DIAGNÓSTICO DA APP DO BAIRRO BEIJA FLOR II SOUSA, K.C. 1 ; SOUSA, K.C. 2 ; OLIVEIRA, A.C. 3 ; NETO, A.T. 4 1 Estudante 4 período de Engenharia Ambiental - Universidade de Uberaba; 2 Estudante 4 período de Engenharia Ambiental - Universidade de Uberaba; 3 Estudante 4 período de Engenharia Ambiental - Universidade de Uberaba; 4 Professor Orientador da Universidade de Uberaba RESUMO Com o rápido crescimento urbano, as áreas verdes foram se tornando cada vez mais raras nas cidades. Aquelas que ainda restam estão sofrendo problemas ambientais sérios. Com a Área de Preservação Permanente- APP localizada no Beija Flor II não é diferente: esta sofreu e ainda sofre impactos ambientais que comprometem não só a APP, mas também os moradores vizinhos. O objetivo deste trabalho é fazer um diagnóstico da área quanto à fauna, flora, solo e quanto à sua atual condição de poluição, e ainda mostrar o que os moradores do entorno pensam a respeito da APP. As visitas feitas à APP mostram que a área ainda sofre com problemas de disposição de resíduos sólidos, disposição de águas pluviais, erosão. As águas estão contaminadas - devido a esgotos irregulares que eram enviados para dentro da APP. Os moradores sentem-se incomodados, devido ao mau cheiro, segurança pública e animais peçonhentos que já foram encontrados nas casas. Nota-se, porém, que para reverter o atual quadro em que a APP se encontra é preciso ações conjuntas entre órgãos públicos e a comunidade. Palavras-chave: impactos ambientais, APP, diagnóstico. INTRODUÇÃO Na história da humanidade as cidades são um fato muito anterior ao surgimento das indústrias. No entanto, antes que houvesse a solidificação da era industrial, as cidades não eram tão populosas, sendo habitadas apenas pelas classes dominantes do poder político e religioso. O restante da população trabalhava e vivia na zona rural. Quando se deu início o processo de industrialização, nas ultimas décadas do século XVII, à medida que foram aumentando a quantidade de indústrias, aumentou-se a quantidade de máquinas e técnicas produtivas. As fábricas foram sendo instaladas nas cidades e a demanda por operários era grande. Em busca de melhores condições de vida e salário, já que as máquinas haviam chegado ao campo, as pessoas começaram a migrar para as cidades, deixando de ser uma população rural e passando a ser a maioria urbanizada. Para KUPSTAS et al (1997), as grandes cidades representam a mais profunda modificação humana na natureza; nesse sentido, elas são o maior símbolo do longo processo de domínio do homem sobre as limitações impostas pela natureza, conhecido como progresso.
A expansão da indústria e do transporte diminuiu os limites impostos pela natureza, fazendo com que as cidades se tornassem grandes aglomerações urbanas. Foi a partir daí que os problemas ambientais efetivamente se agravaram. Em um curto período de tempo, um grande número de pessoas se transferiu para as cidades, e estas começaram a aumentar desenfreadamente, consumindo cada vez mais recursos naturais, ocupando as áreas verdes, impactando a fauna, a flora, poluindo as águas. Concomitante a esse aumento, surgiram os padrões modernos de consumismo em larga escala, alterações nos processos naturais, como o ciclo hidrológico, a temperatura, o relevo, o regime dos ventos e na vegetação. Isto evidencia que o progresso nem sempre é sinônimo de qualidade de vida. Aliado a todos esses problemas de crescimento rápido, tem-se a falta de planejamento (social, econômico, político e ambiental) das cidades, a inacessibilidade de serviços básicos como saneamento à todas as camadas da sociedade, a falta de um plano de manejo das áreas verdes ainda existentes, o que torna a degradação do meio ambiente ainda mais grave. Conforme Shimidt (2005 apud Jackson, 2003 p. 191-200), uma série de pesquisas demonstram que a saúde humana está diretamente ligada com as condições ambientais das áreas urbanas. A exposição dos habitantes à luz natural e ventilação, as oportunidades de observação e a proximidade de espaços verdes ao ar livre colaboram com a restauração da saúde física e mental. Entretanto os loteamentos são construídos bem próximos às Áreas de Preservação Permanente - APP; esgotos clandestinos e resíduos sólidos também encontram essas APP s como destino final; as áreas verdes dão lugar à construção de imensas superfícies urbano - industriais e se tornam cada vez mais raras na cidade. E as poucas que existem, não recebem a devida atenção dos órgãos públicos responsáveis. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em uma Área de Preservação Permanente (APP) situada no Bairro Beija Flor II, localizado na parte noroeste da cidade de Uberaba MG. A APP ocupa uma extensão de aproximadamente 1,5 km (Figura 1).
II Seminário Iniciação Científica IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. Figura 1: Área de Preservação Permanente do Beija Flor II Fonte: Google Earth, 2009 A flora predominante do local é o Buriti (Maurittia flexuosa), que é uma espécie característica do ecossistema Veredas. Entre outras espécies da flora está a samambaia Açu (Dicksonia sellowiana) (Figura 2), ela cresce de "1 a 2" centímetros por ano, um dos motivos pelo qual a espécie se encontra em extinção. Também foram encontradas espécies de árvores, como jatobá, copaíba, entre outras. Figura 2: Samambaia - Açu Há presença de aves silvestres, como tucanos, bem como pequenos roedores, serpentes e lagartos. Dentro da APP também foram encontrados micos-estrela (Callithrix penicillata) (Figura 3) que se alimentam principalmente de buriti. Figura 3: Mico- estrela Quanto ao tipo de solo, verificou-se a presença de solos hidromórficos (Figura 4) - fonte de reabastecimento de lençol freático. Neste tipo de solo há afloramentos, olhos d' água e minas, assim como na APP, onde existem afloramentos de água (Figura 5), devido ao lençol freático estar bem superficial. Também foi constatada a presença de latossolo vermelho.
II Seminário Iniciação Científica IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. Figura 4: Presença de solo hidromórfico Figura. 5: Presença de afloramento Em torno da APP o solo está descaracterizado, uma vez que os moradores constantemente despejam entulhos (Figura 6) neste local e também foi constatado que o solo no entorno da APP estava muito compactado devido às máquinas do município que fazem a limpeza do local (Figura 7) e a presença de gado solto. O solo compactado dificulta a percolação da água da chuva o que ocasiona enxurradas que vão direto para dentro da APP, pois o local tem um pequeno declive. As enxurradas arrastam grande quantidade de resíduos e até mesmo resto de materiais de construção. Figura 6: Entulho no entorno da APP Figura 7: Máquinas fazendo a limpeza Fonte: Autores - 30/05/2009 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Área de Preservação Permanente encontra se com vários problemas ambientais, dos quais cita-se: queimadas provocadas pela população, emissários, despejo de resíduos sólidos, falta de segurança e iluminação. No entorno da APP foram localizados vários emissários de água pluvial (Figura 8) que deságuam mata adentro sem nenhuma proteção, ou redutor de velocidade, arrastando grande quantidade de resíduos para dentro da mata e possibilitando a formação de voçorocas (Figura 9). Foi observado que mesmo não estando no período chuvoso os emissários tinha um fluxo considerável de água saindo deles, isto pode ser indício
de esgoto clandestino. Logo abaixo, no percurso formado pela água dos emissários foi encontrada muita água empossada podendo se transformar em criatório do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Outro fato que contribui para o aparecimento de casos de dengue na região é a população utilizar as valas abertas no solo como despejo de resíduos domésticos. Figura 8: Emissário Figura 9 - Resíduos dentro da APP No entorno da APP existem 25 (vinte e cinco) residências, das quais visitamos 13 (treze) e obtivemos os seguintes resultados por amostragem: 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sim Não Dengue Animais peçonhentos Figura 1. 30% da população afirmaram ter tido casos de dengue em casa contra 70% que não tiveram; 60% afirmaram que já encontraram dentro de casa animais como, cobras, escorpiões e ratos, contra 40% que não encontraram.. 60 50 40 30 20 10 0 Lixo, mau cheiro Outros Segurança, iluminação Animais peçonhentos Figura 11. Os moradores fizeram as seguintes reclamações quanto a APP: 20% reclamaram do lixo e do mau cheiro; 20% também reclamaram da segurança e da iluminação; 10% reclamaram dos animais peçonhentos e 80% outros.
CONCLUSÃO É extremamente importante a presença de áreas verdes nos ambientes urbanos, porém estas áreas precisam apresentar boas condições, para que elas não passem a ser mais um agravante para os problemas que a cidade já enfrenta. Para que isso seja possível, é preciso haver iniciativa conjunta do poder público e população interessada. E, antes da iniciativa de ambos, existe algo primordial que precisa estar presente em todos os níveis de organizações humanas: a conscientização tanto social, como ambiental. No caso da APP estudada, grandes mudanças já começaram a ocorrer, pois a população se mobilizou e reivindicou a limpeza do local. E mesmo assim, ainda existem problemas, como as queimadas, provocadas pela própria população dos arredores, e também os emissários. Com a conscientização das pessoas, os problemas ambientais tendem a diminuir, e assim, ocorrer grandes melhoras para inúmeros setores da vida nas cidades e da qualidade de vida humana. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KUPSTAS, M. et. al. Ecologia em Debate. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997. PINA, J. H. A.; SANTOS, D. G. Qualidade ambiental urbana, qualidade de vida e unidades de conservação: o caso do Parque do Sabiá e do parque Victório Siquierolli em Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Disponível em: <http://egal2009.easyplanners.info/area07/7329_pina_jose_hermano_almeida.pdf>. Acesso em: ago. 2009. SCHMIDT, E. et al. Método para o mapeamento da qualidade ambiental urbana. In Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada 05 a 09 de setembro de 2005 USP. SOUZA, J. S.; FILHO, J. E. A. Diagnóstico Ambiental de APP Urbanas: Estudo da Bacia do Córrego das Lajes em Uberaba/MG. Disponível em: <http://egal2009.easyplanners.info/area07/7413 Sousa_Joyce_Silvestre_de.pdf>. Acesso em: ago. 2009.