RESENHA CRÍTICA A FOTOGRAFIA COMO OBJETO E RECURSO DE MEMÓRIA



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Transcrição:

FACULDADE DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ISRAEL ANTONIO MANOEL PEREIRA RESENHA CRÍTICA A FOTOGRAFIA COMO OBJETO E RECURSO DE MEMÓRIA Resenha Crítica apresentada como atividade parcial avaliativa da disciplina Leitura de Imagens. Orientadora: Dra. Miriam Paula Manini Brasília/DF 2013

FACULDADE DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ISRAEL ANTONIO MANOEL PEREIRA RESENHA CRÍTICA A FOTOGRAFIA COMO OBJETO E RECURSO DE MEMÓRIA Resenha Crítica apresentada como atividade parcial avaliativa da disciplina Leitura de Imagens. Orientadora: Dra. Miriam Paula Manini Brasília/DF 2013

3 Israel Antonio Manoel Pereira RESENHA CRÍTICA FELIZARDO, Adair; SAMAIN, Etienne G. A fotografia como objeto e recurso de memória, in Discursos Fotográficos, Londrina, v. 3, n. 3, p. 205-220, 2007. 1. CREDENCIAIS DO AUTOR FELIZARDO 1 possui graduação em Letras Literatura e Língua Espanhola pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999). Pós-graduação em Fotografia - Práxis e Discurso Fotográfico pela Universidade Estadual de Londrina (2000). Professor convidado do curso de Especialização em Fotografia da Universidade Estadual de Londrina na disciplina Técnicas e Recursos Fotográficos (de 2001 a 2007) e da disciplina Fotografia e Cidade (2008 a 2010). Professor da disciplina Fotografia III do curso de Artes Visuais da Unochapecó (2009). Professor do curso de Museologia do Centro Universitário Barriga Verde na disciplina Museus e as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (2007). Professor do curso de graduação em Artes Plásticas na disciplina de Fotografia da Univesidade do Planalto Catarinense (2003). Atualmente é fotógrafo, pesquisador e historiador e tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Comunicação Visual, atuando principalmente nos seguintes temas: fotografia, imagem, educação, comunicação e ensino a distância. SAMAIN 2 é antropólogo e teólogo. Pesquisador do CNPq (bolsista-produtividade A-1), professor titular no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e docente do Departamento de Cinema. Dentre os seus vários trabalhos destaca-se Moroneta Kamayurá. Mitos e aspectos da realidade social dos índios Kamayurá (Alto Xingu) e O Fotográfico (2ª edição, 2005). Atualmente, centra seus interesses na elaboração de uma Antropologia da Imagem (baseada nas obras do fundador da Iconologia, Aby Warburg), bem como numa Antropologia da Comunicação Humana, nos moldes de Gregory Bateson e dos trabalhos da Escola de Palo Alto. Nessa perspectiva, acaba de organizar e de publicar um novo livro, intitulado "Como pensam as imagens" (2012) com a colaboração de 10 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, cujos resultados permitirão ampliar os questionamentos relativos a 1 Lattes do autor. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=k4734731e3> Acesso em 16 de maio de 2013. 2 Lattes do autor. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=k4780481d8> Acesso em 16 de maio de 2013.

4 uma Epistemologia da Comunicação, tanto como firmar alicerces de uma Antropologia da Imagem. 2. RESUMO DA OBRA O novo boom da fotografia nesse início de século. A fotografia e seu processo como conhecemos hoje filme, revelação e ampliação inicia o novo milênio passando por profundas transformações. Câmeras digitais. O consumo excessivo das imagens, em grande parte despreocupadas, sem critérios ou comprometimento, chegando à banalização. A facilidade para eliminar, para sempre, uma imagem que por algum motivo perdeu o interesse. Mídias de armazenamento de imagens que duram pouco impossibilitando a recuperação do dos dados. A fotografia digital, menores custos de produção, edição e transmissão de imagens torna a fotografia ainda mais popular, acessível e presente na vida das pessoas. Seria bem isso mesmo? Qual seria a relação entre a fotografia e memória? A fotografia trás consigo a veracidade incontestável dos fatos. Foi agregado status de credibilidade. O fato de a fotografia ser uma representação do real pode não ser suficiente para lhe conferir credibilidade absoluta. Monumento aos mortos. Verdade visual nunca antes atingida, permite guardar a memória do tempo e da evolução cronológica (LE GOFF, 2003, p.460). Como a evolução do processo e a massificação da fotografia, os retratos em família podem ser tirados sem a presença de um profissional. A importância da mãe como retratista e mantenedora das lembranças familiares. O que é a memória visual? Os elementos constitutivos da memória individual ou coletiva. Na fotografia o espaço e o tempo cravados no recorte. A fotografia como fenômeno que revolucionou a memória. Memória involuntária e voluntária. A fotografia por ser considerada um dos grandes relicários, documento/monumento, objeto portador de memória viva e própria. Perpetua a nossa existência. A fotografia pode ter sua morte aparente. O ciclo de memória (individual, mas não coletiva), de recordação, rememoração, pode se extinguir. 3. CONCLUSÃO DO RESENHISTA De modo geral, os autores apoiam-se em diversos estudos e observações para emitir suas conclusões. Declaram em suas ideias a transformação do processo fotográfico que popularizou-se com as câmeras digitais. Demonstram-se preocupados com a banalização do consumo excessivo das imagens registradas sem critérios ou comprometimento. Felizardo e Samain, também mostram-se inquietos quanto a facilidade de descarte das imagens digitais

5 registradas, e, sobretudo, em relação a qualidade e durabilidade das mídias disponíveis para arquivar as imagens digitais. Tal preocupação justifica-se pelo fato de a fotografia ter uma relação de proximidade com a memória. Aqui apoiam-se no que diz Jacques Le Goff, o segundo é a fotografia, que revoluciona a memória: multiplica-se e democratiza-a, dá-lhe uma precisão e uma verdade visual nunca antes atingidas, permitindo assim guardar a memória do tempo e da evolução cronológica (2003, p.460). Eles trabalham também com a tese de Jocy Alves de Seixas, em que a memória pode ser ativada de forma voluntária e involuntária onde a fotografia exerce o papel primordial na ativação daquela, pois, sendo ela sensorial - nossos olhos sobre nossos olhos historiografia a elegeu (SEIXAS, 2001, p.48). Finalmente, deixam claro a importância da imagem como objeto portador de memória viva e própria, e que fotografar significa perpetuar a memória. 4. CRÍTICAS DO RESENHISTA A obra fornece subsídios a nossa reflexão, à medida que se aprofunda sobre os processos fotográfico e autores que trabalham especialmente a respeito da memória. Com sólidos conhecimentos acerca do processo fotográfico, Felizardo e Samain nos levam a pensar sobre o uso indiscriminado da produção de imagens fotográficas e os métodos utilizados por pessoas descompromissadas para propagar suas memórias ao longo do tempo. Os exemplos citados, nos auxilia na compreensão e importância da imagem como instrumento de ativação da memória e que a sua morte, ou seja, que os danos causados nos dispositivos de armazenagem de dados, representam a morte das lembranças também. Entretanto, deve-se levar em consideração que estamos vivendo um segundo momento da popularização da fotografia pois, se algum dia nós viramos fotógrafos, foi por causa do primeiro momento de popularização com a invenção da máquina portátil e da película flexível da Kodak, onde pessoas tão descompromissadas quanto as da era digital disparavam seus fleches na tentativa de acertar, mas que muitas vezes, devido o despreparo, escolhiam o filme com o ISO muito baixo para uma ocasião muito escura ou sobrava um dedo despercebido na lente da câmera que somente era percebido após o termino da ocasião com a revelação e

6 inutilização do relicário, antes mesmo de sua existência como artefato de ativação da memória voluntária. A herança deixada por George Eastman 3 se desenvolveu, passou por problemas e muitas memórias foram perdidas em incêndios, enchentes, entre outras catástrofes que nos fez aprender e chegarmos a processos de preservação que garantam a perpetuação de imagens da Era Analógica. Chegou a Era Digital, onde a popularização da fotografia alcançou a sua massificação, mas de certo, por um caminho sem volta onde os dedos despercebidos da lente se transformaram nos dedos despercebidos na tecla delete, portanto, há de se ressaltar que assim como aprendemos com erros no processo de produção e armazenagem da fotografia analógica o mesmo acontecerá, se já não estiver acontecendo, com o processo da fotografia digital onde aprenderemos com os nossos erros e avançaremos em busca de soluções para armazenamento e preservação dos relicários digitais. 5. INDICAÇÕES DO RESENHISTA: A obra tem como objetivo discutir as profundas transformações nos processos fotográficos, especialmente, no que diz respeito ao processo de massificação da fotografia digital e a preocupação dos autores com a banalização do consumo excessivo das imagens. Os autores exploram a importância da imagem no processo de ativação da memória e no dano irreparável que a perda dessas imagens, sejam por despreparo ou por facilidade no descarte dessas imagens, podem causar na memória desses personagens para gerações futuras. Adair Felizardo e Etienne Samain são instrumentos importantes para realização de pesquisas nos campos de Fotografia, Ciências da Informação, Arquivologia e Comunicação. 3 Criador da câmera fotográfica e filme Kodak responsável pela popularização da fotografia amadora.