uno, a fim de resolver os problemas globais que a vida lhe apresenta, e que seja capaz de produzir conhecimentos, de forma a contribuir para a renovação da sociedade. A interdisciplinaridade promove a construção total da aprendizagem, reduzindo seu caráter fragmentário, permitindo a organização das diversas áreas do conhecimento e favorecendo um diálogo entre as disciplinas. Dessa forma, Luck (1994, p.15) enfatiza que a interdisciplinaridade se constitui como um movimento a ser assumido e construído pelos professores, na condição de intermediar a (re)elaboração do conhecimento como um processo pedagógico dinâmico, aberto e interativo. Lembrando que a interação e o dinamismo tornam o ensino mais atraente para os alunos. De acordo com Fazenda (1979), podemos perceber que há, na educação, uma procura, bem como uma conquista a ser realizada e uma troca de saberes, as quais devem ser realizadas entres pessoas interessadas, ou seja, professores engajados. Nesse sentido para Fazenda (1979, p. 32): o conhecimento interdisciplinar deve ser uma lógica da descoberta, uma abertura recíproca, uma comunicação entre os domínios do saber, uma fecundação mútua e não um formalismo que neutraliza todas as significações, fechando todas as possibilidades. Fazenda (1979, p.40) destaca que a interdisciplinaridade pressupõe uma intersubjetividade, não pretende a construção de uma superciência, mas uma mudança de atitude frente ao problema do conhecimento, uma substituição da concepção fragmentária para a unitária do ser humano. Além disso, a autora (1994, p.86), ressalta que na sala interdisciplinar a autoridade é conquistada, não outorgada; a obrigação é alternada pela satisfação; a arrogância, pela humildade; a solidão, pela cooperação; a especialização, pela generalidade; o grupo homogêneo, pelo heterogêneo; a reprodução, pela produção do conhecimento. Do mesmo modo, Luck (1994, p.62), salienta que a interdisciplinaridade corresponde a uma nova consciência da realidade, a um novo modo de pensar, que resulta num ato de troca, de reciprocidade e integração entre áreas diferentes, visando à produção de novos conhecimentos. Diante disso, Fazenda (1994, p.50) enfatiza a necessidade que o docente precisa ter para capacitar-se e executar um trabalho interdisciplinar, ou seja, ele deve efetivar o processo de engajamento; compreender como ocorre a aprendizagem do aluno; propiciar formas de instauração do diálogo; iniciar a busca de uma transformação social; propiciar condições para troca com outras disciplinas. Enfim, o docente interdisciplinar é um professor/pesquisador que busca a redefinição contínua de sua práxis. Há uma característica, segundo Fazenda (1994, p. 15), essencial no processo interdisciplinar: Conhecer a si mesmo, para que a partir do conhecimento pessoal, almeje a totalidade.
Ainda expõe que a aplicação da interdisciplinaridade é uma busca a qual deve ser implementada nas escolas, uma vez que essa prática visa à totalidade do conhecimento. Ao realizar atividades interdisciplinares e possibilitar ao aluno relacionar-se com conteúdos diversificados em uma atividade mais atrativa, buscando a interioridade, pode-se ir à busca do conhecimento que não se sabe, ou seja, o conhecimento de outras áreas, com o propósito de promover a prática interdisciplinar. A produção do conhecimento, segundo Jantsch e Biancheti (1995, p.16) estará garantida, uma vez satisfeita à exigência do trabalho em parceria. Fazenda (1994, p.115) salienta que a produção em parceria é um fundamento da interdisciplinaridade, que surge como condição de sobrevivência do conhecimento educacional, pois ela consolida, alimenta, registra e enaltece as boas produções na área da educação. Diante disso, é essencial que os educadores sejam parceiros, como nos diz Fazenda (1994, p.85), parceiros dos teóricos, dos outros educadores, dos alunos, na tentativa da construção de um conhecimento mais elaborado, visando sempre atender às necessidades dos alunos. 2.2 A relevância do trabalho interdisciplinar A interdisciplinaridade tem sido muito discutida por professores e educadores, já que é prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Com base nos estudos realizados, pode-se perceber o quanto essa prática é construtiva, visto que facilita a integração do aluno a mais de uma área do conhecimento. Porém, é um grande desafio, que deve ser visto, pelos professores, como uma atividade atrativa aos alunos, afinal sabe-se o quanto é difícil a aceitação de algumas disciplinas, pois muitos alunos possuem preferências por algumas e deixam as outras de lado. A interdisciplinaridade, segundo Luck (1994, p. 51), propõe uma orientação para o estabelecimento do conhecimento, pela integração destes e pelo modo de ver a realidade globalmente, ou seja, pela associação entre teoria e prática, ação e reflexão, generalização e especialização, ensino e processo, indivíduo e sociedade. De acordo com Fazenda (1979, p.36), o ensino tem a capacidade de auto-renovação. Para que isso ocorra, faz-se necessário que as disciplinas escolares estejam organizadas a fim de promover a inovação da educação, pois as relações mútuas entre as disciplinas não correspondem mais a um sistema científico, mas sim, a um modelo de ação humana. Enfim, o objetivo da interdisciplinaridade, em concordância com Luck (1994, p.60): é o de promover a superação da visão restrita de mundo e a compreensão da complexidade da realidade, ao mesmo tempo resgatando a centralidade do homem na realidade e na produção do conhecimento, de modo a permitir ao mesmo tempo uma melhor compreensão da realidade e do homem como o ser determinante e determinado.
De acordo com os PCN (2002), pode-se perceber a relevância que se dá às práticas interdisciplinares, uma vez que as disciplinas escolares são, muitas vezes, trabalhadas isoladamente pelos docentes. Assim, segundo os PCN (2002, p. 30), na perspectiva interdisciplinar os conhecimentos não são mais apresentados como simples unidades isoladas de saberes, uma vez que estes se inter-relacionam, contrastam, complementam, ampliam e influem uns nos outros. Disciplinas são meros recortes do conhecimento, organizados de forma didática e que apresentam aspectos comuns em termos de bases científicas, tecnológicas e instrumentais. A interdisciplinaridade, conforme Luck (1994, p.7) não consiste na desvalorização das disciplinas e do conhecimento produzido por elas, mas sim, em cada uma delas desenvolver seu saber, para assim, articulá-lo com outras competências, que ligadas formariam o anel completo do conhecimento. Além disso, Luck (1994, p.64) ressalta que a interdisciplinaridade é caracterizada por atividades mentais como refletir, reconhecer, situar, problematizar, verificar, refutar, especular, relacionar, relativizar, historicizar. Ela ocorre na interface entre uma e outra, e entre elas e o quadro referencial do indivíduo, de modo que, por essa rotatividade, constrói-se um saber consciente e globalizador da realidade. 3.METODOLOGIA Sabe-se a grande necessidade de se promover e superar a fragmentação do conhecimento. Por isso, há uma busca constante de uma visão globalizada e mais humana. O ensino deve receber essa consciência e manifestá-la nas múltiplas áreas da atuação humana. Dessa maneira, produziu-se este trabalho tendo como suporte bibliográfico teóricos como Fazenda (1974, 1979, 1991, 1994) Luck (1994), entre outros, como também as propostas dos PCN (1998, 2000 e 2002). A partir disso, discutiram-se várias questões relacionadas à interdisciplinaridade, bem como a sua importância no cenário educacional, principalmente, no ensino médio. 4.RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Empecilhos e perspectivas na construção interdisciplinar Existem muitos aspectos que prejudicam o estabelecimento de uma proposta interdisciplinar, de acordo com Fazenda (1994, p. 49), como a solidão, os obstáculos institucionais, a acomodação. O professor dedicado e disposto encontra algumas
negações, explica a autora supracitada, pois poucas escolas valorizam o trabalho de um professor engajado e, no caso da acomodação das escolas ao admitir trabalhos interdisciplinares é um empecilho ao desenvolvimento de projetos coletivos. Diante disso, o educador interdisciplinar pode acabar indagando sobre a validade do seu esforço, e alguns chegam a pensar em desistir da luta. Entretanto, é indispensável, ao professor que anseia pela adoção deste projeto, ser humilde e solicitar auxílio para realização da prática a outro(s) professor(es). Hernández (1998, p.64) declara que: a escola é uma instituição que consta de uma série de peças fundamentais, entre as quais se sobressaem o espaço fechado, o professor como autoridade moral, o estatuto de minoria dos alunos, e um sistema de transmissão de saberes intimamente ligado ao funcionamento disciplinar. Desde os colégios jesuítas até a atualidade, essas peças estão presentes na lógica institucional dos centros escolares, tanto públicos como privados. Sem dúvida, sofreram retoques, transformações e até metamorfoses, mas as escolas continuam hoje, como ontem, privilegiando as relações de poder sobre as de saber. Felizmente, há projetos interdisciplinares de pesquisa, segundo Fazenda (1994, p.49), em que a tônica é o diálogo, e a marca, o encontro, a reciprocidade. Estes são terrenos férteis, onde a semente da interdisciplinaridade poderá vingar, crescer e dar frutos. No entanto, um projeto interdisciplinar requer, em concordância à Fazenda (1979, p.54), uma equipe especializada que parta em busca de um ponto em comum, no caso, um projeto que vise à amplitude do conhecimento em várias áreas, possibilitando uma melhor compreensão global do aprendizado. Enfim, Fazenda (1979, p.56), enfatiza que: é necessário, portanto, além de uma interação entre teoria e prática que se estabeleça um treino constante no trabalho interdisciplinar, pois interdisciplinaridade não se ensina, nem se aprende, apenas vive-se, exerce-se. Interdisciplinaridade exige um engajamento pessoal de cada um. Todo o indivíduo engajado neste processo será, não só o aprendiz, mas, na medida em que se familiarizar com as técnicas e requisitos básicos o criador de novas estruturas, novos conteúdos, novos métodos, será motor de transformação, ou, o iniciador de uma feliz liberação. Essencial, de acordo com Fazenda (1979, p.99), seria um replanejamento curricular em função das necessidades e expectativas dos educandos e da sociedade, buscando-se uma superação da dicotomia existente. Nessa superação, seria relevante a implementação do trabalho interdisciplinar, com a finalidade de substituir uma concepção fragmentada do ser humano, por uma unitária. Portanto, não há receitas para a construção interdisciplinar na escola, segundo Luck (1994, p.80), de modo que ela se constitui em um processo de intercomunicação de professores que não é dado previamente e sim, construído por meio de encontros,
hesitações e dificuldades, avanços e recuos, tendo em vista o questionamento da própria pessoa e do seu modo de compreender a realidade, no processo. Sendo assim, vale ressaltar a importância que o corpo docente e a escola assumem diante dessa forma de ensinar. Algumas sugestões são feitas por Fazenda (1994) para que o corpo docente implemente nas escolas a prática interdisciplinar como, por exemplo: efetivar o processo de engajamento do educador num trabalho interdisciplinar; favorecer condições para a compreensão de como ocorre a aprendizagem no aluno; propiciar formas de instauração do diálogo e propiciar condições para a troca com outras disciplinas. Desse modo, a instituição precisa investir na superação dos obstáculos de ordem material, cultural e epistemológica, e assim, encaminhar para uma troca efetiva que culmine em uma transformação social. 4.2 A contextualização do ensino Conforme Moreno (1997), as disciplinas tradicionais da escola respondem aos problemas que foram, ao longo dos séculos, vistos como fontes legítimas de preocupação das ciências e da filosofia. Portanto, hoje, devem ser revistas diante de novas demandas, urgências e distintos modos de pensar, bom como considerar aquilo que, no passado, foi tornado objeto de investigação científica e correspondeu a modos históricos de conceber e recortar a realidade, não dissociados, portanto, de relações históricas de poder. Nesse sentido, os temas transversais, atualmente, remetem a novos problemas, a novos recortes e, por isso, devem ser discutidos e entendidos em mais de uma disciplina. Alguns assuntos devem levar à reflexão sobre quais temas seriam consideráveis ao ensino de caráter interdisciplinar. Moreno (1997, p. 35-36) menciona que não podemos esperar que os campos de pensamento que se iniciaram com a ciência clássica de cuja vigência atual ninguém duvida proporcionem conhecimentos sobre tudo aquilo que os homens e as mulheres do presente precisam saber, porque vivemos em uma sociedade que está clamando pela paz, pela igualdade de direitos e oportunidades entre o homem e a mulher, pela preservação e melhora do meio ambiente, por uma vida mais saudável, pelo desenvolvimento da afetividade e da sexualidade que permite melhorar as relações interpessoais; uma sociedade que necessita forjar personalidades autônomas e críticas, capazes de respeitar a opinião dos demais e de defender os seus direitos, ao mesmo tempo. Estas questões não são contempladas na problemática da ciência clássica. Os temas transversais (Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo) responderiam em parte a uma nova proposta de reorganização dos conhecimentos, mediante necessidades e interesses da atualidade. Essas temáticas deveriam atravessar os conteúdos das várias disciplinas e integrá-las, uma vez que, os PCN (1998) instruem para que o ensino seja baseado nos temas transversais.
De acordo com Morin (2000), o ensino descontextualizado e baseado no acúmulo de informações acarreta em muitas falhas na educação, ocasionando uma importância relativa às pesquisas e projetos que buscam dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização, a fim de evitar a compartimentalização, uma vez que a interdisciplinaridade serve de incentivo ao raciocínio e a capacidade de aprender em diversos contextos e em disciplinas diferentes com o propósito de atrelar disciplinas na construção dos saberes, buscar o envolvimento do aluno para questões atrativas e superar o conhecimento de forma fragmentada. Dessa maneira, é possível o desenvolvimento de uma atitude e consciência de que o trabalho interdisciplinar favorece o conhecimento útil, o qual interliga teoria e prática, com vista a tornar o trabalho educacional mais significativo e mais produtivo. Portanto, a interdisciplinaridade possibilita um ensino mais criativo, interessante, o qual instiga os alunos a adquirirem vontade e prazer em aprender. 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS São muitas contribuições significativas advindas da interdisciplinaridade para a educação, tanto na formação escolar dos alunos, quanto na formação continuada dos professores. Em um trabalho interdisciplinar, o docente atua mais como guia do que como autoridade, pois os alunos são incitados a pensar de forma crítica, construindo significados aos conhecimentos, com vista a analisá-los, sintetizá-los, planejá-los e resolvê-los. Dessa forma, o educador tona-se capaz de criar novas ideias e pode sentir-se motivado por estar envolvido no processo da aprendizagem. Através da interdisciplinaridade, segundo Hernández (1998, p.73), o aluno adquire as seguintes capacidades: a autodireção, pois ele começa a ter iniciativas próprias; a inventiva, porque ele apresenta a criatividade como característica; formulação e resolução de problemas; a integração, pois ele sintetiza ideias, experiências, informações de diferentes disciplinas; a tomada de decisões, porque ele seleciona aquilo que é relevante; a comunicação pessoal, pois ele contrasta as próprias opiniões com outras, de forma a tornarse responsável por elas. Sendo, portanto, um grande desafio, é preciso que os profissionais da educação saiam de sua zona de conforto e é necessário enfatizar o quanto as áreas do conhecimento podem ser beneficiadas através da prática interdisciplinar. Assim, o novo perfil do professor é aquele do pesquisador, que, com seus alunos (e não para eles), produz conhecimento, o descobre e o redescobre. Sempre. (ANTUNES, 2010, p. 36). Tem-se por conclusão que a interdisciplinaridade é uma forma de busca e integração do conhecimento que vem somar conhecimentos, o que implica uma melhoria na forma de
ensinar, desde que haja responsabilidade e integração entre os professores e as disciplinas a serem abordadas por eles. Muitas questões podem servir para conscientização e reflexão por parte de quem aprende e de quem ensina. Afinal, a interdisciplinaridade é uma forma de interligar o conhecimento através de pensamentos e ponderações a uma compreensão global do mundo em que se vive. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo, Parábola Editorial, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio, Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2000. BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais gerais para a educação profissional de nível tecnológico. Brasília: MEC, 2002. BIANCHETTI, Lucídio; JANTSCH, Ari Paulo. Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia?. São Paulo: Edições Loyola, 1979. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas, São Paulo: Papirus, 1994. HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. LUCK, Heloísa. Pedagogia Interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994. MORENO, Montserrat. Temas transversais: um ensino voltado para o futuro. In:USQUETS, Maria Dolores et. al. Temas transversais em educação: bases para uma formação integral. São Paulo: Ática, 1997. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.