MÉTODO DE ANÁLISE E CORREÇÃO DOS MOVIMENTOS NO SAQUE TIPO TÊNIS DO VOLEIBOL: UM ESTUDO DE CASO



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Transcrição:

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 1 MÉTODO DE ANÁLISE E CORREÇÃO DOS MOVIMENTOS NO SAQUE TIPO TÊNIS DO VOLEIBOL: UM ESTUDO DE CASO Candida Luiza Tonizza de Carvalho 1, Andréia Rocha da Silva 2 Resumo Um dos grandes desafios dos profissionais da área desportiva é observar o desempenho do atleta e decidir onde a técnica precisa de correção. As pesquisas em biomecânica ainda são carentes de padronização metodológica, bem como são incompletos os modelos e protocolos de avaliação do movimento. Os profissionais têm utilizado atualmente como metodologia para analisar a mecânica do movimento humano, o processo de observação visual ou sistemas que se baseiam no processamento da imagem digital, através de softwares específicos, muito dos quais com alto custo. O objetivo deste trabalho foi sugerir nova possibilidade de análise das fases do movimento, para tal realizamos a identificação e correção dos erros na habilidade do Saque Tipo Tênis da modalidade esportiva Voleibol, e selecionamos os métodos de treinamento apropriados para corrigir os erros indicados. A amostra foi composta por duas jogadoras. Os dados foram coletados através de filmagem no plano sagital e analisados com auxílio do Windows Movie Maker 2.1.426.0 e photoshop 7.0. Os erros ocorreram nos movimentos de elevação, produtores de força e recuperação. Concluímos que o uso desta tecnologia proporcionou a análise detalhada dos movimentos, facilitando a correção. Palavras-chave: Análise e correção dos movimentos; Voleibol; Saque tipo tênis. Abstract A major challenge for professionals in the sports area is to observe the athlete's performance and decide where the technique needs correction. Researches in biomechanics are still in need of methodological standardization and the available models and protocols are incomplete for assessment of movement. The professionals have been using as a methodology to analyze the mechanics of human movement, the process of visual observation or systems that are based on digital image processing, through specific software, many of which involve high costs. The objective was to suggest new possibilities for analysis of stages of the movement, identifying and correcting errors in the ability of the tennis type drawing in volleyball sport, and selected the proper training methods to correct the errors indicated. The sample was composed of two players. Data were collected by shooting in the sagittal plane and analyzed with the help of Windows Movie Maker 2.1.426.0 and photoshop 7.0. The errors occurred in the movements of elevation, power producers and recovery. We conclude that the use of this technology provided a detailed analysis of the movements, making it easy to fix. Keywords: Analysis and correction of movements; Volleyball; Tennis type drawing. (1) Professora da Faculdade de Fisioterapia e Educação Física (PUC- Campinas), Mestre em Anatomia Humana (UNICAMP-SP), Doutora em Anatomia Humana (UNICAMP-SP). Trabalho realizado: PUC-Campinas. Endereço eletrônico: cltcarvalho@gmail.com (2) Graduanda da Faculdade de Educação Física (PUC- Campinas).

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 2 INTRODUÇÃO As pesquisas em biomecânica ainda são carentes de padronização metodológica, bem como são incompletos os modelos e protocolos de avaliação do movimento (AMADIO et al., 2002). Os profissionais têm utilizado atualmente como metodologia para analisar a mecânica do movimento humano, o processo de observação visual (PAULA, 2002) ou sistemas que se baseiam no processamento da imagem digital, através de softwares específicos, muito dos quais apresentam grande complexidade, fazendo de sua pesquisa uma desafiadora tarefa sob o ponto de vista acadêmico. Na intenção de colaborar metodologicamente na análise e correção da técnica de movimentos dos fundamentos de determinados esportes, analisamos o saque do voleibol, por ser uma tarefa motora bastante adequada para estudar variáveis relacionadas ao desempenho motor, haja vista a grande quantidade de trabalhos que a utilizam como tarefa experimental (BORTOLI et al., 1992; DAVIDS et al., 1999; DAVIDS et al., 2001; GALDINO, 2000; MEIRA JUNIOR, 1999; TEMPRADO et al., 1996; UGRINOWITSCH e MANOEL, 1999). A facilidade de uso do saque decorre dos seguintes itens: a) a execução de tal habilidade motora não sofre influências determinantes do ambiente (é uma habilidade motora predominantemente fechada); b) o momento de início do movimento é decidido pelo próprio executante; c) permite várias formas de manipulação (MEIRA JUNIOR, 2003). Logo, o saque do voleibol é apropriado do ponto de vista metodológico, uma vez que pode ser facilmente manipulado e controlado, bem como permite a inferência de modificações em sua forma de execução ou desempenho. O saque que primordialmente exercia a função de colocar a bola em jogo vem sendo utilizado como principio de ataque devido às mudanças nas regras do voleibol (fim da vantagem) o que torna este fundamento cada vez mais ofensivo e estratégico com o objetivo de dificultar o ataque da equipe receptora e/ou até mesmo no intuito de marcar aces (pontos de saque direto), assim, sua execução de forma precisa e com uma boa técnica é algo muito exigido pelos técnicos (SHONDELL e REYNAUD, 2005). Devido à importância deste fundamento em uma partida de voleibol, e no intuito de melhorar e corrigir a técnica de execução, realizamos uma análise do movimento do saque tipo tênis, por ser o mais utilizado no voleibol, pelas variações que oferece em relação a trajetória da bola, local onde se queira sacar e distância que se queira atingir.

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 3 OBJETIVO O objetivo deste estudo é sugerir nova possibilidade de análise das fases do movimento através do estudo da execução correta e incorreta do Saque Tipo Tênis no voleibol, para auxiliar na correção e aperfeiçoamento do desempenho do atleta. METODOLOGIA Amostra A amostra foi composta por 2 atletas de voleibol do sexo feminino pertencentes ao time da Faculdade de Educação Física da PUC-Campinas e participantes dos eventos "Caloríadas" e "Puccíada, realizados na Instituição. As atletas possuem idade de 20 anos. No período que essa pesquisa foi realizada, as atletas se encontravam em fase de preparação física básica, ou seja, na fase inicial do treinamento. Material Foram utilizados nessa pesquisa: Quadra de voleibol coberta com as marcações oficiais, rede de voleibol oficial fixada com cabos de aço nos postes, bola de vôlei Penalty Oficial PRO 6.0, pesando 260g a 280g e filmadora digital (Sony modelo DCR-HC28 de 60 Hz). A coleta de dados foi realizada através da filmagem em plano sagital. A filmadora foi posicionada do lado direito das atletas, a uma distância de 6 metros do plano de movimento e a uma altura de 1,50 metros do solo. A escolha do lado direito se deve ao fato das atletas serem destras. Posteriormente as imagens em filme foram transformadas em fotos utilizando o software Windows Movie Maker versão 2.1.426.0, aplicativo do Windows criado pela Microsoft Corporation, que permite sequência de fotos sem perder partes do movimento, deixando a análise mais completa, e finalmente para transformá-las em fotos sequenciais, com mesmo tamanho e qualidade, utilizamos o software Adobe Photoshop, criado pela empresa Adobe Systems Incorporated em idioma Portugues, versão 7.0. Procedimentos para a Coleta de Dados A coleta de dados procedeu-se iniciando pela convocação de um estudante de Educação Física, para o treinamento do manuseio do equipamento no que se refere ao funcionamento do instrumento para a aplicação, bem como para o entendimento dos movimentos específicos analisados. Assim, foram determinados dois avaliadores: o pesquisador e o estudante. Após essa fase, realizou-se contato com as jogadoras para que os

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 4 objetivos da pesquisa e a necessidade da participação das mesmas fossem apresentados e, paralelamente, entregou-se o termo de consentimento livre e esclarecido. Logo após os consentimentos deu-se início ao procedimento de coleta, conforme o agendamento com as atletas. Os testes foram realizados no mês de maio de 2009 na faculdade de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Procedimentos Experimentais O movimento do saque tipo Tênis no voleibol foi dividido em 4 fases (movimentos preparatórios e concentração, elevação ou balanceio para trás, movimentos produtores de força, continuidade ou recuperação), e a cada uma dessas atribuída seus elementos chave (CARR, 1998). Movimentos preparatórios e concentração. Elementos chave: segurar a bola à frente do corpo com a mão contrária que vai sacar; membros inferiores em afastamento ânteroposterior, perna contrária ao braço de ataque posicionada à frente, braço de ataque flexionando na altura do ombro, leve flexão do cotovelo e palma da mão voltada para frente. Elevação (ou balanceio para trás). Elementos chave: deslocamento do braço de ataque para trás; lançamento da bola para cima e a frente do corpo; deslocamento do centro de gravidade para a perna de apoio que está atrás, flexão dos joelhos. Movimentos produtores de força. Elementos chave: deslocamento do peso do corpo para perna da frente, extensão do braço em velocidade para golpear a bola, extensão dos joelhos utilizando o impulso para alongar o tronco e alcançar a bola em um ponto mais alto, deslocar o braço de lançamento em direção ao peito, para equilíbrio do corpo. Continuidade (ou recuperação). Elementos chave: lançamento do braço de ataque em direção à rede, deslocamento do atleta para dentro da quadra devido à transferência brusca do peso do corpo para perna da frente. Dividir a habilidade em fases é importante para que se identifique o erro no desempenho do atleta, impedindo que o técnico fique confuso ao observar muitos movimentos da habilidade ao mesmo tempo. Assim, podemos dizer que uma fase é um grupo conectado de movimentos que parecem independentes e que o atleta une na execução da habilidade completa. Dentro dessas fases da habilidade existem elementos chave que se unem para compor uma fase, caracterizados por movimentos distintos e essenciais para o sucesso de cada fase na habilidade (CARR, 1998).

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. MOVIMENTO CORRETO DO SAQUE TIPO TÊNIS Observação do Movimento Completo (Fig. 1): 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Figura 1: Movimento completo correto 1.1. Fase de Movimentos Preparatórios/Concentração e Seus Elementos Chave: O atleta prepara-se para servir decidindo mentalmente para onde dirigir o serviço, a área de saque, levando em consideração a armação da equipe adversária (Fig. 2). Quanto ao movimento preparatório desta fase ele fica em pé, atrás da linha de fundo, de frente para a região da quadra adversária, segurando a bola à frente do corpo com a mão contrária àquela que vai sacar. As pernas estarão em afastamento antero-posterior, com a perna contraria ao lado do braço de ataque posicionada a frente. Há um afastamento lateral num distanciamento semelhante à largura dos ombros. O membro superior que vai lançar a bola deve estar estendido à frente do corpo, voltado para frente. O braço de ataque deve estar preparando-se para o ataque. Figura 2: Correta Fase de Movimentos Preparatórios Elementos Chave: Segurar a bola à frente do corpo com a mão contrária que vai sacar; Pernas em afastamento antero-posterior; Perna contraria ao braço de ataque posicionada à frente; Braço de ataque flexionado na altura do ombro e flexão do cotovelo. 1.2. Fase de Elevação (ou Balanceio para Trás) e Seus Elementos Chave: Com os movimentos de elevação ou balanceio para trás os músculos do atleta são alongados e desta forma estabelecem uma posição na qual ele é capaz de aplicar a força por uma longa distância (Fig. 3 e 4).

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 6 No saque tipo tênis o deslocamento do braço de ataque para trás na altura da cabeça e a preparação para o lançamento da bola alonga os músculos do tronco (lado de lançamento da bola) e do braço de ataque, para que estes apliquem a força na fase seguinte (Fig. 4). Este movimento determina a formação da alavanca de 3º classe, que vai garantir a função de velocidade e amplitude de movimento na próxima fase. Também ocorre nesta fase o deslocamento do centro de gravidade para o membro inferior que está atrás, contribuindo para o deslocamento da força para frente, na hora do saque, e assim proporcionando maior força de potência ao sacar (Fig. 5). Figura 3: Correta Fase de Elevação 1 Figura 4: Correta Fase de Elevação 2 Figura 5: Correta Fase de Elevação 3 Elementos Chave: Deslocamento do braço de ataque para trás; Lançamento da bola para cima e a frente do corpo; Deslocamento do centro de gravidade para a perna de apoio que está atrás; Flexão dos joelhos. 1.3. Fase de Movimentos Produtores de Força e Seus Elementos Chave: Os movimentos produtores de força são movimentos específicos que o atleta faz para gerar força e geralmente envolve todo o seu corpo. Esta fase no saque tem início quando a bola atinge o ponto máximo de lançamento (está parada), devendo ser golpeada pelo braço de ataque, cuja mão estará firme e com hiperextensão do punho (Fig. 6 e 7). O braço que lançou a bola e que dá equilíbrio ao movimento desloca-se em direção ao tórax, e o centro de gravidade para frente do corpo. Há também extensão dos joelhos, que permite a impulsão do corpo para cima, provocando o alongamento do tronco e facilitando o golpe na bola em sua altura ótima, além da distribuição

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 7 da força que está sendo deslocada para frente, juntamente com o centro de gravidade, contribuindo para a finalização do movimento correto (Fig. 8). Figura 6: Correta Fase Produtora de Força 1 Figura 7: Correta Fase Produtora de Força 2 Figura 8: Correta Fase Produtora de Força 3 Elementos Chave: Deslocamento do peso do corpo para perna da frente; Extensão do braço em velocidade para golpear a bola; Extensão dos joelhos utilizando o impulso para alongar o tronco e alcançar a bola em um ponto mais alto. Deslocar o braço de lançamento em direção ao tórax, para equilíbrio do corpo. 1.4. Fase da Continuidade (ou Recuperação) e Seus Elementos Chave: Os movimentos de continuidade ou recuperação são movimentos que ocorrem imediatamente após o término dos movimentos produtores de força. Sendo impossível, e mesmo perigoso para o atleta parar por completo, logo depois que os movimentos produtores de força tenham sido executados. A continuidade age para dissipar, com segurança, a força desses movimentos. No saque tipo tênis a continuidade da força gerada na fase anterior faz com que o peso do corpo seja transferido para perna da frente levando-o para dentro da quadra. Assim ao término do movimento temos o braço de ataque lançado em direção à rede, em extensão máxima, terminando seu movimento quase paralelo ao Figura 9: Correta Fase de Continuidade 1 Figura 10: Correta Fase de Continuidade 2

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 8 solo e o peso do corpo transferido para a perna da frente (Fig. 9 e 10). Elementos-chave: Lançamento do braço de ataque em direção à rede; Deslocamento do atleta para dentro da quadra devido à transferência brusca do peso do corpo para perna da frente. 2. MOVIMENTO INCORRETO DO SAQUE TIPO TÊNIS: IDENTIFICAÇÃO DE ERROS E SUA ORDEM DE CORREÇÃO Para identificar um erro na execução da habilidade é necessário: observar a habilidade completa, analisar cada fase e seus elementos chave, utilizar o conhecimento de mecânica esportiva para correção, selecionar os erros a serem corrigidos e por fim determinar os métodos de treinamento apropriados para corrigir os erros identificados (CARR, 1998). 1º- Observação da habilidade por completo com erros (Fig. 11): 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Figura 11: Movimento completo com erros 2º Analisar cada fase e seus elementos chave: Fase de movimentos preparatórios e de concentração. Figura 12: Fase de Movimentos Preparatórios com Erros Erro: braço de ataque não está flexionado na altura do ombro com flexão do cotovelo. Os demais movimentos chave desta fase estão corretos (segurar a bola à frente do corpo com a mão contrária que vai sacar; pernas em afastamento ântero-posterior; perna contraria ao braço de ataque posicionada à frente (Fig. 12).

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 9 Fase de elevação ou balanceio para trás: Figura 13: Fase de Elevação com Erros 1 Figura 14: Fase de Elevação com Erros 2 Figura 15: Fase de Elevação com Erros 3 Erros: a bola foi lançada de forma imprecisa (muito alta e com trajetória posterior ao corpo 1 ), ocasionando hiperextensão do tronco e desequilíbrio do corpo na próxima fase (Fig. 13 e 14). Com a imprecisão do lançamento ocorrerá um atraso nos movimentos fazendo com que a jogadora mantenha por maior tempo a contração dos músculos, sustentando a posição desta fase, acarretando menor força muscular para fase produtora de força. Não há flexão correta dos joelhos, consequentemente não haverá força de impulso na próxima fase e a jogadora não alongara seu tronco para atingir a bola no seu ponto ótimo (Fig. 15). Não ocorreram os movimentos chave desta fase (deslocamento do braço de ataque para trás; lançamento da bola para cima e a frente do corpo; deslocamento do centro de gravidade para a perna de apoio que está atrás e flexão dos joelhos). Fase de movimentos produtores de força: Figura 16: Fase Produtora de Força com Erros 1 Figura 17: Fase Produtora de Força com Erros 2 Figura 18: Fase Produtora de Força com Erros 3 Figura 19: fase Produtora de Força com Erros 4 1 O vídeo demonstrou que devido à imprecisão do lançamento a bola seguiu uma trajetória muito atrás da linha do lançamento â frente e também muito ao lado esquerdo, o que é visto nos erros de execução da fase dos movimentos produtores de força.

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 10 Erros: o braço de lançamento que dá equilíbrio ao movimento não foi lançado simultaneamente ao ataque da bola na direção do tórax, o que provocou o deslocamento do centro de gravidade para o lado esquerdo da jogadora ocasionando o desequilíbrio e movimento impreciso (Fig. 16 e 17). Também não aconteceu uma transferência correta do peso da perna de trás para a da frente devido à perda do equilíbrio (Fig. 18 e 19). Os joelhos não flexionados na fase anterior impediu que nesta fase a jogadora impulsionasse seu corpo para cima para atingir a bola em sua altura ótima (Fig. 17). Desta forma, não ocorreram nenhum dos movimentos chave desta fase (deslocamento do peso do corpo para perna da frente; extensão do braço em velocidade para golpear a bola; extensão dos joelhos utilizando o impulso para alongar o tronco e alcançar a bola em um ponto mais alto e deslocar o braço de lançamento em direção ao tórax, para equilíbrio do corpo). Fase de continuidade (ou recuperação). Devido a todos os erros das fases anteriores a fase de continuidade desta habilidade não ocorreu, o braço de ataque não é lançado em direção à rede, mas sim ao lado esquerdo devido à perda do equilíbrio, também não ocorre o deslocamento do peso da perna de trás para a perna da frente impedindo o retorno da jogadora para dentro da quadra, impedindo que ela realize movimentos de defesa rápidos devido à perda da força de continuidade na fase anterior (fig. 20). Figura 20: Fase de Continuidade com Erros Desta forma, não ocorreram os movimentos chave desta fase (lançamento do braço de ataque em direção à rede e deslocamento do atleta para dentro da quadra devido à transferência brusca do peso do corpo para perna da frente). Considerações Finais Verificamos que as imagens se apresentaram com reprodutibilidade favoráveis ao estudo, contribuindo para novas possibilidades e opções de procedimentos na elaboração e operação de dados, colaborando na busca da padronização de procedimentos para a análise do movimento esportivo. Concluiu-se que o saque tipo tênis do voleibol, sendo um esporte de velocidade e de coordenação, requer movimentos corretos e precisos, tendo muito a lucrar com a análise e descrição dos movimentos, podendo esta servir de base para correções de atletas com nível de competição assim como servir de padrão para treinamento de futuros atletas.

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 11 REFERÊNCIAS AMADIO, A C., ÁVILA, A. O V., GUIMARÃES, A C.S, DAVI, A C., MOTA, C.B., BORGES, D.M.; GUIMARAES, F.; MENZEL, H. J.; CARMO, J.; LOSS, J.; SERRÃO, J. C.; SÁ, M. R.; BARROS, R. M. L. Métodos de medição em biomecânica do esporte: descrição de protocolos para aplicação nos centros de excelência esportiva (Rede CENESP-MET) Rev. bras. biomec, v.;3(4): p.57-67, 2002. BAUMANN, W.: Perspectives im methodology in Biomechanics of Sport. )Pp.97-104), (in) Rodano, R., Ferrigno, G., Santambrogio, G.: Proceedings of the Symposium of the International Society of Biomechanics in Sports, Edi-Ermes, Milano, 1992. BORTOLI, L.; ROBAZZA, C.; DURIGON, V.; CARRA, C. Effects of contextual interference on learning technical sport skills. Perceptual and Motor Skills, Missoula, v.75, p.555-562, 1992. CARR, G. Biomecânica dos esportes. São Paulo: Manole, 1998. DAVIDS, K.; BENNETT, S.; HANDFORD, C.; JONES, B. Acquiring coordination in selfpaced, extrinsic timing tasks: a constraints-led perspective. International Journal of Sport Psychology, Roma, v.30, p.437-461, 1999. DAVIDS, K.; KINGSBURY, D.; BENNETT, S.; HANDFORD, C. Information-movement coupling: implications for the organisation of research and practice during acquisition of selfpaced extrinsic timing skills. Journal of Sports Sciences, Oxon, v.19, p.117-127, 2001. GALDINO, M. L. Diferenças perceptivo-motoras entre novatos e habilidosos na execução do saque no voleibol. Dissertação (Mestrado) Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2000. MEIRA JUNIOR., C. M. O efeito da interferência contextual na aquisição da habilidade motora saque do voleibol em crianças: temporário, duradouro ou inexistente? 1999. Dissertação (Mestrado)-Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 12 MEIRA JUNIOR., C. M. Validação de uma lista de checagem para análise qualitativa do saque do voleibol. Motriz, Rio Claro, v.9, n.3, p.153-160, 2003. PAULA, A.H. Teoria da análise biomecânica, através da observação visual. http://www.efdeportes.com/revista Digital- Bueno Aires- Ano8, n.51, 2002. TEMPRADO, J. J.; DELLA-GRASTA, M.; FARREL, M.; LAURENT, M. An emergent approach to the development of expertise in the coordination of the volleyball serve. Corpus, Psyche et Societas, Dragvoll, n.3, p.75-91, 1996. UGRINOWITSCH, H.; MANOEL, E. J. Interferência contextual: variação de programa e parâmetro na aquisição da habilidade motora saque do voleibol. Revista Paulista de Educação Física, v.13, São Paulo, p.197-216, 1999.