A RELAÇÃO ENTRE A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DE ALFENAS- MG E A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PRESTADA AOS ALUNOS DA CIDADE



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Transcrição:

A RELAÇÃO ENTRE A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DE ALFENAS- MG E A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PRESTADA AOS ALUNOS DA CIDADE Larissa da Silva Barbosa lariibarbosa@ig.com.br Geografia Bacharelado - UNIFAL-MG Ana Rute do Vale ana.vale@unifal-mg.edu.br Docente do curso de Geografia - UNIFAL-MG 967 Resumo No Brasil, a exclusão social sempre se refletiu no grau de escolaridade da população, fator esse que impede que grande parte da população do país seja mais produtiva. A maior defasagem é no ensino superior, especialmente nas universidades públicas, onde a dificuldade do acesso é promovida pelos exames de seleção, apesar das políticas federais vigentes (PROUNI, ENEM), que visam esse acesso aos alunos de escolas públicas. No caso do município de Alfenas (MG), onde localizam-se duas universidades - UNIFAL-MG (federal) e UNIFENAS (particular) -, a situação não é diferente, sobretudo em relação à população de baixa renda do próprio município que, em geral, se sente excluída do mundo universitário. Por meio da PRACE (Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis), as ações de assistência estudantil desenvolvidas pela UNIFAL-MG, baseadas no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), são as seguintes: criação de programas e auxílios que favoreçam a permanência dos estudantes na universidade; incentivo às suas proposições acadêmicas e proposição de políticas de incentivo à qualidade de vida de toda a comunidade acadêmica. A universidade possui 73 cursos e 6.664 alunos (campis de Alfenas, Varginha e Poços de Caldas), sendo 945 bolsistas assistenciais e 649 apenas no campus sede, - 1 em cada 7 universitários (PRACE, 2013). Partindo dessa situação, nosso trabalho tem como intuito relacionar a política de assistência estudantil da UNIFAL-MG à desigualdade socioespacial, a partir da distribuição espacial dos alunos alfenenses que são assistidos por algum tipo de bolsa-auxílio, buscando

comprovar se esses residem em regiões da cidade socioeconomicamente menos favorecidas. Palavras-chave: assistência estudantil; UNIFAL-MG; segregação socioespacial. Eixo 7: Geografia Urbana Introdução Com a adesão do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como forma de acesso ao ensino superior por parte das universidades brasileiras, pessoas de diversas partes do Brasil puderam se deslocar de suas cidades e frequentar universidades públicas em diferentes regiões do país. Essa mobilidade trouxe a necessidade de aumentar o número de bolsas assistenciais para manter os alunos matriculados nas universidades públicas. Dessa forma, sugiram políticas federais em vigência cujo objetivo é permitir esse acesso aos alunos de escolas públicas. No caso do município de Alfenas (MG), que possui uma população total de 73.774 habitantes distribuídos em uma área de 846,9 Km², e uma densidade demográfica de aproximadamente 89,6 hab/km², com uma taxa de crescimento anual de 3,16% (IBGE, 2010), essa situação merece ser investigada. Desse total de população, os estudantes das duas universidades localizadas no município: UNIFAL- MG (Universidade Federal de Alfenas) e UNIFENAS (Universidade José do Rosário Vellano - particular), mais a população rural corresponde a 15% da população total, uma parcela significativa. Porém, além desses alunos que representam parte da população flutuante do município, têm-se também os universitários alfenenses, que necessitam desses auxílios da mesma forma. Na realidade, população de baixa renda do município que, em geral, se sente excluída do mundo universitário, pois mesmo vivendo no local de origem seria difícil, dependendo do curso escolhido, trabalhar e estudar. Diante de tal situação, por meio da PRACE (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis), as ações de assistência estudantil da UNIFAL-MG, amparadas no Decreto Nº 7.234, de 19 de julho de 2010, que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) são as seguintes: criação de programas e auxílios que favoreçam a permanência dos estudantes na universidade; incentivo às suas proposições acadêmicas e proposição de políticas de incentivo à qualidade de vida de toda a comunidade acadêmica da UNIFAL-MG. No total, a universidade possui 73 cursos e 6.664 alunos (distribuídos entre os campi de Alfenas, Varginha e Poços de 968

Caldas) e dentre esses, 945 possuem bolsas assistenciais (PRACE, 2013). Para se possa ter uma ideia melhor da importância dessa política, a cada 7 estudantes, 1 recebe o auxílio apenas no campus sede, onde 649 alunos são bolsistas. Por outro lado, o processo de urbanização intensa (93,8%, segundo o IBGE, 2010) e êxodo rural, contribuíram para aumentar as desigualdades socioespaciais e a consequente periferização do espaço urbano do município de Alfenas. Essa população representa boa parte dos excluídos socialmente, inclusive, do ensino superior. Tornase necessário, portanto, compreender o perfil desses estudantes, inclusive do ensino médio, se possuem aspirações sobre seu ingresso na UNIFAL-MG e permanência, caso consigam se inserir também na política de assistência estudantil da mesma. Assim sendo, a relevância atual do tema com as novas políticas de cotas e a necessidade de melhoria da distribuição das bolsas assistências, motivaram a escolha do tema, assim como a falta de trabalhos nesse campo sobre o município de Alfenas, como em todo o Sul de Minas. 969 Objetivos Nosso trabalho pretende relacionar a política de assistência estudantil da UNIFAL-MG à desigualdade socioespacial, a partir da distribuição espacial dos alunos alfenenses assistidos. Para tanto, bucaremos: a) levantar o número total de alunos da UNIFAL-MG e o número dos que residem em Alfenas e que são assistidos pela PRACE, de acordo com os diferentes auxílios que são oferecidos; b) relacionar a assistência estudantil à organização espacial da cidade; c) identificar os processos de periferização da cidade; d) compreender os requisitos básicos para receber a bolsa; e) diagnosticar as perspectivas dos alunos do ensino médio das escolas públicas de Alfenas com relação ao ensino superior. Fundamentação Teórica Para este trabalho serão utilizadas definições como de Corrêa (1995) sobre o espaço urbano, a de Del Pino (2000) sobre o reflexo das desigualdades sociais no espaço urbano, a de Pochmann (2004) em relação ao subdesenvolvimento brasileiro e as de Villaça (2001) e Chaveiro (2007) sobre periferia. Esses autores e suas definições serão utilizadas na parte do projeto que diz respeito ao mapeamento e compreensão da organização espacial de Alfenas, além é claro, da Leitura Técnica para elaboração do Plano Diretor Participativo do município de Alfenas (PREFEITURA MUNICIPAL DE ALFENAS, 2006). Em relação às políticas assistencialistas serão

utilizados trechos da Constituição de 1988, que corroboram o direito do cidadão à educação pública de qualidade, assim como seu direito ao auxílio para sua permanência na Instituição de Ensino Superior. No que tange às políticas de ação afirmativa, sua função no combate as desigualdades e seu processo de formação e aplicação no Brasil e no mundo, serão utilizados conceitos de Santos (2012), Vasconcelos (2010) e Santiago (2008). Também servirá como base teórica para o trabalho o artigo de Cislaghi e Silva (2011) onde os mesmos discutem a criação e desdobramentos das bolsas de auxílio estudantil, assim como o do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência de estudantes nas instituições de educação superior. 970 Metodologia O trabalho proposto irá se desenvolver a partir dos seguintes procedimentos: 1. Será realizada uma pesquisa e feita revisão bibliográfica (livros, artigos e teses) em bibliotecas virtuais de universidades, institutos e revistas eletrônicas, bem como nas bibliotecas da UNIFAL-MG de modo a utilizar conceitos, estudos e análises condizentes ao tema do trabalho, como desigualdade social, urbanização, exclusão sócio-espacial e sobre políticas assistencialistas no Brasil e no mundo; 2. Coleta de dados: a) primários: entrevistas com membros do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UNIFAL-MG, buscando compreender o que objetivam os protestos assim como as mudanças que já foram alcançadas devido a essa mobilização; aplicação de questionários semi estruturados junto aos estudantes do Ensino Médio de escolas públicas de Alfenas, para melhor entender o baixo número de Alfenenses matriculados na universidade pública. b) secundários: coleta de dados junto a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE) da UNIFAL-MG em relação a número de estudantes Alfenenses que são atendidos pelas bolsas assistencialistas, assim como a localização de suas residências. 3. Organização e análise dos dados coletados. 4. Execução de atividades técnicas: mapear a localização das residências onde moram estudantes da UNIFAL-MG que são atendidos pelas bolsas. 5. Elaboração do trabalho final, indicando as conclusões obtidas durante o projeto. Resultados Esperados

Considerando que esse trabalho é fruto de uma pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso, que por ainda encontrar-se em andamento, apresentará apenas resultados parciais. A partir desta pesquisa pretendo verificar se as bolsas de assistência estudantil da UNIFAL-MG são distribuídas para alunos que moram em áreas periféricas da cidade de Alfenas, assim como entender no que essa bolsa ajuda para a permanência desse aluno na universidade. Outro aspecto que pretendo explorar durante a pesquisa é a desmotivação dos alunos do ensino médio de escolas públicas de Alfenas em relação à universidade, se eles têm conhecimento das políticas de assistência estudantil, e independente da resposta, o que os desmotiva. 971 Referências CISLAGHI, J. F.; SILVA, M. T. Plano nacional de assistência estudantil e a expansão de vagas nas universidades federais: Abrindo o debate. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO. Florianópolis, SC, UFSC. 2011. Disponível em: http://www.5ebem.ufsc.br/trabalhos/eixo_09/e09d_t011.pdf CHAVEIRO, E. F.; ANJOS, A. F. A periferia urbana em questão: um estudo socioespacial de sua formação. Boletim Goiano de Geografia. v. 27 n. 2 p. 181-197. Goiania, 2007. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg/article/view/2663 CORRÊA, R. L. O espaço urbano. 3ᵃ ed., São Paulo: Ática, 1995 (Série Princípios). Disponível em: http://reverbe.net/cidades/wp-content/uploads/2011/08/oespacourbano.pdf PINO, Mario del. Capiítulo IV: Política educacional, emprego e exclusão social. Coordenadores: Pablo Gentili e Gaudêncio Frigotto. La Ciudadania Negada. Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, p. 65-89. Buenos Aires, 2000. Disponível http://biblioteca.clacso.edu.ar/ar/libros/educacion/educacion.html PREFEITURA MUNICIPAL DE ALFENAS. Plano Diretor Participativo de Alfenas (MG). Leitura Técnica. Alfenas: Secretaria de Planejamento e Coordenação, 2006. em:

POCHMANN, M. Proteção social na periferia do capitalismo: considerações sobre o Brasil. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, vol.18, n. 2, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-88392004000200002&script=sci_arttext SANTIAGO, N.E.A.; NORBERTO, A.P.; RODRIGUES; S.M.C. O Direito à inclusão: implantação de políticas de ações afirmativas nas IES públicas brasileiras experiência na UFC. Revista Pensar, Fortaleza, v. 13, n. 1, 2008, p. 136-147. Disponível em: http://ojs.unifor.br/index.php/rpen/article/view/809 SANTOS, A. P. Itinerário das ações afirmativas no ensino superior público brasileiro: dos ecos de Durban à Lei de cotas. Revista de Ciências Humanas, Viçosa, v.12, n.2, 2012, p.289-317. 972 VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel/FAPESP: Lincoln Institute, 2001. VASCONCELOS, N. B. Programa nacional de assistência estudantil: uma análise da evolução da assistência estudantil ao longo da história da educação superior no Brasil. Ensino Em-Revista, Uberlandia, v.17, n.2, 2010, p. 599-616. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/11361