ANÁLISE ESPACIAL DOS POÇOS ARTESIANOS E O RENDIMENTO HIDRODINÂMICO DA CAPTAÇÃO NO MUNICÍPIO DE BELÉM PA Carlos Eduardo Aguiar de Souza Costa 1 ; Artur Sales de Abreu Vieira 2 ; Antonio Jorge Silva Araujo Junior 3 ; Heitor Capela Sanjad 4 ; Brenda Gonçalves Piteira Carvalho 5 ; Irlane Quaresma da Silva 6. Resumo Este trabalho apresenta uma avaliação espacial e do rendimento qualitativo da captação dos poços artesianos no município de Belém por meio do número de poços instalados predominantemente ativos. O Cadastro de Pontos d água no município contem 35 (SAAEB/COSANPA) poços do tipo artesiano ativos, os quais apresentam informações de características hidrodinâmicas e aspectos construtivos. Estas informações foram obtidas no SIAGAS - Sistema de Informações de Águas Subterrâneas da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Informações que servem de grandes subsídios aos órgãos municipais e estaduais para as tomadas de decisões de planejamento, execução e gestão dos programas que utilizam os recursos hídricos subterrâneos. Palavras-Chave Poços, Avaliação, Rendimento. ANALYSIS OF SPACE artesian wells INCOME AND HYDRODYNAMIC OF FUNDING IN BELÉM CITY - PA Abstract This work presents an evaluation spatial and qualitative recording of yield wells in the city of Belém by the number of wells installed predominantly active. The Registration Point in the city water contains 35 artesian wells in the active type, which present information hydrodynamic characteristics and constructive aspects. This information was obtained in SIAGAS - Information System for Groundwater Research Company of Mineral Resources. Information that serve large subsidies to the municipal and state decision-making for planning, implementing and managing programs that utilize the groundwater resources. Keywords - Wells, Evaluation, Performance. 1 Engenheiro Sanitarista e Ambiental, Mestrando em Engenharia Civil. E-mail: eduardoaguiarsc@hotmail.com. Endereço: Rua Jabatiteua, 521, Belém PA Brasil 2 Engenheiro Sanitarista e Ambiental, Bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Nordeste. E-mail: artur-sales@hotmail.com 3 Engenheiro Sanitarista e Ambiental, Mestrando em Engenharia Civil. E-mail: ajorgejunior@live.com. 4 Engenheiro Sanitarista e Ambiental. E-mail: hsanjad@hotmail.com 5 Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental. E-mail: brendapiteira@gmail.com 6 Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental. E-mail: irlanequaresma@yahoo.com.br XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1
1 - INTRODUÇÃO Os projetos, planejamentos e pesquisas em recursos hídricos subterrâneos requerem informações hidrogeologicas precisas. Ter dados hidrogeologicos suficientes e precisos não só reduz as possibilidades de falhas do projeto, mas também os riscos econômicos que surgem de informações inadequadas. No município de Belém os poços artesianos estão instalados para atender aos projetos hidráulicos, principalmente o abastecimento de água. O censo de 2010 realizado pelo IBGE registrou uma população de 1.393.399 habitantes no município (aproximadamente 18,38% do total do Estado do Pará), com uma densidade demográfica de 1.315,27 hab/km². As populações urbanas e rurais são de 1.381.475 e 11.924 habitantes, respectivamente. O abastecimento de água da sede municipal é realizado e gerenciado pela Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) e o Sistema de Abastecimento de Água e Esgoto de Belém (SAAEB). Este trabalho tem como o objetivo identificar espacialmente os poços artesianos no município de Belém, classificando-os segundos suas companhias prestadoras de serviços e características hidráulicas de captação. 2 - LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área de estudo constitui o município de Belém-PA, localizado pelas coordenadas: Lat. -01º 27' 21" e Long. 48º 30' 01", capital do estado, conforme a figura 01. Apresenta uma área 1.059,402 km² correspondendo a 0,085% do estado. Figura 01 Localização do Município de Belém-PA 3 - BASES DE DADOS O levantamento de dados em relação aos poços artesianos utilizados na pesquisa foram obtidos no SIAGAS - Sistema de Informações de Águas Subterrâneas da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais que estão inseridas nos limites do município (Belém), objeto deste trabalho no XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2
ano de 2015, destacando apenas os que estão em operação. Na coleta destes dados foi estabelecida na pesquisa uma margem para poços artesianos a partir de 200m de profundidade. 4 - METODOLOGIA O trabalho contemplou o cadastramento das fontes de abastecimento por água subterrânea (poço artesiano), com determinação das coordenadas geográficas e informações passiveis de serem coletadas através do SIAGAS e CPRM. Essas informações foram analisadas e tratadas de forma estatística, possibilitando a formação de um banco de dados, tabelas e gráficos e assim analisados em mapas. Na figura 2, pode-se identificar a localização destes poços artesianos em Belém e a sua classificação de acordo com responsável pela sua construção, COSANPA ou SAAEB. Figura 02 Distribuição dos poços artesianos no Município de Belém Foi levado em consideração neste estudo 35 poços do tipo artesianos com uma densidade aproximada de 0,033 poços artesianos/km², sendo 22 da COSANPA e 13 da SAAEB encontrado nas bases de dados destes respectivos órgãos. 4.1 - Características Hidrodinâmicas Os dados levantados como variáveis foram a profundidade, nível estático (N.E), nível dinâmico (N.D), vazão, rebaixamento, comprimento do filtro, vazão especifica em relação ao rebaixamento (V.E.R), vazão especifica em relação ao comprimento do filtro (V.E.F) e material do poço. O estudo estatístico objetiva analisar a distribuição destas variáveis (Tabela 01) que estarão co-relacionadas entre si, com objetivo de compreender e interpretá-las através de gráficos, histogramas e mapas de isoietas. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3
Tabela 01 Variáveis estatísticas dos poços artesianos da área de estudo Profund. N.E N.D Vazão (m³/h) Rebaix. Qe.rebaix (m³/h/m) Comp. Filtro Qe.Filtro (m³/h/m) Média 273,41 13,30 29,06 175,13 15,76 15,25 35,95 5,17 Desvio padrão 26,08 7,57 9,63 66,83 10,64 9,05 11,49 2,15 Coef. Variação (%) 9,54 56,89 33,14 38,16 67,51 59,34 31,96 41,68 Mínimo 218,00 0,71 8,00 50,40 3,80 1,11 9,32 2,20 Máximo 393,00 27,90 50,00 340,00 48,29 35,82 70,00 10,44 Nº de dados (uni.) 35 Em 35 poços observamos a diferença das variáveis máximas e mínimas e obtivemos os seguintes dados de acordo com a tabela 02 abaixo: Tabela 02 Diferença das variáveis máxima e mínimas Profund. Rebaix. Qe.rebaix Comp. Filtro Qe.Filtro N.E N.D Vazão (m³/h) (m³/h/m) (m³/h/m) 175,00 27,19 42,00 289,60 44,49 34,72 60,68 8,24 O valor médio do N.E é de 27,19 m, indicando um nível de água pouco profundo. A vazão média dos filtros destes 35 poços foi encontrada em torno de 5,17 m³/h/m, tendo um valor máximo de 10,44 m³/h/m, com um comprimento médio de 35,95 m. 5 - INTERPRETAÇÕES GRÁFICAS Compreender o comportamento dos poços e suas características baseadas nas variáveis propostas, só será possível a partir da análise dos gráficos gerados, o que nos permitirá obter estas informações. A média de profundidade dos poços é de 273,4 m, com baixo coeficiente de variação, graças ao relevo de Belém ser bastante plano e não permitir tantas variações topográficas, mantendo uma uniformidade. Entre os níveis de profundidade, poços entre 253 e 287 m são os mais encontrados (Figura 03), com um total 30 poços, tendo uma porcentagem de 85,71% destas construções. Figura 03 Gráfico de profundidade. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4
A vazão máxima encontrada na análise dos dados foi de 340,4 m³/h, em um poço SAAEB localizado em Icoaraci. Na interpretação do gráfico abaixo (Figura 03) é possível identificar que as vazões máximas encontradas estão entre 282,4 e 340,4 m³/h, correspondendo a apenas 2 poços, 5,71% do total. Figura 04 Gráfico de vazão. Analisar a relação existente entre profundidade e vazão é um ponto fundamental na compreensão do comportamento destes poços (Figura 05), pois com o gráfico desta relação notamos que a profundidade dos poços se mantém uniforme na cidade, devido a sua pouca dispersão, porém, percebemos que a vazão não sofre tanta influência desta profundidade, identificando grandes dispersões e com isso altas variações de vazão. Sendo assim, sabendo que as profundidades não irão influenciar tanto na vazão, concluímos que estas altas diferenças podem estar relacionadas a outros fatores como, diferentes tipos de solo de uma área para outra, que poderão permitir uma maior extração de água em alguns lugares e menos em outros, ou até a forma que estes poços estão sendo equipados, com condições hidráulicas suficientemente boas e eficientes para permitir uma boa retirada de água do aquífero. Figura 05 Gráfico de vazão x profundidade. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5
Quando analisamos o nível estático dos poços, nos aqüíferos artesianos o nível estático é o da superfície piezométrica naquele local, concluímos que a maioria, 37,14% (13 poços), possui um nível entre 6,15 a 11,58 m. Os níveis estáticos mais altos, de 22,46 a 27,90 m são os de menor ocorrência nos poços considerados neste trabalho, apenas três do total, ocupando uma porcentagem de 8,57% (Figura 06). Figura 06 Gráfico de nível estático A entrada de água em um poço somente ocorrerá graças à presença dos filtros e no gráfico que expressa o comportamento da vazão com relação ao comprimento do filtro (Figura 07), é possível observar que a variação do tamanho destes filtros e diretamente proporcional a vazão de água. Sendo assim, quanto maior o comprimento do filtro, melhor for o seu material e associadas a condições geológicas adequadas para permitir essa melhor extração. Figura 07 Gráfico vazão x comprimento do filtro. As características e qualidade do filtro poderão ser identificadas no Gráfico 08, pois é simples notar que alguns poços possuem grandes comprimentos de filtros, mas sua vazão especifica não é tão boa, às vezes menor do que poços que possuem comprimentos de filtros menores, porém de XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6
maior capacidade específica. E esta capacidade específica nada mais é do que a vazão capaz de produzir em m³/h por metro de filtro, ou seja, esta variável trata diretamente da eficiência deste poço no processo de extração. Figura 08 Gráfico vazão específica - Filtro x Comprimento do filtro 5.2 Interpretações de Isoietas O mapa de isoietas irá permitir uma visualização espacial do rendimento dos poços no município, como exemplo, uma isoieta que irá relacionar a vazão específica com o rebaixamento (Figura 09). Assim, percebe-se que algumas regiões no centro do município possuem uma vazão específica em relação ao rebaixamento, inferior as extremidades. Este comportamento permite concluir que geologicamente, estas áreas em azul escuro, possuem um rendimento menor. Figura 09 Gráfico vazão específica - Filtro x Rebaixamento Outro mapa de isoieta foi utilizado para identificar o rendimento da vazão específica em relação ao comprimento do filtro (Figura 10), verificando que para esta capacidade não se observa XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7
uma variação tão acentuada, porém deixa claro que no centro do município o rendimento desta vazão e menor do que nas outras áreas da cidade. Figura 10 Gráfico vazão específica x Comprimento do filtro. 6 CONCLUSÃO Como o excedente hídrico resultante da precipitação pluviométrica no município é relativamente alto, com a recarga do aqüífero sendo função do excedente, cuidados especiais devem-se ter com a super exploração das reservas subterrâneas. Estas comparações e relações entre as variáveis são necessárias para que saibamos identificar o comportamento dos poços existentes no município, e através desta análise, dar uma maior atenção aos recursos subterrâneos e a influência que a geologia local tem sobre nossos recursos hídricos subterrâneos, identificando pontos para melhor extração, com eficiência e qualidade. REFERÊNCIAS FEITOSA; A. C.; FILHO (2008), J. M. Hidrogeologia: conceitos e aplicações. CPRM. Rio de Janeiro, 230 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE. 2010. Mapas Base dos municípios do Estado do Pará. Escalas variadas. Inédito.. Dados populacionais por Município. Disponível em: www.ibge.gov.br Acesso em: 08 dez. 2014. SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM. 2014 - Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, Estado do Pará: Diagnóstico do Município de Belém.. Dados dos poços de Belém. Disponível em: http://siagasweb.cprm.gov.br/layout/ Acesso em: 08 dez. 2014. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8