O USO DA SUSTENTABILIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA SUPERAR AS LIMITAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO



Documentos relacionados
7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

Instrumentos de ação: Sistema de Produto-Serviço

Gestão e estratégia de TI Conhecimento do negócio aliado à excelência em serviços de tecnologia

PROPRIEDADE REGISTRADA. O que fazer para alcançar ar o Desenvolvimento Empresarial Sustentável?

As Organizações e a Teoria Organizacional

O Cisco IBSG prevê o surgimento de mercados globais conectados

MANUAL OPERACIONAL PLANO DE DESENVOLVIMENTO PRELIMINAR PDP

Capítulo 2 Objetivos e benefícios de um Sistema de Informação

PLANO DE NEGÓCIOS. Causas de Fracasso:

Desenvolve Minas. Modelo de Excelência da Gestão

EDITAL CHAMADA DE CASOS PARA PARTICIPAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INICIATIVAS INOVADORAS PARA SUSTENTABILIDADE EM DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA

Micro-Química Produtos para Laboratórios Ltda.

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos VANTAGENS DA LOGÍSTICA REVERSA NOS EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

1. Introdução. 1.1 Contextualização do problema e questão-problema

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

IMPLANTAÇÃO DOS PILARES DA MPT NO DESEMPENHO OPERACIONAL EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE COSMÉTICOS. XV INIC / XI EPG - UNIVAP 2011

Cadeias Produtivas Solidárias

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

RUMO AO FUTURO QUE QUEREMOS. Acabar com a fome e fazer a transição para sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis

Estado da tecnologia avançada na gestão dos recursos genéticos animais

Em 2050 a população mundial provavelmente

Cliente Empreendedorismo Metodologia e Gestão Lucro Respeito Ética Responsabilidade com a Comunidade e Meio Ambiente

ANEXO 5 ESCOPO DO ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E JURÍDICA

Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina - FACAPE Curso: Ciência da Computação Disciplina: Ambiente de Negócios e Marketing

Ernâni Teixeira Liberali Rodrigo Oliveira

ESTUDO DE VIABILIDADE

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

Resultados da Pesquisa IDIS de Investimento Social na Comunidade 2004

Roteiro SENAC. Análise de Riscos. Planejamento do Gerenciamento de Riscos. Planejamento do Gerenciamento de Riscos

Gerenciamento de Projetos Modulo VIII Riscos

Projetos acadêmicos Economia verde

ESCO COMO INSTRUMENTO DE FOMENTO A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Concurso da Prefeitura São Paulo. Curso Gestão de Processos, Projetos e Tecnologia da Informação. Tema: Gestão de Projetos - Conceitos Básicos

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS PROGRAMAS DE APOIO ÀS PMEs NO BRASIL Resumo Executivo PARA BAIXAR A AVALIAÇÃO COMPLETA:

GESTÃO AMBIENTAL NO AGRONEGÓCIO HORTIFRUTÍCOLA

Processos Administrativos de Compras

P&D Marketing/Vendas Produção Financeiro/Controladoria RH e área Corporativa Outros

SIMULADO TURMA 1414 TUTORA TACIANE DISCIPLINA: LOGÍSTICA

PROGRAMA TÉMATICO: 6214 TRABALHO, EMPREGO E RENDA

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS

POLÍTICA DE GESTÃO DE PESSOAS DA SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR PREVIC

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 24

Política de Responsabilidade Corporativa

Porque estudar Gestão de Projetos?

2. Referencial Prático 2.1 Setor das Telecomunicações

FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO

METODOLOGIA DE PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PELO GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O Uso da Inteligência Competitiva e Seus Sete Subprocessos nas Empresas Familiares

Gerência de Projetos Prof. Késsia Rita da Costa Marchi 3ª Série

i9social Social Innovation Management Sobre

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Padrão de Desempenho 1: Sistemas de Gerenciamento e Avaliação Socioambiental

UM EVENTO CIENTÍFICO COM CARÁTER EDUCATIVO TRANSFORMADOR: A EXPERIÊNCIA DO VII CBSAF DIÁLOGO E INTEGRAÇÃO DE SABERES PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS

Situação das capacidades no manejo dos recursos genéticos animais

O QUE FAZER PARA MELHORAR O PROCESSO DE COMPRAS 1

Otimizada para Crescimento:

POLÍTICA DE SAÚDE E SEGURANÇA POLÍTICA DA QUALIDADE POLÍTICA AMBIENTAL POLÍTICA DE SEGURANÇA

Roteiro para elaboração do Relatório de Estágio Supervisionado do Curso de Bacharelado em Administração da AJES

EMPREENDEDORISMO. Maria Alice Wernesbach Nascimento Rosany Scarpati Riguetti Administração Geral Faculdade Novo Milênio

Disciplinas Fundamentais 2009 (2º quadrimestre)

A gestão da prática do voluntariado como responsabilidade social, no contexto da estratégia organizacional. Fundação ArcelorMittal

COMISSÃO DE COORDENAÇÃO DE CURSO INTRA-UNIDADE

Planejamento - 7. Planejamento do Gerenciamento do Risco Identificação dos riscos. Mauricio Lyra, PMP

Gestão da produtividade nas empresas. Productivity management in enterprises

br.org Livros Guia para Formação de Analistas de Processos Contribuições Modelagem de Processos com BPMN

Levantamento Qualitativo e Quantitativo

REDES DE COOPERAÇÃO SOLIDÁRIA: estratégias emancipatórias de desenvolvimento

Um currículo de alto nível

LOGÍSTICA Professor: Dr. Edwin B. Mitacc Meza

"BUSSINES PLAN"- PLANO DE NEGÓCIOS

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

Oportunidades e Riscos

De olho no futuro. 10Minutos Energia

INDICADORES EM ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE PARA A CADEIA PRODUTIVA DE GÁS NATURAL

Sistemas de Informação I

compreensão ampla do texto, o que se faz necessário para o desenvolvimento das habilidades para as quais essa prática apresentou poder explicativo.

Gerenciamento Estratégico

4 Avaliação Econômica de Redes Legada e NGN

Acrescido o Anexo Único pelo Decreto n 1.349/15, efeitos a partir de ANEXO ÚNICO

Confiança no crescimento em baixa

ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSOS APLICADA AO ESTÁGIO CURRICULAR

Principais estudos e a perspectiva dos investidores. Roberta Simonetti GVces

A IMPORTÃNCIA DO CAPITAL DE GIRO E ALGUMAS SOLUÇÕES PARA O PROBLEMA DE CAPITAL DE GIRO

A PARTICIPAÇÃO DOS ENGENHEIROS DE PRODUÇÃO NA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA INTRODUÇÃO

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

CURSO. Master in Business Economics 1. vire aqui

Cinco restrições de desenvolvimento/teste que afetam a velocidade, o custo e a qualidade dos seus aplicativos

Síntese do Projeto Pedagógico do Curso de Sistemas de Informação PUC Minas/São Gabriel

CESA Comitê de Advocacia Comunitária e Responsabilidade Social Questões de Consumidores Junho, 2010.

O que é Programa Rio: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher? Quais suas estratégias e ações? Quantas instituições participam da iniciativa?

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL. Projeto 914 BRA PRODOC-MTC/UNESCO DOCUMENTO TÉCNICO Nº 03

Secretaria Nacional de Segurança Pública

Transcrição:

O USO DA SUSTENTABILIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA SUPERAR AS LIMITAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Alexandre Homsi Pedott (UFRGS) alexandre.pedott@hotmail.com Este artigo apresenta uma revisão da literatura para quatro abordagens contemporâneas do processo de desenvolvimento de produtos. O objetivo do estudo foi contextualizar e analisar as propostas como uma medida de adaptação do sistema econômmico capitalista. As adaptações se referem a fatores limitadores tais como desigualdade da distribuição de renda, escassez de recursos naturais e impacto ambiental. Foram analisadas as abordagens denominadas Capitalismo Natural, Base da Pirâmide, Design Territorial e Sistemas de Produto-serviço. Apenas a abordagem do sistema produto-serviço apresentou modelos de desenvolvimento de produtos e serviços coerentes com a superação dos limitadores do desenvolvimento econômico. Palavras-chaves: PDP; Sustentabilidade; recursos naturais; impacto ambiental

1. Introdução A liberdade de mercado e a propriedade dos meios de produção esbarram em limites críticos para a sociedade. A desigualdade na distribuição da renda, a escassez de recursos naturais e a poluição ambiental são exemplos dos limitadores do desenvolvimento econômico. O modelo econômico capitalista busca se adaptar aos cenários estabelecidos pelos limites críticos. Entre as principais adaptações, está a humanização do capitalismo, disseminada por programas de responsabilidade social das empresas. Os alvos preferenciais desses programas são as comunidades locais. Muitas ações de responsabilidade social são colocadas em prática por organizações não governamentais, financiadas pelos governos e empresas (COUTINHO et al., 2009; HAWKEN e LOVIN, 1999). O crescimento econômico deve suprir as necessidades atuais sem prejudicar ou inviabilizar o atendimento necessidades futuras. A produção desordenada e o consumo exagerado causam impactos negativos ao planeta. Existe um crescente interesse com os aspectos ambientais e sustentáveis associados à fabricação e ao consumo de produtos industrializados. As adaptações dos sistemas produtivos envolvem, principalmente, os aspectos relacionados aos recursos naturais e a poluição do meio ambiente. Diversas abordagens para adaptações dos sistemas produtivos são vinculadas à sustentabilidade. O termo sustentabilidade é atribuído a eficiência empresarial na utilização dos recursos e na redução dos impactos ambientais provocados pelos produtos descartados. Modelos de gestão de negócios incorporaram a dimensão ambiental em seus planejamentos estratégicos (HAWKEN e LOVIN, 1999). O desenvolvimento de produtos e serviços contribui significativamente para o sucesso das adaptações dos sistemas produtivos. É na construção da atração do produto ou serviço que se concentram as adaptações. Os modelos referenciais tradicionais não priorizam as questões ambientais como requisito de desenvolvimento. Entretanto, o perfil de consumo contemporâneo, além das características de qualidade, incorpora demandas de sustentabilidade ambiental, inovação tecnológica e valorização das comunidades locais. A utilização de um modelo referencial genérico do processo de desenvolvimento de produtos e serviços flexibiliza a incorporação das novas demandas individuais e coletivas. (ROSENFELD et. al, 2006, HAWKEN e LOVIN, 1999). O objetivo desse trabalho é contextualizar e analisar abordagens representativas das adaptações propostas pelo sistema econômico no âmbito do desenvolvimento de produtos e serviços. A contextualização envolve a identificação de aspectos comum presentes nas abordagens e o surgimento de novos aspectos associados a uma evolução temporal. A análise envolve a comparação do sucesso obtido na aplicação das diferentes abordagens. O sucesso se refere aos objetivos das adaptações, reduzir o consumo de recursos naturais, por exemplo. 2. Metodologia O método de pesquisa deste trabalho envolve a revisão e análise de quatro abordagens para o desenvolvimento de produtos e serviços, relacionadas às limitações do capitalismo tradicional. A escolha das abordagens obedeceu a critérios relacionados a abrangência das adaptações aos limites da distribuição da renda, da escassez de recursos naturais e da poluição ambiental. Os trabalhos foram selecionados de modo a esclarecer e contextualizar a aplicação das abordagens. 2

Foi usada, inicialmente, a base ISI Web Knowledge para pesquisa. A pesquisa de trabalhos publicados no Brasil foi realizada através do Google Acadêmico. Foram propostas palavraschaves para a pesquisa em quatro abordagens. As abordagens selecionadas e as respectivas palavras foram apresentadas no quadro da Figura 1. As palavras-chaves product and service development approach e abordagens de desenvolvimento de produtos e serviços foram adicionadas para limitar a pesquisa ao contexto de desenvolvimento de produto. Abordagem Capitalismo Natural Base da Pirâmide Design Territorial Palavra-chave Natural Capitalism; Capitalismo Natural Base of Pyramid; Base da Pirâmide Territorial Design; Design Territorial Sistema Produto-Serviço Product- Service System; Sistema Produto-serviço Figura 1 - Palavras-chaves de pesquisa As atividades de pesquisa foram divididas em três etapas: (i) pesquisa bibliográfica; (ii) identificação e contextualização das abordagens; e (iii) análise e discussão da eficiência das abordagens. 3. Abordagens do PDP para a sustentabilidade 3.1 Capitalismo Natural As empresas que planejam suas operações para o futuro devem considerar o aumento do ciclo de uso dos produtos e serviços. O excesso de demanda e a escassez de recursos prejudicam o atendimento dos pedidos de produtos e serviços. O capitalismo natural (CN) surgiu entre as primeiras abordagens desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis. O desenvolvimento sustentável (econômico e ambiental) depende de uma solução para as desigualdades globais de renda e bem-estar. Essa abordagem trata os recursos naturais como um bem capital das empresas, que precisa ser valorizado. Entre as principais diretrizes aparece a expressão fazer mais com menos O CN é um sistema alternativo ao capitalismo tradicional. Apresenta aspectos mais orgânicos do que mecanicista. Atribui um alto valor ao recurso natural (HAWKEN e LOVIN, 1999). O CN busca reduzir a ênfase dada à produtividade humana e equilibrá-la ou superá-la pelo aumento radical da produtividade dos recursos. Essa abordagem trata do resgate das pessoas ao mundo econômico e da valorização do capital natural. O crescimento radical da produtividade dos recursos aumenta a eficiência do uso dos recursos humanos e financeiros. O capital natural é introduzido como mais um elemento do sistema econômico aliado ao capital do trabalho, financeiro e produtivo O meio ambiente é um invólucro que contém, abastece e sustenta o sistema econômico. A redução do capital natural é causada pela desordem nos padrões de consumo e pela falta de planejamento dos sistemas produtivos. Consequentemente, o nível de atendimento às demandas de consumo da população tende a limites críticos. A disponibilidade e a funcionalidade do capital natural são fatores limitadores do desenvolvimento econômico. (HAWKEN e LOVIN, 1999). 3

A proposta do capitalismo natural inclui a eliminação do desperdício através da reestruturação dos sistemas produtivos. Propõe a fabricação de produtos com maior tempo de vida. A utilização de ciclos fechados de reaproveitamento e reciclagem constantes. Modifica a base econômica para enfocar o uso dos produtos através de locação e empréstimos, ao invés da aquisição de bens e da eliminação da toxicidade dos materiais. Em uma visão sustentável, os produtores se tornariam prestadores de serviços para o uso de bens de alta confiabilidade e continuamente melhorados. Essa estratégia asseguraria a conservação e até a ampliação do estoque de capital natural. A forma de medir o desempenho e a eficiência dos sistemas produtivos se basearia em indicadores associados aos recursos naturais (HAWKEN e LOVIN, 1999). 3.2 Design para a Base da Pirâmide (BP) A distribuição de renda entre a população mundial pode ser representada por uma pirâmide dividida em diferentes camadas. As camadas mais pobres da população estão na base da pirâmide. Os pobres constituem a maioria da população mundial. Mais da metade da população possui renda per capita anual igual ou inferior a U$ 1.500. Essa faixa da população não é contrária ao consumo de produtos. Entretanto, são ignoradas como potencial de negócios pelas grandes empresas. O uso da BP para a redução da pobreza implica na valorização da população pobre. A inclusão de indivíduos no mercado consumidor eleva a autoestima e o respeito. Dá à pessoa a oportunidade de escapar da pobreza (PRAHALAD, 2009). A pobreza é uma condição inaceitável para a população. Mas, também é uma ameaça ao comércio e a segurança dos que participam do sistema econômico. A redução da pobreza deve ser um objetivo, tanto dos governos, quanto das empresas. A abordagem da BP contribui para a redução da pobreza. Entretanto, se diferencia de outras abordagens de redução da pobreza. A BP vive e negocia em uma economia informal. Apesar da informalidade, existe uma relação de confiança entre os agentes do mercado. A confiança se limita aos locais de convivência das pessoas comunidades locais (LONDON, 2007). A atuação das grandes empresas na BP deve considerar características específicas do mercado, tais como: (i) fracionamento de unidades por embalagens; (ii) margem de lucro reduzida por unidade; e (iii) grande volume de vendas. Prahalad (2009) apontou doze princípios para a inovação em mercados da BP. A Figura 2 apresenta um resumo desses princípios. London (2007) indicou a presença de seis princípios, que quando combinados separam a BP das demais abordagens de redução da pobreza. A Figura 3 apresenta um resumo desses princípios. A eficiência da BP na redução da pobreza é questionada por Aneel (2009). A idéia de prosperidade e geração de riqueza com a inclusão da BP nos mercados de consumo é vista como uma falácia. As propostas da BP representam mais uma abordagem para as empresas do topo da pirâmide manter seus lucros. A crítica inicia no dimensionamento do mercado. Prahalad (2009) estima uma população em torno de 4 bilhões de pessoas. Aneel (2009) utiliza dados do banco mundial para evidenciar que esse tamanho é bem menor e poderia ser de cerca de 600 milhões de pessoas. O fracionamento das unidades comercializadas aumentaria significativamente o volume de resíduos de embalagens, aumentando o impacto ambiental. Por fim, questiona a BP como uma abordagem que ao invés de dar poder aos mais pobres, mantém a sua exploração. 4

Redução drástica de Preços Combinar tecnologias avançadas e infraestrutura precária Logística apropriada a grandes volumes e distâncias Reduzir a intensidade de recursos usados nos produtos O PDP deve priorizar os requisitos de funcionalidade em relação a forma Inovar os processos de fabricação e distribuição Adequação do negócio aos cenários locais Facilitação e treinamento para o uso dos produtos Os produtos devem funcionar em ambientes hostis Ambientação a idiomas, culturas, qualificações profissionais diversificadas Julgamento rigoroso do consumidor Velocidade de evolução das características de qualidade demandadas Figura 2 - Os 12 princípios dos mercados da BP (PRAHALAD, 2009) Fase Design Design Implementação Implementação Princípio Participação externa: organizações e pesquisadores com habilidade de criar uma rede de confiança na BP. Criação conjunta: ouvir a voz da BP no projeto e estabelecer parcerias na inovação. Promover o enraizamento social ou a capacidade nativa da BP. Conexão do local com o não local: estabelecer benefícios mútuos entre a empresa e a BP local (representantes de vendas locais, transferência de plantas de fabricação). Inovação paciente: investir e testar em escalas. Desempenho Visão do Ambiente Crescimento autofinanciado: usar recursos gerados pelo negócio para obter um retorno sustentável. Enfoque no que é certo para a BP: escalar a pirâmide a partir do que já existe. Figura 3 - Os seis princípios da BP (LONDON, 2007) 5

3.3 Design territorial A abordagem do Design Territorial (DT) se desenvolveu a partir de três princípios: (i) promover a qualidade dos produtos e processos de fabricação dos territórios; (ii) aproximar os produtores e consumidores a partir de relações territoriais; e (iii) apoiar o desenvolvimento de arranjos produtivos e cadeias de valor sustentáveis. O DT busca desenvolver as condições necessárias à conversão de recursos locais em benefício sustentáveis para as comunidades. O desenvolvimento sustentável envolve a economia, a sociedade e o meio ambiente local (KRUKEN, 2009). O DT faz parte do desenvolvimento de uma visão sistêmica do processo de criação e de trocas de valor. Envolve o reconhecimento da qualidade e de valores específicos atribuídos aos recursos locais. A apropriação de valor a esses recursos depende da percepção e dos benefícios levados aos consumidores. Para o consumidor, o valor de um produto ou serviço está relacionado não só à qualidade percebida, mas agrega a confiança sobre a origem, a competência técnica e ao local de comercialização (KRUKEN, 2009). O sucesso de um projeto de DT depende do reconhecimento de todos os valores agregados aos produtos e serviços. O produto ou serviço deve ser concebido como uma construção coletiva. Isso inclui representantes de todos os atores envolvidos desde a fabricação até a distribuição de produtos, por exemplo. Entre os principais valores atribuídos, destacam-se as características de qualidade percebidas pela funcionalidade e confiabilidade do produto. Outra valoração importante é a do custo-benefício. Mais recentemente, aspectos como a sustentabilidade ambiental, a responsabilidade social e valores simbólicos e afetivos foram adicionadas a lista de valores atribuídos aos produtos e serviços (KRUKEN, 2009). Kruken (2009) apresentou diferentes casos de DT onde foram encontrados alguns elementos comuns. Esses elementos permitem mapear o caminho para o desenvolvimento de produtos e seviços no DT. A Figura 4 apresenta a lista de elementos presentes nos estudos de três casos: (i) Limoncello: (ii) Lavanda; e (iii) Guaraná Satéré Mawé. 1. Tradição regional geográfica, histórica e cultural 2. Associação de produtores da matéria-prima 3. Produção sustentável 4. Organização da cadeia produtiva 5. Comunicação de identidade e origem 6. Preservação da paisagem e do meio ambiente 7. Vínculo da denominação de origem a qualidade e exclusividade 8. Enfoque nos benefícios para a comunidade local Figura 4 - Elementos para o desenvolvimento do DT (KRUKEN, 2009) 3.4 Sistema Produto-Serviço 6

O Sistema Produto-Serviço (PSS Product- Service System) é uma proposta integrada de produtos e serviços, que entregam valor agregado. Sua forma de entrega permite desvincular o sucesso do consumo e ainda reduzir o impacto ao meio ambiente. O PSS é um caso especial de servitização, em que o valor está associado à performance ou utilização ao invés da propriedade do produto. Muitos casos da literatura de PSS enfocam os ganhos sociais e ambientais (BAINES et. al, 2007). Mont (2002) estabelece alguns preceitos, dessa abordagem: (i) a venda do uso do produto em vez do produto em si; (ii) a mudança para uma sociedade de leasing; (iii) a substituição de bens por meio de máquinas de serviço; (iv) uma sociedade de reparo em vez de uma sociedade de descarte; e (v) a mudança nas atitudes de consumo com base em vendas para uma orientação com base em serviços. Um PSS deve ser definido como um sistema de produtos, serviços, redes de apoio e infra-estrutura que é projetado para ser: competitivo, satisfazer as necessidades dos clientes e ter um menor impacto ambiental do que os tradicionais modelos de negócios. O princípio do PSS está na perspectiva de negócios a partir mudança de orientação do produto para a orientação nos serviços. A necessidade de consumo não exige a aquisição ou propriedade do produto. A atividade real associada ao uso do produto é considerada de maior valor para o cliente. Os clientes não precisam se preocupar com a responsabilidade de aprender como usar o produto, manter ou descartá-lo, mas apenas se beneficiar dos efeitos do uso do mesmo (TAN et al, 2007; MULLER e STARK, 2010). O PSS envolve a concepção de como os produtos são integrados com os serviços para criar novas ofertas. Isso geralmente envolve repensar a rede de atores, que geralmente operam dentro da empresa. O desenvolvimento de uma PSS gera elementos para novas oportunidades, tais como: (i) reinvenção dos negócios chaves; (ii) maior controle sobre o produto ao longo da vida útil; (iii) aumento da visão sobre a natureza e aplicação do produto; (iv) um caminho para a sustentabilidade; e (v) um aumento da vantagem competitiva (TAN et al, 2007). Existem vários benefícios no PSS; para o produtor um benefício é oferecer maior valor e aumentar a diferenciação. Para o cliente é não possuir as responsabilidades associadas à propriedade. Para a sociedade o PSS oferece uma abordagem mais sustentável de negócio. A mudança de compra do produto para a compra do serviço tem um bom potencial para minimizar os impactos ambientais. A ênfase na redução do impacto ambiental é premissa fundamental para constituição de um PSS. Alguns aspectos frágeis devem ser considerados no desenvolvimento de um PSS, tais como: (i) a ausência de infra-estrutra social para a implementação; (ii) a necessidade de intensa comunicação entre fornecedores, empresas e usuários; (iii) as limitações na redução de impactos ambinetais; (iv) mudança cultural; e (v) administração do cilco de vida do produto pela empresa. (MONT, 2002; BAINES et. al, 2007; JUNG et. al, 2009). Muller e Stark (2010) apresentaram uma proposta para um modelo de desenvolvimento de PSS. O estudo envolveu o trabalho realizado em 13 empresas de PSS e uma revisão da literatura. O modelo proposto estabelece três fases principais: (i) definir um quadro para incluir as descobertas relacionadas ao PSS; (ii) definir um quadro para o planejamento de PSS e dos métodos novos de desenvolvimento; e (iii) definir uma base de comunicação para processos de desenvolvimento de futuros PSS. O modelo permite a representação do fluxo das tarefas nas direções vertical e horizontal e incorpora atividades que não são puramente de engenharia. Jung et al. (2009) apresentam um modelo baseado no estudo de quatro casos de 7

utilização de sistemas públicos de aluguel de bicicletas (PBRS). A principal contribuição do modelo é a utilização do design como integrador da satisfação do usuário e o sucesso do sistema produto-serviço. 4. Análise e Discussão Uma boa medida de comparação é estabelecer modelos representativos dos sistemas e comparar os resultados de diferentes versões. A modelagem facilita a compreensão em situações complexas. Modelos permitem estimar o comportamento ou desempenho do sistema em situações de variabilidade. A simples falta de um modelo dificulta a aplicação e replicação da proposta em diferentes situações. As abordagens propostas para superar os limites do desenvolvimento econômico não são unânimes na crença de superação dessas barreiras. A redução da pobreza, a redução do consumo de recursos naturais e a redução dos impactos ambientais são combinadas e aparecem com maior freqüência na medida em que as abordagens evoluem. As evidências da necessidade de um modelo de desenvolvimento de produto, serviço, ou PSS aumentam de acordo com a abrangência da abordagem. Os trabalhos revisados nas abordagens do CN e da BP não apresentam modelos claros para o desenvolvimento de produtos e serviços. Os trabalhos apresentam indicações de requisitos específicos que devem ser tratados dentro dos modelos tradicionais. Os desenvolvimentos na BP não apresentam uma evolução significativa em uma linha temporal para modelos de processo de desenvolvimento de produto (PDP). Os princípios apresentados nos trabalhos de Prahalad (2009) e London (2007) apontam para a necessidade de conhecer as peculiaridades do mercado consumidor da BP. O conhecimento dos requisitos específicos da BP permite estabelecer diretrizes e metas para o PDP. Por exemplo, os produtos devem funcionar em ambientes hostis. Esse princípio leva a exigências mais rigorosas quanto a robustez dos produtos. A inovação paciente e o crescimento auto financiado contribuem para reduzir os impactos da turbulência e volatilidade da BP. As incertezas associadas a essas características devem ser avaliadas constantemente para não prejudicar o resultado do negócio. O PDP para BP exige freqüentes alterações. É necessário investir e testar em escalas. Dessa forma, assegura-se um retorno sustentável do negócio. A sustentabilidade para a BP restringe-se a econômica. As questões sociais e ambientais não são abordadas pelos autores. Fica evidente que a proposta foi apresentada não como uma superação dos limitadores, mas como mais uma alternativa de fazer negócios. A proposta do DT apresenta diferenciações evolutivas, tanto na linha de modelos de PDP, quanto na superação dos limitadores do desenvolvimento econômico. A análise da cadeia de valores contribui significativamente para a evolução dos modelos de PDP. A proposta prevê a definição de toda a cadeia produtiva e da interação entre as partes. Incluindo a identificação dos requisitos de manuseio, transporte e armazenamento. O enfoque no desenvolvimento econômico regional e na preservação da paisagem e do meio ambiente visam, ao menos a redução dos impactos ambientais que as atividades produtivas desencadeiam. O desenvolvimento de produtos e serviço no DT agrega requisitos sócios ambientais, relacionados ao bem estar das comunidades locais. Os projetos devem passar por critérios de 8

tradição geográfica, histórica e cultural. A equipe de desenvolvimento deve contar com a participação dos agentes locais e entidades de especialistas e pesquisadores. A conexão dos fatores locais com os não locais deve ser feita através da comunicação de identidade e origem dos produtos e serviços. A Figura 5 apresenta um resumo dos princípios do DT extraídos dos estudos de casos apresentados em Kruken (2009). A abordagem do PSS apresenta a proposta mais completa para a superação dos limitadores do desenvolvimento econômico. Mas, o PSS aborda a adaptação de um dos pilares do sistema econômico capitalista: a liberdade de propriedade. No modelo de PSS fica estabelecido o conceito de não propriedade do sistema por parte do cliente. A desmaterialização da posse. Esse fator é fundamental para a caracterização de um PSS. A propriedade é questionada diante dos limites críticos de consumo, que geram as desigualdades, escassez de recursos e poluição ambiental. Meio Ambiente Planejamento Desenvolvimento Avaliação Critérios de tradição geográfica, histórica e cultural; Participação dos agentes locais; Participação entidades de especialistas e pesquisadores; Inclusão de requisitos sócios ambientais. Definição da cadeia produtiva; Identificação dos requisitos de manuseio, transporte e armazenamento; Conexão dos fatores locais com os não locais através da comunicação de identidade e origem. Enfoque no desenvolvimento econômico regional e na preservação da paisagem e do meio ambiente. Figura 5 - Princípios do desenvolvimento do DT A manutenção da propriedade pelo produtor estimula o estudo e a melhoria do desempenho e da robustez dos produtos. Assim, aumenta o tempo de vida dos produtos. Também facilita a disposição final dos materiais após o fim da vida útil dos produtos. Pode-se estabelecer um ciclo fechado com reaproveitamento e reciclagem dos materiais. O ciclo fechado ocasiona a redução do consumo de recursos novos e reduz o impacto de resíduos poluentes. Por fim, beneficia os consumidores que não precisam pagar pelo preço total do bem para usufruí-lo, em estados recentes de atualização. A eficiência da abordagem depende da compreensão detalhada das etapas do desenvolvimento de um PSS. O desenvolvimento deve ser centrado no uso do produto. Para assegurar a satisfação, a empresa deve fornecer um serviço estruturado e adaptado a percepção de valor do cliente. Durante o PDP, é importante identificar as funcionalidades que o usuário já tem disposição para abrir mão da posse. O modelo de PDP deve permitir a ampliação do conceito de valor, através da interação com os usuários. Um sistema produto-serviço bem sucedido 9

deve ser desenhado em um nível sistêmico da perspectiva do cliente e necessita de envolvimento desde cedo com o cliente. Os modelos de PDP apresentados nos trabalhos Jung et al. (2009) e Muller e Stark (2010) não se diferem significativamente do modelo proposto por Rosenfeld et al. (2006). Ambos apresentam atividades que poderiam ser incluídas nas macrofases de pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento. Em ambos os modelos faltou o enfoque na sustentabilidade ambiental descrita nos fundamentos teóricos. 5. Conclusão As abordagens pesquisadas apresentam diferentes propostas para a superação dos limitadores do desenvolvimento econômico. O grau de criticidade dos limitadores econômicos exige proposições eficientes para superá-los. Dadas as limitações de renda e meio ambiente, as exigências financeiras dos negócios devem ser substituídas ou equiparadas às exigências demandadas por outros valores das cadeias de produção e consumo. Adaptações que não contemplam modelos abrangentes não representam avanço para o progresso e desenvolvimento econômico, social e ambiental. As abordagens do CN e BP não alcançam o grau de evolução para enfrentar os limites do capitalismo. A evidência está na falta de um modelo de desenvolvimento de produto e serviço que gerencie os limitadores. Essas abordagens apenas apontam caminhos para implementações de novos negócios. Embora na proposta do CN haja um enfoque com a contabilização do capital natural, não são apontadas medidas para a inovação e a sustentabilidade no uso dos recursos, por exemplo. A proposta da BP soa como um prêmio de consolação para a pobreza. A abordagem do DT propõe um modelo para territórios específicos. Se a proposta pudesse limitar a atuação dos demais modelos de negócios nesses territórios, talvez fosse eficiente para superar os limitadores. Entretanto, a busca de novos territórios para gerar negócios pode ter um efeito contrário. Pode colocar no mapa do consumo exagerado e da poluição regiões singulares de pleno equilíbrio social e ambiental. No DT, é preciso definir princípios rígidos para que a exploração dos produtos não ocasione um desastre socioambiental do território. Dentre as abordagens contemporâneas revisadas neste trabalho, a do PSS contribuiu mais para a superação dos limitadores do desenvolvimento econômico. Diferentes modelos de PDP foram desenvolvidos. Os modelos incorporam atividades específicas aos objetivos dos PSS. Entre as principais vantagens dos modelos está a proposta de ciclos fechados para os bens. Dessa forma os produtos são usados ao máximo possível e seus materiais ao invés de descartados são reaproveitados ou reciclados. Assim, reduz-se significativamente o uso de recursos naturais e os impactos ambientais. O pagamento apenas pelo uso das funcionalidades do produto reduz o preço e amplia a quantidade de pessoas com condições de pagar. REFERÊNCIAS ANEEL, K. The Mirage of Marketing to the Bottom of the Pyramid: How the private sector can help alleviate poverty. California, Management Review 49(4): 2007. 10

BAINES, T. S.; LIGHFOOT, H.; STEVE, E.; NEELY, A.; GREENOUGH, R.; PEPPARD, J. ROV, R.; SHEHAB, E.; BRAGANÇA, A.; TIWARI, A.; ALCOCK, J.; ANGUS, J.; BASTL, M,; COUSENS, A.; IRVING, P.; JOHNSON, M.; KINGSTON, J.; LOCKETT, H.; MARTINEZ, V.; MICHELE, P.; TRANFIELD, D.; WALTON, I.; WILSON, H. State-of-theart in product service-systems. Journal of Engineering Manufacture, 2007. Vol. 221 Part B. COUTINHO, R.; FERREIRA, H. S.; LEITE, J. M.; BORATTI, L. V. Sustentabilidade e risco nas cidades do capitalismo periférico Estado de Direito Ambiental: Tendências, Aspectos Constitucionais e Prognósticos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009. HAWKEN, P.; LOVINS, A.; LOVINS, L. H. Capitalismo Natural. São Paulo: Cultrix - Amana-Key, 1999. JUNG, M. J.; NAM, K. Y.; YU, H. Design as the Integrator in Service-Product Systems - with cases on Public Bike Rental Systems International Association of Societies of Design Research, Seoul, 2009. KRUKEN, L. Design e território. Valorização de identidades e produtos locais. Studio Nobel/SEBRAE. 2009. LONDON, T. A. Base-of-the-Pyramid Perspective on Poverty Alleviation. Working Paper, 2007. MONT, O.K. Clarifying the concept of product service system. Journal of Cleaner Production 10 (2002) 237 245. MÜLLER, P.; STARK, R. A Generic PSS Development Process Model Based on Theory and an Empirical Study. International Design Conference - Design 2010. Dubrovnik - Croatia, May 17-20, 2010. PRAHALAD, C. K. A Riqueza na base da pirâmide. Erradicando a pobreza com o lucro. Ed. Bookman Companhia, 2009. ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; SILVA, S. L.; ALLIPRANDINI, D. H.; SCALICE, R. K. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006. TAN, A. R.; MCALOONE, T. C.; GALL, C. Product-Service-system Development An Explorative Case Study In A Manufacturing Company. International Conference On Engineering Design, Paris, France. Cite Des Sciences Et De L'industrie, 2007. 11