PAPEL DO NUTRICIONISTA NO SISTEMA DE SAÚDE¹



Documentos relacionados
A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN Título AVANÇOS DA POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NO SUS E PSF

CARTA POLÍTICA DE MATO GROSSO DO SUL

Que o poder público apóie as iniciativas locais de intervenção na insegurança alimentar e nutricional fortalecendo o desenvolvimento local

Neste início de século observamos no mundo uma economia

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 47, DE 2003 (PEC nº 64, de 2007, apensada)

AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: instrumento norteador efetivo de investimentos da IES

ACESSIBILIDADE E DIREITOS DOS CIDADÃOS: BREVE DISCUSSÃO

Santa Casa da Misericórdia. (Santarém)

A NECESSIDADE DA PESQUISA DO DOCENTE PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA, PRINCIPALMENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NO TRABALHO COM AUTISTAS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES CADASTRADOS NO SISTEMA HIPERDIA DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, RS

COMUNICAÇÃO NA LINHA ASSISTENCIAL

PALAVRAS-CHAVE Jogo. Educação. HiperDia. Introdução

RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ATENDIMENTOS COM IDOSOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA

Lei nº 8.132, de 17 de dezembro de 2009.

Centro de Atendimento Nutricional - CAN

RUMO AO FUTURO QUE QUEREMOS. Acabar com a fome e fazer a transição para sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis

A REGULAMENTAÇÃO DA EAD E O REFLEXO NA OFERTA DE CURSOS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Pelo exposto, o Grupo Galp Energia empenhar-se-á em:

NUTRIÇÃO. TipoTrabalho TRABALHO LinhaPesquisa LOCAL DATA HORARIO SALAS 6,7 OU 8 SE FOR INTERDISCIPLINAR SALA 72 SE FOR CONGRESSO

1. O papel da Educação no SUS

Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso

Suplementação de Micronutrientes: Vitamina A Ferro. Paula Regina Lemos de Almeida Campos Nutrição e Saúde Publica

A governança para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO SERVIDOR DO IPAMV: COMPROMISSO COM A VIDA

INTRODUÇÃO. Entendemos por risco a probabilidade de ocorrer um dano como resultado à exposição de um agente químico, físico o biológico.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Carta de Adesão à Iniciativa Empresarial e aos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção da Igualdade Racial - 1

TITULO: INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA-RS/BR

O TRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO COM UM CAMPO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

Caminhos na estratégia. de saúde da família: capacitação de cuidadores de idosos

5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

PROGRAMA: GRAVIDEZ SAUDÁVEL, PARTO HUMANIZADO

Núcleo Regional de Piên

DIRETRIZES E PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS DE CURSOS NOVOS DE MESTRADO PROFISSIONAL

Recomendação CM/Rec (2013)1 do Comité de Ministros aos Estados-Membros sobre a Igualdade de Género e Media (adotada pelo Comité de Ministros a 10 de

Incentivar a comunidade escolar a construir o Projeto político Pedagógico das escolas em todos os níveis e modalidades de ensino, adequando o

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & SAÚDE: ABORDANDO O TEMA RECICLAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DA BOA VISTA PREFEITURA DO MUNICÍPIO

CREAS - Institucional. O que é o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)?

PROJETO DE LEI Nº 76, DE 07 DE OUTUBRO DE 2013.

CARTA DE SÃO PAULO SOBRE SAÚDE BUCAL NAS AMÉRICAS


IV Seminário de Promoçã e Prevençã. ção à Saúde. ção o de Riscos e Doenças na Saúde Suplementar. I Seminário de Atençã. Suplementar.

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

PROGRAMA DE EXTENSÃO PROEX

Atividade física no ambiente escolar

PROPRIEDADE REGISTRADA. O que fazer para alcançar ar o Desenvolvimento Empresarial Sustentável?

Levantamento de projetos locais no âmbito da alimentação saudável e atividade física

ASSISTÊNCIA SOCIAL: UM RECORTE HORIZONTAL NO ATENDIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

ANO LETIVO 2013/2014 CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A PROMOÇÃO DE HÁBITOS SAÚDAVEIS: Um relato de experiência

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS - ª REGIÃO

SAÚDE PÚBLICA COM ÊNFASE EM SAÚDE DA FAMÍLIA

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015

DIGITAL & IMPRESSO O BOLETIM DO EMPRESÁRIO DIGITAL & IMPRESSO

GESTÃO DEMOCRÁTICA: ALGUNS DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO COTIDIANO ESCOLAR

TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Profa. Maria Eunice Damasceno Pereira

Nutricionista: Áreas de atuação. Paula Regina Campos

Bairro: Município: UF: CEP: Telefone: Tipo de Atividade Realizada na Empresa/ Instituição (Consultar anexo):

Desenvolvimento Sustentável nas Terras

I OFICINA REGIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

Ministério da Saúde Consultoria Jurídica/Advocacia Geral da União

Conflito de Interesses e Imparcialidade dos Auditores dos Organismos Certificadores

9. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

NOTA TÉCNICA 42 /2012

Apresentação. Objetivos do Programa

PROJETO DE EXTENSÃO TÍTULO DO PROJETO:

PROJETO DE LEI Nº, DE 2011

A Horta Escolar como Eixo Gerador de Dinâmicas Comunitárias, Educação Ambiental e Alimentação Saudável e Sustentável

DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM DOSE UNITÁRIA - OPINIÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE AS MUDANÇAS NO PROCESSO DE TRABALHO

AGENDA PROPOSITIVA DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

Garanta o direito à alimentação adequada.

Balanço social: diversidade, participação e segurança do trabalho

A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NO PERÍODO DO CLIMATÉRIO 1

PERFIL EMPREENDEDOR DOS APICULTORES DO MUNICIPIO DE PRUDENTÓPOLIS

A Educação Permanente na articulação de uma rede de cuidado integral à saúde: A experiência da Estratégia Saúde da Família na AP 3.

TRABALHANDO A EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NO CONTEXTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA NA SAÚDE DA FAMÍLIA EM JOÃO PESSOA-PB

INSTITUIÇÃO: Universidade Paranaense-UNIPAR ÁREA DE ESCOLHA TEMÁTICA: Saúde

SAÚDE PÚBLICA PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA. Palestrante: Carolina Ferri

Recomendações ao Programa Bolsa Família

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

BOLSA FAMÍLIA Relatório-SÍNTESE. 53

CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

Orientadora, Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS.

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

ANEXO 1 PROJETO BÁSICO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DE ENTIDADES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR


Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

A Prática de ciências/ biologia para o incentivo dos educandos PROJETO PEDAGÓGICO: NO STRESS : DOUTORES DO FUTURO CONTRA O STRESS

Atualizações das Leis Municipais Encontro Estadual dos Gestores e Técnicos da Assistência Social da Bahia

DESAFIOS DE UMA PRÁTICA INOVADORA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: REFLEXÃO SOBRE O CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA COM ÊNFASE EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento Integral na Primeira Infância

Transcrição:

453 PAPEL DO NUTRICIONISTA NO SISTEMA DE SAÚDE¹ Aparecida Elaine de Assis Cardoso 2, Jacira Francisca Matias 2, Mônica de Paula Jorge 2, Jaqueline Miranda 2, Maria Aparecida Resende Marques 2, Luciana Pereira Moraes 3 Resumo: A transição nutricional no Brasil é marcada pela dupla carga de doenças em todas as faixas de renda da população, em particular entre as famílias de menor poder socioeconômico. Isso significa que a população tem sido levada a conviver com doenças infecciosas e transmissíveis, desnutrição e carências nutricionais específicas e com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) relacionadas à alimentação, tais como obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Além disso, o envelhecimento da população brasileira revela indicadores positivos de melhora na expectativa de vida da população. Porém, as desigualdades nas formas de viver e morrer impõem, também, novas demandas e desafios às políticas públicas. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre a atuação do Nutricionista no Sistema Único de Saúde. Deve-se ressaltar a importância do Nutricionista para a promoção de saúde e prevenção de doenças, considerando as condições de vida e trabalho da população. Fica evidente que existe uma demanda para o trabalho do Nutricionista em Saúde Pública, junto à equipe multidisciplinar, e este se apresenta como o profissional preparado, uma vez que as modificações incluem os aspectos nutricionais tanto em serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, com conhecimento técnico e científico nas áreas de Nutrição. Palavras chave: Nutricionista, Saúde Pública, SUS. 1 Trabalho da Disciplina UNI 125 - Políticas Públicas. 2 Graduandas do curso de Nutrição-FACISA/UNIVIÇOSA. Email:nanycardoso@hotmail.com; jaciramatias@yahoo.com.br; monicavicosa@yahoo.com.br; jaqueline.m.lopes@hotmail.com; cidamarques@uai.com.br ³Professora do curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA, Viçosa MG. E-mail: lucianapm@ univicosa.com.br

454 Aparecida Elaine De Assis Cardoso et al. Introdução O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentando pelas Leis N o 8080/90 e N o 8142/90 (Leis Orgânicas da Saúde), com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão e proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. Tal Sistema tem como meta tornar-se um importante mecanismo de promoção da equidade no atendimento às necessidades de saúde da população, ofertando serviços com qualidade adequados às necessidades, independente do poder aquisitivo do/a cidadão/ã. Conforme Mendonça (2009), o SUS se propõe a promover a saúde priorizando as ações preventivas, democratizando as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde. Nesse sentido, um importante passo para dar sustentação à atuação do Nutricionista no campo da Saúde Pública foi dado pelo Conselho Federal de Nutricionistas, em 2005, através da Resolução N o 380, que dispõe sobre a definição das áreas de atuação e de suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência por área, e dá outras providências. Nessa resolução, o campo da Saúde Coletiva, como foi nomeado, compreende quatro subáreas de trabalho: Políticas e Programas Institucionais, Atenção Básica em Saúde, Programa Saúde da Família e Vigilância em Saúde. É sabido que a resolução constitui um ato normativo, porém é preciso considerar que o processo de institucionalização depende da criação de uma nova realidade de atuação, que, no campo da Saúde Pública, ainda precisa ser construída na grande maioria dos municípios brasileiros (BOOG, 2008). A Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) define como obrigação do Estado a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) a todos os que vivem no país, com base no conceito de segurança alimentar e nutricional, entendendo-a como a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que seja ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (BRASIL, 2006, p. 12).

Papel do nutricionista no sistema... 455 Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a atuação do Nutricionista no Sistema Único de Saúde. Revisão Bibliográfica A transição nutricional no Brasil é marcada pela dupla carga de doenças em todas as faixas de renda da população, em particular entre as famílias de menor poder socioeconômico. Isso significa que a população tem sido levada a conviver com doenças infecciosas e transmissíveis, desnutrição e carências nutricionais específicas, e com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) relacionadas à alimentação, tais como obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. O envelhecimento da população brasileira, com importante aumento dos idosos nas últimas décadas, revela indicadores positivos de melhora na expectativa de vida da população. Além disso, as desigualdades nas formas de viver e morrer impõem, também, novas demandas e desafios às políticas públicas (CARTILHA CFN, 2008). Na expectativa de vencer esses desafios e fazer com que essas formas de atenção cheguem à população como é de direito, na Política Pública de Saúde, uma das atribuições dos profissionais que fazem parte das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) é a Educação em Saúde. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) pauta-se nos princípios do SUS de universalidade, integralidade e equidade, tendo suas práticas voltadas para a vigilância da saúde. Sendo assim, a inserção do profissional Nutricionista na atenção básica à saúde, especificamente na ESF, torna-se necessária para a resolução de problemas alimentares e prevenção de doenças causadas pela insegurança alimentar. Além de formar grupos educativos sobre patologias específicas, os profissionais devem sempre abordar o assunto saúde em suas consultas através de orientações adequadas, cabendo ao Nutricionista oferecer informações sobre uma boa alimentação para a prevenção de doenças (SANTOS, 2010). O campo de atuação do Nutricionista em Saúde Pública tem sido praticamente junto aos órgãos governamentais, na coordenação de programas de suplementação alimentar e no de merenda escolar. Esses programas têm tido quase sempre a finalidade de diminuir as tensões sociais, proporcionando assistência alimentar. O Nutricionista que atua em saúde pública deve estar

456 Aparecida Elaine De Assis Cardoso et al. sempre pronto a prestar informações ao público e deve conscientizar a sociedade e mobilizar o governo para a busca de soluções definitivas que amenizem a gravidade da questão alimentar, para que combatam tanto a fome qualitativa como quantitativa de alimentos (GOUVEIA, 1999). A atuação do Nutricionista na Gestão Pública, segundo Mattos (2009), refere-se também à prevenção de patologias, reduzindo a quantidade de fármacos utilizados e, consequentemente, o número de internações. Porém, mais do que economia, a prevenção resulta numa melhor qualidade de vida para a população, garantindo os direitos básicos. Por meio das políticas públicas pode-se reduzir os índices de doenças como anemia ferropriva, deficiência de ácido fólico, vitamina A, desnutrição, as doenças e agravos não transmissíveis: obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabete mellitus (DM), síndrome plurimetabólica, dislipidemias (colesterol e triglicerídeos) e cânceres. Algumas ações de alimentação e nutrição, no âmbito municipal, já fazem parte da agenda programática da atenção básica em saúde, embora ainda implementadas de maneira fragmentada e não universal. Dentre essas ações, estão compreendidos o incentivo, o apoio e a proteção ao aleitamento materno; a vigilância alimentar e nutricional (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional-SISVAN); programas de suplementação medicamentosa de micronutrientes (ferro, ácido fólico e vitamina A); o cuidado nutricional em programas de saúde para grupos populacionais específicos (risco nutricional, hipertensos, diabéticos, entre outros) e o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família (CARTILHA CFN, 2008). Segundo Mattos (2009), uma vida mais saudável e o acesso à segurança alimentar e nutricional consistem no direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outros direitos, respeitando a diversidade cultural, social, econômica e ambientalmente sustentável. Considerações Finais Deve-se ressaltar a importância do Nutricionista para a promoção de saúde e prevenção de doenças, considerando as condições de vida e trabalho da população. O profissional que atua em Saúde Pública deve estar sempre

Papel do nutricionista no sistema... 457 pronto a prestar informações ao público, conscientizar a sociedade e mobilizar o governo na busca de soluções definitivas, que amenizem a gravidade da questão alimentar para combater tanto a fome qualitativa como quantitativa de alimentos. Fica evidente que existe uma demanda para o trabalho do Nutricionista em Saúde Pública, junto à equipe multidisciplinar, e este se apresenta como o profissional preparado, uma vez que as modificações incluem os aspectos nutricionais tanto em serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, com conhecimento técnico e científico nas áreas de Nutrição. Referências Bibliográficas BOOG, M. C. F. Atuação do nutricionista em saúde pública na promoção da alimentação saudável. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 33-42, jan./jun., 2008. BRASIL. Lei Nº 11.346 de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Brasília, 2006. CARTILHA, Conselho Federal de Nutrição. O papel da Nutricionista na atenção primária à saúde. Disponível em: < http://www.cfn.org.br/eficiente/ sites/cfn/pt-br/home.php>. Acesso em: 01/nov.2012. GOUVEIA, E. L. C. Nutrição Saúde & Comunidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1999. MATTOS, K.M. O nutricionista na Gestão Pública: um profissional a serviço da qualidade de vida. Revista CRN2. Publicação Oficial do Conselho Regional de Nutricionistas. 2ª Região do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. n. 19, p. 8-9, jun., 2009.

458 Aparecida Elaine De Assis Cardoso et al. MENDONÇA, A. Sistema Único de Saúde: O que é o Sus? 14, junho. 2009. Disponível em: <http://fisioterapiafateci20082.blogspot.com.br/2009/06/ sistema-unico-de-saude.html>acesso em: 25/set. 2012. SANTOS, V. A inserção do Nutricionista na ESF sob o ponto de vista dos agentes comunitários de saúde. Trabalho de Conclusão de Curso. UNIVIÇOSA. 2010.