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Transcrição:

SISTEMA AQUÍFERO: COVÕES (M1) Figura M1.1 Enquadramento litoestratigráfico do sistema aquífero Covões Sistema Aquífero: Covões (M1) 438

Identificação Unidade Hidrogeológica: Orla Meridional Bacia Hidrográfica: Ribeiras do Barlavento Distrito: Faro Concelho: Vila do Bispo Enquadramento Cartográfico Folhas 601 e 609 da Carta Topográfica na escala 1:25 000 do IGeoE Folha 51-B do Mapa Corográfico de Portugal na escala 1:50 000 do IPCC Folha 51-B da Carta Geológica de Portugal na escala 1:50 000 do IGM LAGOS 601 VILA DO BISPO 51B 52A 602 609 Figura M1.2 Enquadramento geográfico do sistema aquífero Covões Enquadramento Geológico Estratigrafia e Litologia As três formações aquíferas dominantes são os dolomitos e calcários dolomíticos do Sinemuriano, os Calcários e Dolomitos de Almádena (Bajociano) e os Calcários da Praia do Tonel (Oxfordiano-Kimeridgiano). A primeira formação é constituída por dolomitos e calcários dolomíticos, geralmente maciços, finamente cristalinos ou sacaróides, com espessura superior a 60 metros (Rocha et al., 1979). A idade é considerada do Sinemuriano-Carixiano (Rocha, 1976). A dolomitização é, em geral, secundária e precoce embora possa ser mais tardia em sectores afectados por fracturação. Sistema Aquífero: Covões (M1) 439

A formação dos Calcários e Dolomitos de Almádena apresenta fácies lagunar anterrecifal e inicia-se com cerca de 50-75 metros de dolomitos cristalinos branco-rosados aos quais se seguem cerca de 50 metros de calcários oolíticos, calcários corálicos, calcários pisolíticos, calcários calciclásticos e calcários dolomíticos (Rocha et al., 1979). Estas formações são atribuídas ao Aaleniano-Bajociano inferior (ibidem). Devido à existência de lacuna do Batoniano-Caloviano no sector sul ou à existência de uma falha, os Calcários e Dolomitos de Almádena contactam directamente com os Calcários da Praia do Tonel. Esta formação é constituída por um nível oxfordiano de calcários com nódulos fosfatados e ferruginosos, com espessura até 1,5 metros, a que se seguem 25 metros de calcários compactos, maciços, oolíticos, com crinóides, lateralmente dolomitizados, atribuídos ao Oxfordiano-Kimeridgiano (Rocha, 1976; Rocha et al., 1979). Tectónica O sistema aquífero de Covões situa-se a norte da flexura Querença-Algoz-Portimão- Sagres, que separa uma zona de plataforma com fácies dolomíticas e subrecifais do Jurássico inferior e médio, a norte, de uma zona com formações do Jurássico superior, Cretácico e Terciário, a sul (Ribeiro et al., 1979). No sector Ponta da Atalaia-Ponta da Torre a flexura tem a direcção NE-SW e é recortada por acidentes submeridianos, o mais importante dos quais é o fosso da Ribeira de Sinceira que se prolonga para sul até à Foz do Benaçoitão e Praia do Zavial (ibidem). A disposição geral da estrutura é em monoclinal com camadas mergulhando por vezes mais de 30º para sudeste. A noroeste, nos dolomitos do Sinemuriano, define-se um sinclinal com eixo NE-SW e na proximidade de algumas falhas a orientação das camadas e a sua inclinação pode apresentar alterações àquele esquema geral. Com a mesma orientação definem-se também o anticlinal aberto de Vale da Torre e o anticlinal falhado de Mesquita (Ribeiro et al., 1979). Duas falhas longitudinais à estrutura põem em contacto, respectivamente, os dolomitos do Sinemuriano com os Calcários e Dolomitos de Almádena e estes com os Calcários da Praia do Tonel. A oeste e a leste o sistema aquífero é compartimentado por falhas com orientação NNE-SSW que delimitam faixas com esta direcção, provocando rejeitos importantes e contacto com outras formações. Alguns troços das falhas estão intruídos por rochas basálticas. Hidrogeologia Características Gerais O sistema aquífero, com uma área de 22,6 km 2, situa-se no sector o mais ocidental do Algarve, entre Vila do Bispo e Sagres. As formações aquíferas dominantes são limitadas a Norte pelas formações impermeáveis do Hetangiano, e a Sul pelas formações do Kimeridgiano-Titoniano. No entanto, dentro destes limites algumas áreas não apresentam interesse hidrogeológico por serem muito fragmentadas e afectadas por intrusões magmáticas. Trata-se de um aquífero cársico, livre a confinado. Devido à tectónica que afectou as formações aquíferas e à ocorrência de numerosas intrusões filoneanas, é previsível que este sistema se encontre fragmentado em vários sectores, embora a análise da piezometria indique Sistema Aquífero: Covões (M1) 440

a existência de conexão hidráulica entre eles. A recarga é feita por infiltração directa da precipitação e desconhecem-se saídas naturais permanentes. Parâmetros Hidráulicos e Produtividade O sistema tem produtividade elevada, como se salienta no quadro M1.1 (estatísticas calculadas a partir de 10 dados de caudais de exploração em L/s): Média Desvio padrão Mínimo Q 1 Mediana Q 3 Máximo 15,1 10,8 1 4,7 15,5 24,2 30,5 Quadro M1.1 Principais estatísticas dos caudais Figura M1.3 - Distribuição cumulativa de caudais A transmissividade estimada a partir de caudais específicos de duas captações varia entre 500 e 600 m 2 /dia. Análise Espaço-temporal da Piezometria Os dados disponíveis de piezometria são insuficientes para definir sentidos de fluxo pois, embora seja possível dispor de três medidas simultâneas, apenas um dos pontos de observação se encontra cotado. Têm sido efectuadas observações de níveis desde 1983, mas apenas dois piezómetros dispõem de séries extensas: 601/004 (Fig. M1.4), de 1987 a 1999 e 609/007 (Fig. M1.5) de 1983 a 1999. As séries mostram grandes oscilações, cuja amplitude máxima pode ser superior a 20 m. As oscilações inter-anuais são, em geral superiores a 5 m. Estes factos são típicos de um sistema com escasso volume e, consequentemente reduzida capacidade de armazenamento e de poder regulador. Algumas oscilações de grande amplitude, mas com amortecimento rápido, poderão indicar variações verticais da carsificação, tendo a carsificação mais superficial menor capacidade de armazenamento. Por outro lado, as descidas sazonais de nível no piezómetro 609/007 (Fig. M1.5) ajustam-se bem a um modelo exponencial normalmente Sistema Aquífero: Covões (M1) 441

típico de reservatórios com descarga natural. Isto poderá indicar que o sistema aquífero dispõe de descargas naturais costeiras, difusas ou ocultas, embora desconheçamos qualquer referência às mesmas. A partir das observações disponíveis não se detecta nenhuma tendência persistente, pelo contrário, os níveis médios parecem estabilizados. 601/004 30 25 20 15 10 5 0 Mar-87 Sep-87 Mar-88 Sep-88 Mar-89 Sep-89 Mar-90 Sep-90 Mar-91 Sep-91 Mar-92 Sep-92 Mar-93 Sep-93 Mar-94 Sep-94 Mar-95 Sep-95 Mar-96 Sep-96 Mar-97 Sep-97 Mar-98 Sep-98 Mar-99 Sep-99 Nível Piezométrico (m) Figura M1.4 Evolução do Nível Piezométrico no Piezómetro 601/004 609/007 Nível Piezométrico (m) 30 25 20 15 10 5 0 Jun-83 Jun-84 Jun-85 Jun-86 Jun-87 Jun-88 Jun-89 Jun-90 Jun-91 Jun-92 Jun-93 Jun-94 Jun-95 Jun-96 Jun-97 Jun-98 Jun-99 Figura M1.5 - Evolução do Nível Piezométrico no Piezómetro 609/007 Balanço Hídrico Tendo em conta a área do sistema, aproximadamente 23 km 2, e a precipitação média na região, 550 mm, estimamos, numa primeira aproximação, os recursos médios renováveis em cerca de 6 hm 3 /ano. As saídas mais importantes destinam-se a abastecimento público. Em 1997 as extracções foram superiores a 1 hm 3. Desconhece-se o valor das extracções para rega, no entanto, dado Sistema Aquífero: Covões (M1) 442

que a maioria das captações inventariadas são pouco produtivas, o total deve ser inferior às extracções para abastecimento. Como foi referido acima, a evolução dos níveis piezométricos indica que o sistema se encontra, em termos médios, em regime de equilíbrio. As estimativas apontam para um claro excesso das entradas sobre as saídas. Este deverá ser descarregado através de saídas naturais, provavelmente situadas na costa. Admitindo que o conjunto das extracções (abastecimento e rega) se situa em torno de 2 hm 3 /ano, o excesso de recarga implicaria que as saídas naturais debitassem um caudal médio de 125 L/s. Qualidade Considerações Gerais Dispõe-se de um número reduzido de análises, referentes apenas a quatro pontos de água pelo que não se apresentam estatísticas. A qualidade é muito deficiente registando-se numerosas violações dos VMA relativos aos nitratos e sódio. Os VMR relativos à condutividade, cloretos, sulfatos, magnésio e dureza, são ultrapassados em todas as análises. Também os VMR relativos ao sódio e condutividade de água para rega são ultrapassados em todas as análises. Qualidade para Consumo Humano Para caracterizar este aspecto da qualidade química das águas deste sistema, foram utilizadas análises anteriores a 1995 para os metais alcalinos e alcalino-terrosos e análises efectuadas durante o período de 1995-1998 para os restantes parâmetros. Foram incluídas mais do que uma análise por captação. A apreciação da qualidade face aos valores normativos consta do quadro seguinte. Em 1995 foram realizadas análises dos seguintes parâmetros: Arsénio, Mercúrio, Níquel, Cádmio, Crómio e Cianetos. Todos estes parâmetros se situavam abaixo dos limites de detecção respectivos. Anexo VI Anexo I -Categoria A1 Parâmetro <VMR >VMR >VMA <VMR >VMR >VMA ph 100 0 0 100 0 Condutividade 0 100 0 100 Cloretos 0 100 20 80 Dureza total 100 0 Sulfatos 0 100 0 100 0 0 Cálcio 40 60 Magnésio 20 80 0 Sódio 0 100 67 Potássio 100 0 0 Nitratos 0 100 70 0 100 70 Nitritos 0 Sistema Aquífero: Covões (M1) 443

Azoto amoniacal 90 10 0 90 10 Oxidabilidade 67 33 0 Ferro 42 58 43 43 57 14 Manganês 100 0 0 100 0 Fosfatos 100 0 0 100 0 Quadro M1.2 Apreciação da qualidade da água face aos valores normativos Na figura M1.6 observa-se a distribuição dos piezómetros que estão a monitorizar o nível piezométrico deste sistema aquífero, assim como a localização das captações de abastecimento público. Figura M1.6 Localização de captações de abastecimento público e piezómetros Uso Agrícola As águas analisadas pertencem à classe C 3 S 1, o que quer dizer águas com baixo risco de alcalinização do solo e alto risco de salinização. Os cloretos e condutividade ultrapassam o VMR e os nitratos ultrapassam ou situam-se perto daquele limite. Sistema Aquífero: Covões (M1) 444

Bibliografia Costa, F. E., Brites, J. A., Pedrosa, M. Y., Silva, A. V. (1985) - Carta Hidrogeológica da Orla Algarvia, escala 1:100 000. Notícia Explicativa. Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa. Manuppella, G., Oliveira, J. T., Pais, J., Dias, R. P. (1992) - Carta Geológica da Região do Algarve, escala 1:100 000. Notícia Explicativa. Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa. 15 pág. Ribeiro, A., Antunes, M. T., Ferreira, M. P., Rocha, R. B., Soares, A. F., Zbyszewski, G., Almeida, F. M., Carvalho, D., Monteiro, J. H. (1979) - Introduction à la géologie générale du Portugal. Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa. Rocha, R. B. (1976) - Estudo Estratigráfico e Paleontológico do Jurássico do Algarve Ocidental, Ciências da Terra (UNL). Lisboa, vol. 2, 178 pág. Rocha, R. B., Ramalho, M. M., Manuppella, G., Zbyszewski, G., M. T., Coelho, A. P. (1979) - Carta Geológica de Portugal na escala 1:50 000, Notícia Explicativa da Folha 51-B, VILA DO BISPO. Serviços Geológicos de Portugal. Sistema Aquífero: Covões (M1) 445