CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE LEITURA: A LEITURA DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO MUNICÍPIO DE PARANAVAÍ PR.



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Transcrição:

MARY PEREIRA DOS SANTOS LEMOS 1 SANDRA REGINA CASSOL CARBELLO 2 CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE LEITURA: A LEITURA DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO MUNICÍPIO DE PARANAVAÍ PR. O presente trabalho tem por objetivo investigar as concepções e práticas de leitura dos alunos da EJA do município de Paranavaí-PR. O referencial teórico que amparou nossas discussões foi Freire (1987), Soares (2003) e Kleiman (2001). Para conhecer as práticas de leitura, optamos por uma pesquisa de abordagem qualitativa. Realizamos observações sistematizadas em sala de aula e entrevistamos 5 alunos integrantes do segundo período de alfabetização. Para verificação de práticas de leituras adotamos como instrumento a apresentação de diferentes materiais portadores de texto seguidos de questionamentos sobre a composição e o uso do material. Os resultados, ainda parciais, indicam que os sujeitos desta pesquisa pertencem a um percentual de adultos que tiveram sua infância expropriada pelo trabalho. O mercado de trabalho que não permitiu o aprendizado na infância interfere na decisão de aprender na idade adulta. Quanto às práticas de leitura, verificamos que todos realizam uma boa decodificação de textos, porém, nem sempre entendem o que leram. Reconhecem diferentes materiais portadores de texto, mas ainda não conseguem localizar informações nestes materiais. (Palavras-chave: práticas de leitura- alfabetização- educação de jovens e adultos) INTRODUÇÃO Saber ler e escrever na sociedade contemporânea não é mais garantia de acesso ao mercado de trabalho e nem mesmo garantia de poder exercer a cidadania. Porém, sem esses atributos isso se torna cada vez mais difícil. Por isso é necessário que todo sujeito domine a leitura e a escrita no uso de suas práticas sociais cotidianas. Dessa forma, a escola passa a ser o lugar onde o sujeito analfabeto aprenderá as primeiras letras e como fazer uso desse conhecimento no seu dia-a-dia. Os analfabetos estão inseridos na sociedade industrial contemporânea, no entanto, por não dominar o sistema simbólico da escrita, esses sujeitos não são protagonistas de ações corriqueiras presentes no cotidiano, fato esse razão de exclusão. No intuito de oportunizar acesso à educação escolar para quem não a teve na idade adequada organizou-se, no sistema escolar brasileiro, a Educação de Jovens e Adultos popularmente conhecida por EJA. São as práticas de leitura dos alunos atendidos por essa modalidade de ensino que se constituem o objeto deste estudo. 1 Acadêmica do curso de Pedagogia da FAFIPA e bolsista Fundação de Apoio à FAFIPA. 2 Professora da Fundação FAFIPA e Universidade Estadual de Maringá UEM.

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS PRÁTICAS DE LEITURA Segundo o artigo 37 da LDB 3 A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. E para o exercício deste direito a lei complementa: 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular. Oportunidades apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Segundo Iokoi (2001) os debates sobre o analfabetismo no Brasil ganharam impulso a partir de 1940. Neste período, Lourenço Filho e Clementi Mariani passaram a participar de discussões para a formulação do Projeto Principal da Unesco de Educação para a América Latina, organizado no pós-guerra. Muitas foram as tentativas para que se tivesse um Projeto de Educação de Jovens e Adultos no Brasil e para que alcançasse porcentagem cada vez maior de pessoas rumo a erradicação do analfabetismo no país. No entanto, adentramos o século XXI e a erradicação ainda é um desafio. Em 2000, a EJA contava com cerca de 190 mil educadores em escolas públicas e privadas de todo o país. Um número ainda tímido se considerado os milhões de brasileiros que procuram a escola para se alfabetizar ou para continuar seus estudos. Um ícone da história da EJA no Brasil é Paulo Freire. Quando se fala em EJA, imediatamente pensamos no legado deste educador. Sua proposta para a alfabetização criticava o sistema tradicional que utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita. Em seu lugar, Freire propôs uma teoria fundamentada na relação dialógica entre educandos e educadores que discute e lê a realidade dos sujeitos. Fascina-nos não apenas a sua proposta, mas a intenção de um cidadão que deseja e luta para que seu próximo se liberte da opressão e compartilhe o mundo letrado. Conhecer a história e a obra de Paulo Freire faz crescer a admiração e o respeito pelas conquistas acerca da educação, mesmo sabendo que as lutas travadas em defesa da cidadania e ao respeito pelo ser humano ainda são bandeiras atuais. Segundo Brandão (1981) na aurora de 1960, embasados na proposta de Freire, os 3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9394/96.

lavradores do Nordeste foram os primeiros homens a viverem a experiência do círculo de cultura, foram alfabetizados através de seu próprio trabalho. Ler o mundo a partir da própria experiência de vida é a premissa da proposta freireana. A leitura para Freire (1982) é um diálogo, uma troca de saberes que possibilita a mudança de postura em relação ao mundo. Neste sentido, o autor discute a necessidade de se politizar o cidadão. Para o autor (1982, p. 11): A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. As relações entre educando, texto e contexto, são mediadas pelos educadores da EJA, e devem oportunizar as práticas de leitura cotidianas. Neste sentido, não basta apenas decodificar a mensagem registrada graficamente. É preciso compreendê-la e relacionála ao mundo em que vivemos. O analfabeto sabe a importância de fazer parte do mundo letrado, sabe que ler e escrever facilita as relações pessoais e sua integração profissional. Todavia, no ambiente educacional ele ainda precisa sentir que pode expressar seu pensar, sua visão de mundo, suas crendices, seus ideais, suas sugestões. Condições básicas para estabelecer uma relação de confiança e liberdade na relação docente e discente. Magda Soares (2003), nos mostra que, na atualidade, os resultados de Censos 4 têm sido freqüentemente apresentados pelo critério de anos de escolarização, em função dos quais se caracteriza o nível de alfabetização funcional da população. Ficando implícito nesse critério que, após alguns anos de aprendizagem escolar, o individuo terá não só aprendido a ler e escrever, mas também a fazer uso da leitura e da escrita. Assim, verifica-se uma progressiva, embora cautelosa, extensão do conceito de alfabetização em direção ao conceito de letramento: do saber ler e escrever em direção ao ser capaz de fazer uso da leitura e da escrita. A preocupação dos autores que embasam essa pesquisa centra-se na questão do uso da leitura e escrita enquanto práticas cotidianas. Dessa forma, entendemos que a escola passa a ser o lugar onde o sujeito aprenderá a ler para além da decodificação, fazendo uso desse conhecimento no seu dia-a-dia. No sentido de conhecer as práticas de leitura dos alunos da EJA na sociedade contemporânea, propomos a seguinte investigação. A PESQUISA Para conhecer as práticas de leitura realizamos uma pesquisa de abordagem 4 Sobretudo nos casos das Pesquisas Nacionais por Amostragem de Domicílios (PNAD).

qualitativa, na qual utilizamos como procedimentos observação in loco, entrevistas semi estruturada com alunos e professores, análise de material pedagógico e aplicação de questionário e leitura direcionada aos alunos. Utilizamos filmagem digital, fotografia digital e os seguintes materiais portadores de texto: Bíblia; folha de cheque; bula; conta de energia elétrica; texto informativo com imagem; livro de alfabetização de crianças e caderno de atividades de língua portuguesa. O corpus desta pesquisa foi formado por cinco educandos do 2º Período de Alfabetização da EJA da cidade de Paranavaí. Das seis escolas pesquisadas através da Secretaria Municipal de Educação, apenas uma, situada no centro da cidade está atendendo Alfabetização da EJA com 1º Período (1ª e 2ª série) e 2º Período (3ª e 4ª série), realizados em 2 anos. Fizemos duas observações na escola, acompanhamos uma aula de português e uma aula de matemática. As aulas são noturnas, iniciam às 19:30 horas e se estendem às 23h. Os sujeitos de nossa pesquisa participaram ativamente da aula, atentos e com vontade de aprender. Os sujeitos 5 Ronaldo, 47 anos, nascido no Estado do Paraná, é ajudante de motorista num depósito de materiais de construção. Não teve acesso à escola na infância porque o pai morreu quando ainda estava em idade escolar. Trabalhou na roça, junto com os irmãos, para ajudar no sustento da família. Aos 45 anos, retornou aos bancos escolares motivado pela necessidade de ler e escrever, pois, em seu trabalho necessitava ler as notas de entrega. Foi matriculado como aluno reclassificado. 6 Em entrevista, afirmou que aprendeu mais ler do que escrever. É um senhor bem simples, muito falante, demonstra vontade e interesse em aprender. Gosta de estar na escola e tem um bom relacionamento com a professora. No entanto, diz que estudar é muito cansativo, porque às vezes não tem tempo para se alimentar antes da aula. Nas atividades propostas em sala participou efetivamente. Durante o questionário demonstrou insegurança quanto à grafia e sempre queria confirmar o que escrevia. Dona Zilda, 47 anos, mas aparenta bem mais, nasceu no Estado do Paraná, é cozinheira e em razão da profissão já esteve em Israel e Grécia. Domina culinária de vários países sem saber ler ou escrever. Disse em entrevista: Essa burra aqui já foi longe!. Não estudou, pois a família era muito grande, eram 11 filhos, todos trabalhavam, moravam numa fazenda e o pai era muito doente. Suas maiores dificuldades eram preencher uma ficha numa entrevista de trabalho, ir ao banco pegar extrato e fazer um currículo. Voltou à escola para aprender a ler suas receitas, a bíblia, e fazer um currículo. Foi matriculada como aluna reclassificada. Em entrevista, afirmou 5 Os nomes são fictícios. 6 Alunos que tem noções de leitura.

que apesar de ter problemas de saúde 7, hoje já consegue segurar o lápis e escrever. Disse que não consegue ler inglês e francês, e que, não se sente mais chateada, porque agora já sabe ler e escrever. É uma pessoa bem extrovertida e falante. Tem muita vontade de aprender. Ler e escrever para ela é uma cura pessoal, devido aos problemas de saúde. Marlene, 31 anos, nascida no Estado do Paraná, trabalha em avícola como auxiliar de controle de qualidade, não teve acesso à escola porque teve uma infância muito pobre. Ficou emocionada ao ser questionada sobre a infância, pois, teve que trabalhar para ajudar a sustentar a família. Sentiu a necessidade de voltar à escola por causa do trabalho, está matriculada como aluna reclassificada. Relatou em sua entrevista que estudar muda tudo na vida. No entanto, encontra muita dificuldade de ir a escola, pois é longe da sua casa. Não gosta do seu nome, é bem retraída, reservada, tem um olhar triste. Pensa que não conseguirá prosseguir os estudos. Em suas palavras: não sei se vou agüentar o tranco. Justifica o desânimo pelo cansaço e distância da escola, para não se atrasar ela não se alimenta. Fala pouco e quando não consegue responder algo, aparenta insegurança e rispidez. Jailson, 35 anos, nasceu no Estado do Paraná, é pedreiro. Não teve acesso à escola porque o pai morreu quando ele tinha 3 anos. Eram 9 irmãos e não havia quem os mandasse à escola. Uma lembrança boa da infância era a leitura da irmã mais velha, ela lia e contava historinhas para ele e para os irmãos. Sentiu necessidade de estudar quando, para conseguir qualquer emprego, era preciso saber ler e escrever. Voltou à escola e ficou três anos no 1º ciclo, pois mal sabia escrever o nome. Hoje, no 2º ciclo, lê e escreve com dificuldade, pois troca as letras. Disse em entrevista que gosta de matemática, porque sabe fazer contas e que a professora ensina bem, explica até eu entender. Orgulhoso, afirmou que ler e escrever foram as maiores alegrias da sua vida. Sair às ruas e conseguir ler as placas, assinar um documento sem medo, ler a bíblia e os gibis. Ele lembra que sua leitura se complica quando aparecem as letras W e Y. É um sujeito bem humilde, muito tímido. Sua postura representa o próprio oprimido, em todo momento pedia desculpas. Quando olhado nos olhos ele sempre abaixava a cabeça. É bem tímido e disse que ficou nervoso com as perguntas e a filmagem. Disse que se sente um vencedor por aprender a ler e escrever, porque para ele é muito difícil. Apesar das críticas que recebe, quer aprender, porque afirma que tem gente com até 60 anos que aprende. Michelle, 24 anos, doméstica, nascida no Estado do Paraná não teve acesso à escola porque na sua infância morava em fazenda. A escola era muito longe e não havia condução. Quando pode freqüentar, não gostava da escola e não tinha paciência para ouvir a professora. Sentiu a necessidade de estudar durante este ano quando foi procurar emprego e uma das constantes indagações nas entrevistas era sobre sua escolaridade. Foi matriculada como aluna reclassificada. Em entrevista disse que gosta 7 Faz tratamento porque perdeu os movimentos das mãos.

de ler historinhas infantis e gibis. É tímida, porém fala bastante, abaixa os olhos quando é questionada. Atrapalha-se ao ler e diz que fica nervosa quando tem que ler para alguém. Não apresenta empolgação quanto aos estudos. Ainda está se situando no espaço escolar. Não participou ativamente das atividades. A leitura dos materiais portadores de texto Para observamos as práticas de leitura dos alunos da Educação de Jovens e Adultos optamos pelo seguinte procedimento metodológico: apresentamos aos educandos textos variados e solicitamos leituras específicas: da Bíblia solicitamos a leitura de um determinado versículo; sobre a folha de cheque perguntamos o nome do titular; da bula questionamos o nome do remédio e a indicação; sobre a conta de energia solicitamos o nome do titular e o consumo da fatura; do texto informativo com imagem questionamos o assunto da reportagem; sobre o livro de alfabetização questionamos sua utilização e composição e do caderno de atividades de língua portuguesa indagamos de que disciplina era e a quem pertencia. Sujeito: Ronaldo Bíblia Cheque Bula Conta de Leu com dificuldade o texto Gaguejava e perguntava se estava correto. o nome do banco, mas não leu o que foi Disse que era uma receita. Não ler o que foi energia Leu sem dificuldade o nome do titular da fatura, o endereço, o valor, mas não encontrar a informação solicitada. Texto de revista Leu o titulo, mas não o relacionou a imagem. Não ler as palavras ranking e MEC. Fazia suposições e perguntava se estavam corretas. Cartilha Folheou algumas páginas e reconheceu como livro de Alfabetização para crianças. Caderno escolar como caderno de português de criança. Não leu o texto Repetiu salmos conhecidos. Sujeito: Dona Zilda Bíblia Cheque Bula Conta de energia Não encontrar o nome do titular do cheque Disse que era uma receita, leu com dificuldade o que foi Reclamou que o óculos não estava bom. Leu o nome da rua como sendo o nome do titular da conta. Depois viu que era o nome da rua. Mas, não encontrar o que foi Texto de revista Leu o titulo, mas não relacionou a imagem. Não entender as palavras ranking e MEC. Cartilha como um livro, que era de exercícios, mas não sabe de que. Caderno escolar como caderno, mas não sabia de que. Disse: Sei lá de que é esse caderno!

Sujeito: Marlene Bíblia Cheque Bula Conta de Leu o texto solicitado sem dificuldades. Disse que na Bíblia dela as letras são pequenas. Leu o que foi solicitado sem dificuldade. Disse que era uma receita, mas não encontrar o que foi Disse que em casa consegue encontrar. energia Leu sem dificuldade e com rapidez o que foi Sujeito: Jailson Bíblia Cheque Bula Conta de Leu com bastante dificuldade o texto a folha do cheque e leu com dificuldade, acrescentando palavras ao texto. Disse que era uma bula. Leu com dificuldade o nome do remédio, subtraindo letras. energia Não ler, coçava a cabeça e disse que fica nervoso quando tem que ler para alguém. Sabia o consumo da sua casa, mas disse que é sua esposa que lê. Sujeito: Michelle Bíblia Cheque Bula Conta de Leu o texto com dificuldade. Pediu ajuda para encontrar o que foi Leu o que foi solicitado sem dificuldade. acrescentou fonemas na pronúncia. como uma receita. Não encontrar o que foi Disse que tinha problemas na visão. energia Leu sem dificuldade, Estava sorridente e feliz. Expressava conquista. Texto de revista Leu o titulo, mas não o relacionou a imagem. Não ler as palavras ranking e MEC. Texto de revista Decodificou com muita dificuldade sem entender. Não relacionar a imagem ao titulo. Para ele foi o texto que apresentou mais obstáculos, pois havia palavras que ele não conhecia. Texto de revista Leu o titulo, mas não o relacionou a imagem. Não ler as palavras ranking e MEC. Sugeria alguns assuntos e perguntava se estava correto. Cartilha como livro de português. Cartilha como livro de Alfabetização de crianças Cartilha como livro de Alfabetização de criança. Não teve dificuldade, porque tem filhos pequenos que se utilizam o mesmo. Caderno escolar como caderno, mas não sabia de que era e qual matéria. Caderno escolar como caderno de Português que pertencia a uma criança. Caderno escolar Folheou bastante o caderno e afirmou ser um caderno de Português de criança. Ler a bíblia é um desejo da maioria dos sujeitos. Contudo, quando solicitamos a leitura de um versículo da bíblia, todos eles tiveram muita dificuldade, denotando pouca familiaridade com a leitura deste material. Um dos sujeitos não ler e ficou repetindo Salmos decorados. Esse fato, nosso entendimento, revela uma estratégia

interessante de contato com o texto bíblico. Quanto à leitura da bula de um remédio para gases intestinais, apenas um dos sujeitos reconheceu o material portador de texto como bula. Os demais disseram ser uma receita, confundindo receita médica com bula de remédio. Embora Marlene reconheça o material de forma precisa e revele familiaridade com ele no ambiente familiar, não ler o nome do remédio. Apenas o Sr. Jailson localizar no texto o nome do remédio. Na leitura do texto retirado de uma matéria informativa em revista de grande circulação, todos os sujeitos tiveram dificuldades. Tentavam ler o titulo, mas não conseguiam decodificar e entender as palavras ranking e MEC. A imagem de crianças sentadas em círculo não contribuía para compor o sentido do texto e esclarecer as palavras cujas letras não faziam sentido. Ao apresentar a cartilha todos reconheceram como um livro didático. Quatro sujeitos afirmaram que se tratava de um livro de português e um deles se referiu a ela como livro de exercícios. Quanto à folha de cheque, todos reconheceram o material portador de texto e sua função social. No entanto, apenas a Marlene leu precisamente o que foi A Michelle leu o nome do titular acrescentando fonemas e Sr Jailson acrescentou palavras na folha do cheque. Dona Zilda e Sr.Ronaldo não encontraram a informação solicitada. A conta de energia é um texto comum a todos, pois compõe o orçamento familiar. No entanto, localizar a taxa de consumo não é uma tarefa fácil, pois está registrada em KWh. Dois dos sujeitos, a Marlene e a Michelle conseguiram encontrar essa informação. Esse fato demonstra familiaridade com esse material, ou seja, esta leitura pertence ao cotidiano destes educandos. Os demais não conseguiram. Ronaldo leu o nome do titular sem dificuldades, mas não encontrar o consumo. Dona Zilda leu o nome da rua como sendo o nome do titular, percebeu o equívoco, mas não localizar as informações. Jailson sabe o consumo de sua família, mas não localizou a informação no texto. Disse que é a esposa que lê para ele, tentou encontrar, ficou nervoso, coçava a cabeça a todo o momento perturbado e não encontrar a informação na conta de energia que lhe foi apresentada. Aqui percebemos que a leitura deste material se faz presente no cotidiano de dois sujeitos. Ao mostrar o caderno de Língua Portuguesa de uma criança da 4ª série do Ensino Fundamental, eles folhearam e três sujeitos identificaram como caderno de Língua Portuguesa de uma criança. Outros dois sabiam o que era o material, mas, não sabiam a quem pertencia. Não leram, pois a escrita era cursiva e eles não entenderam a letra da criança. ALGUMAS REFLEXÕES Através deste instrumento verificamos que o texto que representou maior dificuldade na

leitura foi o informativo, retirado de uma revista de grande circulação e que tratava da educação no Brasil. Decodificar as palavras MEC e ranking era extremamente difícil e como elas faziam parte do título, o texto não fazia sentido para os leitores. Alem disso, para nossos sujeitos, a imagem de crianças não contribuía para dar sentido ao texto. Esse fato nos surpreendeu, pois não esperávamos tal dificuldade nesta modalidade textual. Como se tratava de uma revista famosa e de um assunto que interessa a todos a educação com debate constante na mídia, não imaginávamos que o texto fosse tão complexo para eles. Por outro lado, os materiais portadores de texto que ofereceram maior segurança aos educandos da EJA foram: a fatura de energia elétrica, o cheque, a cartilha e o caderno escolar. Entendemos que a familiaridade com a cartilha e o caderno deve-se ao trabalho no ambiente escolar. A identificação do cheque e da fatura de energia como materiais portadores de textos, a nosso ver, está relacionada às práticas de leitura cotidianas, pois fazem parte da rotina financeira na sociedade atual. Todavia, localizar informações neles, ainda é um desafio para a maioria dos educandos que participaram deste trabalho. Isso denota que uma alternativa interessante à prática da EJA seria a utilização de materiais portadores de texto diferenciados para instrumentalizar os educandos nas práticas diárias de leitura. Uma evidência desta pesquisa é a dificuldade e o esforço para aprender. Para os educandos o aprendizado da leitura e da escrita é uma conquista pessoal mediada pelo docente. Desta maneira entendemos que é preciso consolidar o ensino da EJA e enfrentar as dificuldades estruturais, pois existem poucas unidades que oferecem essa modalidade de educação. Assim como ampliar o trabalho pedagógico estimulando a leitura com diferentes materiais portadores de texto como prática cotidiana. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os alunos da Educação de Jovens e Adultos são portadores de cultura e de saberes diversos. Estão voltando à escola em busca da educação que o mercado de trabalho exige, embora contraditoriamente, tenha sido o próprio mercado de trabalho que os impediu de estudar. Como vimos o Sr. Ronaldo voltou em razão da leitura de notas fiscais que é seu instrumento de trabalho. Para Michelle e da Dona Zilda a razão do retorno foi o preenchimento do currículo, material importante na conquista do emprego. O Sr. Jailson nem na feira conseguia trabalhar por não saber ler. Todos se sentiam à margem da sociedade contemporânea quando eram indagados sobres os estudos e respondiam que não sabiam ler e escrever. Para eles era uma situação vexatória. Hoje já podem responder que estão aprendendo na escola. Muitas vezes chegam cansados, depois de um dia de labuta, com pouco tempo para dedicar aos estudos, mas cheios de histórias e vivências, com um conhecimento totalmente diferenciado que deve ser valorizado no processo de alfabetização como nos ensinou Paulo Freire.

Os estudos que discutem a EJA entendem que o trabalho deve valorizar o conhecimento do aluno, compartilhar suas experiências, suposições, sugestões e relacionar essa sabedoria aos conceitos teóricos. Nesta linha de raciocínio, os educadores têm papel fundamental, pois seu objetivo deve ser o desenvolvimento do pensamento crítico e a conscientização do povo. Os autores indicam o caminho do diálogo como pressuposto na atuação docente, entendendo as limitações e crendices como ponto de partida para reflexões. Educar jovens e adultos é um ato político e, para isso, a docência deve estimular o exercício da cidadania, visando a emancipação dos sujeitos na sociedade contemporânea. Desta maneira há possibilidade de novas conquistas, tanto no mercado de trabalho, quanto conquistas sociais. As práticas cotidianas da leitura os instrumentaliza para dialogar com o mundo, quebrar armadilhas e ser protagonista de sua história. REFERÊNCIAS IOKOI, Zilda Márcia Grícoli. Alfabetização de crianças, jovens e adultos no município de Diadema. Estudos Avançados. Vol.15, nº.42, São Paulo: 2001. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 03/07/2007. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido 34 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. KLEIMAN, Ângela B. (org) O ensino e a formação do professor: alfabetização de jovens e adultos. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. LENINE, V. I. Sobre a Educação. V. I. São Paulo: Seara nova, 1997. (Coleção educação e ensino). SOARES. Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. 26ª Reunião da ANPED realizada em Poços de Caldas. MG de 5 a 8 de outubro de 2003. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Método Paulo Freire. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Coleção primeiros passos)