Administração de medicamentos e a prática segura X Assistência integral ou fragmentada



Documentos relacionados
RESOLUÇÃO CFM nº 1598/2000 (Publicado no D.O.U, 18 de agosto de 2000, Seção I, p.63) (Modificada pela Resolução CFM nº 1952/2010)

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE CAPACITAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PARA ESTUDANTES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM

COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA ENTRE ENFERMEIRO E PACIENTE IDOSO EM PÓS-OPERATÓRIO

A nova funcionalidade tem a finalidade de gerenciar o Plano de Cuidados de cada

DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM DOSE UNITÁRIA - OPINIÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE AS MUDANÇAS NO PROCESSO DE TRABALHO

A AUDITORIA DE ENFERMAGEM E AS GLOSAS HOSPITALARES 1

Profissão: Enfermeiro Auditor

A SAÚDE DO TRABALHADOR NA ENFERMAGEM: UM RESGATE LITERÁRIO. Palavra-chave: acidente de trabalho, enfermagem, saúde ocupacional.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO PARECER COREN-SP GAB Nº 073/2011

O PAPEL DO ENFERMEIRO EM UMA ESTRTÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 1

Razão Social da Instituição R E G I M E N TO DO SE R V I Ç O DE EN F E R M A G E M. Mês, ano

Pesquisa sobre Segurança do Paciente em Hospitais (HSOPSC)

ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

SENSIBILIZAR O ALUNO COM RELAÇÃO À AUTOAVALIAÇÃO

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA

Prova Objetiva/Discursiva Cargo ou opção A - TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO Tipo gabarito E D C B E E

ERRO DE MEDICAÇÃO EM HOSPITAL PÚBLICO DA ZONA SUL DE SÃO PAULO

Aula 01 -Processo de Trabalho na Saúde e na Enfermagem

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO DO IDOSO COM DIABETES MELLITUS TIPO 2

PROJETO DE LEI Nº, DE 2011

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

IDENTIFICAÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS.

A UTILIZAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO CUIDADO DE ENFERMAGEM AO CLIENTE.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO

A Educação Permanente na articulação de uma rede de cuidado integral à saúde: A experiência da Estratégia Saúde da Família na AP 3.

HOSPITAL REGIONAL DE DIVINOLÂNDIA CONDERG-CONSÓRCIO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE GOVERNO DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA

OS ENFERMEIROS E A HUMANIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO

Osvaldo Albuquerque Sousa Filho Presidente do Coren-CE

PARECER COREN-SP CT 052/2013 PRCI nº Tickets nº ,

PARECER COREN-SP 001 / CT PRCI n /2012 Tickets nº ,

Modelo Entidade-Relacionamento

PREFEITURA MUNICIPAL DE MACUCO GABINETE DO PREFEITO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: A SABEDORIA NA PRÁTICA ASSISTENCIAL DA ENFERMAGEM

1ª Adequação do Regimento do Serviço de Enfermagem do Consórcio Intermunicipal de Saúde Centro Oeste do Paraná INTRODUÇÃO

CUIDADOS PALIATIVOS DIRECIONADOS A PACIENTES ONCOLÓGICOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

PARECER COREN-SP 004/2015 CT PRCI n 2339/2015

Caminhos na estratégia. de saúde da família: capacitação de cuidadores de idosos

Análise das publicações sobre administração de medicamentos na assistência de enfermagem: revisão integrativa

Projeto Cuidar em Parceria

PARECER COREN-SP 011/2014 CT PRCI 776/2014 Revisado em setembro/2014

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

ACREDITAÇÃO DOS HOSPITAIS PADRÕES DE QUALIDADE E ENFERMAGEM

Regulamento Interno. (Artigo 25º do Decreto Lei nº 500/99)

PARECER COREN-SP 002/2015 CT Processo nº 5334/2014

PROGRAMA DA DISCIPLINA EMENTA

Prof. Fernando Lopes. Unidade II. Administração de Cargos e

UNIDADE DE EMERGÊNCIA HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

DESCRIÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA INICIATIVA

Um representante é alguém que está onde eu não consigo estar.

COMUNICAÇÃO ENTRE ENFERMEIROS E IDOSOS SUBMETIDOS À PROSTATECTOMIA

CÂMARA TÉCNICA ASSISTENCIAL PARECER TÉCNICO Nº 003/2011

A segurança do paciente como um valor para os hospitais privados: a experiência dos hospitais da ANAHP. Laura Schiesari Diretora Técnica

PARECER N.º 2 / 2012

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. PARECER COREN-SP 006/2012 CT PRCI nº /2012 e Ticket n

Sistema de Ouvidoria em Saúde Pública do Estado

O ENFERMEIRO NO PROCESSO DE TRANSPLANTE RENAL

1 INTRODUÇÃO. 1.1 O problema

Jornada Nacional Unimed de Enfermeiros Enfermeira Maria Lúcia Alves Pereira Cardoso

PADI. Programa de Atenção domiciliar ao Idoso

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO GERENCIAMENTO DE MEDICAMENTOS DE ALTO RISCO

SEMINÁRIO SÔBRE SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM (1)

MÉDICO: ESSE REMÉDIO IGNORADO ABRAM EKSTERMAN

ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

A importância do treinamento para a equipe de enfermagem. Enfª Mariângela B Ribeiro

COMO ORGANIZAR A PASTORAL DA SAÚDE NA PARÓQUIA?

EXPERIÊNCIA ACADÊMICA COM O USO DE PACIENTE-PADRÃO EM SIMULAÇÃO NO ENSINO EM ENFERMAGEM: UMA REFLEXÃO ÉTICA

PREFEITURA MUNICIPAL NOVA SANTA BÁRBARA

Gerenciamento de riscos e a infecção hospitalar: primos-irmãos?

REGIMENTO DA DIRETORIA DE ENFERMAGEM HOSPITAL SÃO PAULO/ HU da UNIFESP. Subseção I. Subseção II. Subseção III. Subseção IV. Subseção V.

PARECER CREMEB Nº 28/13 (Aprovado em Sessão Plenária de 23/07/2013)

Salário inicial: R$ 1.740,00 / R$ 122,00 por consulta

Dimensionamento de Pessoal de Enfermagem. Profa Karina Gomes Lourenço

APRESENTAÇÃO COMERCIAL /

O PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE DE SAÚDE QUE ATUA EM UNIDADES HOSPITALARES DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 1

A PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS DE PESQUISAS E A OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO E VISIBILIDADE DA ENFERMAGEM 1

Elaboração do relatório neuropsicológico Professora: PRISCILA COVRE

Projeto Indicadores Assistenciais e de Produção

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO RIO GRANDE DO SUL Autarquia Federal Lei nº 5.905/73

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE):Informatização na Implantação(*)

Fundamentos Históricos de Enfermagem. Florence Nightingale A Enfermagem no Brasil

SUMÁRIO. de curativos. 3.2 Limitações. Página 1 de 7

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

XXVI Seminário de Extensão Universitária da Região Sul TENDÊNCIA HISTÓRICA DAS VISITAS DOMICILIARES A EGRESSOS DE INTOXICAÇÃO, MARINGÁ-PR,

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO RIO GRANDE DO SUL Autarquia Federal Lei nº 5.905/73

PROMOVENDO SAÚDE NA ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA¹ BRUM,

Visita Domiciliar e Qualidade de Vida

Orientadora, Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS.

Modelos de remuneração médica Fernando Amorim UNIMED BH

PROF. ENF. HYGOR ELIAS

TÍTULO: EXPERIÊNCIA COM OS FAMILIARES DOS PORTADORES DE ESQUIZOFRENIA USUÁRIOS DO SERVIÇO CAPS

A RELEVÂNCIA DO ENFERMEIRO NO CUIDADO AO PORTADOR DE FERIDAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 1

MANUAL MONITORIA. Juazeiro do Norte 2015

RESOLUÇÃO CONSEPE 34/2000

TÍTULO: ERROS DE MEDICAÇÃO NA ENFERMAGEM: NO PACIENTE ADULTO HOSPITALIZADO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Comitê Gestor do Programa de Divulgação da Qualificação dos Prestadores de Serviço na Saúde Suplementar COGEP

PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL Nº 001/2012

Transcrição:

UNIMED FRANCA/SP Administração de medicamentos e a prática segura X Assistência integral ou fragmentada SÃO JOAQUIM HOSPITAL E MATERNIDADE UNIMED FRANCA - SP FLECK, J. C.; SILVEIRA, L. M.; MENDES, T. J. M.

INTRODUÇÃO O ato de medicar reveste-se de extrema importância na medida em que exige dos profissionais envolvidos, conhecimento variado, consistente e profundo acerca do mecanismo de ação das drogas, interações medicamentosas e seus efeitos colaterais. Em geral, os fatores que contribuem para erros são: a via de administração, complexidade e os conhecimentos da equipe de enfermagem sobre as droga. A relação entre a falta de conhecimento e o problema de erro e administração medicação é irrelevante.

OBJETIVOS Avaliar o conhecimento dos profissionais técnico/auxiliares em enfermagem acerca de cálculos e propriedades dos medicamentos; Buscar estratégias para estratificar o risco de danos; Cumprir rigorosamente o aprazamento dos medicamentos; Reduzir o número de glosas existentes.

MÉTODO Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e quantitativo, desenvolvida em unidades todas as unidades da instituição. Em abril de 2015 foi realizada a verificação do conhecimento sobre as práticas executas na instituição. Participaram 216 profissionais técnicos e auxiliares em enfermagem, sendo o total de 270 colaboradores. Um questionário contendo 10 questões relacionadas a cálculos, propriedades e administração de medicamentos foi elaborado pela equipe de enfermeiros e aplicado simultaneamente em todas as unidades.

RESULTADOS As análises dos testes realizados mostraram que entre os técnicos em enfermagem: 89 (41%) tiveram percentual de acertos abaixo de 50%, ou seja, obtiveram nota de 1 a 4 pontos; 118 (55%) obtiveram notas de 5 a 7 pontos e; 4% obtiveram notas superiores a 8 pontos. Percentual acertos Pontuação 0-4 pontos 41% (90) 5-7 pontos 55% (118) 8-10 pontos 4% (8) Diante deste cenário, tornou-se evidente o déficit de conhecimento de grande parte da equipe técnica de enfermagem com relação a prática segura de administração de medicamentos.

RESULTADOS Foi identificado na prova que o maior déficit de conhecimento dos técnicos foi com relação ao preparo e administração de insulina. Além disso, percebeu-se o grande despreparo dos técnicos em enfermagem, principalmente aqueles recém formados, demonstrando o quão é importante valorizar e melhorar o nível de formação técnico científica desses profissionais a fim de obter êxitos e sucesso na prática de suas ações, livre de danos ao paciente.

RESULTADOS Um conferência intra hospitalar foi realizada com a participação de todos os enfermeiros e farmacêuticos buscando estratégias para reconsiderar o processo atual de administração de medicamentos realizado na instituição. O processo em uso até aquele momento foi modificado. Ele era baseado na integralidade do paciente e na visão holística do profissional que cuida, ou seja, todas as técnicas e cuidados eram realizados por um só colaborador.

RESULTADOS Após vários treinamentos, audaciosamente, o processo modificou-se, sendo um funcionário designado exclusivamente para realizar a função de conferência da medicação dispensada a cada paciente (dosagem, aprazamento, via de administração, quantidade de medicação dispensada por horário) preparação e administração de medicamentos em cada unidade.

RESULTADOS

RESULTADOS

CONCLUSÃO A avaliação contínua do conhecimento da equipe acerca de todas as práticas desenvolvidas na instituição, a revisão dos processos realizados permite discussões de melhoria no hospital. A integralidade entre a formação do técnico de enfermagem, a prática segura e comunicação é a chave para melhoria da capacitação desse profissional e sua valorização na equipe de saúde, uma vez que ele realiza a maior parte dos cuidados diretos ao doente. Após 8 meses de implantação do novo processo, este permitiu atenção maior e mais segura com redução de erros na administração de medicamentos, reduziu o número de glosas existentes, as medicações foram administradas com maior rigor ao aprazamento (ato que não ocorria no processo anterior), proporcionando uma assistência mais segura ao paciente hospitalizado. Assim algumas reflexões mantem-se ativas: O técnico exerce assistência integral? A fragmentação dos cuidados proporciona segurança ao paciente?

CONCLUSÃO O sucesso nem sempre é o que você vê, depende do tamanho da sua audácia... O sucesso é filho da audácia...

REFERÊNCIAS MIASSO, Adriana Inocenti et al. Erros de medicação: tipos, fatores causais e providências tomadas em quatro hospitais brasileiros. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 40, n. 4, p. 524-532, Dec. 2006. MARQUES, Liete de Fátima Gouveia; ROMANO-LIEBER, Nicolina Silvana. Estratégias para a segurança do paciente no processo de uso de medicamentos após alta hospitalar. Physis, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 401-420, 2014. Beck CLC, Lisbôa RL, Tavares JP, Silva RM, Prestes FC. Humanização da assistência de enfermagem: percepção de enfermeiros nos serviços de saúde de um município. Rev Gaúcha Enferm. 2009;30(1):54-61. Urbano GB. Integralidade na prática assistencial da equipe de enfermagem: a relação da escuta na interação usuário e profissional no município de Paranavaí-PR [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2009. Sena RR, Silva KL, Gonçalves AM, Duaret ED, Coelho S. O cuidado no trabalho em saúde: implicações para a formação de enfermeiros. Interface Comum Saúde Educ. 2008;12(24):23-34.

Juliana Machado Campos Fleck (juliana.campos@sjh.com.br) Tatiane de Jesus Martins Mendes (tatiane.martins@sjh.com.br Laura Menezes Silveira (laura.menezes@sjh.com.br) Enfermeiras do São Joaquim Hospital e Maternidade Unimed Franca