O QUE É A ATITUDE FILOSÓFICA?



Documentos relacionados
1 a QUESTÃO: (2,0 pontos) Avaliador Revisor

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

A origem dos filósofos e suas filosofias

A EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO NAS VOZES DE ADORNO, KANT E MÉSZÁROS

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

Alegoria da Caverna. Platão

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

Filosofia O que é? Para que serve?

5 Considerações finais

Centralidade da obra de Jesus Cristo

SÓ ABRA QUANDO AUTORIZADO.

CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA. A educação artística como arte de educar os sentidos

O TEMPO NO ABRIGO: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, GARANTIA DE SINGULARIDADE

MÉTODOS E TÉCNICAS DE AUTOAPRENDIZAGEM

1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial. (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar)

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador

1ª. Apostila de Filosofia O que é Filosofia? Para que a Filosofia? A atitude filosófica. Apresentação

3º ano Filosofia Teorias do conhecimento Prof. Gilmar Dantas. Aula 4 Platão e o mundo das ideias ou A teoria do conhecimento em Platão

2015 O ANO DE COLHER ABRIL - 1 A RUA E O CAMINHO

O Pequeno Livro da Sabedoria

HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE

Sociedade Mineira de Pediatria

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

Por uma outra logística: reflexões filosóficas sobre a exclusão e a paixão.

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010

MOTIVAÇÃO E MUDANÇA DE PARADIGMAS

Exercícios Teóricos Resolvidos

Aluno(a): / / Cidade Polo: CPF: Curso: ATIVIDADE AVALIATIVA ÉTICA PROFISSIONAL

Elaboração e aplicação de questionários

PROBLEMATIZAÇÃO DA E. M. MARIA ARAÚJO DE FREITAS - GOIÂNIA TEMA GERADOR

Núcleo Fé & Cultura PUC-SP. A encíclica. Caritas in veritate. de Bento XVI

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

Esta é uma história sobre 4 (quatro) pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.


FACULDADE DE PITÁGORAS RESENHA - ANTÍGONA

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O BINÔMIO ESTADO - FAMÍLIA EM RELAÇÃO À CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA NOS PROGRAMAS TELEVISIVOS

E Deus viu que tudo era bom

POR QUE FAZER ENGENHARIA FÍSICA NO BRASIL? QUEM ESTÁ CURSANDO ENGENHARIA FÍSICA NA UFSCAR?

O Papel da Educação Patrimonial Carlos Henrique Rangel

A ÉTICA DAS VIRTUDES. A ética e a moral: origem da ética As ideias de Sócrates/Platão. Prof. Dr. Idalgo J. Sangalli (UCS) 2011

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS VISUAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS.

FILOSOFIA CLÁSSICA: SÓCRATES E PLATÃO (3ª SÉRIE)

Guia Prático para Encontrar o Seu.

Deus: Origem e Destino Atos 17:19-25

COMUNIDADE TRANSFORMADORA UM OLHAR PARA FRENTE

A Filosofia A origem da Filosofia 1

GRUPO VI 2 o BIMESTRE PROVA A

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO

VYGOTSKY E O PAPEL DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Juniores aluno 7. Querido aluno,

PREFÁCIO. Extremamente honrado não apenas em ser incumbido de redigir o prefácio do Segundo Volume da Revista do GEDICON,

POR QUE SONHAR SE NÃO PARA REALIZAR?

INTRODUÇÃO O atual modelo econômico e social tem gerado enormes desequilíbrios ambientais. O

LIÇÃO 1 Deus Tem Dons para Nós

BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na infância. Petrópolis: Vozes, RESENHA

SALVAÇÃO não basta conhecer o endereço Atos 4:12

O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PARECER DOS RECURSOS

Gestão de Instalações Desportivas

FILOSOFIA E MATEMÁTICA EM PLATÃO, UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO MÉDIO

O QUE SIGNIFICA CRIAR UM FILHO

A ENERGIA MENTAL E O PROCESSO SAÚDE/DOENÇA.

Guia de Discussão Série Eu e meu dinheiro Episódio: Duas vezes Judite

LEVANTAMENTO SOBRE A POLÍTICA DE COTAS NO CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE EAD/UFMS

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro com a delegação de atletas das Paraolimpíadas de Atenas-2004

Ciência, Filosofia ou Religião?

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

O setor de psicologia do Colégio Padre Ovídio oferece a você algumas dicas para uma escolha acertada da profissão. - Critérios para a escolha

A Epistemologia de Humberto Maturana

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

Papo com a Especialista

Dez palavras sobre laicidade* 1. O Estado laico não é um Estado ateu. O Estado laico não é nem católico, nem

E Entrevistador E18 Entrevistado 18 Sexo Masculino Idade 29anos Área de Formação Técnico Superior de Serviço Social

Denise Fernandes CARETTA Prefeitura Municipal de Taubaté Denise RAMOS Colégio COTET

QUESTÕES FILOSÓFICAS CONTEMPORÂNEAS: HEIDEGGER E O HUMANISMO

Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia de sociedade de risco.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

6. PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE FILOSOFIA ENSINO MÉDIO 6.1 APRESENTAÇÃO

Pedagogia Profª Luciana Miyuki Sado Utsumi. Roteiro. Perfil profissional do professor

PLATÃO E SOCRÁTES: LEITURAS PARADOXAIS

Rousseau e educação: fundamentos educacionais infantil.

KANT E AS GEOMETRIAS NÃO-EUCLIDIANAS

Mito, Razão e Jornalismo 1. Érica Medeiros FERREIRA 2 Dimas A. KÜNSCH 3 Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP

Liderança Organizacional

ProfMat 2014 TAREFAS PARA A SALA DE AULA DE MATEMÁTICA

O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo

A Torre de Hanói e o Princípio da Indução Matemática

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

ENTREVISTA Questões para Adauto José Gonçalves de Araújo, FIOCRUZ, em 12/11/2009

5 Equacionando os problemas

1) Observe a fala do peru, no último quadrinho. a) Quantos verbos foram empregados nessa fala? Dois. b) Logo, quantas orações há nesse período? Duas.

EJA 5ª FASE PROF. LUIS CLAÚDIO

Desigualdade Entre Escolas Públicas no Brasil: Um Olhar Inicial

SÓ ABRA QUANDO AUTORIZADO.

Módulo 14 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas Treinamento é investimento

MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO Equipe Dia/mês/ano Reunião nº Ano: Tema: QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO Acolhida Oração Inicial

Sócrates: uma filosofia voltada para consciência crítica. Professor Danilo Borges Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II

Transcrição:

O QUE É A ATITUDE FILOSÓFICA? Rodrigo Janoni Carvalho 1 A atitude filosófica se remete ao ato de pensar, questionar o óbvio, criticar, enfim, filosofar. Toda filosofia deve ser radical, não se contentando em ficar na superfície das coisas, procurando a essência dos objetos. Deve ser reflexiva num movimento de volta sobre si mesma, pensando o próprio pensamento, e separando-se da opinião e dos gostos pessoais, superando o senso comum. A filosofia pressupõe um esforço racional, sistemático e rigoroso, com fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas, buscando os princípios, a origem, a forma e os conteúdos dos valores éticos, políticos e estéticos. Esta postura vai de encontro com uma noção de visão de mundo, relativa a uma cultura, e uma sabedoria de vida, que em muito se aproximaria das religiões. 1 Mestrando em Geografia e Graduando em Administração Pública pela Universidade Federal de Uberlândia - MG. Bacharel e Licenciado em História pela mesma instituição 57

Figura 1. Representação da atitude filosófica. 2 Ainda que reflexiva, crítica e analítica, a atitude filosófica não é sinônima de ciência, porém uma reflexão sobre a ciência; não é religião, mas uma análise crítica sobre as crenças; tampouco é senso comum baseado na tradição. O sentido da atitude filosófica se baseia na razão enquanto fundamento da objetividade do conhecimento, com vista à atividade pensante e crítica, oposta à passividade e aceitação do que está posto, haja vista a era do conhecimento e da informação em que vivemos, requerendo profundidade e reflexão. Assim sendo, pensar é cuidar melhor de si e do coletivo. Diante do contexto globalizante, permeado de informações e trocas, muitas das vezes o questionar e o pensar se tornaram imperceptíveis. Entretanto, por mais que as exigências desta sociedade dinâmica se traduzam em competência técnica, flexibilidade e mobilidade, a atitude filosófica é de fundamental importância, quaisquer que sejam os interesses, públicos ou privados. Essa postura nos instiga a ficar mais atentos e sugerir mudanças substantivas em nós e entre nós. 2 Extraído de <http://www.not1.xpg.com.br/wp-content/uploads/2013/02/pensador-o-que-e-filosofia.jpg>. Acesso em 10 jan. 2014. 58

Figura 2. Questionamentos de Mafalda. 3 Selvino Assmann (2012) aponta que filosofar nos leva a resistir ao que nos parece acontecer de maneira inevitável, percebendo que o mundo que temos não é o único possível nem o melhor dos mundos. Isso me recorda a leitura da grande obra de Voltaire: Cândido, ou O Otimismo (1759), uma sátira desse filósofo francês, permeada de críticas à visão otimista de mundo de outro pensador da época: o alemão Leibniz. Em suma, diante das mais inimagináveis circunstâncias as personagens do enredo passam por grandes desgraças, porém baseadas no filósofo Pangloss (uma caricatura do alemão), pensam que aquilo tudo vai melhor no melhor dos mundos possíveis, sendo as adversidades necessárias para manutenção desse melhor dos mundos. O valor de uma atitude filosófica nos leva a pensar mais sobre o que somos, como indivíduo, como coletivo, como comunidade local, regional, nacional e global e, claro, enquanto administradores da res publica e membros de uma sociedade dita democrática. Portanto, pensar criticamente e reflexivamente é essencial na vida cotidiana e profissional de todos nós. Considero inclusive um diferencial diante da postura passiva e acrítica de muitos que simplesmente afirmam que o pensar e o filosofar são coisas inúteis ou improdutivas... Nessa perspectiva, vale retomarmos os ensinamentos de dois filósofos considerados clássicos da Antiguidade grega, observando suas diferenças no modo pelo qual entendem a filosofia, a partir de duas destacadas obras O Banquete e A República, respectivamente Sócrates e Platão. Ademais, além de analisarmos o que é a atitude filosófica perante ambos 3 Extraído de <http://filosofiadoveritas.files.wordpress.com/2011/04/pra-que-estamos-no-mundo.jpg>. Acesso em 10 jan. 2014. 59

pensadores, podemos apontar consequências políticas e éticas de fundamental importância no mundo em que vivemos. Os diálogos socráticos, em O Banquete, vão de encontro com os diálogos platônicos, de A República, isto é, para o primeiro a filosofia é a busca da sabedoria, um modo de viver e não só de saber, e ao segundo, esta é o encontro da sabedoria, tornando-se uma verdade encontrada e conhecida, como uma doutrina. Notamos aí a diferença entre o mestre e seu discípulo no que tange o ato de filosofar. A concepção de Sócrates condiz com a procura amorosa da verdade e da compreensão da realidade: o filósofo é quem busca entender as coisas e o mundo amorosamente, busca a verdade, compreender a si mesmo, a relação com os outros e o lugar que os seres humanos se encontram. Nessa perspectiva, o filósofo não é quem já sabe ou possui a verdade, porém quem a procura, sem desistir da busca. Daí o sentido da filosofia ser amante da sabedoria, inexistente sem Eros, a figura do Amor, conforme notamos no fragmento abaixo: Quando um homem foi assim instruído no conhecimento do amor, passando em revista coisas belas uma após outra, numa ascensão gradual e segura, de repente terá a revelação, ao se aproximar do fim de suas investigações do amor, de uma visão maravilhosa, bela por natureza; e esse, Sócrates, é o objetivo final de todo o afã anterior. [...] Começando pelas belezas óbvias, ele deve, pelo bem da mais elevada beleza, ascender sempre, como nos degraus de uma escada, do primeiro para o segundo e daí para todos os corpos belos; da beleza pessoal, chega aos belos costumes, dos costumes ao belo aprendizado e do aprendizado, por fim, àquele estudo particular que se ocupa da própria beleza e apenas dela; de forma que finalmente vem a conhecer a essência mesma da beleza. Nessa condição [...] um homem percebe realmente que vale a pena viver ao contemplar a beleza essencial [...] (PLATÃO, 2000, p. 28-30 apud ASSMANN, 2012, p. 65). Se a concepção socrática de filosofia se traduz na busca de sabedoria, a concepção platônica se remete ao encontro da sabedoria, isto é, a realização do desejo da verdade e a sua posse como se a Filosofia fosse a própria verdade. A análise de Platão é fruto do contexto histórico em que vivia como uma tentativa de solução face o domínio da tirania e da injustiça na polis ateniense. A Alegoria da Caverna de Platão é uma representação da condição humana, figurada nos homens presos por correntes numa caverna em que apenas viam sombras pensando aquela ser a única realidade. Um deles se liberta e gradualmente caminha para fora enfrentando dificuldades. Após conhecer o mundo real educando-se com a luminosidade, volta à caverna visando alertar e governar os que ficaram, todavia é impedido de compartilhar suas 60

experiências, deixando a caverna e contemplando sozinho o sol. Trata-se do filósofo que consegue se livrar das amarras da escuridão. E se lhe fosse necessário reformular seu juízo sobre as sombras e competir com aqueles que lá permaneceram prisioneiros, no momento em que sua visão está obliterada pelas trevas e antes que seus olhos a elas se adaptem e esta adaptação demandaria um certo tempo, não acreditas que esse homem se prestaria à jocosidade? Não lhe diria que, tendo saído da caverna, a ela retornou cego e que não valeria a pena fazer semelhante experiência? E não matariam, se pudessem, a quem tentasse libertá-los e conduzi-los para a luz? (PLATÃO, 1989 apud ASSMANN, 2012, p. 71). O texto de Platão tem um aspecto político e ético por indicar quem deve ser o governante, uma dimensão pedagógica (enquanto roteiro para educação) e um aspecto teórico (mostrando o que é a verdade). Somente o filósofo poderia sair da caverna e contemplar o sol, a realidade. Nesse ponto, ele não só busca a sabedoria, porém a alcança, renunciando a toda opinião própria. Nessa perspectiva, em vista dos problemas de Atenas, Platão pensava solucionar a questão política em vista da capacidade única do filósofo em sair da escuridão e retornar para dar fim aos conflitos entre os cidadãos que o obedeceriam. O problema na tese de Platão é a sua própria essência de que apenas o filósofo seria o único bom governante, o sábio. Todavia, se os demais acorrentados na caverna jamais conheceriam também a essência das coisas, nascidos para se satisfazerem com as suas funções como homens de prata e de bronze, nunca de ouro como o filósofo, então a República ideal platônica se faria somente com o seu governante, o filósofo. Essa postura foi duramente criticada por Hannah Arendt, para a qual a política ao se basear na verdade, cai no totalitarismo, isto é, toda vez que um governante acha que sabe a verdade e a põe em prática pela simples obediência dos cidadãos, resulta-se em violência. Kant também critica o pensamento platônico afirmando que a posse do poder prejudica inevitavelmente o livre juízo da razão, dado que o filósofo seria o único que entende a verdade e o único que poderia coloca-la em prática segundo a alegoria. Em vista do exposto, reiteramos que o esforço do pensar é imprescindível à formação humana. A atitude filosófica é cada vez mais relevante num mundo caótico com ritmos de tempo e vivência avassaladores. O que é a atitude filosófica? O que é a reflexão? Quais decisões tomar? Muitas das vezes não nos atentamos ao que acontece em nosso cotidiano, tampouco refletimos, pensamos. A Filosofia constitui-se como um saber essencial formador de nossa autonomia e liberdade. 61

REFERÊNCIAS ASSMANN, Selvino José. Filosofia e Ética. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC. 2ª ed. reimp. 2012. COCCO, R.; MAGRI, A.; PASCOAL, J.; PIN, S.; PIKUA, S. Filosofia no século XXI ainda faz sentido? In: Ágora Revista Eletrônica, Ano IX, nº 17, dez/2013. PLATÃO. A República. Livro VII. São Paulo: Ática, 1989.. O Banquete. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. QUINO, J. 10 anos com Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2010. Vídeos ANIMAÇÃO: O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO. Youtube Vídeo. Publicado em 09 fev. 2013. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=_lucdsmv0kg>. Acesso em 10 jan. 2014. 62