A ARTE DO BRINCAR. Metodologias para a arte educação. Rogério Barata Melo¹ Regia Lúcia Teixeira² RESUMO



Documentos relacionados
O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ANOS INICIAIS: UMA PERSPECTIVA INTERGERACIONAL

A LUDICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

DICA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

RE-ENCONTRANDO COM O ENSINO DA ARTE EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO ENSINO FUNDAMENTAL

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

Avaliação-Pibid-Metas

Jéssica Victória Viana Alves, Rospyerre Ailton Lima Oliveira, Berenilde Valéria de Oliveira Sousa, Maria de Fatima de Matos Maia

O LÚDICO NA APRENDIZAGEM

O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS EM SALA DE AULA E DE UM OLHAR SENSÍVEL DO PROFESSOR

O USO DO TANGRAM EM SALA DE AULA: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO MÉDIO

Educação Patrimonial Centro de Memória

Universidade Estadual de Londrina

O JOGO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.

ISSN PROJETO LUDICIDADE NA ESCOLA DA INFÂNCIA

LUDICIDADE: INTRODUÇÃO, CONCEITO E HISTÓRIA

Luzinete André dos Santos LER, INTERPRETAR E PRATICAR A MATEMÁTICA

II MOSTRA CULTURAL E CIENTÍFICA LÉO KOHLER 50 ANOS CONSTRUINDO HISTÓRIA

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ESCOLA ESPECIAL RENASCER- APAE PROFESSORA: JULIANA ULIANA DA SILVA

PALAVRAS-CHAVE economia solidária, ensino fundamental, jogos cooperativos, clube de troca. Introdução

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS CAICÓ

MÉTODOS E TÉCNICAS DE AUTOAPRENDIZAGEM

ENSINAR MATEMÁTICA UTILIZANDO MATERIAIS LÚDICOS. É POSSÍVEL?

Software livre e Educação: vantagens e desvantagens das novas tecnologias

A MATEMÁTICA ATRÁVES DE JOGOS E BRINCADEIRAS: UMA PROPOSTA PARA ALUNOS DE 5º SÉRIES

PROJETO MEDIAR Matemática, uma Experiência Divertida com ARte

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

Projetos Pedagógicos. Agosto 2012

Carolina Romano de Andrade Mestre em Artes-UNICAMP Faculdade Integradas de Bauru-FIB Coordenadora de Pós Graduação

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011 A IMPORTÂNCIA DAS ARTES NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE OFICINAS PEDAGÓGICAS NAS ESCOLAS DO CAMPO

GT Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil

Educação Infantil: Procedimentos. Teleaula 2. Contextualização. Educar e cuidar na Educação Infantil. Educar e cuidar. A importância do brincar

Avaliação e observação

PROJETO BRINCOS, CANTIGAS E OUTRAS BRINCADEIRAS CANTADAS

TECNOLOGIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

IMPLANTANDO OS DEZ PASSOS DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL RELATO DE UMA EXPERIENCIA

PRÁTICAS LÚDICAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA DO INFANTIL IV E V DA ESCOLA SIMÃO BARBOSA DE MERUOCA-CE

Atividades lúdicas na educação o Caminho de tijolos amarelos do aprendizado.

O BRINCAR E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL DENTRO DO PROCESSO GRUPAL (2012) 1

FORMAÇÃO COMPLEMENTAR. Oficina Integrada de Produção Teatral. Fundamental I Turma I (1º e 2º ano) Primeiro Semestre de 2013

A utilização de jogos no ensino da Matemática no Ensino Médio

Revista Diálogos Interdisciplinares - GEPFIP

O uso de jogos no ensino da Matemática

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

20 Anos de Tradição Carinho, Amor e Educação.

EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS GERAIS. Linguagem Oral e Escrita. Matemática OBJETIVOS E CONTEÚDOS

A INFORMÁTICA E O ENSINO DA MATEMÁTICA

Unidade I. Estrutura e Organização. Infantil. Profa. Ana Lúcia M. Gasbarro

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

MAPA INCLUSIVO GEOGRÁFICO - M.I.G.: O LÚDICO GEOGRÁFICO

TEXTURAS E SENSAÇÕES COM PINTURAS DE AMILCAR DE CASTRO: REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DO PIBID DE PEDAGOGIA EDUCAÇÃO INFANTIL.

ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, COM A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Um currículo de alto nível

Desenvolvimento de jogo digital para ensino de português e matemática para crianças do ensino básico. 1. Introdução

PEDAGOGIA EM AÇÃO: O USO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

Planejamento de Aula - Ferramenta Mar aberto

Pedagogia Profª Luciana Miyuki Sado Utsumi. Roteiro. Perfil profissional do professor

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

ARTE CIRCENSE E A EDUCAÇÃO

UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA MOODLE PARA O ENSINO DE MATRIZES E DETERMINANTES

Anexo F Grelha de Categorização da Entrevista à Educadora Cooperante

SOFTWARE EDUCACIONAL: RECURSO PEDAGÓGICO PARA MELHORAR A APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA

Creche Municipal Pequeno Príncipe

O ENSINO DA DANÇA E DO RITMO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO DE EXPERIENCIA NA REDE ESTADUAL

SALAS TEMÁTICAS: ESPAÇOS DE EXPERIÊNCIAS E APRENDIZAGEM. Palavras Chave: salas temáticas; espaços; aprendizagem; experiência.

Pedagogia Estácio FAMAP

EMEB. "ADELINA PEREIRA VENTURA" PROJETO: DIVERSIDADE CULTURAL

RELATÓRIO Formação Complementar 2º semestre/2015

OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E MATERIAIS MANIPULÁVEIS

A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR OS VALORES NA EDUCAÇÃO

ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DE ATIVIDADES LÚDICAS NO 2 ANO DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA INÁCIO PASSARINHO CAXIAS MARANHÃO

AÇÕES FORMATIVAS EM ESPAÇO NÃO ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO NO PROJETO SORRIR NO BAIRRO DO PAAR

OS SENTIDOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA CONTEMPORANEIDADE Amanda Sampaio França

CONSTRUÇÃO DE QUADRINHOS ATRELADOS A EPISÓDIOS HISTÓRICOS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA RESUMO

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado

JOGOS MATEMÁTICOS RESUMO INTRODUÇÃO

Informações gerais Colégio Decisão

O JOGO COMO RECURSO PARA APRENDIZAGEM DE ALUNOS EM CIÊNCIAS NATURAIS: UM ESTUDO A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY

Sonara Gonçalves Silva 1. Karen Pirola 2. Júlia Raquel Peterle Pereira 3. Maria Geralda Oliver Rosa 4

COMUNIDADE AQUÁTICA: EXTENSÃO EM NATAÇÃO E ATENÇÃO AO DESEMPENHO ESCOLAR EM JATAÍ-GO.

ACESSIBILIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO CEGO DO CURSO DE GEOGRAFIA, A DISTÂNCIA

AS CONTRIBUIÇÕES DO CURRÍCULO E DE MATERIAS MANIPULATIVOS NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

LUDICIDADE NA SALA DE AULA UNIDADE 4 ANO 1. Abril de 2013

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA GREICY GIL ALFEN A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

A Música No Processo De Aprendizagem

FÓRUM SUL MINEIRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL- 2010

Transcrição:

A ARTE DO BRINCAR Metodologias para a arte educação Rogério Barata Melo¹ Regia Lúcia Teixeira² RESUMO O presente trabalho tem por objetivo mostrar as etapas da arte educação e suas especificidades. Uma dessas especificidades é a arte do brincar na educação como forma de aprendizado dentro do currículo escolar segundo as novas diretrizes para o ensino das artes. A história da arte do brincar, do brinquedo, das cantigas de roda... mostram a grande importância do que é o brincar e como este brincar ainda pode ser inserido nas escolas mediante tantas mudanças trazidas pelo mundo digitalizado. Por este motivo a seguinte pesquisa vem contribuir para o enriquecimento das novas metodologias de ensino nas escolas; assim como a arte não está ligada a um só ponto, ela é um leque que precisa ser explorado pelos professores e educadores de boa vontade. Palavras-chave: Arte. Educação. Brincadeiras. 1 INTRODUÇÃO Para se entender as metodologias curriculares do ensino de artes, precisamos conhecer primeiramente o que é arte na educação. Antigamente a arte em si, ou melhor, o fazer artístico era algo distante do que pensávamos, pois a arte não era para todos. Era apenas para pessoas com muito talento artístico e com recursos para financiar as aulas de artes em ateliês e escolas próprias, quase inexistentes em algumas épocas. Com o tempo as escolas normalistas sentiram necessidade de incluir no currículo escolar a disciplina de educação artística, ou aula de arte. Porém, estas aulas de arte, a priori, tinham uma proposta de educar cultural e historicamente com o objetivo de desenvolver a sensibilidade no aluno, além dos conhecimentos. Com o passar do tempo a arte na educação ficou escassa devido à falta de incentivo e propostas e até mesmo da estrutura curricular, pois não se achava interessante a arte para educação. Como vemos hoje, a arte educação ainda é marcada por falhas que até se fica meio perdido ao se reestruturar um currículo de arte (pois tudo é marcado pelos estereótipos). Hoje se sabe que a arte educação não se resume apenas a pintar e conhecer obras de arte. Pelo contrário, a arte educação é a liberdade do fazer artístico enquanto: dança, música, teatro, pintura e brincadeiras, pois acima de tudo existe a arte do brincar que é onde começam as expressões artísticas. A liberdade artística se faz quando o artista se permite brincar, pois brincar, ou melhor, ter infância, fez com que muitos artistas pudessem expressar o lúdico, os medos, as esperanças e tudo o que é de mais expressivo. Tudo isto através da brincadeira somada ao seu talento natural. 1- Acadêmico do Curso de Artes Centro Universitário Leonardo da Vinci UNIASSELVI Turma ART 0092 Belém-PA Polo CEFA. 2- Professora-Tutora externa do Centro Universitário Leonardo da Vinci UNIASSELVI Turma ART 0092 Belém-PA Polo CEFA. 47

O currículo nacional para a educação em artes está revendo os seus conceitos e adaptando novas técnicas de ensinar artes através do lúdico, pois somente assim poderemos chamar a classe de arte educadora como concreta. Ou seja, é dessa forma que se pode realizar um bom trabalho como arte educação dentro das propostas estabelecidas. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de artes nas escolas (PCN), São conteúdos específicos da linguagem de artes visuais: expressão e comunicação na prática dos alunos em artes visuais; as artes visuais como objeto de apreciação significativa e produto cultural e histórico. (BRASIL, 1998). 2 METODOLOGIAS DA ARTE EDUCAÇÃO Quando falamos em arte na educação escolar, pensamos logo em seus vários significados, o que implica a explicação do seu verdadeiro significado enquanto componente curricular. O ensino de arte nas escolas, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional se tornou obrigatória em toda a educação básica no Brasil. Espera-se que isso se concretize de maneira positiva a fim de aprimorar a formação artística e cultural dos estudantes. No processo ensino-aprendizagem em arte, surgem importantes questões de como fazê-lo, pois há uma preocupação com relação ao seu fazer pedagógico e educacional. Um deles é como encaminhar esse trabalho de acordo com as necessidades da escola e a realidade de cada aluno. Portanto, é preciso que se organizem propostas significativas para a qualidade da educação em arte dentro das escolas, ou seja, que haja uma metodologia eficaz para a vida do aluno. Muitos educadores e até mesmo as próprias escolas não se interessam pelo saber e o fazer artístico achando que isso não contribui para com a vida do aluno em termos gerais. A partir do momento em que as escolas enquanto sociedade começarem a se adequar ao novo regime curricular em arte, pode se falar em educação para a arte. Trazer desenhos (estereótipos prontos) é quebrar toda uma história construída durante séculos. Para se ensinar arte, o mais correto a fazer é ter consciência de que o aluno precisa, de maneira fácil e prática, entender como ser livre em suas atividades artísticas, que o professor deve ser apenas um intermediador para o desenvolvimento das habilidades artísticas daquele aluno. Se pensarmos em coisas prontas, ou melhor, o que já existe, esta metodologia em arte ficará cada vez mais defasada. 3 A ARTE DO BRINCAR O brincar para as crianças em processo de formação escolar é fundamental para o aprendizado e como proposta para as outras disciplinas aplicadas nas escolas. Neste sentido o processo do brincar está inserido dentro do currículo de arte educação como proposta lúdica para o desenvolvimento artístico da criança desde cedo, pois, se antes o brincar na educação eram apenas métodos recreativos, hoje é uma questão séria de aprendizado, mais ainda quando a arte está em jogo. Primeiramente deve-se pensar: de que forma essa brincadeira ou brincar pode interferir no processo de arte educação e por quê? Observa-se hoje em dia um mundo completamente tecnológico e cheio de novidades lúdicas computadorizadas que vêm vindo com todas as forças. Isso é preocupante, pois, ao invés de ajudar, essas novas tecnologias acabam intervindo no processo de aprendizagem, principalmente quando falamos de arte brincadeira. Algumas escolas desconhecem a grande importância do que é a arte educação para a vida das crianças em fase de aprendizagem, pois preferem seguir os métodos tradicionais dos estereótipos, trazendo aos alunos 48

algo pronto, coisas já produzidas por outros. Não querem repassar aquilo que vem do natural, ou seja, fazer com que esse processo artístico venha naturalmente. Enquanto se pensa na disciplina de arte, logo vem em mente um grande ateliê cheio de pincéis e tintas, coisas que os pais acham que os alunos aprenderão a pintar como grandes artistas. Mal eles sabem que o currículo de arte nas escolas nada mais é do que educação artística ou arte educação, coisa que não se resume apenas a pincéis. A arte educação se divide em vários aspectos: pintura, dança, música, teatro... e juntamente com o teatro o brincar. A brincadeira espontânea e agradável faz a criança se expressar melhor, levando em consideração seus impulsos instintivos, serve de elemento encorajador de orientação se bem usado e auxilia também no desenvolvimento da inteligência e das relações sociais. Assim a brincadeira incentiva a imaginação no desenvolvimento dessas atividades lúdicas. 4 O BRINCAR NA APRENDIZAGEM Ao usar o brincar como recurso pedagógico deve-se ter em mente a expressão e a construção do conhecimento. A criança apropria-se da realidade, atribuindo-lhe significado. Assim, alunos com dificuldade de aprendizagem podem valer-se da brincadeira como processo facilitador para outras disciplinas, partindo do ponto artístico. Nesse caso quando se utilizam brincadeiras dentro da proposta curricular em arte, o professor tem a oportunidade e a responsabilidade de inserir conhecimento histórico, artístico e cultural de maneira lúdica sem que o aluno perceba diretamente o que se está estudando. Vale ressaltar que, além do mais, o educador estará fazendo um resgate das antigas brincadeiras de roda, jogos e brinquedos que eram utilizados pelos nossos antepassados. Com isso podemos perceber a grande importância do brincar como arte educação, pois, segundo Leontiev (1998, p. 20), [...] a brincadeira é a atividade objetiva que constitui a base da percepção que a criança tem do mundo e dos objetos do mundo, motivo pelo qual ela própria é quem determina o conteúdo da brincadeira. Lembrando Piaget (apud MELO, 2012), a ludicidade é uma ferramenta pedagógica que exerce uma função fundamental para o desenvolvimento da criatividade, iniciativa e autonomia, como também para a apropriação dos saberes deixados historicamente pela humanidade. 5 RECURSOS PEDAGÓGICOS PARA A ARTE DO BRINCAR Muitos são os recursos ainda utilizados em algumas escolas para o processo de arte educação, um deles é a proposta sobre a sustentabilidade na qual os educadores utilizam materiais recicláveis para a fabricação de brinquedos pelos próprios alunos. Como forma de resgate, é importante tanto para o educando quanto para o educador fazerem o processo de reciclagem para fins educativos, pois, além de aprender a reutilizar o lixo, o aluno participa de uma forma criativa e divertida nas aulas de educação artística. A seguir vamos mostrar alguns exemplos de materiais recicláveis que são utilizados para fazer brinquedos na arte educação: garrafas pet, latas de leite, tampas de garrafa, tubos de PVC, potes de margarina e iogurte, pedaços de tecidos, E.V. A, entre outros. Com todos esses materiais o educador pode mostrar aos alunos como fazer seus próprios brinquedos sem agredir o meio ambiente e ainda ajudando no processo lúdico e educativo. Eis alguns brinquedos que podem ser confeccionados com os materiais recicláveis citados: carrinhos, pé de lata ou pé de burro, vai e vem, barquinho, instrumentos musicais, fantoches, dama, ludo, pega-peteca e 49

muitos outros. Exemplos de brinquedos recicláveis: FIGURA 1 VAI E VEM FEITO DE GARRAFA PET FIGURA 2 BONECOS FEITOS DE CAIXA DE PAPELÃO E E.V.A. FONTE: Acervo pessoal FONTE: Disponível em: <http://adri-descobrindoaeducacao. blogspot.com>. Acesso em: 24 mar. 2012. O brinquedo como suporte da brincadeira tem papel estimulante para a criança no momento da ação lúdica, permitindo a exploração do seu potencial criativo numa sequência de ações libertas e naturais em que a imaginação se apresenta como atração principal. Por meio do brinquedo a criança reinventa um mundo e libera as suas atividades e fantasias. Com o brincar, interagir e criar através do faz de conta explora os limites e aventuras que a levam para o encontro do seu próprio eu. 6 AS CANTIGAS DE RODA PARA A ARTE DO BRINCAR Uma das brincadeiras mais antigas desde os primórdios eram as cantigas de roda que ninavam, embalavam e criavam um mundo próprio de quem as utilizava como brincadeiras de passatempo. Como em muitos séculos os brinquedos eram raros para muitos, o mais prático e o mais comum eram estas brincadeiras. Trazidas por influência europeia, as cantigas de roda tinha uma função importante além de divertir: elas possuem até hoje histórias entrelinhas sobre costumes e vidas de uma época até então desconhecida por muitos. Com o tempo estas cantigas foram repassadas de geração para geração, algumas delas de cunho sarcástico, outras de cunho amoroso e romântico. FIGURA 3 CRIANÇAS BRINCANDO DE RODA FONTE: Acervo pessoal 50

A grande importância das cantigas de roda pra o processo educativo está na forma de como os professores a utilizam para a arte educação. Muitos a utilizam como processo de educação musical, outros como educação física. Deve-se unir tudo, pois essas atividades contribuem para o processo físico e mental das crianças, além da história que as musiquinhas trazem consigo. É válido lembrar que as crianças usam a brincadeira para trabalhar e dominar as suas dificuldades psicológicas, bastante complexas do passado e do presente, pois é através das brincadeiras que expressam o que teriam de colocar em palavras. Segundo Piaget (apud MELO, 2012, p. 7), [...] o desenvolvimento mental da criança, antes dos seis anos de idade, pode ser sensivelmente estimulado por meio de jogos, pois representa tanto uma atividade cognitiva quanto social. E é somente por meio de brincadeiras que as crianças exercitam suas habilidades físicas, cognitivas e aprendem a interagir com outras crianças. Na sequência alguns exemplos de brincadeiras de roda para o ensino-aprendizagem em arte educação: Ciranda cirandinha, Fui morar numa casinha, Atirei o pau no gato, Sapatinho branco, Mãe rica e mãe pobre, Laranja madura etc. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O brincar na educação tem por objetivo não apenas os processos recreativos, o brincar na educação deve ser levado a sério, pois brincar é uma arte. Mediante isso, os educadores devem ampliar seus conhecimentos sobre o lúdico, que eles possam utilizar com mais frequência a arte do brincar como processo pedagógico dentro do currículo de arte educação, lembrando que o professor deve ter em mente que a arte do brincar na educação precisa ter um enfoque voltado para a motivação e novas aprendizagens, para que assim o aluno se divirta e ao mesmo tempo adquira novos conhecimentos e capacidades dentro da proposta estabelecida. REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: arte. Brasília: MEC/SEF, 1998. CURSO de sustentabilidade nas escolas. Disponível em: <www.fgvonline.com.br/2011>. Acesso em: 24 mar. 2012. FUSARI, Maria F. de Rezende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 2009.. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 2009. IMPORTÂNCIA do brincar para a primeira idade. Disponível em: <http//blogdatiafabiola. blogspot. com/2009/05/importância-do-brincar-para-primeira.html>. Acesso em: 24 mar. 2012. LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 1998. MELO, Belane Rodrigues de. A importância da brincadeira como recurso de aprendizagem. Disponível em: <http://www.faedf.edu.br/faedf/revista/ar01.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2012. SILVEIRA, Tatiana. Curso de metodologia do ensino de artes. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2011. 51