Relatório Final PIBIC/2013. Inserção de Alunos de Alta Renda no Mercado de Trabalho e o Valor do Diploma Universitário



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Transcrição:

Relatório Final PIBIC/2013 Inserção de Alunos de Alta Renda no Mercado de Trabalho e o Valor do Diploma Universitário Aluna: Daniella Coutinho Melo. Orientadora: Ana Heloisa da Costa Lemos Rio de Janeiro, 2013. 1

Sumário: 1.Introdução...2 2.Referencial teórico...2 2.1. Teoria do Capital Humano... 2 2.2.A reprodução das desigualdades...3 3.Metodologia...5 3.1 Roteiro de entrevista...5 4.Análise dos Resultados...6 5.Conclusão...7 6.1.Referências...8 2

1. Introdução: A educação superior, para muitas pessoas, tem se tornado cada vez mais essencial em decorrência da competitividade do mercado de trabalho brasileiro atual. A busca por qualificação acentuou-se como enfrentamento a crises econômicas e financeiras, tal como a de 2008, onde países pertencentes à União Européia tiveram como estratégia a busca de melhorias da qualificação da força de trabalho. Por isso, indivíduos têm buscado a especialização como elemento diferenciador para aumentar as chances individuais de inserção no mercado de trabalho. Segundo dados do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira em 2012, cerca de 1.757.399 pessoas foram inscritas no Sistema de Seleção Unificada (SISU), concorrendo a 129.319 vagas de ensino superior, um recorde comparado ao ano de 2011. Em 2011 foram 1.080.193 inscritos, mostrando um aumento de 38,5% entre os anos de 2011 e 2012. Esse aumento traz a indagação a respeito da importância do terceiro grau, e se ele é de fato decisivo para a obtenção de uma vaga de trabalho no Brasil. Em sua pesquisa Ramos (2006) indica que os profissionais que possuem curso superior completo muitas vezes não conseguem atingir postos de trabalhos ao mesmo nível de sua qualificação. Esse trabalho busca entender a inserção de alunos com classe social e econômica elevada no mercado de trabalho. Para isso foram entrevistados 19 ex-alunos de uma IES com elevado capital econômico, inseridos ou não no mercado de trabalho, com o objetivo de entender como ocorreu essa inserção e se tal tipo de trabalho agrada ou não aos exalunos dessa universidade privada. Para fundamentar teoricamente o trabalho foi realizada uma revisão da literatura de acerca de duas teorias relacionadas ao tema, de Bourdieu e Schultz. A teoria de Schultz (1973) trata da educação e do capital humano como investimento. O autor entende que a instrução é um bem de consumo durável que produz e eleva a futura renda efetiva. Em síntese, Schultz argumenta que o sucesso profissional não depende totalmente da origem social do indivíduo, mas sim de sua qualificação profissional e proficiência. Bourdieu (2007), por sua vez, argumenta que a origem social pode ser uma herança e reflete no futuro profissional do indivíduo. O autor aborda que, em função de sua origem social, as pessoas tendem a seguir profissões de familiares próximos. O autor entende que as oportunidades seriam maiores para as classes que detêm maior quantidade global de capital, e menores para os indivíduos com poder econômico baixo. 3

2. Referencial Teórico: Este item apresenta uma revisão da literatura que serviu de base para a análise realizada no estudo. Inicialmente a Teoria do Capital Humano de Schultz (1973) é explorada, seguida pela Teoria da Reprodução das Desigualdades, de Bordieu (2007). 2.1. Teoria do Capital Humano Schultz (1973) considera a educação como um investimento em si próprio, no capital humano. Ele traduz a noção de capital como um bem reproduzível. Assim, a instrução é considerada um investimento, por trazer benefícios futuros como salários mais elevados e melhores posições de trabalho. O autor subdivide os benefícios da instrução em pelo menos duas partes, exemplificadas abaixo: A instrução tanto pode proporcionar satisfações no presente (prazer imediato com a companhia de colegas de trabalho) quanto no futuro (capacidade crescente de saborear bons livros). Quando os benefícios ocorrem no futuro a instrução tem as características de um investimento. (Schultz, 1973, p.23) As palavras de Schultz citadas acima defendem a ideia de que a instrução em determinado ângulo, pode ser vista como um investimento no próprio capital ou recurso, humano que pode trazer benefícios futuros, tanto financeiros quanto pessoais a aqueles que os detém. Schultz (1973) explica que o conceito de educar significa aperfeiçoar uma pessoa moral e mentalmente, de maneira a torná-la suscetível de escolhas individuais e sociais. O autor argumenta que a instrução difere do conceito de educação; a instrução está ligada aos serviços educacionais, com o objetivo de praticar e obter aprendizado, por meio de institutos superiores ministrados aos alunos de tais organizações. Apesar de ser uma despesa atual, a instrução pode vir a atender à futura despesa de consumo. Além disso, proporciona o desenvolvimento de habilidades e técnicas, ou investimento no capital humano, potenciais para elevar a futura renda efetiva. Já a educação está intimamente ligada à cultura da comunidade e, por isso, pode ser um conceito mutável (SCHULTZ, 1973). Para Schultz (1973) o valor da educação, em termos contábeis, é representado pelo investimento financeiro que os indivíduos ou familiares fazem para obterem qualificações e aumentar o capital humano. O valor econômico pode ser notado pelos benefícios que a instrução pode trazer, como por exemplo, o acesso a melhores chances e condições de trabalho e o desenvolvimento de habilidades que podem aumentar a renda futura. Em pesquisa feita nos Estados Unidos em 1956, o autor mostra que as famílias camponesas são as que menos frequentam diariamente a escola, quando comparadas às famílias urbanas com as mesmas oportunidades de instrução. Tais crianças, no longo prazo, acabam tendo menos oportunidades no mercado de trabalho, por não terem o mesmo nível de instrução que as crianças de famílias urbanas. O autor entende que as oscilações de renda são influenciadas pela raça, habilidades hereditárias, educação informal e a instrução. Schultz diz que o progresso feito por indivíduos que obtiveram algum tipo de instrução e se beneficiaram por conta disso podem influenciar na vizinhança, família e ambiente social pelo progresso feito. 4

Schultz (1973) afirma que a instituição organizacional descobre e cultiva o talento potencial do indivíduo, além de aumentar a capacidade de adaptação das pessoas a diferentes ambientes e diferentes flutuações do mercado de trabalho. O autor relata que a educação universitária é um investimento de longo prazo muito rentável, e que pode minimizar possíveis investimentos futuros: Tratando-se da educação universitária: quando uma taxa de rendimento, baseada no custo total é tão elevada quanto a de outro investimento qualquer, ocorre que, quanto maior o componente do consumo atribuído ao estudante e a sua família, e quanto maiores os benefícios usufruídos por terceiros, tanto maior será a escassez de investimentos. (Schultz, 1973, p.74) 2.2. A Reprodução das Desigualdades Sociais Em sua obra A Distinção Bourdieu (2007) afirma que a economia pressupõe uma divisão de classes sociais conforme a renda e a origem social do indivíduo. Ele afirma que há uma reprodução de desigualdades sociais dos indivíduos oriundos de extratos econômicos menos favorecidos. A teoria de Bourdieu postula que a população de extratos sociais mais baixos, mesmo quando tem as mesmas qualificações, não tem as mesmas oportunidades que a população de extratos econômicos mais favorecidos, por isso, tem menos chance de ter uma ascensão social futura. Ele comenta que o aumento no número de pessoas graduadas no ensino superior pode desvalorizar o diploma de certo curso no mercado de trabalho pelo resultado da competitividade de indivíduos que procuram as mesmas vagas de trabalho. O autor traz o pressuposto de que quanto mais indivíduos oriundos de classes menos favorecidas se qualificarem, mais pessoas terão diplomas de nível superior, e com esse fenômeno a mão de obra qualificada será maior, podendo haver uma desvalorização do diploma de ensino superior (Bourdieu, 2007). Essa desigualdade é indicada pelo autor por elementos como renda, espaço geográfico, profissão, nível de instrução, e podem funcionar como princípios de seleção ou exclusão dependendo do nível econômico e social do indivíduo. Ele também acredita que o fato de se exigir um determinado diploma pode mostrar, ou exigir, determinada origem social, influenciando a disparidade entre as classes sociais (Bourdieu, 2007). Para Bourdieu classe social é: Uma classe define-se no que ela tem de mais essencial pelo lugar e valor que atribui aos seus dois sexos e as suas disposições socialmente constituídas. (Bourdieu, 2007, p.103) Bourdieu afirma que as classes sociais são construídas por meio da distribuição de políticas que de certa forma são manipuladas pelas classes previamente estabelecidas que exercem determinado poder na sociedade, podendo beneficiar ou não as mesmas. Ele também diz que as relações sociais existentes entre as pessoas, especialmente na família, podem favorecer a ascensão social de certo indivíduo (Bourdieu, 2007). Bourdieu, com base em sua pesquisa feita no ano de 1962 na França, indica que as oportunidades das pessoas oriundas de classes mais baixas (artesãos, professores e trabalhadores industriais) são constantes, ou seja, não há tendência à mudança. Por 5

exemplo, um filho de artesão, tem a tendência de seguir a profissão do pai pelo capital econômico, capital cultural e capital social (Bourdieu, 2007). Bourdieu diz que todo indivíduo dispõe do capital de origem e o capital de chegada, sendo que o primeiro refere-se à origem social do cidadão e o segundo à posição atual no espaço social. Ele exemplifica também os três tipos de capitais que podem influenciar na disparidade entre indivíduos. O capital econômico está relacionado com o poder financeiro, a quantidade de bens materiais que uma pessoa detém. O capital cultural é adquirido por meio do acesso a teatros, conhecimento de outras culturas, idiomas. O capital social referese ao prestígio e as redes sociais e grupos existentes num determinado ambiente. Tal capital pode trazer ao indivíduo certo status que pode assegurar a confiança dos mais ricos e pode servir como uma espécie de moeda de troca no espaço social. O capital social pode ser adquirido através de grupos sociais, como a família, escola, faculdade e outros (Bourdieu, 2007). Bourdieu (2007) defende a ideia de que o capital herdado pode favorecer ou não uma pessoa, dependendo de sua origem social. Ele também diz que o capital social (relações com outros) pode ser aumentado por meio de instituições como clubes, reuniões de família, associações de ex-membros de uma empresa e também por meio de grupos informais. Para ele, o capital escolar possuído presume o nível econômico e social da família de origem. Bourdieu (2007) afirma que o capital cultural e o capital escolar são complementares, pois os dois comprovam não só a habilidade, mas também comprovam a qualificação obtida para a execução da tarefa. O autor diz que apenas o diploma de nível superior não é suficiente para ter as melhores oportunidades de trabalho, visto que o capital social influi nesse aspecto. Ele acredita que indivíduos que tem um ciclo de amizades com renda maior que a média da população podem ter mais oportunidades de inserção no mercado de trabalho, obtendo melhores salários quando comparados a pessoas com o capital social mais reduzido. 6

3. Metodologia: Foram entrevistados 19 ex-alunos formados em Administração de Empresas em uma universidade privada, com renda familiar elevada, para analisar sua inserção no mercado de trabalho. Procurou-se analisar a trajetória percorrida por esses profissionais até alcançar o emprego atual. Dos 19 participantes, 16 estavam inseridos no mercado de trabalho e três, não. Os motivos para não estarem trabalhando no momento da entrevista serão abordados na análise dos resultados. Para realizar as entrevistas foi utilizado um roteiro de entrevista elaborado por Rodrigues (2012). Tal roteiro contém perguntas sobre a formação acadêmica, histórico profissional, assim como salário atual, dificuldades que os entrevistados encontraram durante a carreira profissional e a perspectiva futura sobre o seu próprio trabalho. As entrevistas foram feitas com um roteiro semi-estruturado, tendo uma duração média de 15 minutos e tiveram o áudio gravado para posterior transcrição. A partir dessas entrevistas foi possível obter conclusões que favorecem ou não as teorias do Capital Humano, Schultz(1973), e da Reprodução das desigualdades, de Bordieu (2007). 7

4. Análise dos Resultados A análise de resultados teve como objetivo mostrar quais fatores descritos por Bourdieu e Schultz foram recorrentes na pesquisa realizada com os 19 ex-alunos formados em Administração. A análise propõe mostrar quais foram os principais fatores que contribuíram para a vaga de trabalho atual ocupada pelos egressos de alta renda segundo a Teoria do Capital Humano de Schultz, e a Teoria da Reprodução das Desigualdades, de Bourdieu. Além disso, a pesquisa visa destacar aspectos percebidos pelos entrevistados que os favoreceram para a inserção no mercado de trabalho. 4.1. Inserção no Mercado de Trabalho: Perfil dos Entrevistados Com relação à situação profissional dos entrevistados cabe ressaltar que, dos 19 egressos do curso de administração, apenas três não estão trabalhando no momento da entrevista. Todos os demais egressos estavam trabalhando em empresas de pequeno, médio e grande porte, pertencentes a diferentes ramos. As remunerações recebidas oscilavam de R$ 1.500,00 à R$ 12.000,00 e os cargos/ funções exercidos variavam desde assistente até sócio, conforme representado no quadro abaixo: Entrevistad o Gênero Empresa Vínculo empregatíci o Ramo da empresa Cargo/ Função 1 F - - - - - Salário mensal 2 F Schuartz Sócia Doces Decoradora R$3.500,00 3 M Accenture CLT Consultoria Consultor R$5.500,00 4 F L oréal CLT Cosméticos Analista Pleno 5 F Lojas Americanas CLT Varejo Assistente de compras 6 M Rio 2016 CLT Esporte Analista sênior 7 M Partners CLT Material hospitalar 8 F Monte Carlos Jóias 9 F Chocolate Quente Gerente de vendas CLT Jóias Assistente de marketing R$3.600,00 Não informado Não informado R$4.500,00 R$1.500,00 Sócia Doces Comercial Ainda não tem renda 10 F Morsk Hydro CLT Alumínio Analista R$ 6.000,00 11 F Lojas Americanas CLT Varejo Compradora Não informado 8

12 M - - - - - 13 M HRD Participações 14 F Lojas Americanas 15 M XP Investimentos CLT Petróleo Analista de Relação com Investidores R$10.000,00 CLT Varejo Compradora Não informado CLT 16 F Mr.cat Contratada como PJ Mercado financeiro Calçados Comercial Gerente financeira 17 M Huawei CLT Telecom Administrado r de contratos R$3000,00 R$7.500,00 R$4.200,00 18 M - - - - - 19 M Excel Advisers Recebe apenas Bônus Quadro 1: Relação entre perfis profissionais. Mercado financeiro Coordenador R$12.000,00 Com base no quadro 1, todos os indivíduos são formados em Administração de Empresas entre os anos de 2009 e 2011, logo a faixa salarial reflete o nível de maturidade profissional desses egressos. Em sua teoria, Bourdieu (2007) afirma que classes sociais com renda mais alta têm mais facilidades de acesso a oportunidades do que indivíduos advindos de classes sociais com renda mais baixa. Boa parte dos entrevistados foi favorecida pelas indicações de familiares ou amigos a determinados postos de trabalho, facilitando assim o acesso ao mercado de trabalho. Tal fato confirma parte da teoria de Bourdieu, por mostrar que as classes sociais mais favorecidas têm a inserção no mercado de trabalho facilitada devido ao capital social herdado. Os três entrevistados desempregados têm experiência em média e grandes empresas. Um dos participantes está desempregado há um ano porque está se preparando para a entrada numa empresa pública, por meio de concursos públicos e, por isso, não está trabalhando. Os outros dois encontram-se desempregados há aproximadamente três meses. Uma entrevistada pediu demissão de uma empresa familiar para rever em qual área profissional ela mais se adequa, e o terceiro entrevistado saiu de uma empresa de grande porte há três meses e está procurando um novo trabalho. Na entrevista, ele mostrou muita confiança ao dizer que não ficaria desempregado por muito tempo, visto que suas qualificações o inseririam rapidamente no mercado de trabalho. 4.2. Inserção no Mercado de Trabalho: A Percepção dos Egressos 9

Nesse tópico serão abordadas variáveis que contribuíram para a empregabilidade desses entrevistados, assim como a percepção dos mesmos quanto aos fatores que impactaram na sua inserção no mercado de trabalho. Aspectos que contribuíram para o aumento de chances de obtenção de emprego serão abordados em subtópicos e embasados em ambas as teorias, do Capital Humano e a Reprodução das Desigualdades. Elementos como a indicação de amigos e familiares, cursos extracurriculares e o peso do diploma de certa IES são alguns dos itens discutidos abaixo. 4.2.1. A Rede de Relacionamentos Construída Quando perguntamos sobre como o entrevistado foi inserido no mercado de trabalho, grande parte enfatizou que indicações de amigos da faculdade e familiares contribuíram para a obtenção da vaga. Dentre os entrevistados, três disseram que foram beneficiados diretamente pelo network de amigos, colegas da faculdade e familiares: Foi uma amiga minha que também fazia Administração, ela me indicou e a gente começou a trabalhar lá no mesmo projeto. (E3) Eu tinha uns amigos que trabalhavam lá. (E15) Eu conheci uma pessoa, uma amiga, que trabalhava aqui e me chamaram para fazer a entrevista, gostaram e eu fui contratado. (E17) De acordo com Bourdieu (2007), estes exemplos relatam a chamada rede de relacionamento construída, descrita pelo autor. Essa rede de relacionamento é interligada ao capital social, já mencionado pelo autor e abordado nesse artigo. Bourdieu (2007) destaca que a qualidade desse relacionamento pode beneficiar indivíduos pertencentes às classes sociais de alta renda. Como observado, o ciclo de amizades adquirido dentro da universidade beneficiou os entrevistados por terem uma possibilidade de obtenção de melhores cargos e uma inserção mais facilitada no mercado de trabalho, uma vez que as empresas preferem contratar pessoas indicadas por seus funcionários. A universidade proporcionou aos entrevistados o ambiente para a construção de relacionamentos pessoais e profissionais que os favoreceram de certa forma, a obter as vagas de trabalho desejadas e esses relacionamentos, como consequência, aumentaram o capital social de tais indivíduos. 4.2.2. Pouca Experiência no Mercado e Empresa Familiar Alguns entrevistados iniciaram sua vida profissional nas empresas da família e, ao terem essa oportunidade, tiveram sua inserção no mercado de trabalho facilitada. Ao adquirirem experiência na empresa da família os entrevistados estavam mais aptos a concorrer a melhores vagas de trabalho. Os relatos seguintes ilustram essa realidade: Trabalhei com o meu pai uns três meses e depois eu fiz processo de trainee para a Bradesco Seguros. Passei. Fiquei mais ou menos um ano e depois me chamaram para voltar. (E10) 10

No segundo período eu já estava trabalhando com meu pai. E ia fazendo estágios ao mesmo tempo. Na verdade eu sempre estava na empresa dele, sempre vendo as coisas acontecendo e tal, mas assim trabalho efetivo mesmo faz uns três anos para cá que eu tenho trabalhado assim sem sair. (E19) Bordieu (2007) considera que as oportunidades dos indivíduos de alta renda são maiores e melhores do que dos indivíduos de baixa renda; para o autor a mobilidade social não existe. Os entrevistados que trabalharam e os que continuam trabalhando na empresa da família disseram que conseguiram adquirir uma boa bagagem de conhecimento e experiência prática, o que pode ser descrito como um fator facilitador para a obtenção de outras vagas de trabalho. 4.2.3. A Reputação da Universidade Cursada A maioria dos entrevistados enfatizou que a instituição onde cursaram a graduação em administração de empresas contribuiu de forma positiva ao favorecê-los em entrevistas de emprego. Alguns deles disseram que o peso do diploma de graduação dessa IES no Rio de Janeiro serviu como porta de entrada para o mercado de trabalho, em virtude da credibilidade dessa universidade em relação ao mercado de trabalho. As falas seguintes ilustram essa percepção: Na época que eu estagiava lá na empresa Z, que eu trabalhava no RH, a gente recebia muitos currículos e a gente fazia a triagem né, então assim, minha chefa geralmente falava se não for da X ou da W, nem vê. Sabe, eles só separam os alunos da X, então assim, os alunos da universidade X tem muito peso no currículo. (E1) Eu acho que ajudou sim. Porque eu fiz dois anos de Comunicação na universidade X, antes de entrar em Administração. Eu achei que Administração me deu uma base muito maior. (E4) Tem uma hora que a pessoa vai fazer a triagem de currículo e a universidade X vai ter muito mais vantagem que uma universidade Y, isso vai te ajudar a ser chamado para o processo. (E6) A universidade X realmente ajudou, porque tem muita empresa que já conta quando vê que faculdade você faz e isso realmente é a porta de entrada. Fora o conteúdo, eu tinha um bom aprendizado lá. (E11) Essas declarações reforçam a teoria de Bourdieu (2007) referente ao capital cultural herdado, pois boa parte dos estudantes da IES citada é oriunda de famílias ricas no Rio de Janeiro, que tem um acesso mais fácil a meios privilegiados, pois detém um capital econômico e social elevado. 4.2.4. A Importância do Investimento em Educação Muitos entrevistados apontaram que apenas o diploma de graduação não é suficiente para o atingimento de expectativas e objetivos profissionais. Em função disso, alguns deles estão buscando uma especialização, como CBA e MBA, para obter maior diferenciação no mercado de trabalho. Tal atitude explicita e confirma a Teoria do Capital 11

Humano de Schultz que mostra que a instrução funciona como um investimento no capital humano que gera rendas, ou seja, salário futuro. O fato dos egressos buscarem cursos de extensão como forma de especialização mostra que, de certa forma, isto serve como um elemento que agrega valor ao profissional, podendo gerar rendas maiores do que as atuais. Eu acho assim, no mercado que a gente está hoje em dia para você alcançar um cargo mais elevado o diploma, apesar de ser o diploma da X, eu acho que sempre precisa de um acréscimo. Então estou fazendo um CBA no Y em Marketing. (E1) Só o diploma de graduação não. Por isso que eu estou no MBA, por isso que eu estou fazendo outros cursos. (E17) Estou fazendo MBA em Finanças Corporativas. É porque você sempre tem que estudar, senão você fica parado e as pessoas que estão fazendo vão acabar passando você. (E19) A motivação de obter mais qualificações que esses entrevistados mostraram é explicada por Schultz (1973) na Teoria do Capital Humano, ao afirmar que o indivíduo que possuí uma instrução secundária tem a possibilidade de ser mais resiliente à mudanças que uma pessoa de instrução primária. Tal capacidade de adaptação é apreciada pelo mercado de trabalho e os entrevistados percebem isso. Por isso, ao buscar a qualificação, eles têm a motivação de encontrar melhores oportunidades de trabalho para obterem maior retorno, tanto em salário quanto em melhores condições de trabalho. 4.2.5. Motivação para a Escolha do Curso Dentre os motivos mais citados pelos entrevistados com relação à escolha da graduação em Administração de Empresas, estão: a continuação dos negócios da família, oportunidade de investir em um negócio próprio e a indecisão na hora de escolher o curso. Alguns entrevistados ressaltaram que escolheram cursar a faculdade de Administração de Empresas para dar continuidade aos negócios da família, com o objetivo de aprenderem, durante a graduação, métodos que auxiliam o gerenciamento e a continuidade da empresa. Os relatos seguintes mostram essa motivação: Foi mais por essa questão mesmo do meu pai já ter uma empresa e eu sempre pensei em trabalhar junto com ele nisso. Fazer a empresa crescer. Esse daí foi o principal motivo de eu fazer um curso tão abrangente. (E3) O fato de já ter a empresa na família, mas eu sempre gostei dessa coisa de comércio e tudo. (E7) Eu nunca pensei em trabalhar para alguém, sempre pensei em ter o meu próprio negócio ou dar continuidade a empresa da minha família. Então esse foi mais ou menos o motivo de eu ter encarado a faculdade de Administração. (E19) Nas palavras de Bourdieu (2007) pode-se ver claramente a relação entre a origem da classe social e a determinada escolha para tais entrevistados: A correlação entre uma prática e a origem social-avaliada pela posição do pai, cujo valor real pode ter sofrido uma degradação dissimulada pela constância do valor nominal- é a resultante de dois efeitos (não forçosamente 12

do mesmo sentido): por um lado, o efeito de inculcação diretamente exercido pela família ou pelas condições originais de existência; por outro, o efeito de trajetória social apropriadamente dita, ou seja, o efeito exercido sobre as disposições e as opiniões pela experiência da ascensão social ou do declínionesta lógica, a posição de origem é apenas o ponto de partida de uma trajetória, a referência em relação à qual define-se o sentido da carreira social. (Bourdieu, 2007, p.105) 5. Discussão dos Resultados e Conclusões A partir das análises das 19 entrevistas, pode ser feita algumas constatações quanto as teorias abordadas, a Teoria do Capital Humano, de Schultz(1973), e a Teoria da Reprodução das desigualdades, de Bourdieu(2007). Todos os entrevistados têm pelo menos dois fatores em comum, eles são oriundos de classes sociais com renda elevada e eles cursaram a graduação em administração de empresas em uma renomada IES no Rio de Janeiro. Primeiro, pode-se constatar que a maioria dos entrevistados estão empregados e, na percepção dos mesmos, não tiveram dificuldade de encontrar o primeiro estágio ou emprego. Por terem uma condição econômica elevada e estudarem numa IES de prestígio, tais entrevistados foram beneficiados pelos capitais econômicos e sociais abordados por Bourdieu (2007), facilitando a obtenção do primeiro emprego e corroborando a Teoria da Reprodução das Desigualdades. Quanto à Teoria do Capital Humano, pode-se extrair das entrevistas partes que corroboram a teoria de Schultz (1973) quando trata da instrução como um investimento no capital humano. Vários entrevistados acreditam que o diploma universitário possibilitou a abertura de várias oportunidades de trabalho, além de aprimorar as habilidades pessoais. Os entrevistados relataram também a importância de se investir na educação e se especializarem na área de maior interesse. Muitos deles atualmente estão fazendo MBA, CBA e outros cursos de especialização com o objetivo de agregarem valor ao capital humano para gerarem salários maiores e posições de trabalho melhores. Para Schultz (1973) quanto maior o investimento feito por um indivíduo para obter instrução maior será a taxa de retorno em forma de salários futuros. Ele acredita ainda que esse investimento contribui para o bem estar individual, assim como das famílias. 13

Referências Bibliográficas 1. BOURDIEU, P. A Distinção. Porto Alegre: Editora Zouk, 2007 2. LEMOS, A. H. C.; DUBEUX, V.J.D.; PINTO, Mario. Empregabilidade dos Jovens Administradores: Uma Questão Meritocrática ou Aristocrática? BBR. Brazilian Business Review (Edição em português. Online), v. 8, p. 94-115, 2011. 3. LEMOS, A. H. C.; DUBEUX, V.J.D.; PINTO, Mario. Educação, Empregabilidade e Mobilidade Social: Convergências e Divergências. Cadernos EBAPE.BR (FGV. Online), v. 7, p. 369-384, 2009. 4. RODRIGUES, P. R. F. Inserção no mercado de trabalho de alunos bolsistas: qual o valor do diploma universitário? Rio de Janeiro, 2012. 5. SCHULTZ, T. W. O Valor Econômico da Educação. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973. 14