Estratégias para inovar. Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho IF & COPPE/UFRJ

Documentos relacionados
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

Marcos da Evolução do Sistema Brasileiro de Ciência e Tecnologia

Desafios da Inovação no Brasil

1º Congresso da Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde - I CIMES Painel: Fomento, Preços, Compras e Encomendas

Educação, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento FERNANDA DE NEGRI MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR

FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos Agência Brasileira de Inovação

Inovar para Sustentar o Crescimento

Os Caminhos das Inovações na Sociedade Contemporânea. Ronaldo Mota

FINEP Agência Brasileira da Inovação Ministério da Ciência e Tecnologia Instrumentos FINEP de apoio à Inovação

XCIX Reunião Ordinária Andifes

Iniciativa Nacional de Inovação em Biotecnologia

ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA/FAPESP. A Química no Contexto da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Ronaldo Mota

Política Industrial para o setor de TI: resultados, abrangência e aperfeiçoamentos

O Investimento Privado em P&D pela Indústria de Transformação no Brasil

FONTES DE FOMENTO -FINANCIAMENTO PARA EMPRESAS NASCENTES

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

Políticas de Propriedade

O Brasil no século XXI. Desafios Estratégicos para o Brasil em 2022

Inovação no Complexo Industrial da Saúde

Título da Apresentação

LEI DE INOVAÇÃO Regulamentação e Medidas Tributárias Favoráveis às atividades de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação nas Empresas

Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores ANPROTEC

Tema 12. Competitividade empresarial

Missão da FINEP inovação e a pesquisa científica e tecnológica mobilizando recursos financeiros integrando instrumentos

FINEP UMA AGÊNCIA DE INOVAÇÃO. Vânia Damiani. Departamento de Instituições de Pesquisa Área de Institutos Tecnológicos e de Pesquisa

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

Capítulo 7 Colocando o PN em prática

Reações do Brasil: A Ação das Outras Agências do Governo - Finep

Diretrizes da Agenda Setorial do Setor de Energias Renováveis: Biocombustíveis

Marco Regulatório e Planos de Governo

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

PROGRAMAS MOBILIZADORES EM ÁREAS ESTRATÉGICAS NANOTECNOLOGIA

A FINEP e a Inovação nas Empresas

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

APOIO FINANCEIRO PARA DESIGN NAS

Plano BrasilMaior 2011/2014. Inovar para competir. Competir para crescer.

FINEP. Financiadora de Estudos e Projetos Agência Brasileira de Inovação. Seminário Complexo Industrial da Saúde

I WORKSHOP DE PROPRIEDADE INTELECTUAL DA UESC:

O QUE FAZEMOS? Mais do que financiar empresas ajudamos a transformar grandes ideias em negócios ainda mais rentáveis, oferecendo crédito sustentável.

Política de financiamento. da FINEP para empresas

Me. GIOVANA F. PUJOL

A FINEP e a Inovação nas Empresas

O que é? Porque foi criado? Quais sãos os objetivos? O que terá de novo?

Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica

Inovação no Brasil nos próximos dez anos

Seminário Estratégias Legislativas para o Investimento Privado em Ciência, Tecnologia e Inovação

Incubadoras de Empresas

Implementação de uma estratégia de inovação aberta nos centros de PD&I das multinacionais no Brasil. Carlos Arruda, Erika Barcellos, Cleonir Tumelero

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO AUDIÊNCIA PÚBLICA 23/11/2011

Em sintonia com o movimento de incubadoras de empresas e parques tecnológicos ao redor do mundo, o Brasil também corre atrás de sua independência

Título da Apresentação

A FAPEMIG E AS LEIS DE INOVAÇÃO : AÇÃO EFETIVA. Paulo Kleber Duarte Pereira Diretor da FAPEMIG

Apresentação Workshop São Paulo, 20/10/09 A.Laufer

Curso Básico em Propriedade Industrial. Nível Básico em Transferência de Tecnologia

Economia Criativa conceito

Ciência, Tecnologia e Inovação: Estratégia para o país

Anotações sobre Formação de Recursos Humanos no Brasil

O Apoio do BNDES à Internacionalização das Empresas Brasileiras Seminário SOBEET

Painel: Reestruturação do Marco Legal da Inovação Marco Legal da Inovação Aprimoramento e Resultados

Inovação e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan

Connections with Leading Thinkers

Título da Apresentação

COMO FOMENTAR MAIS E MELHOR NAS EMPRESAS?

Inovação Tecnológica na WEG

Parque Tecnológico de Ribeirão Branco

Reindustrializaçãoda Economia Portuguesa: Impacto no Emprego, Profissões e Competências

Carteira de projetos prioritários para Propostas a serem entregues aos presidenciáveis. Mapa Estratégico DA INDÚSTRIA

A Logística Brasileira Hoje e Suas Tendências

Audiência Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) Senado Federal

PROGRAMAS MOBILIZADORES EM ÁREAS ESTRATÉGICAS BIOTECNOLOGIA

CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

Diretoria de Pesquisas Coordenação de Indústria PINTEC 2008 INFORMAÇÕES PRELIMINARES. Fernanda Vilhena 02/09/10

Plano Nacional de Resíduos Sólidos Logística Reversa de Embalagens

Pequim, Shanghai e Hong Kong!! Agosto de 2013

Estratégias para atuação do Instituto de Ciência e Tecnologia da UFF no município de Rio das Ostras

MANUAL OPERACIONAL PLANO DE DESENVOLVIMENTO PRELIMINAR PDP

Questões Específicas. Geografia Professor: Cláudio Hansen 03/12/2014. #VaiTerEspecífica

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR

2ª REUNIÃO DO COMITÊ DE LÍDERES DA MEI DE As Prioridades da Agenda da MEI

INOVAR E INVESTIR PARA SUSTENTAR O CRESCIMENTO

Cresce no Brasil senso de urgência em inovação para enfrentamento de países concorrentes


InovaCamp. Dezembro / 2014

Capacitação de Agentes Gestores de APLs

Política Industrial Para Micro, Pequenas e Médias Empresas. Mansueto Almeida - IPEA 4ª Conferência Brasileira de APLs

LINHA INOVACRED EXPRESSO

Marco Legal da Inovação. Igor Cortez - CNI

Workshop Políticas e Práticas Socioambientais nas Instituições Financeiras. São Paulo, 1º de dezembro de 2011

Inovação como instrumento de geração de riqueza no Brasil: o exemplo dos institutos privados de inovação tecnológica

GT de Economia Criativa

Desafios da Indústria e da Política de Desenvolvimento Produtivo

Ciência, Tecnologia e Inovação Estratégia para o desenvolvimento do Brasil

A LEI DO BEM COMO INSTRUMENTO DE FOMENTO À P&D: ANÁLISE DOS RESULTADOS NA REGIÃO NORTE ( )

Os resultados da política de conteúdo local nas atividades de exploração e produção de petróleo e de gás natural para a indústria

Código da Ciência, Tecnologia e Inovação (PL 2177/2011) e fomento à tecnologia

UM PROGRAMA ESPECIAL DE MOBILIDADE INTERNACIONAL EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO. Julho 2011

Cenário Brasileiro e Educação

Transcrição:

Estratégias para inovar Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho IF & COPPE/UFRJ

I - Razões para inovar Brasil (Pintec 2001-2003) Empresas que inovam e diferenciam produtos: têm melhor produtividade; pagam melhores salários; exportam mais. Mundo Empresas que inovam e diferenciam produtos: agregam valor científico-tecnológico; são mais competitivas; 50% do PIB de países industrializados ligados à inovação; garantem sobrevivência numa economia do conhecimento.

Classificação das firmas Firmas que inovam e diferenciam produto: Lançaram produto novo para o mercado; Obtiveram preço-prêmio nas exportações de, no mínimo, 30% em relação aos demais exportadores brasileiros do mesmo produto. Firmas especializadas em produtos padronizados: Exportadoras sem preço-prêmio (não incluídas no grupo acima); Não exportadoras com produtividade maior ou igual às exportadoras. Firmas que não diferenciam produto e têm produtividade menor: Não classificadas nas categorias anteriores J. de Negri (IPEA) 3ª CNCTI

Esforço para inovar é maior nas empresas nacionais As empresas nacionais investem 80,8% mais em P&D, como proporção do faturamento, do que filiais das estrangeiras no Brasil. Inovar ajuda a exportar A inovação tecnológica impulsiona exportações de maior valor agregado: Firmas que inovam têm probabilidade 16% maior de serem exportadoras; As mais inovadoras exportam mais; Inovação de produto e preço-prêmio estão correlacionadas. J. de Negri (IPEA) 3ª CNCTI

II Espaço para inovar apenas 1,7% das empresas inovam & diferenciam produtos; 1,8% da produção de artigos x 0,2% de patentes, no mundo; doutores na academia (77%); apenas 23% nos setores industrial, agrícola e de serviços; intensidade tecnológica nas exportações: 31% X 60% (mundo). III- Potencial para inovar condições favoráveis (território, população e economia); capacitação tecnológica; casos de sucesso.

Brasil - território, população e economia: combinação potencialmente favorável Área > 4 milhões km 2 Indonésia População > 100 milhões Nigéria Rússia EUA Brasil Índia Bangladesh Paquistão Canadá Austrália China Japão México Espanha Reino Unido França Coréia do Sul Alemanha Fonte: Investe Brasil *PIB nominal Itália Holanda PIB* > US$ 400 bilhões R. Dauscha (ANPEI) 3ª CNCTI

Brasil: capacitação tecnológica 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000-1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Source: Siemens / CS, based on CAPES data - Ministry of Education PHDs Mestres 10.000 PhD / ano Mais que Austrália, Itália e Canadá 5 x mais que o México R. Dauscha (ANPEI) 3ª CNCTI

Indústria brasileira Casos de sucesso posição do Brasil na indústria mundial em setores selecionados 1. Reciclagem de latas de alumínio do mundo 2. Jeans, minério de ferro, compressores de refrigeradores 3. Calçados 4. Aviões comerciais a jato, cerveja 5. Aparelhos de rádio 6. Cimento 7. Celulose 8. Química 9. Aço 10. Veículos, bens de capital Empresas transnacionais cujas filiais brasileiras estão entre as 5 maiores do mundo: Avon Fiat 3M Telefonica Fonte: Investe Brasil Accor Xerox Goodyear Nestlé Siemens Unysis Coca-Cola Volkswagen R. Dauscha (ANPEI) 3ª CNCTI

Resultados brasileiros baseados em conhecimento Eleições eletrônicas 100 milhões de eleitores, resultados às 23 h Extração de petróleo a 1.886 m 80% do consumo brasileiro Aviões a jato Embraer Agronegócio (Embrapa, IAC, UFV, Esalq) Maior e mais eficiente produtor de Etanol Soja mais produtiva Laranja Veículos Flex-fuel E. Mirra (ABDI) 3ª CNCTI

IV - Obstáculos à inovação necessidade de educar mais & melhor; financiamento escasso e pouco diversificado (FINEP/BNDES/FAP s); burocracia (150 dias no Brasil x 3 dias na Austrália); carga tributária pesada (38% do PIB); falta de infra-estrutura e logística.

Problemas e obstáculos apontados pelas empresas inovadoras - Brasil Elevados custos da inovação 79,7 82,8 Riscos econômicos excessivos Escassez de fontes de financiamento 56,6 62,1 74,5 76,4 Falta de pessoal qualificado Falta de informação sobre tecnologia Dificuldade para se adequar a padrões Falta de informação sobre mercado Escassas possibilidades de cooperação Escassez de serviços técnicos Fraca respostas dos consumidores Rigidez organizacional 35,8 36,6 32,9 25,1 30,5 33,9 29,6 32,2 25,5 28,2 24,0 25,6 17,9 21,2 47,5 45,6 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 1998-2000 2001-2003 IBGE (www.ibge.gov.br) 3ª CNCTI

Razões apontadas para não inovar - Brasil 70,0 60,0 55,6 65,4 50,0 40,0 32,7 30,0 23,5 20,0 11,6 11,1 10,0 0,0 Inovações prévias Condições de mercado Outros fatores impeditivos 1998-2000 2001-2003 IBGE (www.ibge.gov.br) 3ª CNCTI

Patentes e investimentos empresariais em P&D Brasil Coréia 3500 10,0 3500 10,0 3000 2500 2000 1500 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 1000 Patentes nos EUA Investim. P. empresas (US$ bilhões) 500 0 7,5 5,0 2,5 0,0 3000 2500 2000 1500 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 1000 Patentes nos EUA Investim. P. empresas (US$ bilhões) C. H. Brito Cruz (FAPESP) 3ª CNCTI 500 0 7,5 5,0 2,5 0,0

V - Como inovar Educação criar cultura de empreendedorismo; aumentar o número de universidades públicas e privadas que formam cientistas e engenheiros; apoio de empresas estatais e privadas para esforço educacional; educação a distância (nova RNP, TIC); melhorar a qualidade do ensino médio, ampliando acesso às universidades e escolas técnicas.

Financiamento (agentes) FINEP Pappe Juro Zero Inovar Semente Inovar Pró-Inovação BNDES Profarma, Prosoft FINEP/BNDES V - Como inovar Articulação FINEP/BNDES; compras do Estado; BB/CEF/bancos privados/fundos de pensão.

Financiamento (instrumentos) Fundos Setoriais Fomento à pesquisa e à cooperação tecnológica Formação e capacitação de recursos humanos Financiamento com juros equalizados Estímulo ao capital de risco Subvenção econômica para programas específicos Incentivos fiscais para P&D Estímulo à micro e pequena empresa, incubadoras e parques tecnológicos Compras governamentais Lei de Inovação Marilyn (MCT) 3ª CNCTI

V - Como inovar Marcos Regulatórios Lei de Inovação Lei de Biossegurança Lei de Informática Lei do Bem Lei de Falências Parcerias público-privadas Aproximação com Legislativo & Judiciário Macroeconomia redução da carga tributária para inovação investimento em infra-estrutura & logística nos arranjos produtivos inovadores mapeamento dos ambientes de inovação (INI)

VI- Ações necessárias a curto prazo Simplificação dos programas de financiamento (garantia) Criação de programas de contratação de projetos de P&D nas empresas (Lei da Inovação) Criação de um fundo-de-fundos de Venture Capital para aumentar a escala dos fundos atuais Criação de um conjunto de fundos-semente para as empresas nascentes Incentivos tributários Poder de compra do Estado (contrato de fornecimento com o governo como garantia de financiamentos) G. Emrich (Fircapital) 3ª CNCTI

VII- Metas para a inovação aumento de número de empresas que inovam e diferenciam produtos; aumento do número de patentes com retorno (níveis compatíveis com participação no PIB mundial); aumento do conteúdo de C&T nos produtos, processo e serviços do Brasil, em especial nas exportações. aumento dos dispêndios nacionais em CT&I atingir 2% do PIB aumento dos investimentos empresariais passar de 40% para 60% aumento do PIB para 5% aa