ISSN 1984-9354 BALANÇO SOCIAL: UM ESTUDO DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA BRASILEIRA Carlos Eduardo de Oliveira (UFU) Kamyr Gomes de Souza (UFU) Lorena de Almeida (UFU) Renata Mendes de Oliveira (UFU) Resumo A Responsabilidade Social e ambiental é de fundamental importância para todas as empresas, independente do setor no qual atuam. Atualmente é indispensável a prática de atividades voltadas a tais questões. Sendo assim, é de importante que a empresa divulgue seus projetos e ainda mais que disponibilize informações no Balanço Social. O balanço social é uma ferramenta que cada vez é utilizado pelas empresas. O modelo de Balanço Social apresentado pelo Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas - Ibase é o mais comum. Nesse sentido, o presente estudo visa então mostrar a importância da utilização do Balanço Social e mais ainda evidenciar os itens que possuem maior participação em relação a Receita Líquida e Folha de Pagamento Bruta. Para tanto o estudo utiliza-se aqui a metodologia colocada pela Pesquisa Exploratória, baseando-se em referencias teóricas obtidos por pesquisa bibliográfica e para melhor apresentação e compreensão o estudo mostra o caso de utilização do Balanço Social de uma instituição financeira brasileira. Palavras-chaves: Balanço Social; Responsabilidade Social; Instituições Financeiras.
1 Introdução A evolução trazida pelo crescimento constante da industrialização traz diversos impactos a serem observados culturalmente, socialmente, ambientalmente e economicamente. Bem se sabe que praticamente toda entidade trabalha com o intuito maior de obtenção de lucros, geração de riqueza. Mas com a realidade que vem sido vivida cada vez com mais intensidade leva a adoção de novas políticas, novas considerações voltadas a uma sociedade melhor, mais justa. Conceitos relacionados ao bem estar social e ambiental ganham espaço a cada dia. Nesse sentido, é importante considerar que uma empresa que atua, ou melhor, adota uma política de responsabilidade ao tratamento de questões sociais e ambientais são aquelas que serão as vistas de maneira positiva. Cabe a cada individuo e a gestão organizacional desenvolver um trabalho conjunto em beneficio da melhora das condições atuais através da preservação e da a adoção da visão de necessidade de políticas que ajudem a preservar o ambiente. As empresas se preocupam muito com sua lucratividade e com isso esquecem a parte de cuidados com a sociedade e o meio ambiente e cada vez mais prejudicam a natureza em busca de recursos que geram muitas riquezas. Fato é que se falar de Responsabilidade Social tornou-se constante nas análises no mundo corporativo, passando até mesmo a ser incorporado como opção de um modelo de gestão, que já está cada vez mais sendo adotado, principalmente, pelas grandes empresas sintonizadas com um mundo globalizado. Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo principal identificar a evolução dos indicadores sociais disponibilizadas no Balanço Social, modelo do Ibase, de uma instituição financeira brasileira, em um período que compreende os anos de 2009 e 2010. Dado o objetivo colocado, o estudo busca então responder o seguinte questionamento: houve evolução dos indicadores sociais, apresentados pelo Balanço Social da empresa pesquisada, uma das maiores instituições financeiras do país? Assim, esse estudo se justifica no interesse em apresentar a análise de resultados sobre a Responsabilidade Social em instituição financeira que possui como primazia o retorno financeiro aos sócios e acionistas. 2 Metodologia da pesquisa 2
O presente estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa exploratória descritiva. Segundo Gil (1999, p. 43), pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Andrade, citado por Beuren e outros (2003, p.80), destaca que a pesquisa exploratória tem algumas finalidades específicas, como: proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai investigar; facilitar a delimitação do tema de pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses; ou descobrir um novo tipo de enfoque sobre o assunto. Na definição de Beuren et al (2003, p. 83), os procedimentos na pesquisa científica referem-se à maneira pela qual se conduz o estudo e, portanto, se obtêm os dados. No presente estudo será empregada para coleta de dados os procedimentos de pesquisa bibliográfica e posteriormente estudo de caso retratando a empresa pesquisada, buscando dentro da temática abordada, evidenciar seu Balanço Social e informações que respondam o que é colocado como problema de pesquisa e condizente com o objetivo do estudo. A pesquisa bibliográfica, de acordo com Silva (2003, p. 60), explica e discute um tema ou problema com base em referências teóricas já publicadas em livros, revistas, periódicos, artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica está, para Gil (1999, p. 65), no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Para melhor compreensão da teoria abordada por este estudo utiliza-se de estudo de caso que como colocado por Yin (1994), é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre os fenômenos e o contexto não estão claramente definidos, o que permite a aplicação de conceitos apresentados com o levantamento bibliográfico. Para que se consiga realizar o que se propõem nesse trabalho, faremos pesquisas junto a base de dados disponibilizada pelo site <http://www.ibase.br>, assim como o que é colocado na página eletrônica da empresa Bradesco S.A, coletando dados, demonstrativos, relatórios que referenciem em qualquer forma questões voltadas a Responsabilidade Social. Para embasar o estudo, faremos pesquisas em livros, internet, revistas e outros, para formação de conceitos que giram em torno da Responsabilidade Social, e ainda destacar o modelo Ibase, desde sua criação, enfatizando a importância, mesmo para empresas não obrigadas a apresentação de Balanço Social. 3
Para evidenciar melhor o reflexo do Balanço Social para a empresa que aqui propomos estudar, serão abordadas algumas reportagens que mencionam o trabalho social da empresa e até mesmo prêmios que a empresa vem recebendo em virtude de seu trabalho social. 3 Referencial teórico 3.1 Responsabilidade Socioambiental Na atualidade alguns conceitos relacionados ao meio ambiente e social estão cada vez mais em evidência. O termo socioambiental vem sendo cada vez mais difundido, já que tornou-se muito difícil falar em meio ambiente somente do ponto de vista da natureza ainda mais quando se pensa na interação sociedade e natureza. O termo sócio se atrela ao termo ambiental para enfatizar o necessário envolvimento da sociedade enquanto sujeito, parte fundamental dos processos relativos aos problemas relacionados ao ambiente no meio contemporâneo. Para entender melhor o que vem de fato ser a responsabilidade, apresenta-se aqui um conceito colocado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC (2004) entende que a responsabilidade socioambiental: É uma postura ética permanente das empresas no mercado de consumo e na sociedade. Muito mais que ações sociais e filantropia, a responsabilidade social, no nosso entendimento, deve ser o pressuposto e a base da atividade empresarial e do consumo. Engloba a preocupação e o compromisso com os impactos causados a consumidores, meio ambiente e trabalhadores; os valores professados na ação prática cotidiana no mercado de consumo - refletida na publicidade e nos produtos e serviços oferecidos; a postura da empresa em busca de soluções para eventuais problemas; e, ainda, a transparência nas relações com os envolvidos nas suas atividades. IDEC (2004, p. 4) A sustentabilidade ambiental se correlaciona com os outros diversos setores da atividade humana, e talvez a que mais apresente os maiores impactos seja a atividade industrial, por ser responsável pela grande emissão de poluentes e por muitos desmatamentos. Políticas de responsabilidade socioambiental podem ser praticadas em diversos níveis com atitudes como a adoção de fonte de energias limpas está entre as preocupações centrais, algumas empresas tem desenvolvidos projetos de sustentabilidade voltando-se para aproveitamento do gás liberado em aterros sanitários, dando energia para populações que habitam proximamente a esses locais. 4
Cabe ainda acrescentar algumas considerações sobre a Responsabilidade Social. A idéia de responsabilidade social está mudando a percepção das empresas em relação ao ambiente em que estão inseridas. Antes havia uma preocupação em apenas maximizar lucros sem se atentar aos impactos causados pela atividade desempenhada ao meio ambiente ou ao bem estar das pessoas. Para melhor entendimento do que vem a ser a Responsabilidade social, tem-se que: O conceito de Responsabilidade Social vem se consolidando como um conceito interdisciplinar, multidimensional e associado à abordagem sistêmica, focado nas relações entre os stakeholders associados direta e indiretamente ao negócio da empresa, incorporado à orientação estratégica das empresas, refletida em desafios éticos para a dimensão econômica, ambiental e social. GAIOTO (2001, p. 422) De acordo com Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE (2010), uma empresa possui responsabilidade social quando se preocupa com os impactos que suas decisões podem causar na comunidade, nos trabalhadores e no meio ambiente. Para a OCDE uma empresa responsavelmente social presta informações de suas ações. É importante esclarecer o que vem ser uma organização com responsabilidade social e uma organização socialmente responsável. Karkotli (2006) comenta que: Responsabilidade social não é sinônimo de social responsável, uma vez que a primeira se define quando uma organização ou pessoa física entendê-la como o verbo ser, responsável em qualquer momento, atitude, decisão, ou seja, em primeiro lugar esta pessoa física ou jurídica pensará na sua responsabilidade para com a sociedade num todo. Social responsável é o inverso, pois a pessoa jurídica ou física fará algo para o social e como consequência poderá se considera responsável, porém, este fazer poderá ser, para aquele momento, um projeto, uma doação e nunca mais, porém não podemos dizer que para aquele momento a pessoa não foi socialmente responsável. KARKOTLI (2006, p.10). Nesse sentido, Drucker (2006) resume da seguinte forma: As organizações não agem de forma socialmente responsável quando se preocupam com problemas sociais fora de sua esfera de competência e ação. Elas agem de forma socialmente responsável quando satisfazem as necessidades da sociedade concentrando- se em seu trabalho específico. Elas agem de maneira mais responsável quando transformam as necessidades do público em suas próprias realizações. DRUCKER (2006, p. 66). 5
Contudo, uma empresa pratica responsabilidade social quando produz benefícios para a sociedade na qual esta inserida. Quando os recursos são aplicados fora de sua esfera ela sendo socialmente responsável. 3.2 Balanço Social Conforme o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas - Ibase, o Balanço Social é um demonstrativo anual que a empresa publica, reunindo informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade, além de ser um instrumento para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa. Através do balanço social, a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Sua finalidade principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente, e tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa com as pessoas e a vida no planeta. Os grupos beneficiados pelo balanço social são todos que interagem com a empresa. Os dirigentes são favorecidos pelo fornecimento de informações úteis à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a empresa desenvolve. Os funcionários são estimulados a participarem mais ativamente na escolha das ações e projetos sociais, gerando um grau mais elevado de comunicação interna e integração nas relações entre dirigentes e o corpo funcional. Os fornecedores e investidores são informados da forma como a empresa encara suas responsabilidades em relação aos recursos humanos e à natureza um bom indicador da forma como a empresa é administrada. Os consumidores podem ter uma idéia mais definida de qual é a postura dos dirigentes e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a empresa escolheu para construir sua marca. Finalmente, o Estado é ajudado na identificação e na formulação de políticas públicas. Desde 1997, o sociólogo Herbert de Souza e o Instituto Ibase vêm chamando à atenção empresários e toda a sociedade para a importância e a necessidade da realização do balanço social das empresas em um modelo único e simples. Por entender que a simplicidade é a garantia do envolvimento do maior número de corporações, o Ibase, em parceria com diversos representantes de empresas públicas e privadas, a partir de inúmeras reuniões e debates com vários setores da sociedade, 6
desenvolveu um modelo que tem a vantagem de estimular todas as empresas a divulgar seu balanço social, independente do tamanho e setor. Se a forma de apresentação das informações não seguir um padrão mínimo, torna-se difícil uma avaliação adequada da função social da empresa ao longo dos anos. A predominância de dados que possam ser expressos em valores financeiros ou de forma quantitativa é fundamental para enriquecer este tipo de demonstrativo. É claro que nem sempre correlacionar fatores financeiros com fatos sociais é uma tarefa fácil, porém, os indicadores desenvolvidos do modelo Ibase ajudam às análises comparativas da própria empresa ao longo do tempo ou entre outras do mesmo setor. No modelo sugerido pelo Ibase, a sociedade e o mercado são os grandes auditores do processo e dos resultados alcançados. Em 1998, para estimular a participação de um maior número de corporações, o Ibase lançou o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos. Através deste Selo as empresas podem mostrar - em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias - que investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. O Selo Balanço Social Ibase/Betinho demonstra que a empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da divulgação anual do seu balanço social. O Balanço Social é exigido pela sociedade desde o início do século XX, porém seu surgimento aconteceu nos anos de 60 nos EUA e no início da década de 70 na Europa, época em que a sociedade passou a exigir das empresas maior responsabilidade social e passaram a vê-las não apenas como criadoras de empregos, mas também como ajudantes para formação da riqueza dos países. O primeiro Balanço Social surgiu na França, publicado pela empresa Singer em 1972. No Brasil os primeiros Balanços Sociais surgiram nas empresas nos anos 80, foi a empresa Nitrofértil, situada na Bahia, que elaborou o primeiro documento brasileiro do gênero, realizado em 1.984. Em 12 de julho de 1.977, foi aprovada a Lei 77.769 que torna obrigatório a realização de Balanços Sociais periódicos para todas as empresas. 7
O Balanço Social traz um diferencial para a imagem da empresa, ele a cada dia tem tornado mais valorizado, tanto no Brasil quanto no mundo. Nos dias de hoje o procedimento ético e claro tem que estar contido em qualquer organização, pois este comportamento auxiliará na diminuição dos riscos, visto que as informações sobre empresas rodeiam mercados internacionais rapidamente. Os investidores, analistas de mercado e órgãos de financiamento já incluíram o balanço social na lista dos documentos necessários para conhecer e avaliar os ricos e as projeções de uma empresa. De acordo com o Ibase Balanço Social favorece a todos os grupos que interagem com a empresa: Dirigentes: fornece informações úteis à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a empresa desenvolve. Seu processo de realização estimula a participação dos Funcionários: Estimula a participação dos funcionários na escolha das ações e projetos sociais, gerando um grau mais elevado de comunicação interna e integração nas relações entre dirigentes e o corpo funcional. Fornecedores e investidores: informa como a empresa encara suas responsabilidades em relação aos recursos humanos e à natureza, o que é um bom indicador da forma como a empresa é administrada. Consumidores: dá uma idéia de qual é a postura dos dirigentes e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a empresa escolheu para construir sua marca. Estado: ajuda na identificação e na formulação de políticas públicas. O modelo do Balanço Social adotado no Brasil e o Ibase. Sua estrutura e divida da seguinte forma: Base de cálculo Dados sobre geração de receitas, resultado operacional e folha de pagamento bruta Indicadores sociais internos: Gastos com alimentação, educação, capacitação e saúde, dentre outros relacionados aos empregados; Indicadores sociais externos: Gastos da empresa na comunidade (saúde e saneamento, cultura, educação etc.) e os tributos; 8
Indicadores ambientais: Gastos com despoluição, educação ambiental, investimento em programas externos e outros, seja com os empregados ou sociedade; Indicadores do corpo funcional: Número de admissões, estagiários, mulheres, negros e portadores de deficiência física; Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial: Aspectos referentes ao número de acidentes do trabalho, responsabilidade dos padrões de segurança e salubridade existentes; Outras informações Outras informações que a empresa julgar necessárias. Elaborar e publicar o Balanço Social anualmente procura mostrar o quanto determinada empresa é ética, responsável e preocupa-se com o ambiente. 4 Apresentação e análise dos resultados O presente trabalho terá como foco a análise do Balanço Social divulgado pela empresa escolhida para a pesquisa. Antes de começar o tratamento do Balanço Social, faz-se necessário conhecer um pouco mais da empresa analisada. A história do banco começou em 1943, na cidade de Marília, no interior de São Paulo, quando o jovem, e ambicioso, Amador Aguiar, que possuía o projeto de virar banqueiro, junto com alguns amigos, adquiriu a Casa Bancária Almeida. A instituição ganhou de imediato um novo nome: Banco Brasileiro de Descontos S.A., que depois viria a ser conhecido como Bradesco (junção das palavras iniciais: Brasileiro e Descontos). Hoje o Bradesco é considerado um dos maiores bancos privados do Brasil e trabalha em diversos segmentos atendendo pessoas físicas e jurídicas. A escolha da empresa está no fato de a mesma apresentar um histórico vasto de investimentos direcionados a questões sócias e ambientais. Como já colocado por João Cariello, Diretor da Fundação Bradesco, a empresa desenvolve vários projetos de cunho social e ambiental dentre os quais ele destaca projetos ligados a educação de crianças, adolescentes e adultos. Além da Fundação Bradesco de educação pode-se verificar também a participação da empresa em vários projetos voltados para a prática da ecoeficiência desenvolvendo projetos como o intitulado Fundação Amazonas Sustentável. 9
Após uma breve caracterização da empresa, cabe então a apresentação e análise dos resultados disponibilizados pelo Balanço Social, modelo do Ibase, divulgado pela empresa pesquisada, delimitando-se essa análise para os anos de 2009 e 2010. Quadro 1 Balanço Social dos anos de 2009 e 2010. 10
1 - Base de Cálculo 2009 (R$ mil) 2010 (R$ mil) Receita líquida (RL) (1) 20.373.854 26.855.746 Resultado operacional (RO) 9.997.703 14.771.241 Folha de pagamento bruta FBP IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 7.966.338 9.302.386 2 - Indicadores sociais internos (2) % sobre % sobre % sobre % sobre R$ mil R$ mil FPB RL FPB RL Alimentação 691.785 8,7 3,4 775.689 8,3 2,9 Encargos sociais compulsórios 1.376.365 17,3 6,8 1.643.014 17,7 6,1 Previdência privada 266.519 3,3 1,3 379.486 4,1 1,4 Saúde 392.502 4,9 1,9 486.505 5,2 1,8 Segurança e medicina no trabalho - - - - - - Educação - - - - - - Cultura - - - - - - Capacitação e desenvolvimento 86.784 1,1 0,4 107.105 1,2 0,4 Creches ou auxílio-creche 42.929 0,5 0,2 51.587 0,6 0,2 Participação nos lucros ou resultados 650.023 8,2 3,2 808.094 8,7 3 Outros 176.030 2,2 0,9 162.670 1,7 0,6 Total - Indicadores sociais internos 3.682.937 46,2 18,1 4.414.150 47,5 16,4 3 - Indicadores Sociais Externos R$ mil % sobre % sobre % sobre % sobre R$ mil RO RL RO RL Educação* 9.221 0,1-12.225 0,1 - Cultura 54.247 0,5 0,3 108.973 0,7 0,4 Saúde e saneamento 1.126 - - 2.733 - - Esporte 19.515 0,2 0,1 24.283 0,2 0,1 Combate à fome e segurança alimentar 640 - - 100 - - Outros 35.260 0,4 0,2 53.473 0,4 0,2 Total das contribuições para a sociedade 120.009 1,2 0,6 201.787 1,4 0,7 Tributos (excluídos encargos sociais) 6.366.806 63,7 31,2 7.345.599 49,7 27,4 Total - Indicadores sociais externos 6.486.816 64,9 31,8 7.547.386 51,1 28,1 4 - Indicadores Ambientais R$ mil % sobre % sobre % sobre % sobre R$ mil RO RL RO RL Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa - - - - - - Investimentos em programas e/ou projetos externos 16.442 0,2 0,1 23.975 0,2 0,1 Total dos investimentos em meio ambiente 16.442 0,2 0,1 23.975 0,2 0,1 5 - Indicadores do corpo funcional 2009 2010 N o de empregados(as) ao final do período 85.072 95.248 N o de admissões durante o período 5.097 15.122 N o de empregados(as) terceirizados(as) 8.815 9.158 N o de estagiários(as) 774 841 N o de empregados(as) acima de 45 anos 10.252 11.638 N o de mulheres que trabalham na empresa 41.095 46.909 % de cargos de chefia ocupados por mulheres 44,7 45,8 N o de negros(as) que trabalham na empresa 15.989 18.424 % de cargos de chefia ocupados por negros(as) 18,0 18,0 N o de portadores(as) de deficiência ou necessidades especiais 1.581 1.696 6 - Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial 2010 Metas 2011 Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa 17,5 N/A Número total de acidentes de trabalho 1.054 Conscientização do quadro de funcionários para evitar acidentes de trabalho Valor adicionado total a distribuir (em R$ mil): 2009: R$ 23.370.651 2010: R$ 27.671.568 33,4% governo 32,1% governo Distribuição do Valor Adicionado (DVA): 34,4% acionistas 36,6% acionistas 29,7% colaboradores(as) 29,2% colaboradores(as) 2,5% retido 2,1% retido 7 - Outras Informações As informações incluídas neste Balanço Social foram revisadas pela PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes. (*) Os valores não incluem os recursos aplicados pela Fundação Bradesco (um dos controladores do Bradesco). (1) Considera-se Receita Líquida (RL) o Resultado Bruto da Intermediação Financeira. (2) As rubricas de 2009 foram reclassificadas conforme foi divulgado ao mercado em 3.7.2009. N/A - Não Aplicável Fonte: Adaptado do Balanço Social do Banco Bradesco S/A. O Balanço Social é dividido em sete itens, sendo a base de cálculo, indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores ambientais, indicadores do corpo funcional, 11
informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial e outras informações que forem julgadas necessárias. Para melhor direcionamento, o estudo busca a ordem proposta pela estrutura colocada pelo Ibase, iniciando a interpretação do item Base de Cálculo. Analisando os anos de 2009 e 2010 verifica-se que todos os itens, receita liquida, resultado operacional e folha de pagamento bruta tiveram um acréscimo. Em 2010 a receita liquida teve um acréscimo de cerca de 31,8% em relação a 2009. O resultado operacional também aumentou 47,7 % e a folha de pagamento 16,77%. Quando da análise dos indicadores sociais internos, observa-se que a empresa aumentou todos os seus investimentos, chegando no geral a apresentar um acréscimo de 19,85%. Se analisado o percentual de participação dos itens desse grupo em relação a receita liquida e folha de pagamento, verifica-se que o item que detêm o maior percentual participativo tanto sobre a folha quanto sobre a receita é o item Encargos Sociais compulsórios seguidos dos itens alimentação e participação nos lucros ou resultados. Ao fazer a análise do grupo de indicadores internos, um fato que chama muita atenção está em a empresa não desenvolver nada internamente em relação a educação e cultura, já que a empresa possui projetos de educação ligados a comunidade externa. Quanto aos indicadores sociais externos observa-se que o item desse grupo que possui a maior participação sobre a receita e a folha de pagamento é o referente a tributos, tanto em 2009 quanto em 2010, chegando em 2009 a ter uma participação do item sobre a receita de mais de 60%. Em relação ao grupo de indicadores ambientais, observa-se que possui uma pequena parcela sobre receita e folha de pagamento para o item de investimentos em programas e/ou projetos externos, 0,2% sobre receita e folha de pagamento total. Ainda observa-se que de 2009 para 2010 o investimento nesse item teve um acréscimo de quase 46%, o que é consideravelmente bom, já que é conhecido que a empresa tem um projeto que se volta a questões ambientais. A empresa não possui metas de minimizar os resíduos, consumo em geral na produção/operação e aumentar a eficácia na utilização dos recursos naturais. Quando da análise do grupo de indicadores do corpo funcional da empresa observa-se que a mesma teve um aumento significativo nas contratações, aumentando em mais de dez mil o número de admissões do ano de 2009 para 2010. 12
Um dado interessante no grupo referente ao corpo funcional está no fato de os cargos de chefia ocupados por mulheres representar quase 50% do total. Em relação ao item que coloca informações sobre o exercício da cidadania empresarial, tem-se que os projetos sociais e ambientais são desenvolvidos pela direção, gerencias e funcionários de uma maneira geral. A direção da empresa não se envolve em questões voltadas para liberdade sindical, direito de negociação e representação interna dos trabalhadores. Sobre a análise do item da distribuição do valor adicionado, observa-se que a maior parte fica para os acionistas, que ficam com cerca de 34,4% em 2009 e 36,6% em 2010, seguindo-se do governo com 33,4% em 2009 e 32,1% em 2010. Por fim, em análise do último item que é apresentado pelo Balanço Social, no item outras informações a empresa achou por bem colocar algumas considerações quanto ao uso de símbolos utilizados nos itens anteriores bem como evidenciar que todas as informações colocadas no balanço são revisadas por auditores independentes. 5 Considerações finais Após a análise dos dados apresentados pelo Balanço Social do Bradesco, pode-se concluir, em conformidade com o objetivo proposto, que é importante que a empresa divulgue seu Balanço Social permitindo que se conheça e verifique se o que é colocado no site institucional é mesmo praticado. A análise do Balanço permite levantar a consideração de que a empresa realmente se volta para questões sociais e ambientais, o que a torna uma empresa de grande destaque, com uma boa imagem diante do público geral, sejam esses clientes, acionistas, investidores e outros. Como verificado, de um modo geral, a empresa conseguiu aumentar todos os seus indicadores, provando que a empresa tem cada vez mais aumentado seu interesse nos investimentos de responsabilidade social. Para futuros estudos coloca-se a idéia de trabalhar não só a comparação entre diferentes períodos de uma mesma empresa, levando então a acrescentar a comparação com outras empresas do mesmo segmento para verificar se é mantido um padrão, modelos adotados e outros pontos relevantes. 13
6 Referências BEUREN, I. M. (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2003. BRADESCO. BRADESCO S.A. Disponível em <http://www.bancodoplaneta.b.br/site/. Acesso em: 03/12/2011. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE MINAS GERAIS. Disponível em: <http://www.crcmg.org.br/inst_historia.asp>. Acesso em 19/11/2011. DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Drucker: a sociedade. São Paulo: Nobel, 2002. GAIOTO, F. R. Da responsabilidade social à ética empresarial. Florianópolis: UFSC, p.62, Ensaio, 2001. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999. INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Guia de Responsabilidade Social para o Consumidor, 2004. INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS IBASE. Disponível em: <http://www.ibase.br/modules.php?name=conteudo &pid=2414> Acesso em: 01/12/2011. KARKOTLI, G. Responsabilidade Social Empresarial. Rio de Janeiro: Vozes, 2006. ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO OCDE. Disponível em < www.oecd.org > Acesso em: 20/11/2011. SANTOS, A. Demonstração do valor adicionado: como elaborar e analisar a DVA. São Paulo: Atlas, 2007. SILVA, A. C. R. da. Metodologia da pesquisa aplicada à Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2003. YIN, R. K., Applications of Case Study Research. NewburyPanrk: Sage, 1994. 14