ANTIOXIDANTES NO TRATAM E.NTO DAS LEU`C.OPLASIAS BU.CAI ' REVISAO DE LITERAT U



Documentos relacionados
FORMAS FARMACÊUTICAS E APRESENTAÇÕES - ALDACTONE

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

NEOPLASIA INTRAEPITELIAL VULVAR RIO DE JANEIRO 2013

Diretrizes Assistenciais. Medicina Psicossomática e Psiquiatria

Qual é a função dos pulmões?

Papiloma Vírus Humano - HPV

O que é câncer de mama?

O que é câncer de estômago?

Cessação do tabagismo e Farmacoterapia. Edward Ellerbeck, MD, MPH

Prof.: Luiz Fernando Alves de Castro

Homeopatia. Copyrights - Movimento Nacional de Valorização e Divulgação da Homeopatia mnvdh@terra.com.br 2

COMBATER CANCRO DE PELES

ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO CÂNCER BUCAL NO HC DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, ATRAVÉS DO CID 10

BAYCUTEN N I) IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO. clotrimazol acetato de dexametasona

MS777: Projeto Supervisionado Estudos sobre aplicações da lógica Fuzzy em biomedicina

RESPOSTA RÁPIDA 87/2014 VITALUX na Degeneração Macular Relacionada com a Idade (DMRI) forma atrófica

A Meta-Analytic Review of Psychosocial Interventions for Substance Use Disorders

TEMA: Octreotida LAR no tratamento de tumor neuroendócrino

MITOS NA ESCLEROSE MÚLTIPLA

Cranberry. Tratamento e prevenção infecção urinária

LABIRIN. dicloridrato de betaistina APSEN. FORMA FARMACÊUTICA Comprimidos. APRESENTAÇÕES Comprimidos de 24 mg. Caixa com 30 comprimidos.

Orientações para o uso do Poly-MVA

4. Câncer no Estado do Paraná

Atuação da Acupuntura na dor articular decorrente do uso do inibidor de aromatase como parte do tratamento do câncer de mama

Radiology: Volume 274: Number 2 February Amélia Estevão

A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho.

factos e mitos ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DAS BEBIDAS REFRESCANTES NÃO ALCOÓLICAS

DIA MUNDIAL DO CÂNCER 08 DE ABRIL

Método de Amenorréia Lactacional

ESTUDO DO PADRÃO DE PROLIFERAÇÃO CELULAR ENTRE OS CARCINOMAS ESPINOCELULAR E VERRUCOSO DE BOCA: UTILIZANDO COMO PARÂMETROS A

MODELO DE BULA. USO ADULTO E PEDIÁTRICO (crianças acima de dois anos de idade)

Descobrindo o valor da

Cuidados profissionais para a higiene bucal HIGIENE BUCAL

Dieta, Nutrição e Prevenção do Câncer. Instituto Adriana Garófolo IAG

CURCUMA LONGA E SEUS EFEITOS CONTRA O CÂNCER

Informação para o paciente

Como tomar os produtos?

Ficha Informativa da Área dos Conhecimentos

ÁREA TÉCNICA DE SAÚDE BUCAL

Portuguese FAQs PRÓLOGO PROGRAMA CLÍNICO

Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata

-Os Papiloma Vírus Humanos (HPV) são vírus da família Papovaviridae.

Unidade 1 Adaptação e Lesão Celular

AA 2-G (Vitamina C estabilizada)

OUTUBRO. um mes PARA RELEMBRAR A IMPORTANCIA DA. prevencao. COMPARTILHE ESSA IDEIA.

Uso de Scanalyzer com embriões de Danio rerio

Informativo para pacientes com boca seca (xerostomia)

A Avaliação Ética da Investigação Científica de Novas Drogas:

IV Prova de Epidemiologia e Bioestatística. Aluno:

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

RESENHA: Novas perspectivas na luta contra a dependência química provocada pela cocaína.

SP 07/94 NT 179/94. O efeito da utilização do telefone celular sobre a atenção do motorista. Engº Fernando J. Antunes Rodrigues

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

Álcool e energéticos. Uma mistura perigosa. José Guerchon Camila Welikson Arnaldo Welikson Barbara Macedo Durão

Tipos de Câncer. Saber identifi car sinais é essencial.

Conheça o lado bom e o lado ruim desse assunto. Colesterol

RASTREIO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

E R R E C B N Â C SOR FALAS O VAM

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU. Av. Joana Angélica, 1312, Prédio Principal, sala 404 Nazaré. Tel.: / 6812.

CAPACIDADE DE UM SERVIÇO DE DISPENSAÇÃO DE UMA FARMÁCIA UNIVERSITÁRIA EM IDENTIFICAR O RISCO DE INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: RELATO DE CASO

Pesquisa epidemiológica retrospectiva no programa de prevenção de câncer cérvico-uterino no município de Sarandi -PR

Numeração Única: ou

Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família De Nova Olímpia - MT. Importância da Campanha de. Nova Olímpia MT.

Cefaleia crónica diária

Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT) no Tratamento do. Câncer de Cabeça e Pescoço. Contexto da Medicina Baseada em Evidências

Informações ao Paciente

DOENÇAS AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS

Aumentar o Consumo dos Hortofrutícolas

EXERCÍCIO E DIABETES

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Dermacerium HS Gel. Gel. Sulfadiazina de Prata 1% + Nitrato de Cério 0,4%

Prof a Dr a Camila Souza Lemos IMUNOLOGIA. Prof a. Dr a. Camila Souza Lemos. camila.souzabiomedica@gmail.com AULA 4


Artigo Os 6 Mitos Do Seis Sigma

1. Um corpo arremessado tem sua trajetória representada pelo gráfico de uma parábola, conforme a figura a seguir.

Como a palavra mesmo sugere, osteointegração é fazer parte de, ou harmônico com os tecidos biológicos.

DIGEDRAT. (maleato de trimebutina)

Betadine. Aché Laboratórios Farmacêuticos comprimido 16 mg e 24 mg

O Uso de Retinoides no Tratamento de Leucoplasias Bucais: Relato de Caso e Revisão da Literatura

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA. Renata Loretti Ribeiro Enfermeira COREn/SP

Registro Hospitalar de Câncer de São Paulo:

TALIDOMIDA DOENÇA DE BEHÇET

O QUE É? O TUMOR DE WILMS

DOBEVEN. dobesilato de cálcio. APRESENTAÇÕES Cápsula gelatinosa dura contendo 500 mg de dobesilato de cálcio: Caixas com 5 e 30 cápsulas.

EFEITOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

Associação Entre Capsaicina e Isoflavonas é Eficaz na Alopecia

Pedro e Lucas estão sendo tratados com. Profilaxia

TETMOSOL Sabonete sulfiram. Sabonete com 4 g de sulfiram em embalagem contendo 1 sabonete de 80 g.

Tema: NIVOLUMABE EM ADENOCARCINOMA MUCINOSO DE PULMÃO ESTADIO IV

TEGAN alfaestradiol Solução tópica (capilar) 0,25 mg/ml

1. Da Comunicação de Segurança publicada pela Food and Drug Administration FDA.

CANCER DE MAMA FERNANDO CAMILO MAGIONI ENFERMEIRO DO TRABALHO

ANÁLISE DE DIFERENTES MODELOS DE ATRIBUIÇÃO DE NOTAS DA AVALIAÇÃO INTEGRADORA (AVIN) DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DO UNICENP

Gaudencio Barbosa R3 CCP Hospital Universitário Walter Cantídio UFC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Solugel e Solugel Plus peróxido de benzoíla 40 mg/g e 80 mg/g

Efeitos da Ampla Modificação no Estilo de Vida como Dieta, Peso, Atividade Física e Controle da Pressão Arterial: Resultado de 18 Meses de Estudo

A Verdadeira História das Bebidas Alcoólicas. Série Prevenção: No. 5

Transcrição:

ANTIOXIDANTES NO TRATAM E.NTO DAS LEU`C.OPLASIAS BU.CAI ' REVISAO DE LITERAT U THE ROLE OF THE ANTIOXIDANTS ON TH E ORAL LEUKOPLAKIA THERAPY: REVIEW OF LITERATUR E Wania Lucia da SILVA ' ; Martha Aziz CARDOSO 2 ; Marilia Heifer CANTISANO3 ' Especialista em Estomatologia pela Faculdade de Odontologia - UERJ z Especialista em Estomatologia pela Faculdade de Odontologia - UERJ 3 Coordenadora do curso de Especializacao em Estomatologia da Faculdade de Odontologia - UERJ RESUMO 0 objetivo deste trabalho a apresentar uma revisao da literatura sobre a prescrigao da vitamina A, beta-caroteno, alfa-tocoferol, vitamina C, isotretinoina e fenretinide (hidroxifenilretinamida 4HPR) no tratamento das leucoplasias bucais. Pode-se concluir que a vitamina A e muito importante no crescimento normal do epitelio, alem de intensificar a atividade antiproliferativa. 0 beta-caroteno apresenta axcelentes resultados, apesar das recidivas depois do tratamento interrompido : a carotenodermia (pele amarelada). 0 papel do alfa-tocofero l ainda nao foi muito bem esclarecido, exceto que ele intensifica a resposta imune. A vitamina C diminui o 4co de cancer, mas nada esclareceu sua eficacia nas leucoplasias bucais. A isotretinoina parece reverter a leucoplasia bucal, entretanto xerodermia, xerostomia, queilite, hipergliceridermia e efeitos teratogenicos sac observados. 0 4HPR esta comumente sob investigatoo na tentativa de mostrar su a efetividade comparavel ou major que a da isotretinoina. ABSTRACT The aim of this work is present a review of literature about prescription of vitamin A, beta-carotene, alfa-tocopherol, vitamin C, isotretinoin (13-cis-retinoic acid) and hydroxyphenilretinamide (4-HPR) in the treatment of oral leukoplakia It could be concluded that vitami n A is very important in the normal epithelial growth, in addiction it to enhance activity antiproliferative. The beta-carotene presents excellen t results, in spite of recurrence after interrupted treatment: the carotenodermie (yellowing skin). The role of alfa-tocopherol was still not very clear, save to intensifies immune response. Vitamin C decrease cancer's risk but nothing made clear its efficacy in oral leukoplakia. Isotretinoin seems to revert oral leukoplakia, however, xerodermia, and xerostomia, cheilitis, hypertriglyceridemia and teratogenic effect s are observed. 4-HPR is commonly under investigation with the hope of might show comparable or greater clinical effectiveness tha n isotretinoin. UNITERMO S. MIN.--. Leucoplasia bucal; terapeutica ; antioxidantes. KEY-WORD S. minn so Oral leucoplakia ; treatment; antioxidants. 0 termo "Leucoplasia" foi utilizado pela primeir a vez por Schwimmer em 1877 para caracterizar as lesoe s brancas da mucosa bucal sem causa definida. Em 1978, a Organizagao Mundial de Saude (OMS) definiu-a como um a placa ou mancha branca na mucosa bucal que nao pod e ser removida por raspagem nem ser caracterizada clinica e histologicamente como nenhuma outra doenga. Segundo BOUQUOT & GORLIN 5 a leucoplasia e a lesao cancerizavel mais fregiiente da cavidade bucal, podendo se desenvolver em qualquer regiao. No entanto, a mucosa jugal, o labio inferior e a lingua tern lido as area s mais afetadas. Por lesao cancerizavel entende-se, "urn tecido morfologicamente alterado no qual o cancer ter n mais probabilidade de ocorrer do que em urn outro loca l

aparentemente normal". A major preocupagao da clinica estomatolegic a reside no fato de que seu potencial de transformaca o maligna varja de 0,13 a 17,5% dos casos. Portanto, a melhor escolha de tratamento esta relacjonad a jnicjalmente com a remogao ampla da lesao em fun*ao d e urn menor percentual de malignizacao 24. 0 objetivo deste trabalho a revjsar a Iiteratur a sobre o tratamento das leucoplasias bucais atraves do s antioxidantes naturais, como vitamina A (retinol), betacaroteno ((3 caroteno), vitamina C (acido ascorbico), vitamina E (alfa-tocoferol) ; e dos antioxidantes sinteticos : o acido 13-cis-retineico ou isotretinoina, e o 4 - hidroxifenjlretinamida (4-HPR) ou ferentinide. vsae` e`l era ura Tradicionalmente, o tratamento das leucoplasia s bucais a preferencjalmente cirergico, corn a remoga o completa das lesees e exame histopatolegico de toda a pegs. Atualmente, Arias modaljdades sae empregada s como a resseccao a laser de CO 2, a crioterapia o u eletrofulguragao, todavja apresentam a desvantagem d e jnvjabiljzar o exame histopatolegico adequado. Alguns mjcronutrientes como os caroteneides e o s retinoides apresentam atjvjdades quimiopreventiva s contra aguns tipos de cancer, assim como da s leucoplasias que ocorrem nas mucosas bucai s despertando assim grande interesse entre o s estomatologistas2. Segundo SILVERMAN et al. 25, o uso da vitamina A como suplemento no tratamento da leucoplasia se inicio u em 1960, porem nao foi muito aceito por causa de seu s efeitos colaterais. HONG et al. 's, descreveram que a toxicidad e observada apes o uso de altas doses de vitamina A fez corn que fosse evitado seu uso na prevencao do cancer. LIPPMAN et al.21, relataram teste de fun* hepatica anormal em pacientes que ingeriram menos qu e 50.000 UI diarja de vitamina A, porem este dano hepatic o pode ocorrer mesmo em baixos niveis se o paciente fo r etilista. De interesse histerico, salientaram qu e exploradores da regiao polar experimentaram reagee s texicas apes a ingestao de figado de focas e ursos qu e continham alta quantidade de vitamina A. BOY D' relatou que os retinoides tern sido objeto d e intensa investigagao ha mais de trinta anos. Reagees adversas a esta droga inclui irritagao mucocutanea, hiperlipidemia eteratogenia. MATHEWS-ROYH 23 relatou que o enico efeit o conhecido por super dosagem do beta-caroteno e a carotenodermia (pele amarelada), que desaparece em algumas semanas apes a redugao da dose. BENDIC H' relatou que ha evideencia crescente d e estudos in vivo e in vitro de que o beta-caroteno pod e proteger celulas fagocitarias do perigo autoxidante, identificar a proliferagao de linfecitos T e B nas resposta s de defesa, aumentar o nemero de celulas T Helper, aumentar o fator de necrose tumoral, e tornar as celula s Natural Killer (NK) mais efetivas, tanto quanto aumentar a produgao de algumas interleucinas. HONG et al." realizaram uma experiencia usand o alta dosagem de isotretinoina em pacientes qu e apresentavam todos os estagios de cancer (do I ao IV) corn objetivo de evidencjar a redugao da incideencia de tumore s secundarios. Observaram que a toxicidade foi o majo r problema causado pela interrupgao prematura da terapi a em 1/3 dos pacientes em estudo. Para BLOCKS, os papeis mais comuns do acid o ascerbicosao as reagees de hidroxilacao, mas ele tambe m e essencial na sintese da norepinefrjna, serotonina, carnitina, e no metaboljsmo da glicina. Alem disso, o acid o ascorbico funciona como urn antioxidante, urn agent e quimiopreventivo por dimjnuir a nitrosagao e tambem po r afetar a atjvidade dos Ieucecitos e macrofagos. A recomendagao diarja para adultos varia. de 60mg/dia para nao fumantes a 100mg para fumantes. Isto se deve ao fat o de que os fumantes tern uma diminuigao na concentraca o de acido ascorbico no seu soro sangiiineo. HAYS et al. 's usaram 1,5 mg/kg/dia de acid o isotretinoina durante tres meses, e obtiveram um a melhora clinica em 62% de seus pacientes corn leucoplasi a bucal. Os pacientes que apresentaram melhora clinic a posteriormente foram registrados em uma fase d e controle, que recebia 0,5mg/kg/dia de isotretinoina ou 30 mg/dia de beta-caroteno por nove meses. Os percentuai s de recidiva encontrados foram de 54% para os paciente s que receberam isotretinoina e de 10% para aqueles qu e receberam beta-caroteno. MALAKER et al. 22 realizaram urn estudo em nov e pacientes corn leucoplasia bucal, que nao respondera m em seis meses uma suplementagao corn beta-caroten o (120mg/dia), porem mostraram melhora clinica corn isotretinoina. Segundo THOMA et al.29, os efeitos colaterai s relacionados a altas doses de acido retineico sa e principalmente secura da pele e mucosas, queilite, conjuntivite, hipertrigliceridemia e efeito teratogenico. Ao contrario, o beta-caroteno a bem mais aceitave l biologicamente, produzindo apenas pigmentagao da pele e mucosas quando administrado em altas doses. Entretanto, o uso do beta-caroteno foi pouco eficaz no tratamento d a leucoplasia bucal. GAREWAL - et al. 12 relataram uma experienci a piloto utilizando o beta-caroteno na dosagem de 30mg/dia,

durante tres a seis meses. 0 percentual de respost a positiva foi de 71% em 24 pacientes. Nenhuma toxicidad e clinicamente significativa foi observada durante a experiencia que poderia ser atribuida ao beta-caroteno. Apos este experimento piloto, iniciaram uma larga experiencia de longa duragao. Neste estudo todos o s pacientes foram tratados corn beta-caroteno corn uma dose de 60 mg/dia, durante seis meses. No final, todos o s pacientes que responderam favoravelmente continuara m corn beta-caroteno ou placebo por mais 12 meses. Est a experiencia foi realizada para determinar se as resposta s mantidas pela continua*ao do agente quimiopreventivo e o ponto a ser estabelecido. A discussao sobre a experiencia, de curto prazo, foi que a maioria das lesoes recorrer a depois da interrupgao do teste como agente. Entretanto, a ideia de que o use continuado do agente prevenira a recidiva nao a necessariamente verdade e ainda precis a ser provada. CHIESA et al. ' analisaram os resultados de uma experiencia quimiopreventiva atraves do retinoid e sintetico 4-HPR ern 115 pacientes tratados cirurgicament e de leucoplasia oral. Concluiram que 4-HPR a bem tolerado e eficaz na prevengao de recidiva e novas lesoes durante o periodo de tratamento. No estudo de FORMELLI apud CHIESA et al.', os pacientes receberam capsulas suficientes de 4-HPR ate o proximo check-up e foram aconselhados a tomar a s capsulas apes as refeicoes (1 apes o almogo, outra apes o jantar), assim a absorgao seria mais eficiente. 0 tratamento continuou ate o final do estudo, ou ate a primeira recidiva, ou nova localizagao do carcinoma, o u ainda na presenga de reacoes adversas. Em caso de toxicidade leve a dose seria reduzida para a metade d a dose original. Diante de qualquer toxicidade ou de reaca o adversa, seria recomendado a imediata suspensao d a droga. EL ATTAR & LI N 10 relataram que a resposta imun e do paciente pode ser aumentada pela habilidade do alfatocoferol em intensificar a resposta nitrogenica, inibind o certas prostaglandinas e melhorando a resposta imediata das celulas T. CHIESA et al.' usaram 4-HPR em pacientes co m histologia negativa para cancer, controlados apos excisa o a laser de leucoplasia. 0 4HPR foi bem tolerado e o s resultados preliminares mostraram urn efeito proteto r durante o ano de tratamento comparado corn o controle n o estudo. Segundo os autores, sempre que amostra s cirurgicas excisadas de leucoplasia mostrarem soment e ortoqueratose ou paraqueratose com hiperplasia epitelia l (sem displasia) e inflamacao minima, uns 5% deste s pacientes subsequentemente desenvolverao carcinoma. LIPPMAN & BENNER 20 descreveram que a vitamina A causa regressao da leucoplasia bucal, fa() bem como seu conhecido efeito no epitelio, o que lev a pesquisadores a estudar os retinoides n a quimiopreveng5o. Os retinoides sinteticos com o etretinato, acido retinoico e isotretinoina (13-cis-retinoico ) tern sido relatados corn sucesso na reversao d a leucoplasia oral. Taxas de respostas favoraveis tern sid o frequentemente mais altas do que aquelas relatadas corn agentes naturais, porem significante toxicidade tern sid o observada. TRADATI et al. 31 trataram dois paciente s portadores de liquen piano (LP) e seis pacientes corn leucoplasia bucal ( lesoes difusas e nao - operaveis ) atraves da aplicacao topica do 4-HPR. Os pacientes fora m instruidos a quebrar uma capsula da droga e aplicar se u conteudo duas vezes ao dia sobre as lesoes (100mg d e manha e 100mg a noite), apes a escovagao dos dente s para dar urn melhor contato da droga corn a mucosa. Apos um mes de tratamento, dois pacientes apresentara m regressao completa das lesoes e os seis paciente s restantes apresentaram mais que 75% de redugao na s lesoes. Nenhum paciente apresentou efeito colateral. Os pacientes corn LP tambem relataram desapareciment o completo de dor e da sensagao de queimagao. KAUGARS et al.1', utilizaram isotretinoina n o tratamento de lesoes leucoplasicas cronicas corn aproximadamente dois centimetros de diametro. Dez pacientes receberam 50mg de isotretinoina durante tre s meses. Tres, dos dez, pacientes mostraram mais de 50 % de redugao da lesao no tratamento. Entretanto, observaram que todos os pacientes apresentaram efeito s colaterais, o que os levou a reduzir a dosagem em sei s pacientes. Em tres pacientes, o tratamento fo i interrompido por causa da elevagao do nivel serico d e triglicerideo e cefaleia. A isotretinoina foi eventualment e suspensa, por causa dos varios efeitos colaterais e a falt a de melhora clinica. DAMANTE et al. 9, em estudos sobr e quimiopreveng5o, descreveram dois casos clinicos : No l o caso clinico, urn paciente portador de leucoplasia n o soalho da boca corn evolugao de dez anos, fumante de 2 0 cigarros por dia, e usuario de alcool moderadamente, fo i submetido ao tratamento sistemico corn beta-caroten o em doses de 150mg/dia, sendo posteriormente reduzid a para 75mg/dia apes tres meses, e 25mg/dia apos sei s meses. Os vicios foram eliminados em cinco meses, e controles corn marcagao de azul de toluidina sempr e negativo ate a regressao total da lesao apos 8 meses d e controle. No 2 caso clinico, um paciente do sex o feminino, 28 anos, tabagista (20 cigarros por dia), apresentava leucoplasia no soalho da boca anterior e mucosa alveolar lingual anterior, de limites irregulares. A paciente recebeu 150 mg/dia de beta-caroteno, reduzind o para 75mg/dia apos tres meses. Foram feitos controle s

mensais corn marcagao pelo azul de toluidina, cujo s resultados se apresentaram sempre negativos. Os autore s observaram regressao parcial da lesao apos 40 dias d e acompanhamento clinico. Dsta" ` A prevengao do cancer tern sido firmada n a tentativa de eliminar as substancias carcinogenicas, diagnosticar e remover as lesoes pre-cancerigenas. Todavia, esforgos com o aumento dos conhecimento s sobre os eventos envolvidos na carcinogenese e os fatore s que modulam este processo (iniciagao, promogao, conversao e progressao), vem aumentando no sentido d e interromper e/ou reverter o processo neoplasico. Algumas tentativas como por exemplo a quimioprevencao o u reversao da carcinogenese na fase pre-maligna, surgiu a partir dos estudos de SPORN et al. 27. Desde entao, um a quantidade de agentes quimiopreventivos tern sid o introduzidos nos estudos de animais in vitro e/ou in vivo. Estes incluem componentes naturais e sinteticos, micronutrientes ou nao-micronutrientes. Na presenga da vitamina A ou retinol, as celula s epiteliais basais sac) estimuladas a produzir muco, com o indica o aumento da biossintese de mucopolissacarideos. Na sua ausencia ocorre atrofia das celulas epiteliai s seguida por proliferacao das celulas basais. As nova s celulas, por seu crescimento continuo, destroem e substituem o epitelio original por epitelio estratificado e queratinizado. Entretanto efeitos colaterais relacionados a alta s doses de retinol como secura da pele, mucosas, queilite, fraqueza, artralgia, cefaleia e efeitos teratogenicos fora m relatados25'26' 18 ' 6 ' '4,29 LIPPMAN et al. 21 observaram alteracaes nas funroes hepaticas, quando os pacientes ingeriram meno s de 50,000 U.I. de vitamina A por dia. Ao contrario, o s carotenoides sao menos t6xicos que os retinoides, apesa r de carotenodermia ter sido observada em pacientes qu e ingeriram doses inferiores a 300 mg/dia de B Caroteno 23 A resolugao da leucoplasia bucal foi observada po r GAREWAL et al. 12 quando utilizaram o beta-caroteno n a dose de 30mg/dia, e posteriormente 60 mg/dia obtendo o s mesmos resultados, ou seja 71% de resolugao das lesoe s bucais enquanto THOMA et al. 28 observaram 44% d e resolucao utilizando a dosagem de 90 mg/dia de betacaroteno no mesmo periodo. Por outro lado, DAMANTE et al. 9 observaram uma redugao parcial das lesoe s leucoplasicas apos o use decrescente de beta-caroten o num periodo de tits em tits meses (150, 75 e 25m g respectivamente). Quanta a imunidade dos pacientes suplementados corn beta-caroteno diariamente, BENDICH ' afirma a comprovagao da resposta imune em relagao a proliferaga o de linfocitos T e B, celulas T helper e na efetividade d e celulas natural killer. Segundo BLOCK et al. 3, a baixa ingestao de acid o asc6rbico esta relacionada corn o risco de cancer d e estomago, esofago, cavidade bucal, laringe e pescoro. Seu efeito protetor esta mais atribuido a dieta de frutas d o que a de vegetais. Quanto aos antioxidantes sinteticos, os mai s estudados ate entao sac) o acido 13-cis-retinoico o u isotretinoina, e o 4 hidroxifenil retinamida (4 HPR) o u fenretinide. A alta toxicidade apos use de doses elevadas e o grande problema destes antioxidante s"' 20. KAUGARS et al. 19 concordam com estes autores como tambe m acrescentam que o use constante de isotretinoina reque r uma avaliagao hepatica e dosagem da taxa de trigliceride o antes e apos o tratamento. Os autores encontraram nivei s de triglicerideo aumentados apos o use de 200 mg dest e composto por dia. HAYS et al. 's e MALAKER et al. 22 verificaram melhores resultados do tratamento das leucoplasia s bucais com a isotretinoina quando comparados com o beta-caroteno ern outros estudos 29' 21. A dosagem recomendada do isotretinoina para regressao das leucoplasias bucais varia de 0,5 mg 1, 5 mg/dia. Resultados quase semelhantes sobre a regressa o da lesao foram observados 's ' 20, cujo percentual d e remissao foi de 62% e 60% respectivamente. THOMA et al. 28 trataram 16 pacientes portadores de leucoplasias pel o isotretinoina ern dosagens fracionadas de 0,2 mg ate 1, 0 mg e mostraram alta eficacia e baixa toxicidade. Experiencias com o antioxidante sintetico 4-HP R (fenretinide) foram realizada s 7 ' 8, atraves da administraga o sistemica, sendo observado toxicidade leve por todos o s autores. TRADATI et al. 31, apos a utilizagao topica de 4-HP R (fenretinide), observaram remissao em 75% dos casos e nenhum paciente apresentou efeito colateral. Varias experiencias e divulgagao de resultados a o longo do tempo apresentarao grande importancia n o potencial de aplicagao destes agentes quimiopreventivo s na prevenrao das leucoplasias bucais. Portanto, estudo s futuros serao necessarios para determinar qual terapi a sera realmente efetiva e melhortolerada do que a outra. Conclusao A vitamina A tern urn importante papel protetor n o crescimento normal do epitelio. Alem disto sua fun* como antioxidante modela receptores de fatores d e crescimento da epiderme aumentando sua atividad e antiproliferativa.

Um importante achado clinico em todos os estudos foi a ausencia de efeitos colaterais, exceto a betacarotenemia, nos pacientes tratados con] o betacaroteno, mas as recidivas depois do tratament o interrompido a ainda urn fator preocupante. Quanto a Vit C, apesar de diminuir o risco d e cancer, nada foi esclarecido sobre sua eficacia na s leucoplasias bucais. 0 papel do alfa-tocoferol na redugao da s leucoplasias bucais ainda nao foi bem esclarecido, pore m ele a importante no controle dos radicais livres, inibindo a s reacoes quimicas por mutagoes ou carcinogenese, intensificando assim a resposta imune. A isotretinoina (acido 13-cis-retinoido) parece se r efetiva na reversao das leucoplasias bucais. Entretanto, quando utilizada em altas doses, efeitos colaterais com o secura da pele e mucosas, queilite, conjuntivite, hipergliceridemia e efeitos teratogenicos sac) observados. Sobre o 4-HPR (4-hidroxifenilretinamida), nenhuma informagao parece ser conclusiva, apenas qu e sua toxicidade aplis altas doses elevam os niveis d o triglicerideo. erene'lgt blas ~ograa as 1. BENDICH A. S. Carotenoids and the immune response. Journal of Nutrition, 119: 12-15,1989. 2. BETRAM J. S., KOLONEL L. N., MEYSKENS Jr. F. L. Rational and strategies for chemioprevention o f cancer in humans. Cancer Res, 47 : 3012-3031, 1987. 3. BLOCK G. Vitamin C and cancer prevention : th e epidemiology evidence. American Journal of Clinical Nutrition, 53: 270S-282S,1991. 4. BOUQUOT J. E. Reviewing oral leukoplakia. Journal of American Dental Association, 122(7): 80-82, 1991. 5. BOUQUOT J. E., GORLIN R. J. Leukoplakia, lichen planus and other oral keratosis in 23.616 white american s over the age of 35 years. Oral Surgery, Ora l Medicine, Oral Pathology, 61 : 373-381, 1981. 6. BOYD A. S. An overview of the retinoids. America n Journal of Medicine, 85(5): 568-574,1989. 7. CHIESA F. et al. Prevention of local relapses and ne w localization of oral leukoplakia with the syntheti c retinoic fenretinide (4-HPR) : Preliminary results. Oral Oncology European Journal of Cancer, 28b(2) : 97-102,1992. 8. CHIESA F. et al. Risk of preneoplastic and neoplasti c events in operational oral leukoplakias. Oral Oncology European Journal of Cancer, 29b(1) : 23-28,1993. 9. DAMANTE J. H. et al. Leucoplasia bucal. RGO, 45(2) : 79-84,1997. 10. EL ATTAR T., LIN H. Effect if vitamins A, C and E o n prostaglandin production by oral squamous carcinoma cells. Journal of Dental Res, 72 : 707, 1992, (abstr.). 11. GAREWAL H. S. Chemoprevention of oral cancer : carotene and vitamin E in leukoplakia. Europea n Journal of Cancer Prevention, 3 : 101-107, 1994. 12. GAREWAL H. S. Potential role of carotene an d antioxidant *vitamins in the prevention of ora l cancer. Annals of New York Academy of Science, 669 : 260-267, 1992. (discussion 267.8). 13. GAREWAL H. S. et al. Response of oral leukoplakia t o carotene. Journal of Clinical Oncology, 8 : 1715-1720,1990. 14. GAREWAL H. S. et al. (;carotene in oral leukoplakia. Proceedings, 11 : 141, 1992. 15. GAREWAL H. S., SCHANTZ S. P. Emerging role of carotene and antioxidant nutrition in the preventio n of oral cancer. Archivals of Otolaryngology an d Head and Neck Surgery, 121 : 141-144,1995. 16. HAYS G. et al. Evaluation of a synthetic analog o f vitamin A and carotene on the clinical an d histologic appearance and biologic markers i n human pre-malignant oral lesions. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, 72: 311, 1911. (Abstr.). 17. HONG W. K. et al. Prevention of second primar y tumors with isotretinoin in squamous cell carcinoma of the head and neck. New Englan d Journal of Medicine, 323: 795-801, 1990. 18. HONG W. K., ENDICOTT J., ITRI L. M. 13-cis-retinoi c acid in the treatment of oral leukoplakia. New England Journal of Medicine, 315: 1501-1505, 1986.

19. KAUGARS G. E., SILVERMAN Jr. S. The use of 13-cis - retinoic acid in the treatment of oral leukoplakia : short=term observations. Oral Surgery, Ora l Medicine, Oral Pathology, 79: 264-265, 1995. 20. LIPPMAN S. M., BENNER S. E., HONS W. K. Retinoid s in chemoprevention of head and nec k carcinogenesis. Preventive Medicine, 22(5) : 693-700,1993. 21. LIPPMAN S. M., KESLER, J. F., MEYSKENS, F. L. Retinoids as preventive and therapeutic anticancer. Cancer Treatment Response, 71(5): 493-515, 1987. 22. MALAKER K. et al. Management of oral dysplasia with carotene and retinoic acid : a pilot cross-over study. Cancer Detection and Prevention, 15 : 335-340, 1991. 23. MATHEWS-ROTH M. M. carotene: clinical aspects. In : New protective roles for selected nutrients, New York : A. R. Liss,1989, 357p. 24. SILVERMAN Jr. et al. Malignant transformation an d natural history of oral in 57.518 industrial workers of Sujarat, India. Cancer, 38: 1790-1795, 1976. 25. SILVERMAN Jr. S., RENSTRUP G., PINDBORG J. J. Studies in oral leukoplakia : Ill effect of vitamin A comparing clinical, histopathologic, cytologic, an d hematologic response. Acta Odontologica, 21 : 271-292,1963. 26. SILVERMAN Jr. S., EISENBERG E., RENSTRUP G. A study of the effects of high doses of vitamin A on ora l lukoplakia (hiperkeratosis), including toxicity live r function, and skeletal metabolism. Journal of Ora l Therapy and Pharmacology, 2: 9-23, 1965. 27. SPORN M. N. et al. Prevention of chemical carcinogenesis by vitamin A and its syntheti c analogs (retonoids). Proceedings, 35: 1332-1348, 1976. 28. THOMA S. et al. Progressive 13-cis-retinoid aci d dosage in the treatment of oral leukoplakia. Oral Oncology European Journal of Cancer, 28b : 121-123,1992. 29. THOMA S. et al. Treatment of oral leukoplakia with carotene. Oncology, 49 : 77-81, 1992. 30. TRADATI N. et al. Oral leukoplakia : to treat or not? Ora l Oncology, 33(5): 317-321, 1997. 31. TRADATI N. et al. Successful topical treatment of oral lichen planus and leukoplakia with fenretinide (4 - HPR). Cancer Letters, 76(2-3) : 109-111, 1994. Enderego do autor 2 : Av. Melo Matos 39/201 Tijuca - Rio de Janeiro CEP 20270-290 Tel. : 021-9307216 8 SE VOCE E EX-ALUN O CADASTRE-SE NO SIT E