Ações Educativas para Promoção de Hábitos Alimentares Saudáveis: relato de uma experiência



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191 Ações Educativas para Promoção de Hábitos Alimentares Saudáveis: Raquel Simões Mendes-Netto 1 Pryscila Dryelle Sousa Teixeira 2 Bruna Zavarize Reis 3 Diva Aliete Santos Vieira 4 Dayanne da Costa 5 Jamille Oliveira Costa 6 Resumo 123456 O objetivo deste trabalho foi apresentar o processo de elaboração e divulgação de material educativo para orientação nutricional de mulheres participantes do Programa Academia da Cidade (PAC). Foi elaborado um folder que apresentou princípios da alimentação saudável, a pirâmide alimentar e dúvidas comuns relacionadas à práticas alimentares inadequadas. A ação educativa consistiu na explanação sobre nutrientes, grupos e porções alimentares, pirâmide alimentar e a relação alimentos x prevenção de doenças. A atividade tinha duração de 40 minutos, com cerca de 20 minutos para explanação e 20 minutos para dúvidas, questionamentos e relatos de experiências da população. Foram envolvidas 370 participantes do PAC, Aracaju (SE). Resultados, como crescente número de participantes por ação, participação constante da população com questionamentos e relatos e ainda solicitações para extensão das ações no PAC, foram considerados como positivos para conscientização a respeito da importância de uma alimentação saudável para a melhoria da qualidade de vida. Palavras-chave: educação alimentar, intervenção nutricional, alimentação saudável, material educativo. 1 Professora Adjunta do Núcleo de Nutrição/UFS. E-mail: raquelufs@gmail.com.br. 2 Estudante de Nutrição/UFS. E.mail: prysciladryelle@ yahoo.com.br. 3 Estudante de Nutrição/UFS. E.mail: brunazreis@yahoo. com.br. 4 Estudante de Nutrição/UFS. E.mail: diva.nutricao@gmail.com. 5 Estudante de Nutrição/UFS. E.mail: day_nut@yahoo. com.br. 6 Estudante de Nutrição/UFS. E.mail: jamillenutri@gmail.com.

Actions to Promote Education of Healthy Eating Habits: report of an experience Abstract The aim of this study was to present the process of developing and disseminating educational materials for nutrition education of women participating in the City Academy Program (PAC). We prepared a brochure presenting the principles of healthy eating, the food pyramid and common questions relating to inappropriate feeding practices. The educational activity consisted of explanation about nutrients, food groups and serving sizes, food pyramid and the relation food against x disease prevention. The activity lasted 40 minutes, about 20 minutes for explanation and 20 minutes for questions and reports of experiences of the population. 370 PAC s participants were involved in Aracaju (Sergipe). Results, as increasing number of participants per share, ongoing participation of people with questions and reports, and further requests for extension of the shares in the PAC, were considered as positive awareness about the importance of healthy eating to improve the quality of life. Key words: nutrition education, nutritional intervention, healthy food, educational material.

Ações Educativas para Promoção de Hábitos Alimentares Saudáveis: 193 Introdução Os hábitos alimentares são adquiridos em função de aspectos culturais, antropológicos, socioeconômicos e psicológicos que envolvem o ambiente das pessoas (ASSIS; NAHAS, 1999, p.36). E a mudança destes hábitos, através da reeducação alimentar, é um objetivo difícil de ser alcançado por pessoas com excesso de peso, por alterar um hábito de vida (KLACK; CARVALHO, 2008, p.135). É a escolha alimentar que determina a formação de hábitos alimentares ou costume alimentar, que é fator determinante na condição de saúde, sua promoção, manutenção ou recuperação. O controle que a pessoa tem de sua própria vida e de escolhas relacionadas à saúde os quais tenham um impacto positivo neste sentido, resultando numa melhora, é conhecido como promoção da saúde (CERVATO, 2005, p.43). De um modo geral, a alimentação saudável deve favorecer o deslocamento do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis, respeitando a identidade cultural - alimentar das populações ou comunidades, bem como o hábito construído durante toda a vida do seu humano. Portanto estratégias de educação nutricional devem ser planejadas e apresentadas aos grupos sujeitos a este tipo de intervenção objetivando adequação à sua realidade para que assim estes novos hábitos sejam verdadeiramente aderidos (PEREIRA; HELENE, 2006, p.36). A promoção da saúde passa a ter grande importância como uma estratégia fundamental para o enfrentamento dos problemas do processo saúde-doença (SANTOS, 2005, p.683). A educação nutricional se insere nas práticas de promoção de saúde por apresentar à população efeitos biológicos dos nutrientes no organismo, orientação alimentar, e, ainda, a preservação das propriedades nutritivas dos alimentos envolvendo as técnicas de preparo e armazenamento (FERREIRA; MAGALHÃES, 2007, p.1678). Contento et al. (1995) entendem a educação nutricional como qualquer experiência de ensino desenvolvida para facilitar mudança voluntária do comportamento alimentar, com a finalidade de conduzir à situação de saúde e bem-estar. A educação nutricional, portanto, visa a ações que irão capacitar os indivíduos a fazerem as melhores escolhas em relação à sua alimentação, tornando-a mais saudável através de um processo de mudança paulatino. A educação nutricional pode proporcionar ao indivíduo a capacidade de compreender suas práticas e comportamentos alimentares, proporcionando condições para que possa tomar decisões a respeito de sua alimentação (RODRIGUES; BOOG, 2006, p.924). Neste sentido, compreende-se a importância do desenvolvimento de instrumentos práticos que auxiliem na educação nutricional da população como forma de promover a saúde a partir de uma melhor alimentação, bem como a necessidade de formas dinâmicas de atividades de educação nutricional para que novos conhecimentos a respeito de alimentação e nutrição sejam assimilados pela população trabalhada. O objetivo deste trabalho foi apresentar o processo de elaboração e divulgação de material educativo referente à promoção de alimentação saudável para orientação nutricional de mulheres adultas. Metodologia A escolha do público para a divulgação do folder partiu de um estudo desenvolvido sobre práticas alimentares e perfil antropométrico de integrantes de um programa de atividade física regular do município de Aracaju (Programa Academia da Cidade), desenvolvido pela Universidade Federal de Sergipe em parceria com a prefeitura municipal. Foi observado, no decorrer da pesquisa, o baixo conhecimento em nutrição e uma alta prevalência de sobrepeso e obesidade nos indivíduos, bem como hábitos alimentares inadequados que acometem o estado de saúde, constituindo fatores de risco ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como hipertensão, diabetes, dis-

194 REVISTA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA UFS São Cristóvão-SE N 2 2013 lipidemias. Estes fatores apontaram para a necessidade de implementação de medidas educativas com o intuito de melhorar hábitos alimentares e conhecimento nutricional e, consequentemente, favorecer o estado de saúde da população. Desenvolvimento do Material Educativo Partindo dos dados obtidos, decidiu-se elaborar um folder que pudesse ser utilizado como ferramenta nas atividades de educação nutricional visando apresentar de maneira compreensível os princípios da alimentação saudável, bem como esclarecer as principais dúvidas relacionadas ao tema. Buscou-se a elaboração de um folder baseado nas orientações contidas na Pirâmide Alimentar Adaptada para População Brasileira (PHILIPPI et al, 1999, p.69) e no Guia Alimentar para População Brasileira (BRASIL, 2006, pgs.39-117). A pirâmide de alimentos é considerada uma representação gráfica que facilita a visualização dos alimentos, assim como a sua escolha nas refeições do dia a dia, sendo considerada um instrumento de orientação nutricional utilizado por profissionais com o objetivo de promover mudanças de hábitos alimentares visando à saúde global do indivíduo e à prevenção de doenças (ACHTERBERG et al., 1994, p.1031). - 4º nível: grupo dos óleos e gorduras e grupo dos açúcares e doces (topo da pirâmide). A ingestão alimentar é apresentada em forma de porções, informando a quantidade adequada a cada grupo alimentar. Na base da pirâmide está o grupo dos cereais por apresentar o maior número de porções recomendado por dia (5 a 9 porções). Por outro lado, no topo da pirâmide, estão os grupos dos óleos/gorduras e açúcares, grupos que apresentam o menor número de porções recomendados por dia (1 porção) e devem ser consumidos com atenção especial. Ação Educativa e Aplicação do Material Educativo O referido material educativo serviu como base para a realização das ações educativas. As ações de educação nutricional propostas no presente trabalho envolveram atividades de orientação à adoção de hábitos alimentares saudáveis com auxílio de instrumentos, como uma maquete da pirâmide alimentar, réplicas e rótulos de alimentos (Figura 1) e folder (Figuras 2 e 3). Figura 1 - maquete da Pirâmide Alimentar com réplicas e rótulos de alimentos A Pirâmide Alimentar orienta a população para a ingestão de uma dieta variada, rica em vegetais, frutas e grãos, pobre em gorduras, sal e açúcar. É apresentada em quatro níveis e subdivida em 8 grupos alimentares e ordenados da seguinte maneira: - 1º nível: grupo dos cereais, tubérculos, raízes (base da pirâmide) - 2º nível: grupo das hortaliças e grupo das frutas; - 3º nível: grupo do leite e produtos lácteos; grupo das carnes e ovos e grupo das leguminosas; Foto: Bruna Zavarize Reis

Ações Educativas para Promoção de Hábitos Alimentares Saudáveis: 195 Figura 2 - folder (lado externo) elaborado para ser entregue nas atividades extensionistas. A ação tinha duração de aproximadamente 40 minutos, podendo se estender a depender da interação dos grupos. Antes de iniciar a aula, era entregue o folder para que os participantes pudessem acompanhar as explicações. Após as aulas, foram registradas as impressões e manifestações da população com relação às atividades desenvolvidas. Resultados Fonte: produzido pelas autoras, 2010. Figura 3: folder (lado interno) elaborado para ser entregue nas atividades extensionistas. Fonte: produzido pelas autoras, 2010. Foi elaborada uma aula que abordou os princípios de uma alimentação saudável, grupos alimentares, importância dos nutrientes para o organismo, escolhas alimentares e esclarecimentos das dúvidas mais frequentes sobre o tema. A aula foi ministrada pelos alunos de Nutrição e supervisionada pela nutricionista (orientadora). O conteúdo abordado baseou-se nas recomendações da Estratégia Global em Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde (OMS, 2004), e nas orientações propostas pela Pirâmide Alimentar adaptada à população brasileira (PHILLI- PI et al., 1999, p.69). Na execução das ações educativas foram contempladas cerca de 370 pessoas que faziam parte de oito diferentes polos do Programa Academia da Cidade (Santos Dumont, Bairro América, Maracaju, Centro de Criatividades, Orlando Dantas, Bairro Industrial, Lamarão, Augusto Franco). O folder foi dividido em três partes: a primeira, com informações objetivas sobre princípios da alimentação saudável constituída de uma versão da Pirâmide Alimentar que elucida os grupos alimentares e suas devidas porções adequadas; a segunda parte incluiu recomendações práticas sobre a substituição de alimentos embutidos e de alta densidade calórica por equivalentes que proporcionem maior benefício à saúde; a última parte do folder abordou uma sessão de respostas às perguntas mais freqüentes sobre alimentação e excesso de peso (Figuras 2 e 3). Com relação à primeira parte, foram descritos os princípios da alimentação saudável: variedade, moderação e equilíbrio. A variedade reflete o consumo dos diversos alimentos contidos nos grupos da pirâmide. A moderação reflete o princípio de limitar o consumo de certos constituintes de alguns alimentos cujo excesso apresentaria risco para a saúde, como gordura, sódio e açúcar. O equilíbrio se refere à recomendação de se consumir mais alimentos de determinados grupos e menos de outros (CERVATO; VIEIRA, 2003, p.351). A proposta da pirâmide alimentar do folder foi elaborada com base numa dieta de 1800kcal, distribuídas nos 8 grupos alimentares. Para se che-

196 REVISTA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA UFS São Cristóvão-SE N 2 2013 gar a este valor, primeiramente foram estimadas as necessidades energéticas diárias da população baseadas na média dos dados antropométricos (peso, estatura, idade) e de nível de atividade física de 70 mulheres (Quadro 1). Considerando que a maioria das mulheres encontrava-se com excesso de peso, sendo necessária a perda de peso corporal e que as necessidades calóricas diárias estimadas foram de 2250 kcal, foi proposto um déficit calórico de 450 calorias. Recentemente a American Dietetic Association (ADA) publicou o posicionamento sobre as estratégias eficazes no controle de peso corporal e descreveu que o balanço energético negativo (ingestão < necessidades) constitui o principal fator que influencia a perda de peso e representa a primeira recomendação para o tratamento da obesidade (ADA, 2009). Quadro 1 - características da população estudada e da dieta proposta com base nas orientações da Pirâmide Alimentar. Características da População (Média ± DP) Idade (anos): 47,4 ± 10,3 Peso (kg): 65,5 ± 11,3 Altura(m): 1,6 ± 0,1 IMC (kg/m2): 26,7 ± 4,6 Nível de atividade física: ativo (1,27) NEE: 2250 kcal Características da dieta proposta VET: 1800kcal N de porções recomendadas Grupos Alimentares Cereias, pães, tubérculos 5 e raízes Verduras e Legumes 4 Frutas 3 Leite e Derivados 3 Carnes e ovos 1 Leguminosas 1 Óleos e Gorduras 1 Açúcares 1 IMC: índice de massa corporal; NEE: necessidades energéticas estimadas; VET: valor energético total. Fonte: produzido pelas autoras, 2010. A análise do consumo alimentar e do nível de conhecimento em nutrição da população estudada permitiu identificar uma alta ingestão de preparações e alimentos calóricos, industrializados e embutidos, cujo excesso pode predispor o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, doenças cardiovasculares, os cânceres, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias e o diabetes mellitus (RIBEIRO; CARDOSO, 2002, p.240). Baseado nisso, o folder aborda, em sua segunda parte, recomendações acerca da substituição daqueles alimentos por equivalentes de melhor valor nutricional. Vários estudos mencionam o papel protetor do consumo de fibras e vegetal (frutas e hortaliças) na etiologia das doenças crônicas (STEINMETZ; POTTER, 1996; WILLETT, 1998; WHO, 2003). Tal situação reforça a necessidade de se desenvolver estratégias de intervenção, pois os fatores de risco e de proteção relacionados às doenças crônicas não transmissíveis incluem aspectos ambientais e nutricionais. Faz-se necessário o estímulo à mudança de comportamento da população de risco e à divulgação de informações sobre medidas de prevenção e controle destas doenças (BARRETO; CARMO, 1998, p.21). Por fim, o folder apresenta em sua terceira parte uma sessão com perguntas selecionadas a partir dos principais questionamentos feitos pelas mulheres durante o estudo e das inadequações encontradas nas práticas alimentares diárias, como omissão de refeições principais, adoção exacerbada de dietas restritivas e consumo de produtos diet e light. A ação foi dividida em três momentos. Primeiramente, era feita uma apresentação dos resultados encontrados no estudo anterior, em que foram localizados os principais problemas nutricionais do grupo, e esclarecidos os motivos da visita. Nesta parte da aula, foram também entregues os folders para todos os alunos que assistiriam à explanação. Na segunda parte da aula, foi realizada a explicação do folder, sendo introduzida a apresentação da

Ações Educativas para Promoção de Hábitos Alimentares Saudáveis: 197 maquete da pirâmide alimentar com as réplicas dos alimentos. Com auxílio destes instrumentos, foram explicados os grupos alimentares, suas porções recomendadas, além dos princípios da alimentação saudável: variedade, moderação e equilíbrio. Durante a explanação eram discutidos os principais problemas relacionados a hábitos alimentares errôneos, como excesso de frituras nas preparações, consumo exagerado de doces, sódio e açúcar, refrigerantes, além de questionamentos frequentes sobre a relação entre alimento e prevenção/tratamento das principais doenças (diabetes, hipertensão arterial sistêmica e obesidade). A terceira parte da aula consistiu no registro das impressões do grupo que foram muito positivas, sendo expressas pelo interesse do público em participar da ação educativa. Os grupos fizeram grande quantidade de perguntas, o que fazia com que a aula se estendesse bem além do tempo pré- -estabelecido. Foi interessante perceber que os indivíduos não saiam da aula até que o esclarecimento das dúvidas de todos os participantes fosse feito, demonstrando o quanto o grupo estava interessado em adotar as mudanças. Além disto, sempre nos era solicitados mais materiais para que os participantes pudessem levar para outras pessoas (parentes, vizinhos, amigos). Esta parte da aula foi muito rica e foi possível observar que a população prestou atenção aos assuntos, participando ativamente das aulas e solicitando o retorno do nosso grupo para tratar de outros temas sobre nutrição. Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos com a proposta de construir materiais gráficos que auxiliem em intervenção nutricional educativa que apresentou resultados positivos, como Tomasi e Spazziani (2008, p.13), que também promoveram encontros de educação nutricional tendo previamente construído materiais gráficos, como folders e cartazes, obtendo boa interação dos alunos, através da manifestação e relatos dos mesmos durante as aula. Baggio, Motta e Nogueira (2006, p.3) utilizaram slides, informativos via internet, folhetos, alimentos modelos, utensílios de cozinha para realizarem a ação educativa, tendo encontrado resultados satisfatórios, avaliados através da redução do risco nutricional dos participantes, segundo avaliação de medidas antropométricas, aumento na prática de atividade física e relato da facilidade de compreensão do material desenvolvido. Conclusão Com base na análise dos dados dietéticos e de hábitos alimentares da população de mulheres praticantes de atividade física regular do programa Academia da Cidade (Aracaju, SE), construiu- -se um folder adaptando-se a pirâmide alimentar brasileira à realidade da população, servindo como guia para escolha de alimentos e definindo as porções na composição de uma dieta saudável. Foram obtidos resultados positivos e interesse da população por assuntos de nutrição, tendo sido a população conscientizada a respeito da importância de uma alimentação saudável para a melhoria da qualidade de vida. O material elaborado foi divulgado nos espaços sociais relevantes, principalmente no campo da saúde. Ele servirá de base para posteriores estudos de intervenção populacional. Espera-se conscientizar a comunidade em geral, e em especial os alunos do Programa Academia da Cidade, sobre a importância da alimentação saudável como fator determinante para melhoria da qualidade de vida. A intervenção nutricional educativa por meio de materiais impressos deve ser vista como método auxiliar de educação nutricional, não devendo ser visto como o único meio de orientação nutricional, sendo imprescindível a implementação de programas que visem ao atendimento continuado a estas populações para que as mesmas possam adotar hábitos alimentares saudáveis, presentes em uma alimentação completa, variada, sadia e adequada às necessidades individuais.

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