PIBID MATEMÁTICA E A CONSTRUÇÃO DE CASINHAS DE JARDIM COM MATERIAIS DE BAIXO CUSTO A.P.V. RENGEL 1 ; A. ÁVILA¹; D. D. CHIESA¹; D. BAVARESCO 2 ; G.B.F.DIAS 3, M.CARRARO¹; M. MAITO¹; RESUMO: Inovações no ensino, especialmente no ensino de matemática, é um tema bastante abordado nas pesquisas recentes que tangem a educação matemática. Nesta abordagem, apresentamos os principais apontamentos relacionados ao projeto de construção de casinhas de jardim a partir de materiais de baixo custo junto as escolas participantes do PIBID Matemática no Ensino Fundamental. A atividade fim, consiste em explorar, concretizar e aplicar conceitos matemáticos de ensino fundamental envolvidos no dimensionamento, na determinação de quantidades e na obtenção de parâmetros envolvidos no planejamento e execução do projeto das casinhas. PALAVRAS-CHAVE: Matemática aplicada; Inovações no ensino; Iniciação a docência. SITUANDO A TEMÁTICA O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa criado pelo MEC em 2007 e tem como principais objetivos o incentivo e a elevação da qualidade da formação docente, a valorização do magistério, a inserção dos licenciandos nas escolas e a articulação entre teoria e prática como ações importantes para elevação da qualidade de formação superior de professores do nível básico. (DECRETO 7.219, 2010). O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Câmpus Bento Gonçalves conta com a projeto PIBID desde março de 2010, em três modalidades de subprojeto: O PIBID Física, o PIBID Matemática no ensino fundamental e o PIBID Matemática no ensino médio, atendendo cinco escolas da rede pública municipal e estadual, proporcionado um total de trinta alunos bolsistas. O PIBID Matemática no ensino fundamental, projeto este ao qual pertencemos, conta com a participação de dez licenciandos que trabalham em duas escolas da rede municipal: a 1 Estudante, Licenciatura em Matemática, IFRS câmpus Bento Gonçalves, Bolsista PIBID 2 Prof. Orientador, IFRS câmpus Bento Gonçalves, delair@bento.ifrs.edu.br 3 Prof. Supervisora, E.M.E.F Princesa Isabel, eugabizinha@pop.com.br
Escola Municipal de Ensino Fundamental Princesa Isabel, Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Ulysses Leonel de Gasperi. Neste trabalho apresentamos as primeiras constatações a respeito da proposta de inovação no ensino de matemática desenvolvida pelo grupo PIBID Matemática no ensino fundamental. Nesta abordagem se desenvolvem processos investigativos gerados pela construção de uma casinha de jardim, confeccionada a partir de caixas de leite e restos de madeiras e outros materiais. Segundo Ponte (2009), a investigação em educação matemática se distingue da resolução de problemas, neste caso o aluno não dispõem de um método que possibilita sua resolução imediata, trata-se de uma situação mais aberta. Em matemática, o aluno aprende quando mobiliza seus recursos cognitivos e afetivos com vistas a atingir um objetivo. O trabalho foi desenvolvido nas escolas participantes do PIBID matemática no Ensino fundamental baseados em um projeto elaborado e pensado pelos bolsistas licenciandos. O projeto tem por objetivo construir, uma casinha de jardim de matérias recicláveis, sendo que durante todo o processo de construção o propósito era trabalhar diferentes conteúdos abordados no Ensino Fundamental, com a finalidade de fazer o aluno perceber a aplicação de tais saberes teóricos na realidade. Nesse contexto, destacamos os trabalhos de Maman (2012) onde enfatiza que os projetos são formas de organizar o trabalho escolar, pela busca de conhecimento por meio de atividades desenvolvidas pelos alunos, estabelecendo, dessa maneira, a relação entre teoria e prática da aprendizagem. Hernandéz (2006) detalha muito a organização de projetos como estratégia de aprendizagem, enfatiza a interdisciplinaridade como somatório de matérias num trabalho com projetos, diferenciando-a de globalização, termo que considera mais adequado em se tratando de organização de conhecimento. CAMINHOS METODOLÓGICOS Para o desenvolvimento do denominado Projeto das Casinhas foram realizadas reuniões com todo o grupo de bolsistas para planejamento da metodologia e do cronograma das atividades. Dessa forma definiu-se que, inicialmente seria realizada uma campanha de motivação junto às turmas das escolas participantes para que todos se engajassem na proposta. Definiu-se também que seriam construídas a partir de restos de madeiras descartados por uma fábrica de móveis da família de uma bolsista, de caixas de leite recortadas e unidas de forma a cobrir s paredes e de garrafas pet para a telhado.
A execução seria em forma de mutirão, onde em alguns encontros os alunos das escolas, orientados pelos bolsistas fariam a construção em etapas, ou seja num dia fariam o planejamento, em outro os cortes das caixas de leite e das garrafas pet em outro montariam as paredes e assim por diante. A ideia de trabalhar com os alunos no projeto da casinha nos possibilitaria trabalhar com vários conceitos matemáticos. A geometria em especial poderia ser bem explorada com o reconhecimento e construção de figura geométricas como quadrado e retângulo (para o formato da casa) e triângulo (telhado). Além disso, conceitos de área, perímetro e volume também poderiam ser abordados. Com a construção do telhado, pode-se ainda, trabalhar com os ângulos, sua construção, medida, nomenclatura. Destaca-se ainda a abordagem de unidades de medida, as relações e conversões que poderiam surgir durante o processo. APONTAMENTOS E RESULTADOS Elencamos alguns apontamentos a partir das observações que até o presente momento encontram-se definidas. O primeiro vem justamente nesse sentido onde o cronograma planejado inicialmente não pode ser cumprido devido a dificuldades de motivações e de organização dos alunos das escolas envolvidas no projeto. Em seguida, destaca-se a dificuldade de conseguir garrafa pet para o telhado da casinha. Até mesmo as caixas de leite, em sua grande maioria, quem conseguiu o material foram os bolsistas e os professores envolvidos no processo, os alunos das escolas de ensino fundamental em quase nada se empenharam para tal objetivo. Outro apontamento vem no sentido de que o projeto foi desenvolvido paralelamente nas duas escolas apresentando resultados bastante distintos. Num delas, mobilizar os alunos não foi uma tarefa de sucessos, mesmo tentando, dias, horários e turmas diferentes, poucos alunos estivem presentes e a continuidade da ação e não tem sequência. Elencando pontos positivos, destacamos o período inicial, onde os alunos construíram projetos de acordo com o que imaginavam ser possível para a casinha. No passo seguinte a discussão com o grupo definiu qual o projeto a ser seguido, conforme ilustra a Figura 1. Através da construção geométrica plana da base da casa pode-se trabalhar com estimativas calculando o número de pessoas que caberiam em um metro quadrado e estimando para outras áreas. Além disso, cálculos de radiciação foram necessários e valores
aproximados em representação decimal. Também pode-se trabalhar com os alunos o conceito de diagonal e alguma ideia do Teorema de Pitágoras. As Figuras 2 e 3 ilustram esse processo. Figura 1: Construção de desenhos Figura 2: Dimensionamentos e quantificações Nesse mesmo sentido, discussões sobre inclinações de telhado e quantidades de materiais deram base para significativas discussões. A Figura 4 ilustra um desses momentos. Figura 3: A discussão do metro quadrado Figura 4: A inclinação do telhado Por fim, o envolvimento das crianças e as dificuldades de construir paredes e aberturas mostrados nas Figuras 5 e 6 valem destaque para a relação teoria prática, onde na grande maioria as crianças não tinham noção da demanda de trabalho e habilidade para tal atividade. Figura 5: Construção de paredes Figura 6: Dificuldades de união das caixas
De modo geral, a proposta se iniciou com grande empolgação por parte dos bolsistas e coordenadores, mas com o passar do tempo foi perdendo o propósito que é o ensino da matemática. As atenções eram direcionadas a confecção e montagem da casa, que pode-se dizer que tem foi bem aceito, mas percebe-se que o interesse dos alunos estava mais para o cunho social do que diretamente ligado ao ensino-aprendizagem da matemática. CONVERGÊNCIAS A partir das discussões entre o grupo de bolsistas e das observações realizadas durante o desenvolvimento da atividade surgem alguns apontamentos em relação a alcance dos objetivos traçados, as potencialidades e fragilidades da experiência realizada. O primeiro apontamento vem no sentido da diferença entre as duas escolas no desenvolvimento das atividades. Numa delas a motivação e a participação foi significativa, por outro lado na outra escola não foi possível obter motivação significativa evidenciando que em diferentes realidades os resultados são completamente divergentes e os planejamentos pedagógicos devem ser adaptados de acordo com cada público envolvido. Sobre o desenvolvimento de conceitos matemáticos na aplicação desta atividade, pode se elencar algumas constatações que apontam para um bom desenvolvimento na parte inicial do projeto na qual envolvia planejamento por parte das crianças. Um ponto que precisou readaptação em relação ao planejamento inicial foi o tempo necessário para a realização da atividade inicialmente prevista para dois meses já se alastra por mais de três e ainda demandará mais algumas semanas. Esse descompasso se deu pela dificuldade de organização e objetividade das tarefas desenvolvidas com as crianças, ou no outro caso pela falta de participação destas. De certo modo o desenvolvimento do projeto tomou um rumo de entretenimento e não de estudos e discussões. Nesse sentido, citamos os trabalhos de Moraes (2007) Quantas vezes o professor prepara uma atividade que ele achou que prenderia a atenção de seus alunos, que os levaria adiante, que os faria buscar as informações que eram necessárias, porém, ao executá-la, não conseguiu o envolvimento que esperava deles. (MORAES, 2007, p.7) Nesse caso as observações convergem no sentido de que nem sempre os trabalhos escolares são valorizados. De modo geral, todo educador almejam trabalhar com alunos de bom desempenho, mas o projeto PIBID tem trazido desafios de trabalharmos com alunos com uma bagagem de
dificuldades sociais muito grandes, tornando difícil a prática do ensino nas escolas conveniadas. A construção da casinha e de outras atividades de matemática nas escolas apresentam dificuldades de execução. Os alunos utilizam o projeto mais com o objetivo de saírem de casa do que se dedicarem ao ensino da mesma. Nessas observações fica evidente a definição de Nóvoa (2007) que aponta a escol como um espaço público de educação ao invés de um ambiente de construção do conhecimento. AGRADECIMENTOS A CAPES pelo apoio financeiro e às escolas participantes pelas portas abertas. REFERÊNCIAS BRASIL, Decreto Nº 7.219, de 24 de junho 2010 - Dispõe sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID e dá outras providências. Hernández. R.S. Metodologia da pesquisa. 3ª edição. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. Maman, Andréia Spessatto de; Construindo Casas Ecologicamente Corretas: Um Relato; XI EGEM Encontro Gaúcho de Educação Matemática; Anais pg.807. Lajeado, RS, 2012. MORAES, Carolina Roberta; VARELA, Simone. Motivação do Aluno Durante o Processo de Ensino-Aprendizagem. Revista Eletrônica de Educação. Ano I, No. 01, ago. / dez. 2007. PONTE, João Pedro. Investigações matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2009.