Uso do GeoProcessamento em Análise de Impacto Ambiental da Expansão do Sistema Elétrico



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Transcrição:

06 a 10 de Outubro de 2008 Olinda - PE Uso do GeoProcessamento em Análise de Impacto Ambiental da Expansão do Sistema Elétrico Flavia Piovani L. Aieta Júlio César Mello di Paola Cláudia Varricchio Afonso Ampla Energia e Serviços Ampla Energia e Serviços Ampla Energia e Serviços fafonso@ampla.com jpaola@ampla.com claudia@ampla.com PALAVRAS CHAVE: Áreas de Proteção ambiental, Base Cartográfica, Sistema de Informações Geográficas DADOS DA EMPRESA: Nome: Ampla Energia e Serviços S/A Endereço: Praça Leoni Ramos, Niterói, RJ. Telefone/fax: 2631-7316 RESUMO Em meados da década de 90 o setor de distribuição de energia elétrica percebeu a necessidade de existir um relacionamento mais estreito entre as prestadoras de serviços e seus clientes. Um dos fatores motivadores para a mudança de foco foi o nível de competitividade crescente do setor, decorrente de sua reestruturação. O fator condicionante foi a diretriz de crescimento da Empresa no cenário nacional e internacional. Neste mesmo período a sociedade viu também crescer a preocupação mundial com o meio-ambiente e, inseridas neste cenário dinâmico de mudanças externas, as empresas do setor elétrico iniciaram estudos para criação de ferramentas que permitissem a análise de impacto ambiental da expansão do sistema elétrico. Este trabalho tem como objetivo principal correlacionar a importância de uma base cartográfica geoprocessada com a eficiência no processo de distribuição de energia elétrica, ressaltando sua utilização para outras funcionalidades como, por exemplo, a demarcação de Unidades de Conservação. Para tal finalidade são necessários mecanismos que permitam a aquisição de dados espaciais, manipulação e análise, garantindo as operações de distribuição e comercialização de energia elétrica, além da coordenação das atividades relacionadas com o tema proposto, de modo a garantir o cumprimento das leis ambientais vigentes. 1/10

1. INTRODUÇÃO No final da década de 90, a partir de sua privatização, iniciaram-se significativas transformações no comportamento organizacional da Ampla Energia e Serviços (antiga CERJ Cia de Eletricidade do Rio de Janeiro). Entre elas, e como estratégia para otimização de seus processos e o aumento da qualidade e agilidade no atendimento ao cliente, destaca-se o forte investimento em tecnologia de informação que permitiu a implantação de um Sistema de Gestão da Distribuição, em plataforma geoprocessada (ambiente SmallWorld-GIS). Este sistema de informação geográfica é composto por um conjunto de módulos e funções orientados aos processos do negócio próprio da área da distribuição (operação, manutenção, atendimento a novas ligações, etc), integrando-se de forma horizontal com outras unidades e sistemas da empresa. A construção de sua base de dados, composta por arquivos vetoriais e matriciais, deu-se em duas etapas : - Base Cartográfica foi realizado um levantamento aerofotogramétrico de toda a área de concessão da Ampla, composta de 66 municípios que incluem as regiões Sul, Noroeste, Norte e Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Foram geradas ortofotos em preto e branco, corrigidas de todo e qualquer tipo de distorção, e gerados mapeamentos das áreas rurais e urbanas nas escalas 1:10.000 e 1:2.000, respectivamente. - Base do Sistema Elétrico foi realizado um levantamento em campo de todos os elementos da rede elétrica, incluindo unidades consumidoras. A preocupação da Ampla com os aspectos ambientais relativos às suas atividades cresceu na medida em que foi sendo implementada a política ambiental do governo e que foram sendo desenvolvidos mecanismos para gestão e monitoramento de áreas de preservação, apoiados pela difusão do geoprocessamento. Para respeitar a política vigente a Ampla alterou procedimentos internos relativos ao atendimento de novos clientes e demarcou em sua base cartográfica as Unidades de Conservação implantadas, conforme serão apresentados neste trabalho. 2. POLÍTICA AMBIENTAL Com a criação da lei de número 9.985 em julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), estes espaços territoriais passaram a ser protegidos por lei podendo ter características de preservação (proteção integral) ou conservação (uso sustentável dos recursos naturais), conforme relacionados na Figura 1 : Fluxograma das Unidades de Conservação. 2/10

Reserva Ecológica - RESEC Reserva Biológica - REBIO Área de Proteção Permanente - APP (Proteção Integral) Parque Estadual - PE Monumento Natural - MN Refúgio de Vida Silvestre - ZPVS Unidade de Conservação - UC Área de Proteção Ambiental - APA Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE Área de Reserva Legal - ARL (Uso sustentável dos recursos naturais) Floresta Nacional - FN Reserva Extrativista - RESEX Reserva de Fauna - RF Reserva de Desenvolvimento Sustentável - RDS Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Figura 1: Fluxograma das Unidades de Conservação. 3/10

A criação das Unidades de Conservação é um processo importante que visa à proteção e preservação da riqueza natural. Quando se faz necessária a criação destas áreas, é porque algum estudo pré-existente já sinalizou que fatores externos estão modificando o ecossistema do seu estado original. A partir disso, é criado um decreto designando a Unidade de Conservação e o SNUC estabelece um prazo de até cinco anos para que o órgão gestor possa elaborar o seu Plano Diretor ou Plano de Manejo. O objetivo principal é estabelecer diretrizes para conciliar e administrar o crescimento da região, impedindo que a ação humana, através do desmatamento, ocupação irregular, implantação de indústrias e outras formas de degradação ambiental, venham a desestruturar a diversidade biológica da região. Nas Leis n.º 9.966/00 (Lei dos Crimes Ambientais) e n.º 9.605/00 (Condutas e Atividades Lesivas ao Meio Ambiente) estão previstas penalidades para quem não respeitar as condições de existência das APA s e cabe ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) a responsabilidade de fiscalizar e garantir o cumprimento da lei. Em âmbito estadual o órgão equivalente passa a ser a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) ou a Fundação Instituto Estadual de Floresta (IEF). Os órgãos responsáveis pela política florestal têm a incumbência de fiscalizar, preservar, conservar e recuperar o patrimônio natural do Estado do Rio de Janeiro, já que este é o estado com maior percentual de remanescentes preservados de Mata Atlântica. Somente no Estado existem 37 unidades de conservação, relacionadas na Tabela 1: Unidades de Conservação. Tabela 1: Unidades de Conservação Unidade de Conservação Administração Legislação 1 PE do Desengano IEF Decreto Estadual n.º 250/70 e Decreto Estadual nº 7.121/83 2 PE da Ilha Grande IEF Decreto Estadual nº 15.273/71 e Decreto Estadual nº 16.067/73 3 PE da Serra da Tiririca IEF Decreto Estadual n.º 1.901/91 e Decreto Estadual n.º 18.598/93 4 PE do Três Picos IEF Decreto Estadual nº 31.343/02 5 RESEC da Juatinga IEF Decreto Estadual n 17.981/92 6 REBIO de Araras IEF Decreto Estadual n 87.561/82 7 RESEC de Tamoios IBAMA Decreto Estadual n 9.452/86 e Decreto Estadual n 201.721/94 8 PN da Serra da Bocaína IBAMA Decreto Estadual n 70.694/72 e Decreto n 68.172/71 9 PN da Serra dos Órgãos IBAMA Decreto Estadual n 90.023/84 e Decreto Estadual n 1.822/39 10 PN de Itatiaia IBAMA Decreto Estadual n 1.713/37 e Decreto Estadual n 87.586/82 11 PN da Restinga de Jurubatiba IBAMA Decreto Estadual s/n de 29/04/1998 12 REBIO de Poço das Antas IBAMA Decreto Estadual n 76.534/75 e Decreto Estadual n 73.791/74 13 REBIO do Tinguá IBAMA Decreto Estadual n 97.780/89 14 REBIO da União IBAMA Decreto Estadual s/n 22/04/1998 15 APA da Serra da Mantiqueira IBAMA Decreto Estadual n 91.304/85 16 APA da Bacia do Rio São João - Mico Leão Dourado IBAMA Decreto Estadual s/n 27/06/2002 17 APA de Cairuçu IBAMA Decreto Estadual n 89.242/83 18 APA de Guapimirim IBAMA Decreto Estadual n 90.225/84 19 APA de Petrópolis IBAMA Decreto Estadual n 527/92 20 RESEX Marinha Arraial do Cabo IBAMA Decreto Estadual s/n 03/01/1997 4/10

21 APA da Serra de Sapiatiba FEEMA Decreto Estadual nº 15.136/90 22 APA do Pau Brasil FEEMA Decreto Estadual nº 32.578/02 23 APA de Massambaba FEEMA Decreto Estadual nº 9.529/86 24 APA de Maricá FEEMA Decreto Estadual n 7.230/84 25 APA de Mangaratiba FEEMA Decreto Estadual nº 9.802/87 26 APA de Tamoios FEEMA Decreto Estadual nº 9.452/82 27 APA de Gericinó - Mandanha FEEMA Decreto Estadual nº 1.331/88 28 APA da Floresta do Jacarandá FEEMA Decreto Estadual nº 8.280/85 29 APA da Bacia do Frade FEEMA Decreto Estadual nº 1.755/90 30 APA da Bacia do Rio Macacu FEEMA Decreto Estadual nº 4.018/02 31 APA de Macaé de Cima FEEMA Decreto Estadual nº 29.213/01 32 RESEC de Massambaba FEEMA Decreto Estadual nº 9.529/86 33 RESEC de Jacarepiá FEEMA Decreto Estadual nº 9.529/86 34 REBIO da Ilha Grande FEEMA Decreto Estadual nº 9.728/87 35 REBIO da Praia do Sul FEEMA Decreto Estadual nº 4.972/81 36 PE Marinho do Aventureiro FEEMA Decreto Estadual nº 15.983/90 37 RESEC do Paraíso FEEMA Decreto Estadual nº 9.803/87 No ano de 2001 um ofício expedido pela Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) formalizou o tratamento das questões ambientais para as áreas protegidas, orientando as empresas concessionárias de distribuição de energia elétrica a requererem licença ambiental para os empreendimentos em áreas de preservação que viessem a solicitar nova ligação elétrica. 3. ANÁLISE DE IMPACTO AMBIENTAL EM BASE GEOPROCESSADA Objetivando cumprir a determinação do ofício da CECA a Ampla decidiu incorporar no próprio Sistema de Gestão da Distribuição (GEDIS) as informações relativas às áreas de preservação ambiental, de modo que a análise de impacto ambiental pudesse ser realizada durante o estudo técnico de uma nova ligação de consumidor. Para tornar essa análise possível as Unidades de Conservação precisaram ser demarcadas como um novo objeto na base de dados do GEDIS, seguindo a metodologia descrita a seguir. Após a análise do decreto de criação da Unidade de Conservação é estudada a melhor forma de inserir o seu limite no sistema. Primeiramente os limites são digitalizados em formato CAD, seja por coordenadas geográficas ou por aproximação descrita do local, e posteriormente exportados para a base cartográfica, onde ocupam um layer específico. Atualmente, todas as unidades de conservação federais e estaduais estão inseridas no sistema, possibilitando a análise para restrição de expansão da rede elétrica. 5/10

A aprovação de um pedido de nova ligação passa por um processo interno, iniciado a partir do momento em que o cliente faz sua solicitação. Uma ordem de nova ligação é expedida e uma equipe de vistoria é enviada ao local para verificar as condições de atendimento. Se não houver necessidade de extensão de rede e o local da instalação estiver em conformidade com as normas da empresa, o medidor é instalado e o cliente é ligado imediatamente. Mas, se a solicitação requerida necessitar de uma extensão de rede, inicia-se uma análise técnica para este novo projeto, onde é realizada uma consulta no sistema GEDIS e verificado se esta futura unidade consumidora está dentro de uma Unidade de Conservação. Se a resposta for negativa é autorizada a elaboração do projeto para a construção da rede e posterior atendimento ao cliente. Se a resposta for positiva é enviada uma carta informando ao cliente a impossibilidade de atendê-lo prontamente, sendo necessário que este obtenha a autorização do órgão gestor competente. Apenas após a apresentação desta autorização a elaboração do projeto é liberada. A Figura 2 ilustra o desenho de uma rede de distribuição nas proximidades do limite de uma Unidade de Conservação. Figura 2 Exemplo de Rede de Distribuição X Unidade de Conservação Pode-se dizer que o principal objetivo é a busca pelo menor tempo possível de atendimento ao cliente, e para que isso ocorra o desafio de manter a base cartográfica atualizada representa um trabalho constante, já que o aparecimento ou alteração de novos conjuntos de ruas é relatado quase que diariamente. Como o acervo das ortofotos não é dinâmico, conseqüentemente os novos arruamentos não estão representados na base cartográfica, sendo necessário fazer o levantamento de campo para aquisição dos novos dados. Para organizar o espaço geográfico, a determinação de coordenadas é realizada por meio do Sistema de Posicionamento Global (GPS), requisito básico para a execução de novos projetos. O pós-processamento 6/10

dos dados gera arquivos no formato CAD e após a validação e conversão dos dados, o projeto de extensão de rede é inserido na base cartográfica atualizada. Em função disso, o posicionamento da rede elétrica e dos postes novos é georreferenciado, garantindo-se a qualidade dos dados. A análise ambiental também é realizada para projetos de engenharia, como novas linhas de transmissão, subestações e alimentadores. Durante a fase de estudo dos projetos, o sistema cartográfico é consultado para análise de proximidade com possíveis Unidades de Conservação envolvidas, podendo originar mudanças ou até inviabilizar o projeto. 4. ESTUDO DE CASO APA DE MASSAMBABA Objetivando ilustrar a importância do cadastro georreferenciado das Unidades de Conservação, integrado à base de dados do sistema elétrico, é apresentado a seguir o estudo de restrição de novas instalações consumidoras na Área de Proteção Ambiental de Massambaba, classificada como uma unidade de conservação de uso sustentável. A APA de Massambaba foi criada a partir do Decreto Estadual nº 9.529/86, sendo regida pelo Plano Diretor de 1995. Esta região abrange os municípios de Arraial do Cabo, Araruama e Saquarema totalizando uma área de 76.306 km 2, numa faixa litorânea com extensão de 26 km, conforme Figura 3: Mapa de localização da APA de Massambaba. Figura 3 Mapa de Localização da APA de Massambaba 7/10

Foram encontradas irregularidades na ocupação da área em questão, correspondentes a quatro empreendimentos imobiliários. Toda a área estava sem fornecimento legal de energia, já que a Ampla deveria cumprir a determinação da Aneel, que impede as ligações em áreas protegidas por Lei. Porém prevaleciam ligações clandestinas que auxiliavam a expansão de invasões e com isso, a empresa estava obtendo prejuízos devido ao furto de energia. Alteradas as limitações do Plano Diretor, onde uma revisão do estudo realizado verificou que 90% da área estava classificada corretamente e apenas 10% necessitava de algum tipo de modificação, o Ministério Público autorizou a realização de obras de instalação da rede elétrica no local e algumas responsabilidades e obrigações foram estabelecidas através de um Termo de Ajuste de Conduta. A Ampla e as demais instituições envolvidas neste caso se comprometeram a realizar algumas tarefas. Entre elas, a confecção e instalação de placas ao longo de toda orla, informando a proibição da ocupação e o enquadramento na Lei de Crimes Ambientais Lei Federal 9.605/00, exemplificadas pela Figura 4. Figura 4 Foto das Placas Instaladas pela Ampla As ações tomadas permitiram inibir o crescimento de construções irregulares na APA de Massambaba. Os primeiros solicitantes de novas ligações, que não foram atendidos e receberam a comunicação da Ampla sobre a necessidade de regularização junto ao órgão gestor da APA e as prefeituras locais, alertaram a comunidade sobre a preservação ambiental do local. Com isso os responsáveis pelos novos empreendimentos imobiliários na região tomaram a iniciativa de solicitar a licença ambiental antes de começar as obras de instalação e comercialização dos terrenos. 8/10

Atualmente um dos tipos de inspeção realizada na APA de Massambaba é o sobrevôo da área que, através de fotografias, detecta locais de desmatamento, ocupação irregular e extração ilegal de areia. Os infratores são enquadrados na lei e têm o compromisso de recuperar a área degradada. Devido ao trabalho de fiscalização feito pela prefeitura e pelo órgão gestor da unidade no local, ficou constatado que as invasões não avançaram. 5. CONCLUSÕES O Geoprocessamento, essencialmente através do Sistema de Informação Geográfica (SIG), tem sido utilizado cada vez mais como ferramenta de suporte à análise espacial, por permitir retratar a realidade geográfica de forma integrada aos processos de uma empresa. O SIG tem se mostrado um recurso essencial e indispensável a esta análise, dado o volume de dados espaciais (mapas e imagens) e não espaciais (dados alfanuméricos), tempo e complexidade das operações requeridas. Ao permitir uma análise integrada com os sistemas corporativos, o SIG garante a obtenção de resultados precisos e mais confiáveis, gerando subsídios de valor para tomadas de decisão. A metodologia empregada na Ampla para análise de impacto ambiental está em vigor desde 2002, tendo se mostrado bastante eficaz para solucionar os problemas de delimitação de áreas ambientais e de restrição da expansão da rede de distribuição, o que tem assegurado o cumprimento da legislação vigente e, conseqüentemente, evitando o possível acionamento do setor jurídico. O estudo de caso da APA de Massambaba permite ilustrar o fato de que apenas a criação formal de uma Unidade de Conservação não é suficiente para a preservação do local. Um dos conflitos comumente encontrados e que influencia de forma prejudicial na preservação é a falta de comunicação entre os órgãos ambientais e as prefeituras. Ambos não mantêm uma relação de troca de informações, acarretando no repasse de autorizações conflitantes, o que acaba dificultando a relação entre as prestadoras de serviços públicos e população local. Se há um empreendimento em situação irregular, conseqüentemente o solicitante não obterá energia elétrica, e desta forma proliferam-se as ligações clandestinas, causando prejuízos técnicos e financeiros para a empresa distribuidora. Para acabar ou minimizar os conflitos existentes, a partir do segundo semestre de 2007 surgiu o projeto de Lei n 561/2007, que prevê a criação de um novo órgão ambiental. O INEA (Instituto Estadual do Ambiente RJ) unificará os órgãos ambientais existentes, que incluem a FEEMA, IEF e SERLA (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas). O principal objetivo deste novo órgão, que entrará em atuação em 2008, extinguindo os demais existentes, é a centralização das tomadas de decisão relativas a análise de impacto ambiental e o aperfeiçoamento da fiscalização ambiental. 9/10

Conclui-se que para alcançar o objetivo da proteção ambiental é fundamental o trabalho conjunto dos órgãos governamentais e das prestadoras de serviços públicos, além da criação de políticas de incentivo à preservação das áreas ambientais e esclarecimento da população, através de programas de educação ambiental em escolas e comunidades, preparando e incentivando a população local a valorizar a natureza e desenvolver atividades ecologicamente corretas. Preservação ambiental também é uma tarefa da população: conciliar atividade humana com proteção da natureza é fundamental para o desenvolvimento de uma região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias Embrapa Monitoramento por satélite, disponível em: http://www.cnpm.embrapa.br/ Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, disponível em: http://www.ibama.gov.br/ Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente FEEMA, disponível em: http://www.feema.rj.gov.br/ Fundação Instituto Estadual de Floresta IEF, disponível em: http://www.ief.rj.gov.br/ Jornal O Globo, Rio de janeiro, Sábado 10 de novembro de 2007. Economia Página 46. Jornal O Dia, Rio de Janeiro, Quinta feira 22 de novembro de 2007. Geral - Página 7. 10/10