UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS DOM PEDRITO CURSO DE BACHARELADO EM ENOLOGIA ISADORA CASSIANO LÍVIA CASTILHOS LUCAS SIMÕES



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS DOM PEDRITO CURSO DE BACHARELADO EM ENOLOGIA ISADORA CASSIANO LÍVIA CASTILHOS LUCAS SIMÕES VITICULTURA DE QUALIDADE: DA FECUNDAÇÃO À COLHEITA Dom Pedrito - RS 2014

ISADORA CASSIANO LÍVIA CASTILHOS LUCAS SIMÕES VITICULTURA DE QUALIDADE: DA FECUNDAÇÃO À COLHEITA Projeto apresentado à disciplina de Viticultura de Qualidade, do Curso de Bacharelado em Enologia, da Universidade Federal do Pampa, Campus Dom Pedrito. Professor: Dr. Norton Victor Sampaio. Dom Pedrito RS 2014

Índice de Figuras Figura 1: Antracnose... 12 Figura 2: Míldio... 13 Figura 3: Oídio... 14 Figura 4: Botrytis cinerea... 15 Figura 5: Glomerella cingulata... 16

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 5 2 OBJETIVOS... 5 3 A VIDEIRA... 5 4. CICLO DA VIDEIRA: DA FECUNDAÇÃO À COLHEITA... 6 4.1 FECUNDAÇÃO... 6 4.2 FRUTIFICAÇÃO... 6 4.3 MATURAÇÃO... 7 4.4 COLHEITA... 7 4.4.1 Tipos de Colheita.... 8 4.4.2 Colheita Manual... 8 4.4.3 Colheita Mecânica... 9 4.5 APÓS COLHEITA... 9 5 MENEJO DO VINHEDO... 10 5.1 Poda Verde... 10 5.1.1 Desbrota e Esladroamento... 10 5.1.2 Desfolha... 11 5.1.3 Desponte... 11 6 PRINCIPAIS DOENÇAS: DA FECUNDAÇÃO À COLHEITA... 11 6.1 Antracnose - Elsinoe ampelina... 11 6.2 Míldio - Plasmopara viticola... 12 6.3 Oídio - Uncinula necator... 13 6.4 Podridão cinzenta da uva - Botryotinia fuckeliana (Botrytis cinerea)... 14 6.5 Podridão da uva madura - Glomerella cingulata... 15 6.6 Principais Produtos Utilizados para as Doenças:... 16 7 CONCLUSÃO... 17 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 17

1 INTRODUÇÃO A produção de uvas para elaboração de vinhos está em crescimento gradual no Brasil, principalmente quando se refere à novas regiões. Embora o consumo per capita brasileiro seja considerado baixo, o aumento na qualidade dos produtos vem sendo buscada como forma de estimular e potencializar o mercado consumidor. Elaborar bons vinhos envolve diversos fatores, contudo a qualidade da matériaprima (uvas) é essencial. Sabe-se que a partir dos frutos obtidos irão se tomar decisões muito importantes que acarretarão diretamente na lucratividade do empreendimento vitivinícola. Atualmente, existem técnicas capazes de garantir uma boa safra, não podendo desconsiderar as características edafoclimáticas que regem cada região vitícola. 2 OBJETIVOS Orientar os acadêmicos sobre os princípios básicos que envolvem o desenvolvimento dos frutos, proporcionando maior discernimento para aturem de maneira eficiente no vinhedo, ocasionando em uma vindima de melhor qualidade. 3 A VIDEIRA A videira pode ser definida como uma planta lenhosa perene, sendo assim, seu desenvolvimento se dá através de um ciclo vegetativo anual (Hidalgo, 1999). Desta forma, pode-se dividir este ciclo anual em: Ciclo Vegetativo e Ciclo Reprodutivo. Segundo Galet (1993), no ciclo vegetativo é que a videira forma os ramos herbáceos e as folhas necessários para o desenvolvimento das bagas e dos outros órgãos da planta. Já o ciclo reprodutivo compreende a formação e o desenvolvimento das inflorescências, sua fecundação e o crescimento e elongação de bagas e cachos. O principal evento deste ciclo, do ponto de vista mercadológico, é a formação e crescimento em volume das uvas. O ciclo reprodutivo se estende até a colheita das uvas. Na videira, assim como na maioria das espécies frutíferas, o balanço entre a carga de frutas (dreno) e a área foliar adequadamente iluminada (fonte) influencia a quantidade e a qualidade da produção. O equilíbrio entre estes dois parâmetros é determinante para a composição e a maturação equilibrada dos polifenóis totais das

bagas e do mosto. Pode-se manter o equilíbrio na relação fonte: dreno por meio de técnicas de manejo do vinhedo como podas, remoção de folhas ou raleio de cachos (Reynolds & Wardle, 1989; Amati et al., 1994; Mescalchin et al., 1995). A radiação solar, a temperatura do ar, a precipitação, seja ela pluviométrica, geada ou granizo e a umidade relativa do ar são os elementos meteorológicos de maior influência sobre o desenvolvimento, produção e qualidade da uva. Essa influência ocorre em todos os estádios fenológicos da videira, ou seja, desde o repouso vegetativo (inverno), brotação, floração, frutificação, crescimento das bagas (primavera), maturação (verão) até a queda das folhas (outono) (MANDELLI, 2009). 4. CICLO DA VIDEIRA: DA FECUNDAÇÃO À COLHEITA 4.1 FECUNDAÇÃO A fecundação da videira é anemófila (feita pelo vento), ocorrendo de uma flor para outra (Hidalgo, 1999), podendo também ser entomófila, onde insetos são os principais vetores. Desta forma, pode-se dizer que as flores são hermafroditas, pois possuem o órgão feminino (gineceu-pistilo) e o órgão masculino (androceu-estames) (VALDUGA, 2005). Sellmer (2010) descreve que na floração uma brisa ligeira é favorável à disseminação do pólen e para que a fecundação seja eficaz a temperatura ambiente deve estar ao redor de 20 a 25, porém temperaturas elevadas (acima de 32 C) são prejudiciais para a formação das flores, podendo causar desavinho (acidente fisiológico em que não ocorre a transformação das flores em fruto), contudo temperaturas baixas causam o lento desenvolvimento do tubo polínico, que em alguns casos poderá não atingir o óvulo, e conseqüentemente, não haver fecundação. O boro e o potássio, além de outro elementos, estimulam a produção dos frutos (IAC). Sucintamente, a fecundação dá-se início quando o ovário é polinizado, originando assim a frutificação e o desenvolvimento dos frutos. 4.2 FRUTIFICAÇÃO Pelo balanço da frutificação, pode-se prever a quantidade de uvas a ser colhida; também antes e durante o florescimento pode-se estimar a produção, pelo número de inflorescências formadas; entretanto, o somatório de flores, e posteriormente de bagas,

por cacho é um método mais seguro. A porcentagem de frutificação varia com a espécie, o clone, o porta-enxerto, o conteúdo de água e de minerais, o período do ano, etc. (IAC) 4.3 MATURAÇÃO Após o florescimento, com a fecundação (ou a estenoespermocarpia ou a partenocarpia) e o relativo estímulo hormonal, o ovário da flor inicia a divisão celular e o próprio crescimento, isto é, a formação do fruto. É também oportuno constatar que, como para o florescimento, o processo de frutificação não é uniforme na planta, assim como as brotações e a formação dos cachos, e que o fenômeno segue o mesmo caminhamento de antes. Com a frutificação, os grãos começam a crescer, mas este crescimento não é contínuo, nem regular com o tempo. A maturação tem duração em torno de 35 à 55 dias e este processo aumenta o acúmulo de açúcares nos frutos e diminui os ácidos existentes. A maturação é determinada muito em função do clima, desta forma é necessário o planejamento do vinhedo, considerando a cultivar e a qual produto será destinada esta uva. 4.4 COLHEITA O cacho de uva é monitorado durante toda a fase de maturação e o ponto exato para essa ser colhida será na sua máxima expressão do seu potencial de qualidade em determinada safra ou região. Deste modo, devem ser adotados procedimentos durante a colheita como: I. Colher as uvas pela manhã, evitando as horas mais quentes do dia e reduzindo assim o calor de campo, indesejável para as fases iniciais de elaboração dos vinhos; II. Proceder à colheita manual, que preserva mais a integridade física da uva, em relação à colheita mecânica; III. Proceder à seleção da uva colhida, de modo a vinificar lotes semelhantes e sem problemas de podridão ou de desuniformidade de maturação.

IV. Acondicionar a uva colhida em caixas plásticas especiais, limpas, com capacidade máxima de 20Kg; V. Manter a uva colhida à sombra e manuseá-la o menos possível; VI. Evitar transportes a longas distâncias, bem como a utilização de veículos de transporte que trepidem ou sacolejem demasiadamente, danificando e reduzindo a qualidade da uva; VII. Se possível, resfriar rapidamente a uva na vinícola, antes do esmagamento da mesma. Este procedimento tem a vantagem de reduzir a atividade enzimática oxidativa na fase de esmagamento e prensagem, limitando o desenvolvimento e a ação de bactérias acéticas. A conseqüência é a limitação da produção de acidez volátil e a preservação da qualidade do vinho (EMBRAPA UVA E VINHO, 2003). 4.4.1 Tipos de Colheita. As uvas podem ser colhidas manualmente ou mecanicamente a falta de mão-deobra levou, em 1960, a criação de colheitadeiras mecânicas, porém cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens. 4.4.2 Colheita Manual A colheita manual é a mais tradicional, é um trabalho penoso e delicado, devem-se ter cuidados como utilizar ferramentas adequadas para que as uvas sofram o menor dano possível. Para o corte dos cachos devem realizar-se com tesouras leves de podar, eliminando as bagas e cachos que estejam verde, infectadas ou rachadas. 4.4.2.1 Vantagem e Desvantagem Tem vantagem nas seleções das uvas, selecionando somente as de melhores estados fitossanitários e de maturação, além de poder colher em qualquer condução e para qualquer destino da uva (consumo in natura e para processamento). Como desvantagem

tem a falta de mão de obra qualificada para o processo, o tempo gasto e o aumento no custo. 4.4.3 Colheita Mecânica Surgiu nos Estados Unidos nos anos sessenta por causa da falta de mão de obra. Esta forma não é tão popular e é utilizada exclusivamente em vinhas de grandes dimensões, no Brasil apenas uma empresa tem essa máquina para colher e esta se encontra na Região da Campanha no Rio Grande do Sul. 4.4.3.1 Vantagem e Desvantagem Como vantagem essa vindima possibilita à colheita a noite que é quando as uvas estão frescas, necessita-se apenas de dois operadores e substitui 60 trabalhadores em uma hora de trabalho, além de reduzir em cerca de 45% das despesas. Apresenta como desvantagem a possibilidade de perder 10% da colheita, não seleciona os cachos, necessita-se de uma condução adequada para a máquina poder colher, para vindimas de pequeno porte é desvantajoso, pode ocorrer rupturas das bagas durante o processo iniciando uma fermentação antecipada que pode afetar na qualidade o produto. 4.5 APÓS COLHEITA Após a colheita da uva existem procedimentos a serem tomados que são muito importantes na vida da planta e no desenvolvimento vegetativo do ciclo seguinte. Dentre desses cuidados cita-se tratamentos fitossanitários, adubação e semeadura de cobertura verde. A tabela 1 determina a absorção de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio em cada fase do ciclo vegetativo. Demonstrando a importância da adubação pós-colheita, pois os nutrientes absorvidos após a colheita, não migram para as folhas, mas para os órgãos permanentes e servirá para suprir a necessidade inicial quando as raízes absorvem menos nutrientes do que a planta necessita.

Elemento Brotação a floração (%) Floração (%) Final da floração ao inicio da maturação (%) Inicio da maturação a colheita (%) Póscolheita (%) Nitrogênio 14 14 38-34 Fósforo 16 16 40-28 Potássio 15 11 50 9 15 Cálcio 10 14 46 8 22 Magnésio 10 12 43 13 22 A manutenção de cobertura verde no solo (Adubação verde) desempenha papel importante na conservação do solo e na fertilidade do solo, por melhorar o controle da erosão, manter a fertilidade, aumentar a porosidade devido à penetração das raízes e sua decomposição, aumentar o teor de matéria orgânica, melhorar a atividade biológica, além da possibilidade de diminuir o uso de herbicidas. Várias espécies podem ser utilizadas para este fim, como aveia preta, ervilhoca, nabo forrageiro e azevém (SANTIN, 2012). 5 MENEJO DO VINHEDO 5.1 Poda Verde A poda verde é efetuada com o objetivo de complementar a poda seca da videira e de melhorar o equilíbrio entre a vegetação e os órgãos de produção. No manejo do dossel, a poda verde é uma de suas principais atividades. Ela consiste na desbrota, no esladroamento, na desfolha e na desponta de ramos, quando forem verdes ou herbáceos (EMBRAPA, 2003). 5.1.1 Desbrota e Esladroamento Eliminar órgãos frutíferos ou não; reduzir os riscos de infecção de doenças fúngicas como o míldio e a podridão do cacho; reduzir os riscos da fitotoxicidade de herbicidas sistêmicos; preparar as operações da poda seca, de maneira a reduzir o tempo para a execução dessa prática; auxiliar no estabelecimento das plantas como complemento da formação de inverno.

5.1.2 Desfolha Aumentar a temperatura, a insolação e a aeração na região dos cachos; melhorar a coloração e a maturação das bagas; reduzir a incidência das podridões do cacho; favorecer a penetração dos fungicidas no dossel vegetativo e nos cachos. 5.1.3 Desponte Consiste na eliminação de uma parte da extremidade do ramo em crescimento, tendo por principais efeitos diminuir a incidência do desavinho, diminuir a incidência do desavinho, melhorar as condições de insolação e de aeração e manter um porte ereto dos ramos. 6 PRINCIPAIS DOENÇAS: DA FECUNDAÇÃO À COLHEITA As principais doenças que precisam de uma maior atenção durante a fase de floração compreendendo até a maturação da baga são a Antracnose, Míldio, Oídio e Podridões do cacho. 6.1 Antracnose - Elsinoe ampelina A antracnose é também conhecida como varola, negrão, carvão e olho-depassarinho. Os cachos são suscetíveis à antracnose desde a sua formação até o inicio da maturação. As lesões no ráquis e nos pedicelos são semelhantes a que ocorrem nos brotos. Nas inflorescências causa a seca, escurecimento e a queda dos botões florais. O fungo hiberna nas lesões existentes nos sarmentos e durante a primavera quando ocorrer um período úmido por 24 horas e temperaturas acima de 2ºC produz muitos esporos, conídios. Os conídios são projetados para as partes verdes da planta através da água livre ou chuva de no mínimo 2 mm. Além de causar perdas de produção, pode afetar toda a parte aérea da planta comprometendo seu desenvolvimento nos anos subseqüentes. O patógeno ataca todos os tecidos verdes e jovens da videira como as folhas, ramos, pecíolos, gavinhas, inflorescência e frutos, ocasionando perdas que podem chegar a 100%, caso medidas de controle não sejam tomadas. Outro dano

observado é baixo vigor das plantas que foram atacadas no ano anterior, vindo a comprometer a safra seguinte. A fase crítica é no inicio da brotação onde o controle é indispensável, a severidade da doenças depende principalmente das condições locais de alta umidade e exposição a ventos frios. O controle preventivo é tomado para evitar ou minimizar o risco de ocorrência desta doença, algumas medidas preventivas são evitar o plantio em lugares com alta umidade e em terrenos expostos a ventos frios; utilizar material vegetativo sadio; durante a poda de inverno eliminar o maior número possível de sarmentos com lesões de antracnose; fazer tratamentos de inverno com a calda sulfocálcica a 4º Baumé; durante o período vegetativo aplicar fungicidas recomendados para o controle desta doença iniciando quando a brotação estiver de 5 a 10 cm de comprimento e seguir até que as condições climáticas sejam favoráveis ao desenvolvimento da doença (temperatura mínima de 18ºC) (SANTIN, 2013). Figura 1: Antracnose Fonte: Google Imagens. 6.2 Míldio - Plasmopara viticola Principal doença fúngica em áreas tropicais é também conhecida como mofo ou mufa e pode causar perdas de até 100% na produção. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do pseudofungo são temperaturas de 20ºC a 25ºC e umidade relativa do ar elevada. A presença de água livre na superfície dos tecidos vegetais sejam provenientes de chuvas, orvalhos ou gutação é indispensável para que ocorra a infecção. O patógeno afeta todas as partes verdes da planta. Os cachos são atacados desde antes da floração até o início da maturação. Quando o patógeno atinge as flores ou os frutos até o estádio de chumbinho, observa-se escurecimento do ráquis, o cacho pode ficar recoberto por uma massa branca, secar e cair. Nas bagas mais

desenvolvidas, o fungo penetra pelos pedicelos e se desenvolve no seu interior, tornando-às escuras, duras, com superfície deprimida, destacando-se facilmente do cacho (EMBRAPA UVA E VINHO, 2005). O ataque do míldio sobre a inflorescência (antes da floração) ou no cacho recém formado (logo após a floração), causa perda elevada de produção. Quando ocorre sobre a inflorescência a danifica deixando-a em forma de gancho. Na floração o patógeno provoca o escurecimento e destruição das flores afetadas. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas, o fungo penetra pelos estômatos causando o escurecimento e secagem destes órgãos, observando-se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo (SANTIN, 2013). O controle preventivo do míldio deve ser iniciado com a escolha do local adequado para instalação do vinhedo, evitando-se áreas de baixada ou com face sul. Medidas que melhora a aeração da copa, como espaçamento adequado, boa disposição espacial dos ramos sobre o aramado e poda verde (desbrota, desnetamento, desfolha, desponte, etc.), deve ser adotada, objetivando diminuir o tempo de molhamento foliar. Em condições climáticas favoráveis, o controle por meio do uso de fungicidas deve ser realizado desde o início da brotação até a compactação dos cachos (EMBRAPA UVA E VINHO, 2005). Figura 2: Míldio Fonte: Fruticultura Fundamentos e Práticas 6.3 Oídio - Uncinula necator Conhecido também por cinza ou mufeta, o oídio é uma doença de grande importância quando ocorrem temperaturas entre 20ºC e 27ºC e baixa umidade relativa do ar. O fungo desenvolve-se na superfície dos órgãos verdes das plantas como brotos, folhas e bagas, que ficam recobertos por um crescimento branco pulverulento, formando

manchas difusas. Flores e bagas pequenas atacadas secam e caem. Outro sintoma típico é a rachadura das bagas mais desenvolvidas com exposição das sementes. O controle químico do oídio deve ser realizado quando ocorrem condições ambientais favoráveis ao fungo, do início da brotação até a compactação dos cachos. Os produtos a base de enxofre, apesar de eficientes e relativamente baratos, devem ser utilizados apenas quando a temperatura do ar estiver entre 25ºC e 30ºC, pois, sob temperaturas mais elevadas, podem causar severas queimaduras nas plantas e, abaixo de 18ºC, sua eficácia é comprometida (EMBRAPA UVA E VINHO, 2005) Figura 3: Oídio Fonte: Google Imagens 6.4 Podridão cinzenta da uva - Botryotinia fuckeliana (Botrytis cinerea) O fungo hiberna sob a forma de esclerócios (manchas alongadas de coloração negra) sobre os sarmentos, ou sob forma de micélio nas fendas da madeira e gemas, ou ainda sobre as bagas mumificadas. Na primavera mediante condição de umidade e temperatura, produz esporos (conídios) que são espalhados pelo vento. Há infestação ocorre durante a fase de floração da videira, quando os esporos infestam os estigmas das flores. Os esporos produzidos nos frutos infestados são espalhados pelo vento e vão causar a doença sobre bagas sadias e sem infecção. A probabilidade da ocorrência desta infecção depende da concentração de açúcar, da umidade relativa (acima de 90%) e da temperatura (15ºC a 28ºC). a infecção pode secar rapidamente ou cessar o desenvolvimento se ocorrer um período de altas temperaturas e seco (SANTIN, 2011). A compatibilidade dos cachos é importante. Nos cachos compactos, a água persiste por mais tempo e a penetração dos fungicidas é dificultada, favorecendo o

desenvolvimento de podridões. A hifa do fungo pode penetrar diretamente no tecido, entretanto, ferimentos de qualquer natureza favorecem a infecção. A podridão cinzenta pode ser reduzida por meio de algumas medidas que integradas aumentam a eficácia do controle, ou seja, evitar cultivares de cacho compacto; adotar espaçamentos que proporcionem uma boa aeração e insolação; controlar a adubação nitrogenada; colher todos os cachos, evitando assim que eles mumifiquem no pé; proporcionar um bom distanciamento entre cachos, deixando-os livres; realizar poda verde (desfolha, desnetamento e esladroamento); tratar com fungicidas registrados e recomendados nas épocas de maior suscetibilidade, nos estádios 23 (50% das flores abertas), 27 (frutificação) e 35 (início da maturação) (EMBRAPA UVA E VINHO, 2003). Figura 4: Botrytis cinerea Fonte: Embrapa Uva e Vinho, 2003. 6.5 Podridão da uva madura - Glomerella cingulata Se durante a primavera ocorrer chuvas os conídios produzidos pelos micélios sobreviventes causam a infecção primária. Os frutos são suscetíveis a doenças durante todos os estágios de desenvolvimento desde a baga recém formada até a maturação, mas o fungo permanece latente e somente aparecem os sintomas na maturação da uva. O desenvolvimento da doença é favorecido com altas temperaturas (25ºC a 30ºC) e alta umidade (SANTIN, 2011). O sintoma principal é o apodrecimento dos frutos maduros. Sobre as bagas inicialmente aparecem manchas marrom-avermelhadas, que posteriormente atingem todo o fruto, escurecendo-o (EMBRAPA UVA VINHO, 2003).

Existem algumas medidas preventivas de controle para reduzir a fonte de inoculo como a retirada dos cachos mumificados logo após a colheita, retirar de entro do vinhedo e queimar ou enterrar; proporcionar boa aeração e insolação nos cachos; realizar poda verde; adubação racional, evitando o excesso de nitrogênio; evitar ferimentos nas bagas; proporcionar bom distanciamento entre os cachos; evitar a exposição direta dos cachos ao sol e realizar tratamento de inverno. Existem dois picos de liberação de conídios da Glomerella o primeiro no inicio da primavera e a segunda na maturação. Durante o período de florescimento recomenda-se aplicar fungicidas sistêmicos ou de profundidade. Durante o período de maturação aplica-se produtos de contato (SANTIN, 2011). Figura 5: Glomerella cingulata Fonte: Embrapa Uva e Vinho, 2003. 6.6 Principais Produtos Utilizados para as Doenças: Doenças Ingrediente Ativo Nome Comercial Forma de Ação Antracnose Ditianona Delan Contato Difenoconazol Score Sistêmico Imibenconazol Manage 150 Sistêmico Míldio Ditianona Delan Contato Propinebe Antracol 700 PM Contato Fenamidona Censor Profundidade Azoxistrobina Amistar Sistêmico

Cimoxanil+Famoxadona Equation Sistêmico e Contato Botrytis Cinera Iprodiona Rovral SC Contato Iprodiona + Pirimetanil Certus SC Contato Pirimetanil Mythos Contato Procimidona Sialex Sistêmico Procimidona Sumilex WP Sistêmico Glomerella Azoxistrobina Amistar Sistêmico Cingulata Difenoconazol Score Sistêmico Tebuconazol Constant Sistêmico Famoxadona + Tiof Metílico Midas BR Sistêmico e Contato 7 CONCLUSÃO É necessário o estudo sobre a videira e o aperfeiçoamento sobre seu desenvolvimento e suas respostas ao terroir. Potencializar a qualidade dos frutos tornouse uma busca árdua, entretanto pesquisas estão sendo desenvolvidas em prol da melhoria do produto final. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATI, A.; MARANGONI, B.; ZIRONI, R.; CASTELLARI, M.; ARFELLI, G. Prove di vendemmia differenziata. Effetti del diradamento dei grappoli: metodiche di campionamento e di analisi delle uve. Rivista di Viticoltura e Enologia, v.47, p.3-11, 1994. EMBRAPA. Poda Verde. (2003) Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/uva/uvaamericanahibrid aclimatemperado/poda.htm>. Acesso: 14/06/2014. GALET, P. Precis de Viticulture. 6ª Edição. Montpellier: Déhan Parc Euromédicine, 1993. 582p. 1999. HIDALGO, L.; Tratado de Viticultura General, Edições Mundi-Prensa, Madrid.,

1999. HIDALGO, L.; Tratado de Viticultura General. Edições Mundi-Prensa, Madrid, MANDELLI, F. Comportamento Meteorológico e sua Influência na Vindima de 2009 na Serra Gaúcha. Julho, 2009 Bento Gonçalves, RS. MESCALCHIN, E.F.; MICHELOTTI, F.; IACONO, F. Stima del rapporto vegetoproduttivo nel vigneto. Vignevini, v.36, p.26-30, 1995. PAIOLI PIRES, E. J.; TERRA, M. M.; Fisiologia da Videira. Instituto Agronômico de Campinas IAC. Campinas, 2013. REYNOLDS, A.G.; WARDLE, D.A. Impact of various canopy manipulation techniques on growth, yield, fruit composition, and wine quality of gewürztraminer. Journal of Enology and Viticulture, v.40, p.121-129, 1989. SELLMER, T.; Influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira e sobre a qualidade e quantidade de produção. Bento Gonçalves, 2010.