Vilma Aparecida Gomes



Documentos relacionados
Pedagogia Estácio FAMAP

Composição dos PCN 1ª a 4ª

PPC. Aprovação do curso e Autorização da oferta PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FIC METODOLOGIA PARA O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA. Parte 1 (solicitante)

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE AMERICANA TRABALHO INTERDISCIPLINAR DO 2º PERÍODO PITEX

O mundo lá fora oficinas de sensibilização para línguas estrangeiras

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

Projeto Jornal Educativo Municipal

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

RELATÓRIO PARCIAL REFERENTE À ETAPA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO...

UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA. Projeto Integrado Multidisciplinar I e II

Profa. Ma. Adriana Rosa

JOGOS ELETRÔNICOS CONTRIBUINDO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NAS SÉRIES INICIAIS

EDITAL PARA CONTEUDISTA FEAD

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 ISBN

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

30/07 Sessão de Experiência Pedagógica

MANUAL DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR TI - INTEGRADOR FAN CEUNSP

Denise Fernandes CARETTA Prefeitura Municipal de Taubaté Denise RAMOS Colégio COTET

Títulos de Palestras, Oficinas ou Projetos Pedagógicos. Títulos de palestras para a formação continuada de professores:

PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS MATEMÁTICOS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Planejamento Semanal

Curitiba, 06 de setembro de Prezados profissionais da educação

A aula de leitura através do olhar do futuro professor de língua portuguesa

Edital de seleção para formação em gestão de Organizações da Sociedade Civil Fundação Tide Setubal 2011

ESTADO DE SANTA CATARINA Secretaria de Estado da Educação Diretoria de Educação Básica e Profissional

NOME DO ALUNO. TÍTULO DO TRABALHO FINAL DE CURSOS Projeto de Pesquisa

Projeto Pedagógico. por Anésia Gilio

PROJETOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO PLANEJAMENTO À AÇÃO.

A SEGUIR ALGUMAS DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO CIENTÍFICO

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

IERGS PÓS-GRADUAÇÃO MANUAL DE ESTÁGIO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL 2010

CAMPUS BRUMADO DEPEN / COTEP P L A N O D E E N S I N O-APRENDIZAGEM. Manual de instruções. Prezado Professor e prezada Professora,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INTEGRADA EM SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO

Iniciação Científica. Regime de. Centro de Pesquisa

NCE/15/00099 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR DIRETORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PRESENCIAL DEB

Projeto da Disciplina Parte1: Estudo de Viabilidade. Um Estudo de Viabilidade

Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA)

PROBLEMATIZANDO ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

1 EDUCAÇÃO INFANTIL NATUREZA E SOCIEDADE O TEMPO PASSA... Guia Didático do Objeto Educacional Digital

EMEB. "ADELINA PEREIRA VENTURA" PROJETO: DIVERSIDADE CULTURAL

I CONFERÊNCIA PARAENSE DE CONTABILIDADE REGULAMENTO DE TRABALHOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS. Tema: A CONTABILIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA

:: aula 3. :: O Cliente: suas necessidades e problemáticas. :: Habilidades a ser desenvolvidas

ANEXO II EDITAL Nº 80/2013/PIBID/UFG PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

Seminário de Avaliação Econômica de Projetos Sociais

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

A Formação docente e o ensino da leitura e escrita por meio dos gêneros textuais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Ana Carolina de Lima Santos (UERJ/EDU) Caroline da Silva Albuquerque (UERJ/EDU) Eixo temático 6: São tantos conteúdos... Resumo

TERMO DE REFERÊNCIA CONTRATAÇÃO DE CONSULTOR PESSOA FÍSICA MODALIDADE PRODUTO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO ESCOLAR INTEGRADORA LATO SENSU MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO

RESULTADOS E EFEITOS DO PRODOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS RESUMO

Curso de Tecnologia em Marketing. Manual. Projeto Integrador

PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS

ANÁLISE DOS GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS NA COLEÇÃO PROJETO MULTIDISCIPLINAR BURITI DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DA ESCRITA COMO INSTRUMENTO NORTEADOR PARA O ALFABETIZAR LETRANDO NAS AÇÕES DO PIBID DE PEDAGOGIA DA UFC

Regulamento do Trabalho de Curso Serviço Social

Regulamento Projeto interdisciplinar

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

Plano de Aula de Matemática. Competência 3: Aplicar os conhecimentos, adquiridos, adequando-os à sua realidade.

PROJETO DE PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSUEM SAÚDE PÚBLICA

Legitimação dos conceitos face as práticas organizacionais; Oportunizar reflexão sobre as competências em desenvolvimento;

PROCEDIMENTO OPERACIONAL

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL UNISC CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL REGULAMENTO DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Prof. Msc Milene Silva

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

Curso de Tecnologia em Marketing. Manual. Projeto Integrador

5 Considerações finais

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Fundo de Apoio a Projetos do Escravo, nem pensar!

Aula SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NO ESTUDO DOS GÊNEROS TEXTUAIS. (Fonte:

Programa de Pós-Graduação em Educação

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: ANÁLISE DO PLANO DE AULA

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

Aula-passeio: como fomentar o trabalho docente em Artes Visuais

Estágio Supervisionado Educação Básica - Matemática

Faculdade de Tecnologia SENAI Belo Horizonte

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Três exemplos de sistematização de experiências

Aula RELAÇÕES DE DISCIPLINARIDADE. TEMAS TRANSVERSAIS. CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

Sua Escola, Nossa Escola

FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN INTERVENÇÃO EDUCATIVA INSTITUCIONAL PROJETO PSICOPEDAGÓGICO

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES. Inatel Competence Center. Business School. Gestão de Projetos

O DIAGNÓSTICO DE ESQUEMAS MENTAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Palavras Chaves: Educação Matemática, Educação Infantil; Diagnóstico de Esquemas Mentais.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 27 DE FEVEREIRO DE 2013

PLANO DE TRABALHO TÍTULO: PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA DAS CRIANÇAS

DIDÁTICA E COMPETÊNCIAS DOCENTES: UM ESTUDO SOBRE TUTORIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Tecnologia SENAI Belo Horizonte

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

CURSO: ADMINISTRAÇÃO GUIA DO TRABALHO FINAL

FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICA PEDAGÓGICA NO IFTM: O LUGAR DA DIDÁTICA

UTILIZANDO O BARCO POP POP COMO UM EXPERIMENTO PROBLEMATIZADOR PARA O ENSINO DE FÍSICA

SEMANA ACADÊMICA 2014 Educação, Ciências e Inovações

PROJETO DE ESTÁGIO CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL CIRCUITO: 9 PERIODO: 5º

Faculdade de Tecnologia SENAI Belo Horizonte

Transcrição:

Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola Vilma Aparecida Gomes Mestre em Lingüística pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora de Língua Portuguesa da Escola de Educação Básica ESEBA/UFU. KLEIMAN, A. B. & MORAES, S. E. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 1999.

A leitura do livro Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola, por professores do ensino de língua e por professores de outras áreas do conhecimento, pode propiciar uma reflexão e desencadear uma discussão a respeito do conjunto de mudanças radicais, significativas e polêmicas pelas quais vem passando o currículo do Ensino Fundamental e Médio brasileiro. Parte-se de discussões acerca da difusão do conhecimento fragmentado, e de um ensino de leitura que reflete uma pedagogia de contradição, ou seja, fragmenta-se o texto para ensinar o aluno a perceber o todo. Além disso, o professor canaliza as respostas dos alunos para o que foi previsto na sua leitura ou na do autor do livro didático, levando-o a acreditar que, dessa forma, estará formando um leitor crítico e participativo. O livro de Kleiman e Moraes (1999) é o resultado de projetos de pesquisas científicas e tem por objetivo apresentar uma proposta de trabalho em todas as suas etapas: uma proposta para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares, que coloca como atividade central a leitura e apresenta os subsídios teóricos que a sustentam, os modos de desenvolvê-la e alguns exemplos. Para os menos preparados para o encontro com a reflexão e as mudanças em sua prática pedagógica, este livro é desconfortante. Para os que as apreciam, o livro é uma fonte rica que permite vários pontos possíveis de discussão. Além disso, a linguagem utilizada pelas autoras para escrever a obra é simples e clara e, desta forma, facilita a leitura de professores de outras áreas do conhecimento. Os dois primeiros capítulos discorrem basicamente sobre a questão da fragmentação dos currículos e do saber. As autoras propõem-se a discutir sumariamente a respeito dos mecanismos que conduzem à fragmentação e alienação da escola de Ensino Fundamental e Médio. Apresentam as propostas de órgãos responsáveis pela decisão das questões curriculares das escolas brasileiras e de órgãos internacionais no que diz respeito à integração entre as várias disciplinas. Apontam as diferenças, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), entre interdisciplinaridade e transversalidade; enfatizam a preocupação de alguns países em relação à inclusão dos temas transversais nos currículos escolares. Em seguida, discutem questões relevantes para efetivar um trabalho coletivo na escola cujo foco central é a leitura. Um dos pontos que dificulta o desenvolvimento de trabalhos coletivos no âmbito escolar é a insegurança do profissional, que atua na rede pública do Ensino Fundamental e Médio, em pensar um trabalho coletivo e interdisciplinar, uma vez que a formação acadêmica deste profissional foi de acordo com uma concepção fragmentada, positivista do conhecimento. O outro ponto está relacionado com as condições de trabalho deste professor, porque ele ministra um número excessivo de horas aula e, em função disso, não tem tempo para planejar, trocar idéias com colegas ou mesmo estudar. Para que haja uma mudança de trabalho individual para trabalho coletivo é necessário que a escola concretize a sua autonomia. Para isto, ela deve construir um projeto pedagógico que proponha um trabalho interdisciplinar em conjunto com toda a comunidade escolar. Depois dessas considerações, elas justificam o porquê da denominação do projeto de Metáfora da rede em construção. A leitura e a escrita são atividades que permitem a união dos elos, cujos temas não conseguem interligá-los e uni-los a novos conhecimentos. Pode-se comparar à tessitura de uma rede, os nós vão entrelaçando e, no projeto, após a escolha do tema, todas as disciplinas vão atando os nós. Em seguida, as pesquisadoras apresentam as representações gráficas da organização da proposta de trabalho em rede. Isto facilita bastante para o leitor compreender como esta proposta deve ser planejada. Nos quatro capítulos seguintes, as autoras descrevem como fazer para desenvolver este projeto interdisciplinar. Elas justificam a escolha do gênero textual notícia ou reportagem, apresentando uma atividade de leitura de texto informativo. Para facilitar o Olhares & TrilhaS ~ Uberlândia, Ano VI, n. 6, p. 113-116, 2005

entendimento de como desenvolver esta atividade por professores de outras áreas, elas descrevem detalhadamente todas as etapas. Deixam claro para os leitores que a concepção de leitura desta proposta privilegia o cognitivo, uma vez que um texto, seja ele, escrito ou falado, exige o envolvimento da percepção e da atenção, da memória e do pensamento. Esses processos mentais ativam, durante a leitura, aspectos importantes para a compreensão como, a capacidade de inferir, baseado no conhecimento de mundo, no raciocínio dedutivo e indutivo e, além disso, pode desenvolver outras competências necessárias para compreensão do texto pelo leitor. Partindo desta concepção de leitura, Kleiman e Moraes apresentam os textos selecionados para desenvolver a proposta, abordando um tema escolhido, a priori, pela comunidade escolar, alunos, professores e coordenadores. Sugerem como cada área do conhecimento pode trabalhar o tema a partir da leitura, inclusive, apresentando sugestões de metodologias e questões que podem ser elaboradas para desenvolver as habilidades cognitivas do aluno. Outro aspecto abordado pelas autoras é o conceito de intertextualidade, que nos faz entender porque a leitura desfaz a fragmentação entre as diversas áreas do conhecimento. Argumentam, ainda, que as atividades de leitura, propostas por elas, estão longe daquelas realizadas na escola, isto, porque na escola estas atividades restringem-se à leitura de textos de livros didáticos. Justificam que este tipo de texto tem a sua importância, mas é necessário in-serir outros gêneros textuais para ampliar a visão de conhecimento do aluno. Nesta perspectiva, elas fazem um paralelo entre as noções de alfabetização e letramento para comparar as concepções de leitura e escrita de vinte anos atrás com as que são exigidas do indivíduo atualmente, nesta sociedade altamente tecnológica. Em função disso, é necessário repensar as práticas de letramento da escola, sendo que, a proposta que é apresentada neste livro foca justamente este ponto. O gênero textual notícia tem que atar o primeiro nó no trabalho de tessitura de rede, porque este propicia a inter-relação entre as diversas áreas do conhecimento e, conseqüentemente, possibilita o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar via intertextualidade. No penúltimo capítulo do livro, as autoras descrevem como desenvolver esta proposta e exemplificam com projetos interdisciplinares já realizados em escolas da rede pública do Estado de São Paulo. Descrevem também, como estas escolas poderiam desenvolver estas mesmas propostas utilizando o gênero textual notícia ou reportagem. Além disso, mostram como iniciar a organização do projeto. O primeiro passo para isso é a construção do projeto pedagógico envolvendo equipe de direção (diretores, vicediretores, coordenadores pedagógicos), professores, funcionários, alunos e pais. A proposta deve ter como eixo central um componente que dificulta o sucesso do aluno e, como é de conhecimento de todos, a leitura é a grande vilã do fracasso escolar, portanto, considera-se importante que a proposta pedagógica contemple a introdução do aluno nas práticas sociais de leitura e escrita, a fim de diminuir as desigualdades sociais. A escola deve organizar-se de forma que a leitura seja a atividade central para dar início às atividades com projetos. Quanto à organização do trabalho, uma etapa importante para desenvolver projetos temáticos, apoiados em atividades para a formação do leitor crítico, é proporcionar uma ampla discussão com os alunos da classe sobre o papel da leitura. O passo seguinte é a escolha do texto de revista semanal de informação pelo professor de cada área do conhecimento. Depois dessas etapas, as autoras ilustram, detalhadamente, como desenvolver tal proposta envolvendo cada área de conhecimento. Em relação à avaliação, a regra básica é que, desde o início do trabalho, os alunos devem participar da elaboração dos critérios que serão utilizados. A culminância do projeto pode ser por meio de apresentações teatrais, poesias e danças de acordo com as especificidades do tema e de cada área Uberlândia, Ano VI, n. 6, p. 113-116, 2005 ~ Olhares & TrilhaS

específica. Dentro desse contexto, pode-se perceber que é possível abordar questões específicas de cada área do conhecimento, sem prejuízo do conteúdo que deverá ser desenvolvido durante o ano letivo. Para isso, é necessário que cada professor determine o dia em que irá desenvolver o projeto. Ao fim da leitura, pode-se fazer duas reflexões: a primeira diz respeito aos efeitos possíveis que a leitura possa ter produzido nos seus leitores. Como mencionado anteriormente, os textos podem ser desconfortantes por desnudarem a prática pedagógica de leitura como tarefa única do professor de Língua Portuguesa. Por outro lado, pode ter esclarecido aos profissionais comprometidos com o ensino, bem como àqueles que precisam de algo mais concreto na prática em meio a tantas discussões teóricas, uma vez que esta deve ser a situação da grande maioria dos professores que não puderam perceber, ainda, o quanto se mostram submissos ao livro didático e à metodologia de ensino vigentes. A segunda reflexão diz respeito à situação em que se encontra a grande maioria das escolas da rede pública brasileira, isto é, uma situação de abandono total. Os órgãos responsáveis pela implantação desta nova organização escolar não percebem que é uma utopia exigir de um professor, que ministra quarenta horas aula semanais, um planejamento coletivo. A mudança necessária na prática pedagógica depende de um aprofundamento teórico dos professores para que eles sejam capazes de perceber novas possibilidades de ensinar a leitura e torná-la, de fato, uma prática social significativa. Senão, a leitura passa a ser apenas, e mais uma vez, a aceitação do que entidades maiores como o cientista e o texto científico escrito na universidade afirmam, incorrendo, desta forma, no mesmo erro de aplicar técnicas típicas de métodos específicos de ensino, sem que seja dado ao professor conhecimento de natureza teórica sobre o ensino da leitura. Enfim, a leitura deste livro pode incitar uma reflexão importante aos leitores. Reflexão esta acerca das concepções de leitura e texto que se fazem fundamentais para pensar uma proposta de trabalho coletivo. Uma reflexão que permita ao leitor pensar mais profundamente as práticas de leitura. Olhares & TrilhaS ~ Uberlândia, Ano VI, n. 6, p. 113-116, 2005

PUBLIQUE SUA EXPERIÊNCIA DE ENSINO OU ARTIGO EM NOSSA REVISTA A revista Olhares & Trilhas recomenda a seus colaboradores que mandem seus textos de acordo com as normas abaixo: 1 - texto em 15 laudas formato A4 (espaço 2), em letra 12, digitado em programa Word 6.0 ou 7.0, devendo ser encaminhado com uma cópia impressa e em disquete (3 1/2 ) 2- O autor deve mandar uma breve nota biográfica que indique onde estude, ensine e/ou pesquise, sua área de trabalho e endereço completo. 3- O autor deve indicar ilustrações, mapas, tabelas, gráficos, desenhos ou fotos para seu texto. 4 - As citações devem aparecer em notas de rodapé, no final da página. 5- A bibliografia deve aparecer no final do texto, apresentando o seguinte padrão: - Livros: sobrenome, nome do autor, título do livro, local da publicação, editora, ano da publicação. - Artigos de revistas: sobrenome, nome do autor, título do artigo, título do periódico, número do volume, editora, data do volume. - Artigos em coletânea: sobrenome, nome do autor, título do trabalho, in sobrenome do organizador, nome, título da coletânea, local da publicação, editora e data. 6 - Os profissionais que desejarem colaborar com a revista devem enviar seus textos, que serão examinados pela comissão editorial. A coordenação da revista entrará em contato por carta, fax, internet ou telefone. O endereço para correspondência é: Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia Rua Adutora São Pedro, 40 CEP 38400-785 - Uberlândia/MG Fone: (34) 3218-2905 - Fax: (34) 3218-2903 e-mail: olharesetrilhas@eseba.ufu.br

Imprensa Universitária/Gráfica UFU

Para adquirir nossa revista Olhares & Trilhas Envie-nos sua ficha cadastral preenchida pelo correio. Se preferir, use o nosso fax (34) 3218-2903 ou e-mail: olharesetrilhas@eseba.ufu.br. Em breve você receberá instruções para pagamento, assim como maiores informações sobre a revista. Nome: Endereço: Bairro: UF: Cidade: CEP: Tel.: ( ) e-mail: Instituição em que trabalha e/ou estuda: Suas atividades são: ( ) Prof. ensino básico ( ) Prof. ensino médio ( ) Prof. universitário ( ) Estudante - Grau: