Certificação do Controlo da Produção



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Transcrição:

Certificação do Controlo da Produção 1. Sistema de controlo da produção Eng.º João Carlos Duarte Chefe de Serviços de Normalização APEB O Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto, estabelece no seu Artigo 5.º que o betão destinado a estruturas ou elementos estruturais para os quais tenha sido especificada uma Classe de Inspecção 3 (ver NP ENV 13670-1 1) ) deve ser proveniente de uma central com o controlo da produção certificado. Desta forma, apesar de esta certificação ser uma actividade estritamente voluntária, do ponto de vista do produtor do betão torna-se quase como obrigatória, uma vez que, na sua ausência, aquele não poderá fornecer as obras da Classe de Inspecção 3, ou seja, não terá acesso a parte do mercado em que actua. Esta certificação é comprovada através de um certificado de conformidade, o qual foi passado por um organismo de certificação, sendo que este deve encontrarse acreditado pelo organismo nacional de acreditação. Para obter aquele certificado, as empresas devem estabelecer um sistema de controlo da produção, que será sujeito a uma avaliação da conformidade por parte do referido organismo de certificação. Neste artigo iremos então abordar os diversos aspectos que envolvem a certificação do controlo da produção das centrais de betão, tendo em conta, não só o disposto na NP EN 206-1 2), mas também as regras de acreditação dos organismos de certificação emitidas pelo IPAC para este âmbito de actuação. (1) NP ENV 13670-1 Execução de estruturas de betão. Parte 1: Regras gerais (2) NP EN 206-1 Betão. Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade. (3) NP EN ISO 9001 - Sistema de Gestão da Qualidade. Parte 1: Requisitos. Para que o controlo da produção possa ser certificado é primeiramente necessário que o produtor desenvolva e implemente um sistema de controlo da produção que lhe permita manter as propriedades do betão em conformidade com os requisitos especificados para o betão, incluindo o controlo da conformidade. Este sistema de controlo da produção deve ter como base os requisitos do controlo da produção que se encontram estabelecidos na secção 9 da NP EN 206-1. Estes requisitos encontram-se de alguma forma alinhados com parte dos requisitos da NP EN ISO 9001 3), o que quer dizer, por outras palavras, que se o produtor possuir um sistema de gestão da qualidade implementado de acordo com os requisitos desta norma, satisfaz imediatamente parte dos requisitos do controlo da produção do betão. O sistema de controlo da produção deve ser consubstanciado através de um manual de controlo da produção, o qual deve ser apoiado em procedimentos, instruções de trabalho e planos de inspecções e ensaios. De igual forma, o produtor deve assegurar que todos os dados relevantes relativos à execução do sistema de controlo da produção devem encontrar-se adequadamente documentados, e conservados por um período não inferior a 3 anos. O sistema de controlo da produção deve abranger toda a produção e deve incluir metodologias que assegurem que os materiais constituintes, os equipamentos, o processo de produção e o betão se encontram em conformidade com as especificações e requisitos da NP EN 206-1. Como parte do sistema de controlo da produção, o produtor deve levar a cabo os ensaios iniciais sobre os betões que pretende produzir, os quais são o garante de que as composições estudadas cumprem todos os requisitos que lhes são aplicáveis, com uma margem adequada. Estes ensaios iniciais devem ser efectuados sobre as novas composições de betões, podendo ser dispensados apenas no caso de o produtor conseguir demonstrar que as composições são adequadas com base em resultados de ensaios prévios ou em experiência de longa duração na produção de betões semelhantes. 13

REQUISITOS DO CONTROLO DA PRODUÇÃO Secção 9 da NP EN 206-1 1. Generalidades Todo o betão deve ser sujeito ao controlo da produção, incluindo o controlo da conformidade de acordo com a secção 8 da NP EN 206-1. 14 2. Sistemas de controlo da produção - SCP O SCP deve encontrar-se documentado através de um manual, procedimentos e instruções de trabalho. O SCP deve ser revisto pela direcção do produtor, pelo menos de 2 em 2 anos. 3. Registos e outros documentos Todos os dados relevantes do SCP devem ser adequadamente registados, devendo estes registos ser conservados durante um período mínimo de 3 anos. 4. Ensaios No caso de se utilizarem métodos de ensaio diferentes dos métodos de referência, devem ser estabelecidas correlações seguras entre o método de referência e o método alternativo. Estas correlações devem ser revalidados a intervalos apropriados. 5. Composição e ensaios iniciais No caso de uma nova composição, devem ser efectuados ensaios iniciais para verificar se o betão cumpre com as propriedades especificadas ou o desempenho pretendido com uma margem adequada. As composições de betão devem ser revistas periodicamente para assegurar que ainda se encontram conformes com os requisitos. 6. Pessoal, equipamento e instalações O pessoal afecto à produção e ao controlo da produção devem ter conhecimentos, formação e experiência adequados. Os equipamentos e as instalações devem ser adequadas à produção do betão, assegurando uma correcta dosagem e mistura dos materiais constituintes. Os equipamentos de ensaio devem encontrar-se calibrados quando da sua utilização. 7. Doseamento dos materiais constituintes As composições devem encontrar-se documentadas e disponíveis no local do doseamento. Devem ser cumpridas as tolerâncias de doseamento. 8. Amassadura do betão A mistura dos materiais constituintes deve ser feita numa betoneira e continuar até o betão ter uma aparência uniforme. 9. Procedimentos para o controlo da produção Os materiais constituintes, o equipamento, os procedimentos de produção e o betão devem ser alvo de controlo através da elaboração e implementação de planos de inspecções e ensaios de acordo os requisitos da NP EN 206-1.

2. Avaliação da conformidade A avaliação da conformidade, necessária para efeitos da certificação do controlo da produção do betão, desenvolve-se através de uma avaliação inicial, seguida de uma fiscalização contínua por parte do organismo de certificação. Em qualquer destas fases, a avaliação da conformidade baseia-se em duas actividades complementares: a) a realização de inspecções ao controlo da produção; b) a realização de ensaios em paralelo com o produtor. Os critérios para estas actividades são ligeiramente diferentes consoante se esteja na fase de avaliação inicial ou na fase de fiscalização contínua, como veremos de seguida. 2.1 Avaliação inicial Após a selecção do organismo de certificação, as empresas candidatas à certificação do controlo da produção do betão devem formalizar o seu pedido. Ao receber o pedido, o Organismo de Certificação procede à marcação da inspecção inicial. Conforme já referimos, a inspecção pode ser efectuada pelo próprio organismo de certificação ou por um organismo de inspecção, sendo que neste caso, ambos os organismos deverão estar acreditados para o efeito pelo organismo nacional de acreditação, que no nosso país é o IPAC 4). Com esta inspecção inicial, pretende-se determinar se as condições, em termos de pessoal e de equipamento, são adequadas para uma correcta produção e para o correspondente controlo da produção. Para o efeito, a equipa de inspectores deve verificar, pelo menos, os seguintes aspectos: se existe um manual de controlo da produção em conformidade com os requisitos do controlo da produção e se tem em consideração os restantes requisitos da NP EN 206-1; se existem os documentos essenciais para as realização das inspecções da central, se eles estão nos locais apropriados e se o pessoal relevante tem acesso aos mesmos; se estão disponíveis todos os meios e equipamentos necessários para efectuar os controlos e ensaios requeridos ao equipamento, aos materiais constituintes e ao betão; (4) IPAC Instituto Português de Acreditação. se os conhecimentos, a formação e a experiência do pessoal envolvido na produção e no controlo da produção é adequado ao nível dos betões produzidos; se são realizados os ensaios iniciais, de acordo com o estabelecido no Anexo A da NP EN 206-1, e se os respectivos resultados ficaram registados num relatório elaborado de forma adequada; se as correlações e/ou relações seguras se encontram adequadamente comprovadas pelo produtos, tanto no caso de utilização de ensaios indirectos ou alternativos, como no caso do controlo da conformidade baseado na transposição de resultados das famílias de betões. No final da inspecção inicial, todos os factos relevantes encontrados, especialmente no que respeita ao equipamento no local de produção, ao controlo da produção e à avaliação do sistema são registados pela equipa de inspectores num relatório de inspecção. Com referimos anteriormente, a avaliação inicial só está completa com a obtenção dos resultados dos ensaios efectuados pelo organismo de certificação em paralelo com o produtor. As amostragens correspondentes a estes ensaios, de acordo com o IPAC, devem ser efectuadas no decorrer da inspecção inicial, nos moldes descritos no ponto 3, adiante. Uma vez na posse do relatório da inspecção inicial e dos relatórios de ensaio correspondentes aos ensaios efectuados em paralelo com o produtor, o organismo de certificação deve deliberar sobre a concessão da certificação do controlo da produção. Caso a avaliação seja favorável, o organismo de certificação procede então à emissão do respectivo certificado de conformidade. 2.2 Fiscalização contínua do controlo da produção Uma vez concedida a certificação do controlo da produção do betão, o organismo de certificação deve envidar pela fiscalização contínua do controlo da produção, consistindo esta fiscalização na realização de inspecções de rotina (uma por cada 6 meses, de acordo com o IPAC). Nestas inspecções de rotina, as quais, segundo o IPAC, não devem ser previamente anunciadas, o(s) inspector(es) devem verificar se o controlo da produção continua a satisfazer os requisitos que lhe são aplicáveis. Claro está, que a manutenção do controlo da produção compete ao respectivo produtor, sendo que este deve notificar o organismo de cer- 15

16 tificação (ou o organismo de inspecção, se for o caso) de todas as alterações significativas que tenham sido implementadas nas instalações de produção, no sistema de controlo da produção ou no manual do controlo da produção. Durante as inspecções de rotina devem ser avaliados os seguintes aspectos: os procedimentos de produção, de amostragem e de ensaio; os dados registados no âmbito do sistema de controlo da produção; os resultados dos ensaios referentes ao controlo da produção durante o período que decorrer desde a última inspecção; se os ensaios ou procedimentos requeridos foram conduzidos com a frequência apropriada; se os equipamentos de produção foram verificados e mantidos como previsto; se os equipamentos de ensaio foram mantidos e calibrados como previsto; se foram levadas a efeito as acções decorrentes das não conformidades; as guias de remessa e as declarações de conformidade, quando aplicável. Periodicamente, o organismo de certificação (ou de inspecção, se aplicável) deve reavaliar as correlações e/ou as relações seguras dos ensaios indirectos/alternativos e dos elementos das famílias de betões. Tal como para a inspecção inicial, os resultados da inspecção de rotina devem ser registados num relatório de inspecção. Mas como já vimos, complementarmente à realização das inspecções de rotina, o organismo de certificação deve providenciar a realização de ensaios em paralelo com o produtor. Desta forma, deve ser efectuada uma amostra no decorrer de cada uma destas inspecções, conforme veremos mais adiante (ponto 3). Nota: No caso de o produtor possuir o laboratório de controlo da produção acreditado, o organismo de certificação poderá não efectuar estes ensaios em todas as inspecções de rotina, mas terá de o fazer pelo menos uma vez por ano. Assim, com base no relatório de inspecção e nos resultados dos ensaios, o organismo de certificação deve deliberar sobre a manutenção da certificação do controlo da produção. 2.3 Inspecções extraordinárias O organismo de certificação pode decidir pela realização de uma inspecção extraordinária, em determinadas situações, tais como: quando da detecção de graves discrepâncias durante uma inspecção de rotina; quando a produção tiver sido interrompida por um período superior a 6 meses; a pedido do produtor, p.e.: na sequência de alterações das condições de produção. Em qualquer dos casos, o organismo de certificação deve providenciar a devida justificação. 3. Ensaios efectuados em paralelo com o produtor Como parte das inspecções de avaliação do controlo da produção do betão, quer no decorrer da inspecção inicial, quer durante as inspecções subsequentes (de rotina ou extraordinárias), é necessário efectuar ensaios que permitam garantir a confiança tanto na amostragem efectuada pelo produtor, como nos respectivos resultados. Estes ensaios devem ser efectuados de acordo com os métodos preconizados na NP EN 206-1, incluindo a execução da amostragem (NP EN 12350-1), a realização do ensaio de abaixamento (NP EN 12350-2), a fabricação e cura dos provetes (NP EN 12390-2) e o respectivo ensaio (NP EN 12390-3). De cada amostra efectuada pelo organismo de certificação, o produtor deve efectuar uma amostra em paralelo, ou seja, a partir da mesma amassadura ou carga. As amostras devem ser efectuadas em obra, cabendo ao produtor assegurar a viabilidade da sua execução, incluindo a garantia da manutenção da integridade dos equipamentos deixados em obra para efeitos de cura inicial dos provetes. De cada amostra, devem ser fabricados 3 provetes para ensaio aos 28 dias de idade. Para assegurar que a execução da amostragem, a fabricação e a cura dos provetes e a execução dos ensaios de consistência e de resistência são efectuados de acordo com os documentos de referência mencionados, o organismo de certificação deve socorrer-se de laboratórios acreditados.

3.1 Plano de amostragem No decorrer da inspecção inicial devem ser efectuadas 3 amostras, as quais devem, se possível, corresponder a betões de classes de resistência diferentes. No decorrer das inspecções de rotina deve ser efectuada 1 amostra, sendo que esta deve ser realizada sem aviso prévio. No caso de o produtor possuir o seu laboratório de controlo da produção acreditado pelo IPAC, o organismo de certificação pode optar por não efectuar colheita de amostras em todas as inspecções realizadas, devendo no entanto fazê-lo pelo menos uma vez por ano. 3.2 Avaliação dos resultados a) Consistência Cada resultado de ensaio de consistência deve encontrar-se dentro dos limites da classe de consistência especificada ou, no caso de ter sido especificado um valor pretendido, dentro das tolerâncias aplicáveis. b) Resistência à compressão Os resultados dos ensaios de resistência à compressão têm dois níveis de avaliação. Por um lado, devem ser comparados os resultados obtidos pelo laboratório acreditado com os obtidos pelo produtor. Por outro lado, há que efectuar uma avaliação qualitativa dos resultados obtidos pelo laboratório acreditado. Número de resultados n CRITÉRIOS DE IDENTIDADE Quadro B.1 Critério 1 Média de n resultados Critério 2 Resultados individuais 1 Não aplicável f ci 2 a 4 f cm + 1 f ci 5 a 6 f cm + 2 f ci Assim, a diferença entre cada uma dos resultados obtidos pelos dois laboratórios não deve ser superior a 10%. No caso de ser efectuada mais de uma amostra de um mesmo betão, este critério aplica-se à diferença entre as médias das amostras. Quanto à avaliação qualitativa, a mesma é baseada na aplicação dos critérios de identidade estabelecidos no Quadro B.1 da NP EN 206-1, consoante o número de resultados relativos de cada betão, e ainda dos seguintes critérios: no caso de o resultado de um ensaio ser inferior à resistência característica especificada, devem ser efectuadas 3 amostras nos 3 meses seguintes (1 por mês); no caso de o resultado de um ensaio ser inferior à resistência característica especificada em mais de 4 MPa (fck 4), deve ser efectuada uma inspecção extraordinária, no decorrer da qual deve ser efectuada nova amostragem; no caso de surgirem dois resultados consecutivos abaixo de (fck 4), a certificação do controlo da produção deve ser suspensa e, no caso do produtor pretender readquirir a certificação, então deve ser reiniciado todo o processo. 4. Conclusões Estão reunidas as condições para a certificação do controlo da produção em fábrica do betão, sendo possível cumprir com o requerido no Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto. No entanto, as regras a aplicar não se afiguram de todo simples ou pacíficas, nomeadamente no que diz respeito à execução das amostras nos moldes estabelecidos pelo IPAC. Efectivamente, a execução das amostras em obra pode levantar alguns problemas, apesar de o IPAC ter colocado o ónus da viabilidade de execução no produtor que está a requerer a certificação do seu controlo da produção. Apesar destes problemas hipotéticos, é legítimo considerar que o esquema montado tem potencialidades para poder contribuir, tanto para a melhoria da imagem que transparece do sector, como para a garantia da qualidade dos betões aplicados em obra e, consequentemente, das próprias estruturas a edificar. 17