LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP



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Transcrição:

LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Referência: Solicitação de apoio n. 05.2015.00022043-7 Órgão Solicitante: 6ª Promotoria de Justiça da Comarca de Capital. Assunto: Condições de salubridade. Estruturas. Penitenciária. Container.

Sumário 1. PREÂMBULO...3 2. HISTÓRICO...3 3. DOS EXAMES...5 4. LOCALIZAÇÃO...5 5. VISTORIA...7 5.1. Caracterização das Estruturas...7 5.2. Instalações Elétricas e hidrossanitárias...19 5.3. Riscos de fuga...24 6. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES...24 7. RESPOSTA AOS QUESITOS...26 8. CONCLUSÃO...31 9. REFERÊNCIAS...34 Lista de Imagens Imagem 1: Cartograma de localização da área vistoriada. Coordenadas UTM, Fuso 22J, Datum SIRGAS/2000...6 Imagem 2: Fachada lateral e cobertura da edificação...8 Imagem 3: Fundos do Terreno...9 Imagem 4: Muro lateral do terreno...10 Imagem 5: Paredes internas com corrosão...11 Imagem 6: Abertura na parte de cima de parede do container...12 Imagem 7: Piso superior aos containers...13 Imagem 8: Desaprumo entre containers...14 Imagem 9: Oxidação de telas e estruturas metálicas...15 Imagem 10: Marca da altura da água em local interno da edificação...16 Imagem 11: Armadura exposta...17 Imagem 12: Sala de aula...18 Imagem 13: Corrosão em estruturas na cobertura da parte em estrutura convencional...19 Imagem 14: Instalações elétricas queimadas...20 Imagem 15: Instalações elétricas expostas...21 Imagem 16: Bacia turca instalada dentro do container...22 Imagem 17: Chuveiro elétrico...23 Imagem 18: Depredação na parede da cela container...24 Imagem 19: Planta esquemática do container apresentada pela SJC...25 LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 2 de 34

1. PREÂMBULO Aos 24 dias do mês de julho do ano de 2015, nesta cidade de Florianópolis, foi designada pelo Centro de Apoio Operacional de Informações Técnicas e Pesquisas (CIP) da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, a Analista da Gerência de Análise Multidisciplinar (GAM), Daniele Cristine Buzzi, Engenheira Civil, para realizar vistoria e documentar em Laudo Técnico a situação da Central de Observação e Triagem da Penitenciária da Capital, atendendo a Solicitação da 6ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital. 2. HISTÓRICO Considerando a precariedade da estrutura das unidades prisionais localizadas na Capital e, inclusive, casos de fugas de detentos, mostra-se necessária a realização de estudos acerca das reais condições de infraestrutura para a tomada de decisão e providências pela 6ª Promotoria de Justiça da Capital, com atribuição para atuar perante a Vara de Execuções Penais. A referida Promotoria de Justiça solicitou apoio para realização de vistoria e confecção de laudo, por parte de profissional de engenharia, para análise da estrutura, bem como das condições de instalação e salubridade da Central de Observação e Triagem da Penitenciária da Capital. Informou-se que a Solicitação de Apoio visa a dar subsídios prévios a qualquer tomada de providências e que não havia maiores informações, como cópia de plantas e projetos do referido local. Os quesitos a serem respondidos no presente Laudo Técnico são: LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 3 de 34

1. A estrutura da edificação é adequada ao uso? 2. A edificação apresenta problemas estruturais? local? 3. Qual o atual estado das instalações elétricas e hidrossanitárias do 4. As estruturas e instalações oferecem riscos aos usuários da edificação? Quais? 5. Foram observadas situações de insalubridade no local? Quais? 6. O porte da edificação é adequado ao número de usuários? 7. Verificaram-se flagrantes de inadequação arquitetônica com relação às diretrizes para estabelecimentos penais? 8. Demais constatações que se fizerem necessárias. 9. As celas containers, conforme instaladas na Central de Observação e Triagem da Penitenciária de Florianópolis, obedecem ao critério da área mínima de 6,00m² (seis metros quadrados) por preso (art. 88, parágrafo único, b, da LEP)? 10. Container pode ser considerado local adequado para abrigar pessoas segregadas e oferecem o mínimo de aeração, salubridade e habitabilidade? 11. Há como precisar o tempo útil de validade de uma cela container? Em caso positivo, este prazo já se expirou? Explique. No dia 28 de julho de 2015, a Analista abaixo assinada participou de vistoria realizada na respectiva Central. Os quesitos 9, 10 e 11 foram sugeridos após a realização da referida vistoria. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 4 de 34

3. DOS EXAMES A fim de proceder à elucidação dos fatos, as análises e a vistoria que fundamentaram este documento utilizaram-se dos seguintes materiais e métodos: Utilização de imagens de satélite (retiradas do Google Earth), para conhecimento prévio da área em questão. Vistoria in loco. Levantamento fotográfico com câmera digital marca Sony, modelo Cybershot DSC-S980. 4. LOCALIZAÇÃO A Central de Observação e Triagem da Penitenciária da Capital está localizada na Rua Delminda Silveira, Bairro Agronômica, Cidade de Florianópolis, no Complexo Penitenciário da Capital. trabalho. A Imagem 1 ilustra a localização do estabelecimento objeto deste LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 5 de 34

Imagem 1: Cartograma de localização da área vistoriada. Coordenadas UTM, Fuso 22J, Datum SIRGAS/2000. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 6 de 34

5. VISTORIA É importante mencionar que a vistoria não contemplou toda a edificação. Foi possível o acesso ao interior apenas de algumas celas containers e a parte administrativa também não foi vistoriada. Assim, as situações mencionadas a seguir não representam todas as características da edificação. Considerando também o teor da Solicitação de Apoio, o presente Laudo Técnico não aborda a situação da edificação com relação a sua conformidade com as normas de segurança contra incêndio. 5.1. Caracterização das Estruturas A Central de Observação e Triagem da Penitenciária da Capital (COT) é composta basicamente por galpões de estruturas metálicas, cobertos com telhas de fibrocimento e translúcidas e cercados por telas de arames. No térreo, internamente às telas, estão instalados containers que servem como celas. A parte superior desses containers são utilizados como piso para o pavimento superior, no qual os agentes penitenciários realizam parte do controle. Também há uma parte da edificação em estrutura convencional, na qual funciona a parte administrativa do COT e algumas áreas destinadas à circulação de internos. Acerca das celas, o COT é composto por 5 galerias, cada uma composta por 5 containers com capacidade para 8 internos em cada container. Totalizando, há 25 containers e capacidade de 200 internos. Também há uma cela separada na qual são alocados 3 internos (regalias), totalizando a capacidade em 203 internos. COT. A Imagem 2 apresenta o conjunto total de estruturas que compõem o LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 7 de 34

Imagem 2: Fachada lateral e cobertura da edificação. O muro em alvenaria que circunda o COT possui altura variável, acompanhando parcialmente a variação de cota do terreno, como pode ser observado nas Imagens 3 e 4. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 8 de 34

Imagem 3: Fundos do Terreno. Observou-se que o muro dos fundos do terreno tem aproximadamente 4,5 metros. Na Imagem 4 é possível ver as estruturas de proteção constituídas por grades com telas de arame, instaladas entre o muro lateral e as paredes dos containers. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 9 de 34

Imagem 4: Muro lateral do terreno. Observou-se, na vistoria, que as paredes metálicas dos containers já apresentam diversos sinais de comprometimento. Internamente foi possível verificar sinais de corrosão, principalmente nas áreas molhadas, conforme Imagem 5. Verificou-se que externamente também já há deterioração da estrutura, conforme Imagem 6. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 10 de 34

Imagem 5: Paredes internas com corrosão. A Imagem 5 apresenta corrosão na área molhada do container. Segundo informado posteriormente por técnico da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, as paredes dos containers são revestidas por chapa metálica galvanizada internamente e a degradação ocorre em função de lançamento de urina pelos usuários. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 11 de 34

Imagem 6: Abertura na parte de cima de parede do container. A Imagem 6 apresenta uma abertura localizada na parte superior da parede externa do container, o que torna a estrutura vulnerável às intempéries, inclusive a entrada de água das chuvas. Informou-se, na vistoria, que essas paredes são preenchidas com isopor e madeira no seu interior. Na parte superior dos containers, também é possível observar as grades para visualização dos corredores inferiores, conforme Imagem 7. Nesse local é possível visualizar os corredores entre as entradas das celas e os corredores entre os fundos das celas. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 12 de 34

Imagem 7: Piso superior aos containers. Na Imagem 7 observa-se o desnível existente entre as celas containers, o que, conforme informações cedidas na vistoria, aumentou com o passar do tempo, indicando instabilidade do terreno. Além disso, foi informado que o terreno é atingido por águas oriundas dos morros circundantes, o que contribui para essa instabilidade. Destaca-se que, para amenizar essa situação, foi executado um caminho preferencial para drenagem na parte de fora dos muros do COT. As estruturas que sustentam as paredes dos containers no solo também demonstravam sinais de comprometimento e alguns encontros verticais entre celas apresentavam desaprumo, conforme Imagem 8. Isso e a movimentação mencionada demonstram que as celas podem não estar adequadamente assentadas no solo. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 13 de 34

Imagem 8: Desaprumo entre containers. Além disso, observou-se que a tela de proteção do andar superior, já bastante corroída, desgastou-se a ponto de romper e que as estruturas da cobertura dos galpões metálicos apresentam muitos sinais de corrosão. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 14 de 34

Imagem 9: Oxidação de telas e estruturas metálicas. Na Imagem 9, é possível observar as telhas em fibrocimento e telhas translúcidas que fazem a cobertura das celas containers. Destaca-se que a cobertura promove uma proteção à incidência direta de sol e que a distância entre essa cobertura as celas permite a circulação do ar. Além das celas containers, uma parte do COT, também destinada a circulação de pessoas presas, é executada em estrutura convencional, como sala de visitas e pátio de sol. Verificou-se que próximo a essas áreas, também havia problemas de drenagem. A Imagem 10 apresenta a marca da altura alcançada pela água em um dos ambientes do COT. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 15 de 34

Imagem 10: Marca da altura da água em local interno da edificação. Comentou-se, na vistoria, que para possibilitar a retirada da água foi executado um buraco na estrutura. Tal procedimento é inadequado, pois possibilita a degradação da peça estrutural e, consequentemente, perda de desempenho. A Imagem 11 apresenta armadura exposta em estrutura, o que promove a corrosão da armadura, também influenciando no desempenho da estrutura. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 16 de 34

Imagem 11: Armadura exposta. Ainda na parte do COT em estrutura convencional foi visualizada a sala de aula, com entrada única para alunos e professores. Observou-se que o teto apresentava manchas mais escuras, o que poderia ser sinal de infiltração, sendo informado que isso deveria ter relação com as reformas que estavam sendo realizadas na parte administrativa do COT, no piso superior. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 17 de 34

Imagem 12: Sala de aula. Na Imagem 12 é possível observar corrosão nas grades de acesso à sala de aula. Destaca-se que além da corrosão mencionada em telas e nas estruturas metálicas dos galpões de cobertura das celas containers, observou-se corrosão em outros elementos estruturais metálicos verificados na parte da edificação em estrutura convencional, conforme Imagem 13: LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 18 de 34

Imagem 13: Corrosão em estruturas na cobertura da parte em estrutura convencional. Considerando a execução de reforma na parte administrativa do COT e o foco da Solicitação de Apoio, essa parte da edificação não foi vistoriada. 5.2. Instalações Elétricas e hidrossanitárias Com relação às instalações elétricas, observaram-se diversos problemas. Dentro das celas containers foram encontrados fios expostos, desencapados e espelhos de tomadas com sinais de queimaduras, conforme demostrado na Imagem 14: LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 19 de 34

Imagem 14: Instalações elétricas queimadas. Durante a vistoria informou-se que a situação verificada na Imagem 14, acontece em função do próprio comportamento dos reclusos, mas outras inadequações também foram observadas na parte externa dos containers, conforme Imagem 15. Nessa Imagem é possível observar fios desencapados expostos às variações climáticas. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 20 de 34

Imagem 15: Instalações elétricas expostas. Com relação às instalações hidrossanitárias, verificou-se que em uma das celas havia um vazamento, o que pode contribuir com a insalubridade do ambiente, mas não se percebeu odores de esgoto nas celas visitadas. Os equipamentos sanitários instalados dentro das celas são bacias turcas e chuveiros, conforme Imagens 16 e 17. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 21 de 34

Imagem 16: Bacia turca instalada dentro do container. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 22 de 34

Imagem 17: Chuveiro elétrico. Na Imagem 17 é possível observar que o chuveiro e um registro superior são em material plástico, mas que também há fios expostos e sinais de corrosão da chapa metálica. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 23 de 34

5.3. Riscos de fuga Na vistoria foi possível observar sinais de depredação nas paredes das celas containers decorrentes de tentativas de fuga, conforme Imagem 18: Imagem 18: Depredação na parede da cela container. 6. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES Para responder aos quesitos sugeridos pela 6ª Promotoria de Justiça da Capital, indicados após a realização da vistoria, solicitou-se à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania os projetos dos containers. A referida Secretaria disponibilizou uma planta com as medidas dos referidos containers, conforme Imagem 19: LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 24 de 34

Imagem 19: Planta esquemática do container apresentada pela SJC. Como informações complementares, foram colhidas as dimensões da abertura zenital 1, localizada no hall da cela container e das aberturas existentes nas portas internas, que separam o hall das circulações e, também, o pé direito da cela container, tendo-se: Dimensões externas da cela container: 2,46 m x 6,05 m (área: 14,88 m²); Dimensões internas da cela container: 2,22 m x 5,81 m (área: 12,90 m²); Pé direito da cela container: 2,40 m; Cubagem interna cela container: 30,96 m³; Abertura zenital: 1,30 m x 1,30 m (área: 1,69 m²); Grade acima da porta interna: 0,32 m x 0,60 m (área: 0,19 m²); Abertura gradeada na porta interna: 1,05 m x 0,60 m (área: 0,63 m²); 1 Técnica que permite a entrada de luz natural por meio de pequenas ou grandes aberturas na cobertura da edificação. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 25 de 34

7. RESPOSTA AOS QUESITOS 1. A estrutura da edificação é adequada ao uso? A estrutura da edificação já apresenta diversas manifestações patológicas que comprometem a integridade estrutural e desempenho. Além disso, a segurança como estabelecimento prisional também está comprometida. Acerca da utilização de containers como celas, a situação verificada não se apresenta adequada, conforme será detalhado nas respostas aos outros quesitos. 2. A edificação apresenta problemas estruturais? Considerando o foco da Solicitação de Apoio, deu-se prioridade para a verificação das celas containers. Foram observados sinais de comprometimento na estrutura de algumas dessas celas, como buracos na parte de cima das paredes que possibilitam a entrada de água. Além disso, foram observados desníveis e ausência de prumo entre as celas containers, indicando uma possível instabilidade no assentamento das celas. Na parte da Edificação em estrutura convencional, observou-se armadura exposta em peça estrutural e utilização de procedimentos que danificam a estrutura, o que compromete o desempenho estrutural. Estruturas metálicas corroídas foram observadas em quase toda a edificação, como grades, telas, paredes de containers e peças estruturais de cobertura, também comprometendo a segurança estrutural. A parte administrativa, em estrutura convencional, não foi vistoriada pois, além de não ser o foco da Solicitação de Apoio, estava em reforma no momento da vistoria. local? 3. Qual o atual estado das instalações elétricas e hidrossanitárias do Conforme já mencionado, as instalações elétricas apresentam estado precário, sendo verificados fios desencapados e espelhos de tomadas queimados no interior das celas containers. Além disso, por fora das celas também verificou-se instalação elétrica acondicionada de forma inadequada, exposta às intempéries. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 26 de 34

Com relação às instalações hidrossanitárias, verificou-se vazamento no interior de uma cela e drenagem ineficiente em outros locais da edificação, indicando a necessidade de manutenção. 4. As estruturas e instalações oferecem riscos aos usuários da edificação? Quais? Sim. As instalações elétricas com fiação exposta oferecem riscos aos usuários dentro e fora das celas. As estruturas oxidadas e danificadas também oferecem riscos de segurança. 5. Foram observadas situações de insalubridade no local? Quais? Foram verificadas condições de insalubridade dentro das celas. Citam-se ventilação e iluminação ineficiente, oxidação de estruturas, equipamentos queimados e vazamento de instalações hidrossanitárias. Nos ambientes externos às celas também se observou drenagem ineficiente e oxidação de estruturas. 6. O porte da edificação é adequado ao número de usuários? Conforme já mencionado, o COT é composto por 5 galerias, cada uma composta por 5 containers com capacidade de 8 internos em cada, totalizando 25 containers com capacidade de 200 internos e mais 3 internos que são regalias e estão alocados em uma cela separada. A capacidade total é, portanto, de 203 internos. Entretanto, no dia da vistoria a ocupação estava acima da capacidade, com 239 internos, devido as obras na ala de extensão e segurança máxima. Assim, o porte da edificação não estava adequado ao número de usuários no dia da vistoria. 7. Verificaram-se flagrantes de inadequação arquitetônica com relação às diretrizes para estabelecimentos penais? Considerando o foco da Solicitação de Apoio e o tempo de existência da edificação, o presente trabalho não aborda em totalidade a conformidade da Edificação com relação às Diretrizes para Estabelecimentos Penais. Apenas destaca flagrantes verificados nas celas vistoriadas e em algumas partes da edificação, não contemplando todas as irregularidades existentes. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 27 de 34

Segundo as Diretrizes básicas para arquitetura penal, a fiação elétrica deveria ser protegida com trancas de segurança e situada em local de difícil acesso às pessoas presas, o que não acontece nas celas vistoriadas. O muro nos fundos do terreno deve conter aproximadamente 4,5 metros, o que estaria abaixo do limite mínimo de 5 metros para estabelecimentos penais de regime fechado, conforme indicado no referido material. Reitera-se que o muro que circunda o COT tem altura variável. O mesmo material informa que não devem ser colocados no interior das celas registros, torneiras, válvulas e chuveiros metálicos, luminárias sem grade protetora, azulejos e cerâmicas, e qualquer outro objeto que possa se transformar em arma. Entretanto, observaram-se objetos que poderiam ser utilizados como armas, como ventiladores abertos, espelhos, fiação exposta, entre outros. Não foi verificada cela obedecendo aos parâmetros de acessibilidade no COT. Destaca-se que as Diretrizes básicas para arquitetura penal apresentam exigências com relação a isso para penitenciárias e cadeias públicas. Além disso, esse material informa que em módulo de triagem, a permanência da pessoa presa deve ser a mais breve possível, o que não foi verificado no COT, já que estava alojando, inclusive, internos de outros setores do Complexo Penitenciário. Outra observação refere-se a drenagem ineficiente verificada em um dos ambientes da edificação, na qual foi necessário quebrar parte da estrutura para realizar o escoamento da água. Segundo as referidas diretrizes, as edificações devem ser projetadas levando em conta o sistema de drenagem. Com relação às dimensões das celas, a menor dimensão interna do container, 2,22 metros, é menor do que o diâmetro mínimo indicado na tabela das Diretrizes básicas para arquitetura penal, de 2,85 metros para capacidade de 8 pessoas. Além disso, a cubagem, de 30,96 metros cúbicos, é inferior ao mínimo indicado para essa capacidade, que seria de 34,60 metros cúbicos. Outras inadequações acerca de dimensões e aeração das celas são mencionadas nas respostas aos outros quesitos. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 28 de 34

8. Demais constatações que se fizerem necessárias. Observou-se na vistoria que as celas containers já foram depredadas para tentativas de fuga e verificou-se, em reportagem, que já houve fuga dessas estruturas, quando um buraco foi aberto na parede da cela com uma serra de construção civil. 9. As celas containers, conforme instaladas na Central de Observação e Triagem da Penitenciária de Florianópolis, obedecem ao critério da área mínima de 6,00m² (seis metros quadrados) por preso (art. 88, parágrafo único, b, da LEP)? As celas containers vistoriadas são de uso coletivo e o art. mencionado indica a área de 6,00 m² para uma cela individual. Com relação à área da cela, as Diretrizes básicas para arquitetura penal apresentam uma tabela relacionando a área mínima com a capacidade (número de pessoas a serem presas simultaneamente). Essa tabela também informa a área mínima de 6,00 m² para uma cela individual, mas informa a área mínima de 13,85 m², para uma cela com capacidade para oito pessoas, caso dos containers vistoriados. Os containers vistoriados possuem uma área interna de 12,90 m²,um pouco menor que o limite verificado. Destaca-se que o Projeto de Lei do Senado n. 513/13, que altera a Lei de Execução Penal (LEP), altera o seu o art. 88, substituindo as celas individuais para celas com capacidade de até oito pessoas, revogando o item b, que trata da área mínima. 10. Container pode ser considerado local adequado para abrigar pessoas segregadas e oferecem o mínimo de aeração, salubridade e habitabilidade? Os containers vistoriados não foram projetados para abrigar pessoas, uma vez que foram compradas unidades que já eram utilizadas em sua função usual, de transportar cargas, as quais foram adaptadas para a função de abrigar LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 29 de 34

pessoas. Entretanto, é possível reaproveitar containers na construção civil, inclusive como moradia. Acerca de aeração, salubridade e habitabilidade, seriam necessárias adaptações em containers para que fossem utilizados para abrigar as pessoas segregadas, de forma a contemplar exigências presentes nas diretrizes básicas para arquitetura penal. Destaca-se que o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária, entre suas metas, requer eliminar o uso de celas container. No caso dos containers vistoriados, há uma abertura zenital, a porta de entrada do container com acesso ao corredor e duas portas internas que separam o hall de entrada do container das laterais. Essas portas internas são parcialmente gradeadas e há uma abertura acima dessas portas. As Diretrizes básicas para arquitetura penal informam que quando a iluminação/ventilação for zenital deverá atender ao mínimo de 1/6 da área do piso. Considerando o container uma única cela com área interna de 12,90 m², a área de abertura zenital deveria ser de pelo menos 2,14 m², quando é de apenas 1,69 m², conforme dimensões informadas pela Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania. Além disso, a existência de paredes e portas internas, mesmo que parcialmente gradeadas, dificulta a circulação do ar e iluminação. 11. Há como precisar o tempo útil de validade de uma cela container? Em caso positivo, este prazo já se expirou? Explique. Segundo reportagem verificada no sítio eletrônico do Portal de Arquitetura, Engenharia e Construção, o container tem vida útil de 20 anos, mas após esse período, pode ser reutilizado como estrutura modular para construção civil, já que é um material superdimensionado feito para suportar até 25 toneladas e ser empilhado em até 8 unidades. Além disso, verificou-se que quando utilizado na construção civil, a vida útil de um container pode chegar a 90 anos. Segundo informações da Secretaria de Justiça e Cidadania, os containers instalados no COT foram adquiridos nos anos de 2000 e 2003, mas não LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 30 de 34

se precisou por quanto tempo e nem como foram utilizados em sua função usual. Considerando os tempos de vida útil esperados para um container em sua função usual e na construção civil, é possível que, para os containers instalados no COT, esse prazo ainda não tenha expirado. Entretanto, foram observadas diversas avarias que ocasionam vulnerabilidade a maiores estragos. Assim, os containers requerem, no mínimo, manutenção, uma vez que a utilização inadequada e ausência de manutenção pode diminuir de forma brusca o tempo de sua vida útil. A necessidade de intervenções maiores como substituição de alguns containers não deve ser descartada. 8. CONCLUSÃO A partir das observações efetuadas, a analista integrante deste Centro de Apoio Operacional de Informações Técnicas e Pesquisas entende ser possível destacar, com foco nos questionamentos da Solicitação, e sem prejuízo dos demais fatos apontados neste Laudo, que: A estrutura da edificação apresenta manifestações patológicas que comprometem a integridade estrutural e desempenho, dentro e fora das celas. Além disso, a segurança como estabelecimento prisional também está comprometida. A situação verificada na utilização de containers como celas não se apresenta adequada. Considerando a capacidade para abrigar 8 pessoas simultaneamente, as dimensões não apresentam conformidade com o indicado nas Diretrizes básicas para arquitetura penal. A abertura de iluminação/ventilação nas celas containers não apresenta conformidade com o indicado nas Diretrizes básicas para arquitetura penal e compromete a salubridade do ambiente. As instalações elétricas e hidrossanitárias apresentam problemas que comprometem a segurança e a salubridade dos ambientes e oferecem riscos aos usuários LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 31 de 34

A edificação possui uma capacidade para 203 internos. Entretanto, no dia da vistoria, a ocupação ultrapassava tal limite, com 239 internos. Segundo informações obtidas na vistoria, essa situação ocorre em função de obras no complexo penitenciário. Verificaram-se flagrantes de inadequação arquitetônica com relação às diretrizes para estabelecimentos penais. Entretanto, o presente trabalho não aborda em totalidade a conformidade da Edificação com relação às Diretrizes para Estabelecimentos Penais, não contemplando todas as irregularidades existentes. Observaram-se sinais de depredação de celas containers para tentativa de fuga e relatos de fugas ocorridas nessas celas, indicando vulnerabilidade do sistema prisional. Containers podem ser utilizados na construção civil, inclusive como moradia. No caso, para que pudessem ser utilizados para abrigar as pessoas segregadas, deveriam contemplar as exigências presentes nas diretrizes básicas para arquitetura penal. Destaca-se que o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária, entre suas metas, requer eliminar o uso de celas container. É possível que, para os containers instalados no COT, o prazo de vida útil ainda não tenha expirado. Entretanto, verificaram-se diversas avarias que ocasionam vulnerabilidade e requerem, no mínimo, manutenção. A utilização inadequada e ausência de manutenção pode diminuir de forma brusca o tempo de vida útil e a necessidade de intervenções maiores como, por exemplo, a substituição de alguns containers. Algumas falhas de segurança nos sistemas preventivos verificadas também motivam a recomendação de vistoria do Corpo de Bombeiros no local. É importante observar que, tendo sido este um trabalho direcionado a elucidar somente os quesitos estabelecidos, e ainda, que a vistoria não contemplou todos os ambientes da edificação, o imóvel não está isento de outras possíveis inadequações não relatadas. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 32 de 34

Nada mais havendo a acrescentar, encerra-se o presente laudo técnico, nesta cidade de Florianópolis, aos 13 dias do mês de agosto do ano de 2015, impresso em 34 páginas, sendo esta assinada e as demais rubricadas pelas Analistas deste Centro de Apoio e seu Coordenador. Autoria: Daniele Cristine Buzzi Analista em Engenharia Civil Revisão Técnica: Thalyne Nadja Dittert Cabral Analista em Arquitetura Revisado em 14/08/15. Encaminhe-se à origem. João Carlos Teixeira Joaquim Promotor de Justiça Coordenador do CIP LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 33 de 34

9. REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Diretrizes básicas para arquitetura prisional. Revisão Técnica (ortográfica e metodológica): Gisela Maria Bester. - Brasília: CNPCP, 2011. BRASIL. Ministério da Justiça. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Aprovado na 372ª reunião ordinária do CNPCP, em 26/04/2011. BRASIL. Projeto de Lei do Senado Nº 513, de 2013. Senado Federal, 2013. BONAFÉ. G. Container é estrutura sustentável e econômica para a construção civil. AECweb O Portal da Arquitetura, Engenharia e Construção. Disponível em: <http://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/container-e-estrutura-sustentavel-eeconomica-para-construcao-civil_9793_0_1>. Acesso em 11/08/15. LAUDO TÉCNICO N. 33/2015/GAM/CIP Página 34 de 34