APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO, PARA INTEGRAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE E ATENÇÃO BÁSICA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE MARINGÁ- PR ABRIL/ 2008 AUTORAS Maria Tereza Soares Rezende Lopes- Assessoria de Planejamento Claudiane R. Fernandes- Área Técnica de Saúde Mental Evelin N. Braga- Área Técnica de Saúde do Adulto e Idoso Letícia Padovez- Área Técnica da Saúde Bucal Marta E. Storti- Coordenadora da DST/ Aids Paula C. S. Siqueira- Área Técnica de Saúde da Criança e Adolescente Rita Kikuchi- Aleitamento Materno RESUMO A Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, iniciou no ano de 2007 um processo de reflexão e transformação da atuação das equipes de suas unidades de saúde e setores, na concepção ampliada da vigilância em saúde e utilização do planejamento estratégico como ferramenta de gestão a nível local. Para isto, vem realizando oficinas de trabalho com as unidades, onde são apresentados e discutidos os indicadores do Termo de Compromisso de Gestão Municipal (TCGM) e do Plano Municipal de Saúde 2006/2009 e incentivado a construção de propostas para enfrentamento dos principais problemas de saúde locais. Este trabalho teve início em maio/07 e até o momento foram realizadas oficinas em 89,6% das unidades. Dentre os principais resultados obtidos, destaca-se a participação de 42,2% dos trabalhadores nestas oficinas, até o momento. Algumas oficinas foram realizadas com o fechamento total da unidade sem prejudicar os usuários nas suas necessidades daquele momento. Observou-se que as unidades onde as chefias tinham maior clareza da importância da vigilância em saúde como uma prática cotidiana, houve melhor condução do processo. Até o presente momento, 40% das unidades elaboraram Planos Locais de Saúde com propostas para enfrentamento dos principais problemas da sua região. Será criado um grupo de trabalho para análise dos planos, constituído por chefias da Secretaria, das unidades e alguns trabalhadores. INTRODUÇÃO A articulação das ações de Vigilância em Saúde é construída mediante processos de planejamento de caráter participativo, em que a equipe de saúde e representantes da população, na condição de atores sociais, elegem problemas prioritários e respectivas propostas de enfrentamento como seus objetos de atuação (Vilasbôas, 2004). O planejamento é entendido portanto, como uma ferramenta da gestão da Vigilância em Saúde e incorpora princípios fundamentais presentes na formulação da estratégia Saúde da Família, tais como a co-responsabilidade sanitária. A assinatura do Termo de Compromisso de Gestão Municipal (TCGM) trouxe novos desafios para os municípios, no cumprimento de suas metas.
O Município de Maringá entendendo a importância da transformação do processo de trabalho das suas unidades e serviços para o alcance das metas do TCGM e do Plano Municipal de Saúde 2006/2009, iniciou o processo de discussão do planejamento estratégico como ferramenta de gestão à nível local com a participação de todos os membros da equipe, para a construção destas propostas. Este movimento é entendido como parte do processo de implantação da Política Nacional de Humanização, uma vez que tem como proposta melhorar a resolutividade das unidades e serviços, construir um vínculo maior entre as unidades e sua comunidade, aprimorar o acolhimento ao usuário e melhorar o acesso aos serviços. OBJETIVOS Integrar Vigilância em Saúde e Atenção Básica, por meio da identificação dos principais problemas que ocorrem no território de sua abrangência; Promover mudança no processo de trabalho das unidades, incluindo o planejamento como ferramenta de gestão a nível local, de forma que se torne participativo, integrado, ascendente e contínuo; Elaborar planos locais de saúde, com metas articuladas com o Plano Municipal, com o Termo de Compromisso de Gestão Municipal (TCGM) e demais instrumentos de pactuação do município; Cumprir com as diretrizes do HumanizaSUS, segundo o dispositivo da co-gestão, promovendo o envolvimento dos trabalhadores e usuários no processo de construção de propostas. DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS, MÉTODOS OU PROCESSOS DE TRABALHO Realizada oficina com as chefias das Unidades Básicas de Saúde (UBS), das Unidades de Saúde Mental, das Policlínicas e da Vigilância em Saúde, para apresentação do Plano Municipal de Saúde 2006/2009 e do TCGM e discussão da inserção do planejamento como ferramenta de gestão à nível local; Programadas oficinas de planejamento local com as 24 UBS, 3 Unidades de Saúde Mental, Policlínicas Zona Norte e Zona Sul e Vigilância em Saúde, solicitando que as mesmas agendassem com a Assessoria de Planejamento da Secretaria de Saúde, até março de 2008; Formuladas diretrizes para as unidades para a realização das oficinas, tais como: 1. Leitura prévia pelas equipes do TCGM e do Plano Municipal de Saúde; 2. Levantamento prévio de informações locais: SIAB, HIPERDIA, SISPRÉ-NATAL, informações da vigilância epidemiológica, auditoria e outras; 3. Envolvimento do maior número de trabalhadores possível e convite aos representantes do Conselho Local de Saúde; Realizadas oficinas nas unidades e Vigilância em Saúde, com o seguinte roteiro: 1. Falado sobre a importância do planejamento local como ferramenta de gestão e como o planejamento se insere na proposta da Política Nacional de Humanização; 2. Mostrado o Plano Municipal de Saúde e Termo de Compromisso da Gestão Municipal (TCGM), partindo do pressuposto que as unidades já haviam realizado a leitura prévia, conforme recomendação; 3. Apresentado a situação de alguns indicadores do TCGM e do Plano Municipal, abrindo para discussão; 4. Realizada discussão das informações e dos principais indicadores locais;
5. Realizada dinâmica de planejamento estratégico, utilizando o Método Altadir de Planificação Popular (MAPP) de Carlos Matus, de forma simplificada: Levantado problemas locais; Selecionado 1 problema para trabalhar, utilizando critérios: gravidade do problema, custo e governabilidade; Levantado as causas do problema (árvore explicativa); Para cada causa definido as ações que poderiam ser realizadas para alcançar os resultados e impacto desejados; Definido para cada ação, o prazo e o responsável; 6. Após esta dinâmica, solicitado que utilizassem este método para a construção de uma proposta a nível local, elaborando um Plano Local de Saúde, com prazo para entrega à Secretaria de Saúde até abril/08; Será criado um grupo de trabalho para análise dos planos, constituído por chefias da Secretaria, das unidades e alguns trabalhadores; Prevista realização de oficinas para análise dos planos elaborados pelas unidades e reorientação do processo; PRINCIPAIS RESULTADOS ALCANÇADOS Início do processo- maio/07 Todos os 1.963 trabalhadores da Secretaria de Saúde tiveram oportunidade e acesso ao Plano Municipal de Saúde 2006/2009 e ao TCGM; Dos 1.963 funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, 42,2% participaram das oficinas, até a presente data; Até março/08, a Assessoria de Planejamento conseguiu realizar 89,6% da meta proposta com relação à realização das oficinas; Até março/08, 40% das unidades já haviam elaborado o seu Plano de Saúde, os quais serão avaliados pelo grupo de trabalho; Foi possível discutir o processo de trabalho interno nas unidades e serviços e incentivar a utilização do planejamento estratégico como ferramenta importante no processo de trabalho interno. Em questionário aplicado antes das oficinas de planejamento, das 24 unidades básicas de saúde, apenas 2 relataram que discutiam planejamento das ações em suas reuniões; Unidade ou setores Nº total de Oficinas realizadas % serviços/ unidades Unidades básicas + 24 22 91,7 Policlínica Zona Sul Unidades de Saúde 3 2 66,7 Mental Policlínica Zona 1 1 100 Norte Vigilância em Saúde 1 1 100 TOTAL 29 26 89,6 Quadro 1- Realização das oficinas por unidade, até março/08
Houve grande participação dos trabalhadores em algumas unidades e serviços, - 51,7% das unidades conseguiram a participação de mais de 60% de seus trabalhadores. Em 3 houve a participação de 100%; 120 100 80 % 60 40 20 0 unidades de saúde Ney Braga Mandacaru Grevíleas Quebec V. Esperança Universo M. Velho Industrial Iguaçu Floriano Iguatemi Morangueira Tuiuti Alvorada III Alvorada I Z. Norte Guaiapó Pinheiros Parigot CISAM/CAPS II CAPS AD S. Silvestre C. Alta Internorte Operária Z. Sul Aclimação V. em Saúde Figura 1- Percentual de participação dos funcionários das unidades nas oficinas de planejamento. Maringá- PR 2008 9 unidades e a Vigilância em Saúde conseguiram organizar o seu fechamento total para a participação na oficina, sem que isto trouxesse transtorno para a comunidade; Não houve expressiva participação da comunidade nas oficinas. Apenas 2 unidades contaram com a participação de Conselheiros de Saúde. Uma inclusive, teve a colaboração de um Conselheiro para ficar na recepção orientando os usuários durante a oficina; Embora não tenha sido possível medir, foi observada a dificuldade que os trabalhadores têm de organizar o seu processo de trabalho sob a ótica da vigilância em saúde e planejamento; Observou-se, também, que as unidades onde as chefias tinham maior clareza da importância da vigilância em saúde como uma prática cotidiana, houve melhor condução do processo; CONCLUSÕES A análise da situação de saúde das áreas de abrangência das Equipes de saúde da Família, de modo a produzir informações para o planejamento, execução e monitoramento das ações de vigilância em saúde, acordadas com os
representantes das populações adscritas, é uma tarefa a ser debatida nas secretarias municipais; As chefias de unidades e setores tem que ser preparadas para gestão de unidades de saúde, para que o enfoque da vigilância em saúde seja valorizado no dia a dia das equipes; A Secretaria de Saúde deve apoiar sempre as iniciativas das unidades e setores, garantindo e incentivando momentos de discussão, por meio de reuniões de equipes e colegiados gestores a nível local; O trabalho realizado pela Gerência de Vigilância em Saúde e Assessoria de Planejamento da Secretaria de Saúde de Maringá busca a superação do modelo assistencial hegemônico, centrado no indivíduo e na assistência à demanda espontânea. Para isto, é necessário um trabalho persistente e contínuo na busca da incorporação efetiva da lógica da vigilância em saúde e planejamento no espaço do Saúde da Família.