ESTUDO DA DISPONIBILIDADE DE PRODUTOS DERIVADOS DE BANANA NO MERCADO: UM ESTUDO DE CASO



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Transcrição:

ESTUDO DA DISPONIBILIDADE DE PRODUTOS DERIVADOS DE BANANA NO MERCADO: UM ESTUDO DE CASO LUDMILLA DAYANE ALVES 1, VALÉRIA RUSCHID TOLENTINO 2, LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA LIMA 3 RESUMO: Além do consumo in natura, a banana possui uma demanda voltada para o processamento. Para os pequenos produtores, o processamento da banana pode representar uma opção no aproveitamento de excedentes de produção e de frutos fora dos padrões de qualidade para consumo in natura. O objetivo geral deste estudo foi analisar a disponibilidade de produtos derivados de banana no mercado local de Seropédica-RJ, de forma a caracterizar fornecedores e produtos e sua relação com a produção de banana no estado do Rio de Janeiro. Especificamente, procurou-se identificar produtos derivados de banana comercializados localmente, bem como caracterizar o mercado fornecedor (marcas, empresas/produtores) e os produtos disponíveis no mercado (tipo de produto, embalagem/peso/volume). Trata-se de um estudo descritivo no qual se realizou coleta de dados primários por meio de entrevistas a estabelecimentos comerciais. Os resultados apontaram a presença de um ou mais produtos derivados de banana em dois terços dos estabelecimentos visitados. Havia predominância de empresas regionais no mercado, assim como os produtos bananada e banana-passa como aqueles de maior disponibilidade e consumo. As embalagens em saco plástico transparente (polietileno) eram as mais utilizadas. Para a bananada, constatou-se que embora o hábito local da comercialização a granel significasse a oferta de um alimento calórico com baixo custo, havia a limitação da falta de informações sobre o produto para o consumidor final. A venda direta foi identificada pontualmente, em apenas uma situação. O estudo permitiu, portanto, apontar que embora as empresas regionais sejam dominantes no mercado, ha pouco potencial explorado da diversidade de produtos derivados de banana. Palavras-chave: Banana, Processamento, Derivados, Comercialização. INTRODUÇÃO O trabalho teve por objetivo analisar a disponibilidade de produtos derivados de banana no mercado local de Seropédica-RJ, de forma a caracterizar fornecedores e produtos e sua relação com a produção de banana no estado do Rio de Janeiro. De acordo com Funcke (2009), o estado do Rio de Janeiro é formado por 92 municípios, dos quais 83 são produtores de banana, portanto, há registro de produção em 90% dos municípios do estado, o que evidencia a importância socioeconômica do cultivo da banana no território. O maior volume dessa produção esta concentrada em 25 municípios, entre eles Mangaratiba, Parati, Itaguaí, Angra dos Reis, Cachoeira de Macacu, Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Paracambi, Saquarema e Rio Bonito. Por outro lado, apesar do significado da cultura no estado, apenas 10% da banana fornecida à central de abastecimento CEASA-RJ é proveniente do próprio estado demonstrando a incapacidade do produtor local em competir com os produtos oriundos de outras regiões brasileiras. A bananicultura no estado do Rio de Janeiro, portanto, ocorre predominantemente em pequenas propriedades, com manejo rudimentar, baixo retorno financeiro aos agricultores e, ao mesmo tempo, localizada próxima a um mercado potencial representado pela segunda região mais populosa do Brasil que é a região metropolitana do RJ. Assim, ao tomar a caracterização de produtos processados derivados de banana disponíveis ao consumidor de Seropédica, RJ, este trabalho buscou ampliar informações sobre a etapa da 1 Graduanda em Nutrição, Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciência dos Alimentos, lalves@nutrição.ufla.br 2 Docente, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, Departamento de Economia Doméstica e Hotelaria DEDH, valeriart@terra.com.br 3 Docente, UFRRJ/ Departamento de Ciências Econômicas DCE, llima@ufrrj.br

comercialização na cadeia produtiva da banana tendo como foco um município da região metropolitana do RJ. Seropédica, localizada na área da Baixada Fluminense, limita-se com os municípios de Itaguaí, Paracambi, Japeri, Queimados, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro; possui 268,2 km2 e população estimada em 78.183 habitantes sendo 64.297 identificados em área urbana e 13.886 em área rural (SEBRAE, 2011). Além disso, de acordo com Cruz e Bigansolli (2011), estudos recentes demonstram que Seropédica é o terceiro município de maior miserabilidade da Baixada Fluminense, representando apenas 0,25% do PIB - Produto Interno Bruto estadual. Estas características socioeconômicas da região, as especificidades dos produtores de banana e a importância atribuída aos mercados locais para escoamento da produção agrícola familiar, ajudam justificar a necessidade da realização de estudos que possam subsidiar o fortalecimento de mercados para produtos regionais na baixada fluminense. A realização do presente estudo, portanto, carrega a perspectiva de contribuir para elucidar aspectos específicos do comércio local de produtos processados de banana tendo em vista a proximidade dos consumidores finais com os produtores. Assim, esta pesquisa buscou responder: que tipos de produtos de banana se encontram disponíveis no varejo local? Como se caracterizam esses produtos? Qual a origem? A oferta de produtos encontrada é capaz de ajudar identificar aspectos do mercado potencial para produtos derivados de banana no município em estudo? A pretensão foi propiciar maiores informações e conhecimentos sobre o comércio de produtos derivados de banana na baixada fluminense de modo a ajudar nortear o aperfeiçoamento da cadeia produtiva e criar novas oportunidades para produtores e consumidores. METODOLOGIA Segundo Vergara (2009), a pesquisa se qualifica em relação a dois critérios: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, trata-se de uma abordagem descritiva, porque visa descrever o mercado de derivados de banana numa determinada situação, o que caracteriza também, o estudo de caso. Quanto aos meios, além da pesquisa bibliográfica e a consulta a dados disponíveis no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA, na Central de Abastecimento - CEASA/RJ e outras entidades envolvidas com o setor produtivo de banana, também se realizou coleta de dados primários por meio de entrevistas a estabelecimentos comerciais varejistas no mercado local do município de Seropédica-RJ, cuja escolha foi justificada não só pela acessibilidade que determinou a viabilidade do estudo como também por ser um município componente da região metropolitana do Rio de janeiro, ou seja, parte do mercado regional apontado como estratégico para a expansão do escoamento de produtos processados de banana provenientes dos produtores locais. A área de estudos compreendeu, portanto, o centro comercial da cidade e as cantinas do campus da universidade federal localizada no município, considerados como áreas de grande circulação de pessoas no território. A UFRRJ, campus Seropédica é um dos principais responsáveis pelos empregos diretos e indiretos do município além disso, motiva o comércio, a construção de moradias e a prestação de serviços para atender docentes, técnicos administrativos e estudantes. Também fazem parte da economia de Seropédica a Pesagro (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro) e Embrapa Agrobiologia. A coleta de dados foi realizada de agosto a novembro de 2011. O acesso aos estabelecimentos varejistas investigados foi realizado de forma exploratória percorrendo as ruas e avenidas do centro comercial da cidade e o campus universitário para a identificação de restaurantes, supermercados, bancas de jornal, lanchonetes, farmácias, cantinas, etc. Utilizou-se como instrumento um formulário composto com perguntas abertas e fechadas (dicotômicas: sim/não e compostas por multirespostas). As variáveis incluíram: a existência de produtos derivados de banana; os tipos de produtos disponíveis: aguardente de banana; banana chips; banana em calda; banana passa; bananada, doce em massa; farinha; flocos; geléia de banana; licor de banana; néctar; polpa de banana; purê, conforme explicita Borges e Souza (2004, p.233); as características dos produtos disponíveis: embalagem, peso, preço; características do mercado: canais de distribuição e fornecedores. O levantamento para caracterização dos fornecedores dos produtos foi realizado com utilização de

páginas institucionais na internet e por meio de contatos telefônicos. Para preservar a identidade as empresas foram designadas por letras (A, B, C, D, E, F e G). Os dados coletados foram digitalizados formando um banco de dados com utilização do programa Excel do pacote Microsoft Office, para então serem analisados por meio da estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO Derivados de banana e comércio local Foram visitados trinta e dois (32) estabelecimentos comerciais identificados 44% cantinas, 16% farmácias, 13% supermercados, 9% restaurantes, 9% bancas de jornal, 3% padarias e 3% distribuidoras de doces e bebidas (Figura1). O alto índice de ocorrência de cantinas pode ser justificado pelas características da cidade universitária que concentra cerca de dez mil pessoas com necessidade de apoio à alimentação durante a jornada de trabalho. A inclusão de farmácias esteve relacionada à característica desses estabelecimentos na atualidade em comercializar produtos alimentícios processados, tipo guloseimas. Figura 1. Estabelecimentos pesquisados para disponibilidade de produtos processados de banana, Seropédica, RJ, 2011. Dos trinta e dois (32) estabelecimentos comerciais com venda de alimentos visitados, vinte e um (21), ou seja, 65,6% apresentaram disponibilidade de um ou mais produtos derivados de banana, que somaram 29 ocorrências, cuja distribuição, sendo nas cantinas sua maior ocorrência (31%), seguida dos supermercados (13%) e dos restaurantes com 9%. As farmácias e padarias foram os estabelecimentos em que a não ocorrência de produtos de banana foi maior que a de sua oferta. Das 29 ocorrências de produtos derivados de banana à venda no mercado local de Seropédica, a bananada e a banana-passa (banana desidratada) apresentaram a maior frequência, alcançando 41% cada tipo, como apresentado na Figura 2. Esse resultado aponta a tendência de disponibilização de produtos cuja elaboração requer tecnologias de produção mais acessíveis para pequenos produtores. Não houve registro de polpa de banana, néctar, licor de banana, geléia, flocos, doce em massa, banana em calda e aguardente. A banana chips e a farinha de banana obtiveram 3%, ou seja, com uma ocorrência para cada, portanto, de forma apenas pontual. Esse resultado demonstra a

preferência do consumidor tendo em vista que a tendência é que a disponibilidade de um produto normalmente está relacionada à sua procura. Apontou-se assim, a banana-passa e a bananadinha (também conhecida como mariola em algumas regiões do Brasil) como os produtos de maior preferência local entre os processados derivados de banana. Figura 2. Percentual de ocorrência de tipos de produtos derivados de banana no município de Seropédica, RJ, 2011. Caracterização dos produtos Com exceção da farinha de banana, que é embalada em processo a vácuo e em material laminado para manter a integridade do produto, a maior parte dos alimentos derivados de banana disponíveis utilizava o plástico como invólucro, ou seja, embalagens simplificadas e de baixo custo. Uma característica da bananada tipo mariola, um dos produtos mais encontrados no mercado, foi sua diversificação de oferta e preço. Nos estabelecimentos do campus da universidade e em restaurantes, sua disponibilização eram unidades de 50g, com preço que variou de R$0,50 a R$0,40 centavos eram apresentadas sem rótulo. Nesse caso, o produto adquirido pelo vendedor em embalagens com, em média, 50 unidades, possuía o rótulo do produto, mas para o processo de comercialização, a estratégia do vendedor era desfazer o invólucro e disponibilizar as unidades sem as informações necessárias (validade, composição nutricional, ingredientes, fabricante, data de validade, entre outros requisitos exigidos). Nas outras situações de venda da bananada (mariola) tais como em loja de produtos naturais, banca de jornal, farmácia, distribuidora de alimentos e supermercados, a comercialização se dava por meio da disponibilização dos pequenos fardos contendo a bananada embalada individualmente. Observou-se ainda uma disparidade de preço vinculada a esse produto. A empresa com os apelos de origem na agricultura familiar, de produto artesanal embalado um-a-um, utilizava esses atributos para agregar valor ao produto, praticando um preço que podia chegar a 10 vezes o de seus concorrentes sem esses apelos (embalagens de 300g vendidas a R$4,80 e embalagens de 2.500g comercializados a R$3,80 respectivamente). A banana-passa, produto que juntamente com a bananada (mariola), compôs o elenco dos alimentos processados de banana mais vendidos no comércio local de Seropédica, foi encontrada em embalagens que variavam de 180 a 400g, com as bananas desidratadas compactadas. Uma inovação tecnológica já encontrada em outros mercados do estado do Rio de Janeiro e que não foi registrada na área de estudo, foi a banana-passa envasada em pacotes contendo unidades embaladas uma-a-uma, o que embora seja uma estratégia que facilita o manuseio do produto pode aumentar o preço final o que pode limitar sua comercialização numa região de consumidores predominantemente de baixa renda. Quanto à farinha de banana, sua localização apenas na loja de produtos naturais constatou a tendência de sua vinculação a consumidores que buscam nesse produto aspectos relacionados à saúde

e comparativamente aos outros produtos disponibilizados foi o que apresentou maior preço em relação ao volume (200g com valor de R$8,40). Caracterização dos fornecedores A disponibilização de produtos derivados de banana ao consumidor sem identificação da marca alcançou o mais alto percentual de ocorrências (44% marca desconhecida). Isso pode ser justificado pela prática da venda do produto de maior preferência, a bananada, a granel. Conforme já discutido nesse trabalho, embora o estabelecimento comprador tenha acesso ao produto rotulado, sua aquisição é realizada em pequenos fardos contendo os doces em embalagens individuais sem rótulos e são assim disponibilizadas para o consumidor final. Note-se que ao se comparar o preço médio pago pelo comprador por um fardo de bananada de 2,5 kg (R$ 3,80) com o preço médio de venda a granel (R$ 0,50), observa-se que há uma margem de lucro que alcança cinco vezes o valor da compra no atacado. Por outro lado, do ponto de vista nutricional, a bananada de 50g possui cerca de 127calorias o que corresponde a um terço do aporte calórico de um lanche com cerca de 300 calorias desses que são usualmente realizados entre as principais refeições (almoço ou jantar). Esse resultado aponta a necessidade de revisão das empresas fornecedoras desses produtos de forma a buscar uma maneira de identificação da bananada para o consumidor final. Nesse sentido, se a rotulagem individual poderia onerar o produto, uma forma mais viável talvez fosse melhorar a embalagem (fardo) contendo os doces que poderia ficar visível ao consumidor, como por exemplo, o que já é usual no varejo de paçoca de amendoim, doce de abóbora, doce de leite, etc. Cabe ainda mencionar o registro de sete empresas fornecedoras de derivados de banana no mercado, das quais a Empresa A obteve 34% de ocorrências, a Empresa B com 7% e as cinco outras empresas (C, D, E, F) corresponderam a cerca de 3% cada uma. No que diz respeito à origem dessas empresas, a pesquisa mostrou que a grande maioria está localizada no estado do Rio de Janeiro, com apenas uma empresa proveniente de São Paulo. Dentre as empresas do estado do Rio de Janeiro, a Empresa A, foi a de maior registro no mercado local de Seropédica. Localizada na região de Cachoeiras de Macacu, RJ, a agroindústria começou suas atividades processando banana passa, produto que hoje disponibiliza para o varejo e para o atacado em embalagens de 10 kg (nesse segmento, incluindo uma formulação com aparas). Além disso, fabrica produtos sem adição de açúcar ou conservantes (identificado no rótulo como natural ), produtos com a utilização de outras frutas nas preparações tradicionais de banana. Nesta empresa apelos nutricionais e de saúde, a obtenção de matéria prima de agricultores familiares da região, são aspectos utilizados para divulgá-la e vender produtos com maior valor agregado. Dentre as empresas regionais, destacou-se também a Empresa B localizada no município de Mangaratiba dentro de uma pequena propriedade rural tendo como produto principal a banana-passa. Neste caso, foi a única ocorrência de venda direta, ou seja, realizada pelo próprio produtor junto aos estabelecimentos comerciais. Pereira et al. (2008) ressaltam a existência de iniciativas isoladas para a elaboração de produtos industrializados de banana no estado do Rio de Janeiro que são ainda apenas distribuídos em nível regional principalmente por falta de escala de produção, qualidade dos produtos processados e acesso a canais de distribuição. Corroborando com a questão Funcke (2009) relatou que apenas 13% dos produtores fluminenses trabalham com o beneficiamento da banana, embora municípios como Mangaratiba, Angra dos Reis, Paracambi, Nova Iguaçu e Casimiro de Abreu contem com a presença de unidades de beneficiamento. O autor sinaliza que a maioria destas unidades de processamento está desativada ou tem suas atividades reduzidas em decorrência da dificuldade de comercializar os seus produtos em outros municípios. O único registro no mercado local de empresa de produtos derivados de banana oriunda de outro estado da federação foi a Empresa C. Localizada na cidade de Ubatuba, litoral norte paulista, foi fundada em 1985, com a produção de doce de banana com cobertura de chocolate ou com canela ou sem adição de açúcar, geléias e compotas. Na atualidade, a marca é reconhecida no segmento de doces de frutas e conta com distribuidores nos estados como Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

CONCLUSÃO No mercado investigado os fornecedores de produtos derivados de banana eram predominantemente regionais, mas a venda direta foi localizada apenas de forma pontual. Os principais produtos derivados de banana comercializados eram a bananada e a banana-passa, com destaque à bananada vendida a granel em embalagens individuais de 50g, em média, em estabelecimentos de refeições (lanches e/ou almoços). Quanto ao padrão tecnológico dos produtos, a predominância foi a embalagem a base em saco plástico transparente e rotulados. Neste caso, para a bananada vendida a granel, foi detectada uma limitação tendo em vista que embora o comprador tenha acesso ao produto rotulado, para o consumidor final, não há informações disponíveis, o que requer as adequações. Essas constatações permitem concluir que embora o mercado local tenha predominância de empresas regionais no processamento da banana, não há exploração comercial da diversidade de formulações possíveis com o uso da banana. Ao mesmo tempo, vislumbra-se o potencial do mercado de produtos calóricos facilmente disponíveis ao consumidor. REFERÊNCIAS BORGES, Ana. Lúcia.; SOUZA, Luciana da Silva. (Org.). O cultivo da bananeira. Cruz das Almas (BA): Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004, v.1, p.279. Disponível em: http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/livro_banana.pdf. Acesso em: 17 jan. 2012. CRUZ, Frederico Alan de Oliveira.; BIGANSOLLI, Antônio Renato. Análise dos dados educacionais da cidade de Seropédica: realidade e previsão. Vivências, vol. 7, n. 13, p. 29-37, out. 2011. FUNCKE, André Luís. Estudo de Localização do Arranjo Produtivo Local APL da Banana no Rio de Janeiro. 2009. 78f. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão e Estratégia em Negócio). Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2009. IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=330555&r=2. Acesso em: 09 jun. 2011. SEBRAE. Informações Socioeconômicas do Município de Seropédica Rio de Janeiro, 2011b. Disponível em http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/2b904c75c322da47832579a50043c83b/$file/s erop%c3%a9dica.pdf. Acesso em: 28 jan. 2012. PEREIRA, Paulo Rodrigues Fernandes.; FUNCKE, André Luis.; LIMA, Luiz Carlos Oliveira. Desenvolvimento de cadeias de produção locais e sua inter-relação com a economia global: o caso da banana no estado do Rio de Janeiro. In. Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 46., 2008, Rio Branco. Anais...Rio Branco: 2008. p.15. Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/9/774.pdf. Acesso em: 05 jun. 2011. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 11ed. São Paulo: Atlas, 2009. 88 p.