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INTRODUÇÃO Quando escrevi o meu primeiro livro, em 2012, senti necessidade de contar um pouco da minha história pessoal e da minha própria luta contra o excesso de peso. Uma luta de vários anos, feita de altos e baixos, muitos insucessos, muito sofrimento, muita vergonha e muita tristeza, que só compreende quem se debate diariamente com o mesmo problema. Ao meu lado, nessa luta, tive a minha mãe e depois o meu namorado, apoios imprescindíveis, que sempre me apoiaram e me tentaram devolver a autoestima que o excesso de peso me havia roubado. Mas há quem não tenha ninguém... Quem sofra em silêncio, sozinho, e se refugie ainda mais na comida por isso mesmo. Quem, em vez de ser apoiado, é chamado de «gordo», «baleia», «monte de banhas», e outros «mimos» que nos atiram, às vezes apenas por puro divertimento. Que é «culpa nossa», dizem-nos. «Desleixo» ou «falta de vontade». E nós sabemos que há um pouco disso tudo. Mas sabemos também que não é assim tão fácil não é nada, nada fácil contrariá-lo. Porque a culpa que sentimos ainda nos leva a comer mais e pior. Porque o «desleixo» é, na verdade, cansaço de ter de viver todos os dias com o mesmo problema, que nos olha ao espelho e nos sussurra ao ouvido «estás cada vez pior». 9

juntos conseguimos! Porque vontade nós até temos. Mas quando já experimentámos de tudo para emagrecer e nada parece resultar, não há vontade que resista. Por isso decidi dedicar a minha carreira a ajudar aqueles que sofriam do mesmo problema que eu, através de uma dieta que realmente funcionasse, que apresentasse resultados imediatos, que motivasse, sem sacrifícios nem restrições insuportáveis. Comendo de (quase) tudo o que os outros comem. Ensinando a fazer as escolhas certas, mas com uma boa margem de manobra, para que todas as pessoas possam ajustá-la ao seu dia a dia, às suas preferências, às suas rotinas. E, ainda, que fosse possível manter, com pequenos mas infalíveis truques que nos permitam usufruir dos prazeres da vida, sem voltar a engordar nem comprometer a nossa saúde. Os resultados, felizmente, não tardaram a aparecer. A minha dieta resultou comigo, e resultou com milhares de pacientes que têm conseguido baixar o seu peso de forma espantosa, perdendo às vezes 20, 30 ou 40 kg num ano, com tudo o que isso lhes traz em saúde, vitalidade, autoestima. Pacientes estes que nunca mais voltaram a recuperar o peso e que hoje se sentem muito mais felizes, descontraídos, de bem com a vida. Muitos deles foram partilhando a sua luta e conquistas em blogues, redes sociais, fóruns e comunidades de leitores, para que ninguém se sentisse sozinho na sua luta. Gerou-se uma partilha de histórias, de lutas e de conquistas, que motivou tantas outras pessoas a tentarem-no também. Tornou-se um fenómeno viral, muito maior do que eu ou do que qualquer livro, feito de pessoas que tinham, como eu, uma história de sofrimento, mas agora também uma história de superação. Não pude acompanhar todas essas histórias, mas achei que elas deviam ser transformadas em livro, para chegarem a ainda mais pessoas, a todas aquelas que continuam a viver este problema em silêncio, sozinhas, sem apoio. Um livro para lhes explicar que elas não estão sozinhas. Somos muitos, passamos todos pelo mesmo, mas juntos conseguimos superá-lo, com as regras, dicas e truques certos, que este livro compila e desvenda. 10

introdução Ao meu lado, nestas páginas, tenho um conjunto de pessoas que viveram histórias semelhantes à minha. Cada uma no seu contexto, com as suas experiências diferentes, mas tendo como pontos comuns o sofrimento que o peso a mais lhes causava, as tentativas frustradas para o combater, o sucesso que obtiveram quando decidiram experimentar a minha dieta e a alegria que é perceberem que nunca mais vão voltar a ganhar peso. O mérito não é só meu! O mérito é, em larga medida, do empenho individual de cada um, que pode ser tanto mais forte quanto mais for partilhado, apoiado, valorizado, celebrado. Esta é a minha história, que hoje celebro como uma vitória. É a história de todos aqueles que se juntaram a mim neste livro. E é também a história de todos vocês, que o estão a ler agora, e que eu quero que venham, mais cedo ou mais tarde, a celebrar comigo... Colaboraram neste livro: Ana Rita Silva (20 anos): 87 kg - 72 kg Conceição Costa Lobo (39 anos): 64 kg - 58 kg Isabel Neto (32 anos): 115 kg - 75 kg Maria Filomena Miguéns (55 anos): 120 kg - 90 kg Patrícia Amor da Silva (27 anos): 86 kg - 76 kg Paula Silva (46 anos): 132 kg - 70 kg Sónia Marques (33 anos): 71 kg - 55 kg Susana Soares (36 anos): 105 kg - 75 kg Teresa Baptista (39 anos): 64 kg - 52 kg Tiago Guerreiro (36 anos): 114 kg - 88 kg Vânia Pérsio dos Santos (28 anos): 85 kg - 62 kg Vítor Hugo Faria (28 anos): 132 kg - 87 kg 11

1. PORQUE GANHAMOS PESO Todos aqueles que lidam com o excesso de peso conhecem muito bem o olhar reprovador das outras pessoas. Pelas suas cabeças paira sempre a mesma pergunta: «Como é que se deixou engordar tanto?» Todos nós, os gordinhos ou os que já passámos por isso, temos uma história. Nunca se engorda do ar, como às vezes se diz na brincadeira. Raramente se engorda sem uma mudança de hábitos, uma mudança no metabolismo, escolhas alimentares erradas, sedentarismo, stresse, doença ou instabilidade emocional. Há sempre uma causa, ou um conjunto de causas, que nos faz ganhar peso, e nem sempre temos noção de quais são estas causas. Quando comecei a engordar, no 12.º, achava que o meu corpo estava simplesmente a mudar. Sabia que o facto de ter parado de fazer patinagem de competição contribuía para esse aumento, mas não tinha tanta noção de que comer um pacote de bolachas, todos os dias, enquanto estudava, também pesaria, e muito, na balança. Não avaliei em condições o que o meu estilo de vida sedentário e uma alimentação incorreta poderiam fazer ao meu corpo e, quando dei conta, já era difícil perder os quilos a mais. Com o excesso de peso veio a tristeza e a revolta, que compensava com ainda mais comida. E o problema agravou-se. 13

juntos conseguimos! Hoje, com algum distanciamento, consigo perceber a maioria dos erros que cometi, assim como os dos pacientes que me procuram. Nas consultas é muito importante estabelecer-se uma relação de confiança, e se há algo em que os meus pacientes podem acreditar é que os compreendo, mesmo nos seus momentos de maior descontrolo, porque eu também os tive. Mas este livro serve também para todos aqueles que não são meus pacientes e que querem tentar levar a cabo esta dieta, sem ajudas externas. Para tal, aconselho que se faça primeiro uma autoavaliação, sem culpa nem julgamento. Por mais que tenhamos errado, estamos a tentar corrigir os nossos erros. É, no entanto, importante saber que erros são esses, para que a nossa dieta seja mais bem-sucedida. Neste capítulo vamos falar de muitas situações que nos podem fazer ganhar peso, com relatos da minha história e outros testemunhos variados. Talvez se identifique com alguma destas histórias, ou com várias. A parte positiva é que todas estas histórias, por mais negativas que possam parecer neste capítulo, terão no último um final feliz. E se nós o conseguimos, você também o conseguirá Tendência hereditária Apesar de o tipo de alimentação que se faz e de o estilo de vida que se leva serem os fatores mais decisivos para o peso que se tem, os especialistas são unânimes em afirmar que a tendência para engordar também se herda. Pais com excesso de peso têm uma maior propensão para terem filhos gordinhos. Pode até ser apenas um dos pais a ter essa tendência e a passá-la aos filhos. Ou, no caso de haver mais do que um filho, pode acontecer que um 14

1. PORQUE GANHAMOS PESO deles seja muito magrinho e o outro gordinho, mesmo sujeitos ao mesmo tipo de alimentação. O magrinho pode comer de tudo sem engordar. Já o gordinho terá de ter cuidado a vida toda... -16 kg Sónia Marques, 33 anos (71 kg - 55 kg) Desde criança que sempre tive tendência para ter algum peso a mais. Nasci com 4,259 kg e até aos 12 anos sempre estive perto do percentil 90. -26 kg Tiago Guerreiro, 36 anos (114 kg - 88kg) Todos na minha família têm tendência para engordar. Costumo dizer que até a água nos engorda... Na minha família, sempre houve alguma tendência para engordar, mas como eu e as minhas irmãs sempre fizemos muito desporto de competição, com muitas horas de treino todos os dias, nunca sentimos o peso dessa herança. Para além disso, a minha mãe era cuidadosa com a nossa alimentação. Sempre foi contra comermos comida congelada, ia ao supermercado todos os dias. Na altura também não havia a oferta de fast food que há hoje. A primeira vez que ouvi falar nas cadeias de hambúrgueres foi em Barcelona, tinha eu 8 anos e fui para lá viver (por dois anos apenas). 15

juntos conseguimos! Era raríssimo lá irmos, não fazia parte dos nossos hábitos alimentares. Pizas também só comíamos muito de vez em quando. Hoje recorre-se a fast food com regularidade, a oferta é muita, em cada esquina, e os preços são muito apetecíveis. Na minha infância, também não existiam as tentações que hoje enchem as prateleiras dos supermercados. Hoje é muito mais fácil recorrer a guloseimas, há bolachas de todos os tipos e feitios, máquinas de doces em muitos edifícios públicos (até escolas!)... e é muito fácil ceder à tentação e fazer uma alimentação inadequada, todos os dias da semana. Os jogos eletrónicos também roubaram muita da atividade física que dantes preenchia o dia a dia das crianças. Os jogos de futebol na rua, a macaca, a corda e o elástico foram substituídos pelos jogos de consola, em casa, e esse estilo de vida mais sedentário afetou e continua a afetar muitas crianças sobretudo aquelas que já têm propensão para engordar. -62 kg Paula Silva, 46 anos (132 kg - 70 kg) Desde miúda que me lembro de ser gordinha. Sempre fui muito gulosa e desde muito nova que sempre gostei de comer muito, e tudo aquilo que me fazia mal (o enorme gosto por pão também não ajudou em nada). Era a típica miúda que arranjava sempre desculpa para não fazer ginástica nos dias de educação física e, embora gostasse e ainda goste de assistir a provas de atletismo, mexer-me era muito difícil. 16

1. PORQUE GANHAMOS PESO Devido a todos estes fatores, muitas crianças começam a acumular, desde cedo, células adiposas ou de gordura, que são células que não desaparecem nem podem ser destruídas quando se emagrece, elas apenas diminuem de volume. Mas continuarão sempre prontas para acumular gordura. Só recorrendo a alguns tratamentos estéticos não comportáveis à maioria das bolsas se pode eliminar parte destas células adiposas. Muitos pais, desconhecendo este facto, facultam aos seus filhos uma alimentação incorreta e um estilo de vida pouco saudável, comprometendo assim a sua saúde e o seu peso, não só na infância mas para o resto da vida. No meu caso, a tendência para engordar acabou por se manifestar apenas quando parei de fazer desporto (situação que abordarei mais à frente) e comecei a fazer uma alimentação mais errada e desregrada. Deitada no sofá, a estudar, comecei a devorar pacotes de bolachas, chocolates e guloseimas, e a não ter regras nem horas para fazer as principais refeições (aliás, cortava muito nas refeições principais e, com a fome com que ficava, devorava ainda mais «porcarias»). Existindo a tendência, eu juntei-lhe dois pesados fatores (uma má alimentação e um estilo de vida sedentário) que me fizeram atingir a barreira dos 90 kg em pouco tempo. -15 kg Ana Rita Silva, 20 anos (87 kg - 72 kg) Sempre fui gordinha desde criança e nunca me preocupei muito com o meu corpo. Até que, por volta dos 17 anos, comecei a engordar cada vez mais, até chegar aos 87 kg. 17

juntos conseguimos! Agora, o facto de a tendência para engordar nos poder estar nos genes não significa que tenhamos que carregar connosco, por toda a vida, o peso dessa herança. As células adiposas podem não ser destruídas, mas podem ser emagrecidas, com a alimentação certa e, se possível, também com uma vida mais ativa. É efetivamente possível libertarmo-nos desse peso e nunca mais sofrermos com ele. Todos os testemunhos que aqui leram são de pessoas que sentiam essa tendência desde a infância ou juventude e que hoje têm um peso adequado, sem esforço. Essa é a prova de que é possível. Veremos mais à frente de que forma. Mudança de Hábitos Se é verdade que muitas pessoas começam a lidar com o excesso de peso desde a infância, são também muitas aquelas que só se deparam com o problema a um dado momento da vida, quando alteram determinados hábitos, sejam eles alimentares e/ou de estilo de vida. Como já referi anteriormente neste capítulo, passei toda a minha infância e adolescência sem qualquer preocupação com aquilo que comia. Fazia patinagem desde os 5 anos e os treinos intensos abriam-me muito o apetite. Lembro-me que, após a escola, lanchava em casa da minha avó, e por vezes o lanche eram duas tostas mistas com um grande batido de banana, que a minha avó preparava para eu ter energia para o treino. Depois do treino jantava bem, estudava um bocadinho e deitava-me. Comia bastante, mas desgastava ainda mais, e não tinha, na minha vida intensa, grande margem para os snacks fora de horas. Os problemas começaram quando cheguei ao 12.º e comecei a baixar as notas a Matemática. Como era um ano decisivo, achei por bem interromper a competição. Como já não competia, os treinos tornaram-se menos 18

1. PORQUE GANHAMOS PESO interessantes, desmotivei-me e acabei por desistir da patinagem. Resultado: voltei a ter muito boas notas a Matemática... Mas iniciou-se nesse ano a minha luta contra o excesso de peso. Talvez para um adulto seja mais claro que, ao reduzir o ritmo de vida, é importante que se reduza também o aporte calórico daquilo que se ingere. Mas para uma adolescente isso pode não ser tão evidente. No meu caso, não foi. Apesar de ter interrompido a patinagem e de ter começado a andar de moto, continuei a comer doses generosas. Com a agravante de que fiquei com mais tempo para petiscar bolachas e guloseimas que antes não tinha tempo de comer. O meu padrasto, entretanto, tornou-se diretor de uma empresa do ramo alimentar e trazia para casa inúmeros pacotes de bolachas de diversos tipos, que faziam a minha delícia a toda a hora. E foi assim que, rapidamente, passei dos 58 para os 72 quilos... E só parei nos 90 quilos! Sim, leram bem: 90 quilos. 19

juntos conseguimos! -45 kg VÍtor Hugo faria, 28 anos (132 kg - 87 kg) Sempre fui gordinho, desde criança, mas com o passar dos anos e com a entrada no mercado de trabalho o peso começou a aumentar, talvez por ter deixado de praticar desporto. Até há quatro anos praticava hóquei em patins. Nestes últimos quatro anos engordei 20 kg... Antes Nos primeiros tempos, quando as pessoas me diziam que eu estava mais gordinha, eu pensava sempre que aquela era uma fase e que eu iria controlar esse aumento de peso. Afinal de contas, sempre engordara no verão (todos os desportistas engordam), mas sempre perdera o peso ganho, com o retomar dos treinos. O problema é que eu, desta vez, não iria retomar o estilo de vida intenso e, sem isso, não sabia o que fazer para controlar o meu peso. O que eu achava que controlava transformou-se afinal num descontrolo, que acabou por me afetar psicologicamente. A comida passou a ser a minha inimiga, mas uma inimiga que me tentava a cada esquina, sem que eu soubesse como lidar com ela. E, quanto mais isso me afetava, mais as minhas escolhas recaíam sobre os alimentos errados, consumidos de forma descontrolada. 20

1. PORQUE GANHAMOS PESO -30 kg Susana Soares, 36 anos (105 kg - 75 kg) Joguei voleibol alguns anos e, aquando do ingresso na universidade, parei radicalmente com aquela e qualquer atividade física, o que acentuou o processo de aumento de peso. Antes No meu caso, a interrupção da prática desportiva aconteceu no 12.º, mas ela verifica-se ainda com mais frequência aquando da entrada no mercado de trabalho. O tempo dedicado ao desporto, no liceu ou na faculdade, deixa muitas vezes de existir, dando lugar a uma vida muito mais sedentária, que obriga a muitas refeições fora e/ou falta de tempo para fazer refeições de qualidade. 21